quinta-feira, agosto 24, 2006

Dos leitores

Tradução da Margarida.

Caros Amigos Australianos,
Como certamente conhece, a ONU está presa na autorização da nova, aumentada Missão em Timor-Leste. Ontem, o Conselho de Segurança estendeu a UNOTIL por um terceiro período de curta duração, até 25 de Agosto. Não conseguem chegar a consenso na inclusão de todos os soldados estrangeiros em Timor-Leste sob uma comando de estrutura da ONU.
A Austrália é o obstáculo principal, recusando o “capacete azul” nos seus soldados.
O UK e os USA, que insistem nessa política para os seus próprios soldados à volta do mundo, apoiam a Austrália.

O Secretário-geral da ONU, o governo da RDTL, Portugal, Malásia, quase todos os cidadãos e ONG’s em Timor-Leste, o movimento internacional de apoio com Timor-Leste, e gente de boa vontade de todo o mundo aconselha uma força militar unificada integrada na Missão da ONU. Isto é a somar aos 1,608 polícias internacionais, e está descrito no excerto junto das recomendações de 8 de Agosto do SG da ONU para o Conselho de Segurança.

A nova missão está enguiçada porque a ONU não enviará soldados para TL se estiver lá uma outra força militar internacional. Por experiência sabem que os problemas de coordenação e responsabilidades criam dificuldades demasiado elevadas, tornando impossível cumprir com as suas tarefas. A Austrália fincou os seus pés -- e Timor-Leste é forçado a aguentar mais um ciclo de incerteza e falta de apoio por causa de políticas globais.

Como segue os eventos em Timor-Leste, sabe que a actuação dos soldados da Austrália em Timor-Leste tem sido errática. Muitas vezes relacionam-se pobremente com as pessoas locais, não entendem o contexto social e político, e são ineficientes na detenção e prevenção da violência. Apesar da situação ter melhorado um pouco nos quase três meses desde que chegaram, devia estar muito melhor, e são evidentes quase em cada dia deficiências no treino, atitudes e comando.

Apesar da maioria dos Timorenses estar muito aliviado e grato quando chegaram, a boa vontade já é pouca. Mais importante, o povo de Timor-Leste precisa e merece apoio mais efectivo e sensível da comunidade internacional. A ONU tem mais capacidade para o fornecer, e mantê-lo em contexto, do que a Força de Defesa Australiana.

Os media deram alguma cobertura a esta controvérsia na semana passada, mas vi muito pouca actividade dos activistas Australianos, das ONG’s ou de cidadãos urgindo o seu governo a mudar a sua posição e a ouvir os desejos do governo da RDTL, da ONU, dos Timorenses e de nós que os apoiamos em todo o mundo.

A incapacidade da ONU em acordar deu-nos um pouco mais de tempo – uma semana! Este é um apelo aos colegas na Austrália para usar quaisquer alavancas e contactos que tenham. Por favor passe esta carta.

Obrigada.

Charlie Scheiner
charlie@laohamutuk.org

PS: estou a escrever como indivíduo, mas os objectivos desta carta são partilhados pelos grupos com que trabalho: La'o Hamutuk, the International Federation for East Timor, e a East Timor and Indonesia Action Network (U.S.). Temos feito o que podemos na ONU (que tem uma boa posição) e nos USA (que é impossível), mas a primeira responsabilidade e possibilidade de um resultado construtivo está em Canberra.
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2 comentários:

Anónimo disse...

Ah ah ah...
Acreditam que a Austrália que investiu no golpe de Estado vai desistir agora?!
Não sejam ingénuos.

Cesar Valentim disse...

Sim, o que a Australia quer neste momento é a ONU a controlar as suas actividades militares em Timor.
É que apesar de tudo, a ONU ainda é a única instituição internacional em que se pode confiar a isenção. Já o mesmo não se pode dizer de outras instituições cuja alegada parcialidade começa a ser escancaradamente comprovada.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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