quarta-feira, junho 21, 2006

Xanana ameaçou demitir-se durante reunião do Conselho de Estado

Lisboa, 21 Jun (Lusa) - O presidente timorense, Xanana Gusmão, ameaçou demitir-se durante a reunião de hoje do Conselho de Estado se o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, não aceitasse deixar a chefia do governo, disse à Lusa um dos participantes no encontro.

Segundo a fonte contactada telefonicamente em Díli e que solicitou o anonimato, Xanana Gusmão alegou que a crise política não se pode prolongar por mais tempo e que teria de dar uma satisfação ao povo timorense.

Já perto do final da reunião, e porque Maria Alkatiri se mantinha "fechado em copas", segundo a expressão usada pela mesma fonte, Xanana Gusmão insistiu que tinha de "enfrentar" a população e que não lhe restava outra hipótese senã o demitir-se.

Perante esta reacção, Mari Alkatiri disse então que avaliava a posição e o papel do Presidente da República como "mais importantes" no contexto da actual crise, pelo que comunicou que iria consultar a direcção da FRETILIN sobre a sua possível demissão.

Na reunião do Conselho de Estado, em que participaram 10 dos 12 conselheiros, cada um dos membros daquele órgão de consulta do Presidente da República pronunciou-se sobre a crise política, disse ainda a fonte contactada pela Lusa.

Quatro dos conselheiros defenderam a demissão de Mari Alkatiri, três (incluindo o próprio primeiro-ministro) manifestaram-se contra, dois deixaram a decisão ao chefe de Estado e um não se pronunciou sobre a questão, não tendo havido qualquer votação acrescentou a mesma fonte.

Após a reunião, que decorreu no Palácio das Cinzas (sede da Presidência da República) durante cerca de seis horas, Mari Alkatiri reuniu-se com o "núcleo duro" do governo e da FRETILIN para consultas sobre uma possível demissão.

Um porta-voz de Mari Alkatiri admitiu, entretanto, que o primeiro-ministro "muito provavelmente" irá demitir-se.

A demissão de Mari Alkatiri foi exigida por Xanana Gusmão terça-feira, numa carta que endereçou ao primeiro-ministro, a propósito de um programa transmitido por uma televisão australiana sobre a alegada distribuição de armas a civis.

Na carta, Xanana Gusmão refere que no programa são feitas "graves denúncias" sobre o alegado envolvimento de Mari Alkatiri na entrega de armas a civis.

"Tendo visto o programa 'Four Corners', que me chocou imensamente, só m e resta dar-lhe oportunidade para decidir: ou resigna ou, depois de ouvido o Con selho de Estado, o demitirei, porque deixou de merecer a minha confiança, enquan to Presidente da República", escreveu Xanana Gusmão.

"Espero uma resposta sua até às 17h00 de hoje, 20 de Junho de 2006", lê -se na missiva assinada por Xanana Gusmão.

A acusação de que Mari Alkatiri ordenou a distribuição de armas a civis para eliminar os seus adversários políticos foi feita por Vicente da Conceição "Railos", um veterano da resistência contra a ocupação indonésia que afirma lide rar um grupo de "segurança interna" da FRETILIN, de cerca de 30 homens.

Mari Alkatiri tem repetidamente negado as acusações de "Railos" e, face a sugestões para que se demita, admitiu fazê-lo apenas se fosse esse o desejo d a FRETILIN, partido de que é secretário-geral.

A FRETILIN venceu as eleições de 2001 para a Assembleia Constituinte, q ue redigiu e aprovou a Constituição da República, com 57,37 por cento dos votos, elegendo 55 dos 88 deputados.

Posteriormente, a Assembleia Constituinte votou a sua transformação no actual Parlamento Nacional, do qual saiu o governo liderado por Mari Alkatiri, c uja posse ocorreu a 20 de Maio de 2002, dia em que o país se tornou independente .

PNG/EL/ASP.

2 comentários:

xatoo disse...

Na sua visita a Cuba, em Dezembro de 2005, Mari Alkatiri efectuou acordos de cooperação internacionalista, nas áreas da Saude e Educação, sectores chave para o desenvolvimento humano dos 770 mil habitantes do pequeno protectorado Ocidental - Não tardou muito tempo a reacção - irá pagar caro a ousadia de ter pretendido o bem ao seu povo.

Xanana Gusmão, "presidente desse país amigo", como se lhe referiram os interlocutores cubanos, elogiou então o trabalho que os médicos cubanos ali desenvolvem, assím como expressou a sua "admiração pela Revolução (cubana)" num acto público levado a efeito na recém inaugurada Faculdade de Medicina de Timor Leste.
Que teria levado Xanana a mudar de discurso?

Recorde-se que um dos primeiros casos, após a invasão da "ajuda australiana" foi o arrombamento das casas dos cooperantes cubanos, em busca de armamento escondido, que nunca foi encontrado; quem sai aos seus,,,

links em
http://xatooposts.blogspot.com/2006/06/finalmente-o-epilogo-do-golpe-dos.html

Anónimo disse...

Oh

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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