quinta-feira, junho 15, 2006

Será hoje ou amanhã?

Xanana Gusmão encontrou-se com líder dos militares rebeldes


Díli, 15 Jun (Lusa) - O Presidente Xanana Gusmão encontrou-se hoje com o líder dos militares rebeldes timorenses, major Alfredo Reinado, disse à Lusa outro oficial rebelde, major Marcos Tilman, contactado telefonicamente na sua base em Gleno, 30 quilómetros a sudoeste de Díli.

O encontro, realizado na residência particular de Xanana Gusmão, em Balibar, arredores de Díli, foi confirmado à Lusa por fonte do gabinete do chefe de Estado, que disse enquadrar-se "nos esforços de `confidence building' (criar um clima de confiança)".

O objectivo é preparar um "encontro entre todas as partes envolvidas" para a resolução da crise político-militar, conforme disse à Lusa outra fonte ligada ao processo.

O anúncio da realização do encontro ocorre horas depois do comandante das forças australianas, brigadeiro Mick Slater, citado pela Associated Press, ter comunicado que os militares rebeldes estão prontos a entregar as suas armas.

A informação do brigadeiro Mick Slater foi feita cerca de 24 horas depois do Presidente Xanana Gusmão ter anunciado em mensagem ao Parlamento que tinha chegado a hora de se passar à segunda fase da presença das forças militares internacionais no país, com o seu desdobramento para o interior do país.

Este movimento representa a ampliação da missão de manutenção da ordem pública pelos efectivos da GNR, por enquanto circunscritos ao bairro de Comoro.

Efectivos militares e policiais da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal, num total de cerca de 2 mil, começaram a chegar no passado dia 25 de Maio a Timor-Leste, correspondendo a um pedido das autoridades timorenses para ajudarem a restabelecer a lei e ordem públicas, face à desintegração da Polícia Nacional e às divisões no seio das forças armadas timorenses.

Entretanto, o major Marcos Tilman confirmou à Lusa que os seus homens, cujo total se escusou a precisar, entregam sexta-feira as armas aos militares australianos.

"Os militares australianos vão ficar a controlar as armas. Nós vamos deixar de andar com elas", garantiu.

Questionado sobre a decisão do major Alfredo Reinado sobre a entrega da suas armas aos militares australianos que o acompanham em Maubisse, Tilman manifestou-se convicto que também o grupo do major Reinado "vai respeitar o compromisso".

A decisão de entregar as armas aos militares australianos correspondeu a um pedido nesse sentido do Presidente Xanana Gusmão, precisou Marcos Tilman.

Quanto ao ex-tenente Gastão Salsinha, porta-voz dos cerca de 600 indivíduos que subscreveram uma petição a denunciar alegadas práticas discriminatórias no seio das forças armadas timorenses, o major Marcos Tilman asseverou que "eles não têm armas nenhumas".

"Eles não têm armas. Quem as tem somos nós, eu, major Tara e os nossos homens e o grupo do major Alfredo Reinado", acrescentou.

EL.

2 comentários:

Anónimo disse...

As forças militares australianas tem como palco de acção a cidade de Dili, com excepção do bairro atribuido à acção da GNR portuguesa.\

Pergunta:

Por quem foi atribuida e quando a área de Maubisse aos miliatres australianos?

Anónimo disse...

Já agora e penso que bem mais importante, porque razão o Governo não defendeu como devia os seus cidadãos? Seja no plano de toda esta trapalhada, nas suas origens que não remontam agora apenas? Porque razão se mantiveram estupidamente num autoritarismo bafiento? Os resultados não estão à vista? Esse comportamento foi obviamente o que levou, e ainda bem que assim foi, os australianos a tratarem de pelo menos com a permanência não autorizada pelo Governo (esse sim uma fantochada no meio disto tudo!) a estarem evidentemente a "guardar", "manter", "salvaguardar", etc etc aqueles que afinal se assim não estivessem o que seria que mais teria acontecido? Vá lá, digam ou perguntem se por acaso essas tropas aussie que estão em Maubisse e não só, digam que elas estão a permitir que os ataques na cidade de Dili estão a ter dali o centro de operações! O que há de maquiavélico nisto tudo é que as decisões para este belo resultado têm a sua única origem no Poder instituido e daí anda tudo com paninhos quentes. Que venha a verdade dos responsáveis ao de cima! É no mínimo aquilo que as consciências (nisso Xanana é utópico mas ainda bem que o é, está cheio de razão) deveriam neste momento começar a pensar o que vão fazer à vida. Ou uma vez mais vão-se reconciliar sem haver JUSTIÇA? Com os políticos não deverá haver reconciliação, é o povo que sofre pelas argoladas desses mesmos políticos, tenham mas é força para assumirem os erros sem lhes limares as arestas.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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