sexta-feira, maio 26, 2006

Militar que abriu fogo sobre polícias desarmados vai ser castigado

Díli, 25 Mai (Lusa) - O militar timorense que abriu fogo sobre uma coluna de polícias, enquadrados por oficiais das Nações Unidas que tinham negociado previamente a rendição dos agentes da força de segurança timorense, vai ser castigado, disse fonte castrense à Lusa.

A fonte, que solicitou o anonimato, acrescentou que o acto do militar timorense, que foi seguido por mais três efectivos das forças armadas de Timor-Leste, "poderia ter resultado num massacre".

A coluna, dirigida pelo coronel Fernando José Reis, oficial superior português e responsável pela componente militar da UNOTIL, dirigia-se desarmada e a pé para as instalações das Nações Unidas, na sequência de negociações em que participou o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, comandante das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F- FDTL).

Face ao cerco a que estavam sujeitos cerca de 80 agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), no Quartel-General da corporação, em Caicoli, já com feridos no interior das instalações, o coronel Fernando Reis contactou o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, que deu de imediato ordens para que se observasse um cessar-fogo.

Este cessar-fogo deveria permitir que os agentes da PNTL, desarmados, enquadrados pelos polícias da ONU, e o coronel Fernando Reis, chegassem em condições de segurança às instalações da UNOTIL, a algumas centenas de metros.

Em determinada altura do trajecto, quando a coluna passou defronte de um grupo de quatro militares das F-FDTL, um destes alçou a arma e visou o grupo de 80 agentes da PNTL.

Ao abrir fogo, o seu comportamento foi seguido pelos restantes três militares, que provocaram de imediato sete mortos e 16 feridos.

Dos 16 feridos, três viriam a morrer já nas instalações da UNOTIL.

Além dos polícias, foram ainda feridos dois polícias da ONU, um filipino e outro paquistanês.
Contactado de imediato e informado do sucedido, o brigadeiro- general Taur Matan Ruak "apresentou desculpas pelo sucedido e deu ordens para que fosse desarmado o militar que tinha iniciado os disparos", garantindo que o mesmo iria ser castigado pela violação do acordo de cessar-fogo alcançado com o coronel Fernando Reis.

"Aquando dos disparos, o oficial português e os seis agentes da PSP, entre os quais o subintendente Nuno Anaia, estiveram debaixo de fogo, mas nenhum deles ficou ferido. Os únicos oficiais da ONU feridos foram os polícias filipino paquistanês", precisou a fonte contactada pela Lusa.

Transportados os feridos para o hospital Nacional Guido Valadares, ficaram cerca de 70 agentes da PNTL refugiados na UNOTIL, onde ainda se encontram, para garantia da sua segurança, disse a fonte.
EL.

6 comentários:

Anónimo disse...

Fotos dos policias que foram mortos.

IMAGENS CHOCANTES
http://www.portugaldiario.iol.pt/#

Anónimo disse...

Que este novo dia seja mais calmo!!

Anónimo disse...

está na fase de alterar o "estatuto" editorial do blog...a questão do clima de insegurança e de conflito já foi ultrapassada...

Anónimo disse...

Brasil(Rio): Parabenizo o sr. Ruak por sua ação firme diante da atitude transloucada do soldado do exército de Timor. Este exemplo só vem reafirmar que este país quer trilhar no caminho da lei.
Oxalá, daqui para diante, esses conflitos pertençam ao passado.
Saudações
Alfredo

Anónimo disse...

De Lisboa:

O povo de Timor, depois do que passou com a Indonésia, não merece que os seus filhos, mais ilustres, o encaminhem outra vez para a derrocada...
Vivam os mauberes e os beremaus... abaixo a sede de poder de quem não tem capacidades e preparação, para o desempenho de "Comando" sobre as Forças Armadas e Policiais... é uma triste era que se abate e repete sobre as "deserdadas" gentes de Timor.
Parece ser um estigma e uma praga, a palavra "Leste"...

Anónimo disse...

So o que iniciou os disparos? E os outros tres? E "vai ser castigado" como e quando? Sera que nao o vao deixar ir a casa um fim-de-semana ou vao manda-lo fazer uma completa de 50, ou vao levar os tres a julgamento e po-los na prisao durante muitos anos para terem tempo de pensar que militares com um minimo de honra nao massacram homens rendidos desarmados?
E confirmam-se ou nao os relatos que correm em Dili sobre uma camioneta de barbaros com catanas acompanhados de militares das F-FDTL que foram ao hospital "visitar os feridos", provocando a fuga de muitos?
AS F-FDTL desceram para o nivel dos carniceiros dos KOPASSUS.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.