quarta-feira, junho 21, 2006

"Eu nunca dei ordens para matar ninguém" PM Alkatiri

Díli, 20 Jun (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, gar antiu hoje nunca ter dado ordens para matar os seus adversários políticos, rejei tando acusações de que ordenou a distribuição de armas a civis para esse efeito.
"Eu nunca dei ordens para matar ninguém, antes pelo contrário. Nunca de i armas a ninguém. Tenho a consciência tranquila", afirmou Mari Alkatiri, em ent revista à Lusa e RTP, em Díli.
Mari Alkatiri respondia às acusações formuladas pelo militante da FRETI LIN Vicente da Conceição "Railos", um veterano da resistência contra a ocupação indonésia, e que estão na base da abertura pelo Ministério Público de um process o de averiguações contra o seu ex-ministro do Interior, Rogério Lobato.
Sobre Vicente da Conceição "Railos", o primeiro-ministro revelou ter re cebido hoje de manhã um telefonema daquele militante da FRETILIN.
"Interessante que ele telefonou-me esta manhã para me pedir desculpas p elo que disse. Na verdade, ele sabe melhor que ninguém que não tenho nada a ver com isso", afirmou Alkatiri.
O comandante "Railos" denunciou há cerca de duas semanas ter recebido a rmas e fardamento de uma das unidades de elite da Polícia Nacional de Timor-Lest e (PNTL) e um plano de acção que visava eliminar adversários políticos do primei ro-ministro e da FRETILIN.
Segundo "Railos", o plano e as armas foram alegadamente distribuídos pe lo ex-ministro Rogério Lobato, que tutelava a PNTL, seguindo indicações de Mari Alkatiri, na sequência de uma reunião em casa do primeiro-ministro.
Referindo-se às declarações de "Railos", proferidas segunda-feira em Le utala, 50 quilómetros a oeste de Díli, na sequência de uma visita àquela aldeia do ministro da Defesa, José Ramos Horta, o primeiro-ministro rejeitou as acusaçõ es.
"Depois de tantos 'abaixo Alkatri', recebi hoje um telefonema do senhor 'Railos'. Ele pediu algumas coisas, claro que eu não vou mandar nada, porque nã o estou aqui para alimentar pessoas que usam fardas e armas da polícia, e estão completamente fora das instituições e aceitam ser instrumentos de outrem no assa lto ao poder", frisou.
Questionado se o seu governo e a FRETILIN saem fragilizados deste proce sso, Mari Alkatiri disse não ter "dúvidas nenhumas" sobre esse objectivo.
"Esse é o objectivo. Não haja dúvidas: fragilizar o governo e ao fazê-l o, fragilizar a FRETILIN. Talvez seja uma esperança de reduzir a vantagem da FRE TILIN para as eleições de 2007", respondeu.
A FRETILIN venceu confortavelmente as primeiras eleições gerais, realiz adas em 2001, com 57,37 por cento.
Quanto à abertura de um processo de averiguações contra Rogério Lobato, que é também vice-presidente da FRETILIN, Mari Alkatiri considerou que o facto da investigação se iniciar desta maneira indicia uma "perseguição".
"Acho que começar logo por ele dá um sentido de perseguição. Mas tudo b em, se nós próprios tomámos a decisão de fazer um inquérito, tem que começar por alguém", afirmou.
Alkatiri disse estar disponível para colaborar com os investigadores, s e para tal for solicitado.
"Naturalmente que tenho consciência disso [de que pode ser solicitado a prestar declarações] e também tenho a consciência bem tranquila", disse.
Implicado por "Railos" no processo de distribuição de armas a outros gr upos de militantes da FRETILIN, Mari Alkatiri rejeita essa terminologia.
"Implicado não é a melhor palavra para ser usada. Mas se for solicitado para depor, irei", assegurou.
Com o processo de averiguações a começar pela audição de Rogério Lobato , Mari Alkatiri disse que falou hoje ao telefone por duas vezes com o seu ex-min istro.
"E falei uma vez presencialmente, olhos nos olhos. Ele disse-me que vai depor. Porque é que não há-de depor?", questionou.
Em entrevista publicada na última edição do semanário Expresso, Rogério Lobato reconheceu que preparou o grupo de "Railos" para ajudar a polícia a "act uar numa situação de guerrilha".
A este respeito, Mari Alkatiri comentou que se Rogério Lobato admitiu t er preparado o grupo "vai ter agora de apresentar a justificação das suas razões ".
Rogério Lobato "é um indivíduo responsável", sublinhou.
Relativamente à existência de grupos armados, Mari Alkatiri reconheceu ser tradicional em Timor a existência do que denominou "unidades de segunda linh a".
"Neste país sempre houve, historicamente, as unidades de segunda linha.
Sempre houve. Já no tempo português havia a segunda linha, de tal forma que a f ronteira era guardada por essas unidades. E as primeiras forças da FRETILIN eram da fronteira, formadas pela segunda linha", recordou.
O primeiro-ministro timorense garantiu que não foram criadas unidades d e segunda linha com o objectivo de eliminar os seus adversários políticos.
"Isso de certeza que não. Falei com ele [Rogério Lobato] hoje e depois de ter dado a entrevista ao Expresso. Não há de certeza interesse nenhum. Muito menos de liquidar todos os peticionários. Isso seria um massacre", salientou, re ferindo-se aos cerca de 600 ex-membros das forças armadas, cujo afastamento este ve na base do actual conflito em Timor-Leste.
"Francamente. E abater um [Fernando] Lasama (líder do maior partido da oposição, o Partido Democrático)? Qual o interesse da FRETILIN em abater o presi dente de um outro partido? Isso tudo soa-me a manipulação", continuou.
A referência aos peticionários e aos líderes da oposição como constando da alegada lista de alvos a eliminar foi feita segunda-feira por "Railos".
"Como se utilizaram todos os argumentos para tentar denegrir alguém, pa ra tentar endemoninhar alguém, agora têm que utilizar mais um. Depois disto não sei o que virá. Estou convencido que não vão ficar por aqui", acrescentou Mari A lkatiri.
EL.

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Traduções

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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