terça-feira, junho 27, 2006

Lusa

Portugal disponível para ajudar a encontrar soluções políticas

Díli, 26 Jun (Lusa) - Portugal está disponível para ajudar Timor-Leste a encontrar soluções para os problemas políticos, apoiando a "plena consolidação das instituições de um país soberano", afirmou hoje em Díli o secretário de Estado português João Gomes Cravinho.

"Toda a nossa colaboração vai exactamente nesse sentido. Não de apoio ao indivíduo A ou B, mas às instituições de Timor-Leste e à procura de uma solução dentro dos contornos constitucionais que já estão definidos", precisou o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação no final da visita que efectuou hoje ao quartel do sub-agrupamento Bravo da GNR.

Referindo-se ao processo de diálogo em curso entre os timorenses, João Gomes Cravinho, que se encontra em Timor-Leste desde domingo, acrescentou que Portugal pretende ajudar para que essa iniciativa "contribua para a procura de uma solução".

"Não trazemos qualquer solução ou receita. É aos timorenses que compete encontrar soluções políticas para problemas políticos", vincou.

Acompanhado do embaixador de Portugal em Díli, João Ramos Pinto, o governante português jantou com os efectivos da GNR, e percorreu as instalações do quartel, em Díli, numa visita guiada pelo comandante operacional, capitão Gonçalo Carvalho.

No final desta primeira visita de um governante português ao contingente militar da GNR em Timor-Leste, Gomes Cravinho disse ainda aos jornalistas que já reuniu, entre outros, com o primeiro-ministro demissionário Mari Alkatiri e com o ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, também demissionário, José Ramos-Horta.

Para terça-feira, o secretário de Estado português tem agendado um encontro com o Presidente Xanana Gusmão, após a reunião prevista do Conselho de Estado, e também com Ian Martin, enviado especial do secretário-geral da ONU a Timor-Leste, com quem abordará a participação portuguesa numa futura missão das Nações Unidas.

Portugal "responderá à altura das necessidades daquilo que for considerado necessário", disse, referindo-se à missão de Ian Martin, que chegou hoje a Díli para avaliar os contornos de uma futura missão das Nações Unidas naquele país.

Segundo o secretário de Estado português, a resposta portuguesa passa pela manutenção de uma força policial ou militarizada, como a GNR.

"Neste momento é isso que está a ser equacionado. É esse que nos parece ser o contributo mais provável de Portugal. Não há elementos que nos levem a pensar noutros cenários", afirmou.

Gomes Cravinho frisou que somente "dentro de um mês ou dois" haverá uma ideia mais clara sobre o que o secretário-geral da ONU proporá ao Conselho de Segurança relativamente à futura missão.

O mandato da actual missão, a UNOTIL, termina a 20 de Agosto.

João Gomes Cravinho deverá deixar Díli na próxima quarta- feira.

EL.



FRETILIN disposta a iniciar diálogo imediatamente

Díli, 26 Jun (Lusa) - A FRETILIN manifestou hoje a sua disposição para "iniciar imediatamente um diálogo" que permita resolver a crise em Timor-Leste, num comunicado emitido horas depois da demissão do primeiro-ministro e líder do partido, Mari Alkatiri.

"Este é um momento extremamente difícil e emocional na história do movi mento de independência", sublinha no comunicado Estanislau da Silva, porta-voz d a comissão política nacional do partido.

Segundo aquele dirigente, o partido teve sempre o objectivo de resolver a crise de forma pacífica e em conformidade com os princípios democráticos e Ma ri Alkatiri decidiu demitir-se "no interesse do país e da sua independência, pel a qual a FRETILIN lutou ao longo de 31 anos".

"Uma carta de demissão foi entregue hoje à tarde ao Presidente da Repúb lica e o nosso partido está preparado para iniciar imediatamente o diálogo para a resolução da crise", afirma, sem fazer qualquer referência a alternativas de g overno após a saída de Alkatiri.

Noutro ponto do texto, a FRETILIN apela para a contenção das "centenas de milhares de militantes e de apoiantes" do partido, pedindo que "não actuem de qualquer forma que possa ameaçar a paz e a estabilidade do país" até que "os fa ctos [por detrás da actual crise] sejam esclarecidos".

"A primeira prioridade deve ser restaurar a segurança e a estabilidade da vida da população, só possíveis através de um diálogo entre todos os sectores e instituições", lê-se no documento.

A FRETILIN "não esperava que, numa democracia, o líder de um partido el eito com uma maioria esmagadora pudesse ser obrigado a demitir-se desta forma", sublinha, frisando que "esta crise não foi criada" pelo partido governamental.

Estanislau da Silva escreve ainda que a demissão de Alkatiri nada teve a ver com as acusações ao primeiro-ministro de envolvimento na distribuição de a rmas a civis e desafia todos aqueles que pensam o contrário a "deixarem que essa s alegações sejam testadas pelas autoridades judiciais competentes".

"Todos os cidadãos timorenses têm o direito constitucional de serem tra tados com justiça e em conformidade com a lei, incluindo o secretário-geral [da FRETILIN]. Estes direitos serão vigorosamente defendidos pelo nosso partido", af irma o porta-voz.

Mari Alkatiri demitiu-se hoje do cargo de primeiro-ministro de Timor-Le ste numa declaração à imprensa sem direito a perguntas em que assumiu a sua quot a-parte de responsabilidade na crise em que o país se encontra desde o final de Abril e anunciou que assumirá o mandato de deputado ao Parlamento Nacional.

Alkatiri declarou-se "pronto a resignar do cargo de primeiro-ministro d o governo da República Democrática de Timor-Leste para evitar a eventual resigna ção" do Presidente da República, Xanana Gusmão, que ameaçara demitir-se se o che fe do governo não o fizesse.

O anúncio da demissão ocorreu cerca de 24 horas depois de o comité cent ral da FRETILIN ter renovado a confiança no primeiro-ministro e líder do partido .

Xanana Gusmão aceitou a demissão de Alkatiri, com efeito imediato, e co nvocou uma reunião do Conselho de Estado para terça-feira, "a fim de garantir o bom funcionamento das instituições democráticas e uma gestão eficaz da crise nac ional enfrentada pelo país".

Poucas horas depois da declaração de demissão, o Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, anunciou que o Ministério Público notificou Mari A lkatiri para ser ouvido sexta-feira, no âmbito de um processo sobre distribuição de armas a civis que já levou à imposição da medida de prisão domiciliária ao e x-ministro do Interior Rogério Lobato.

Fonte judicial disse à Lusa que a audição de Mari Alkatiri foi justific ada com as declarações feitas na semana passada por Rogério Lobato, "que confirm ou todas as alegações feitas por Vicente da Conceição Railos".

Aquele veterano da resistência contra a ocupação indonésia acusou Alkat iri e Lobato de terem ordenado a distribuição de armas a civis para eliminar adv ersários políticos.

Mari Alkatiri tem negado repetidamente estas acusações.

Quando exigiu a demissão de Alkatiri, terça-feira passada, Xanana Gusmã o alegou ter perdido a confiança no primeiro-ministro depois das "graves denúnci as sobre o seu envolvimento na distribuição de armas a civis" feitas numa report agem da televisão australiana.

MDR/EL/ASP/PNG.

França concorda com reforço da presença da ONU no país - Chirac

Paris, 26 Jun (Lusa) - A França, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, manifestou hoje o seu apoio ao reforço do papel das Nações Unidas em Timor-Leste defendido pela Austrália no âmbito da II Cimeira França-Oceânia.

"Neste processo, a França está claramente em linha com a Austrália e totalmente disponível para apoiar o que quiser ou o que fizer a Austrália, que nos parece particularmente competente nesta matéria", declarou o Presidente francês, Jacques Chirac, na conferência final da cimeira.

A reunião contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer, que na semana passada disse à imprensa que pretendia pedir o apoio da França a uma resolução do Conselho de Segurança autorizando o envio de uma força da ONU para Timor-Leste.

A Austrália tem desde finais de Maio em Timor-Leste cerca de 2.000 elementos das forças policiais e militares.

"A França deu um importante apoio à nossa acção e à nossa opinião sobre um maior papel da ONU em Timor-Leste", disse hoje Downer à imprensa em Paris.

"Isso pode significar termos uma polícia internacional sob os auspícios da ONU", acrescentou.

Questionado sobre a demissão do primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, na sequência de um conflito político com o Presidente, Xanana Gusmão, o chefe da diplomacia australiana, acusada anteriormente de ingerência em Timor, afirmou que a Austrália "encoraja as tentativas dos timorenses para resolverem os seus problemas políticos (Ó) mas deixa para eles a decisão de como o devem fazer".

Tanto Timor-Leste como os quatro países com forças no terreno - Portugal, Austrália, Nova-Zelândia e Malásia - querem que as Nações Unidas aprovem o mais rapidamente possível uma nova missão, com uma força militar e policial alargada, mas uma tal decisão vai demorar ainda alguns meses e depende, nomeadamente, do relatório da missão de avaliação encabeçada pelo enviado especial do secretário-geral da ONU a Timor-Leste, Ian Martin.

Na semana passada o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que as Nações Unidas não deverão enviar forças de paz para Timor-Leste antes dos próximos seis meses.

Mas, "a médio prazo", segundo Kofi Annan, a ONU terá de "coabitar no teatro de operações" com as forças da Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal, enviadas para Timor-Leste na sequência de um pedido expresso das autoridades timorenses para pôr termo a uma onda de violência que afecta o país desde o final de Abril.

MDR.

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.