terça-feira, setembro 26, 2006

Notícias

Tradução da Margarida.

ABC - 23/09/2006, 12:13:57

Timor-Leste pode precisar de mais polícia Portuguesa

O Primeiro-Ministro de Timor-Leste José Ramos-Horta diz que pode pedir mais polícias a Portugal se o pedido de Dili duma força de capacetes azuis da ONU for recusado.

Portugal enviou 120 polícias militares para Dili em Junho para ajudar a conter uma vaga de violência mortal e de pilhagens.

Os polícias são parte duma força-tarefa multinacional liderada pelos Australianos e que também incluem tropas da Nova Zelândia e da Malásia.

A violência começou depois do então primeiro-ministro Mari Alkatiri ter demitido 600 soldados numas forças armadas de 1,400 quando protestaram sobre alegada discriminação contra soldados do oeste do país.

A força internacional destacada para Timor-Leste entregou formalmente a sua autoridade á ONU na semana passada.



Radio Australia - 23 Setembro 2006 (Sublinhados da responsabilidade da Radio Australia)
Opinião: O falhanço da Austrália na reconstrução de Estados fracos

Anna Powles, autora da reportagem sobre os esforços de intervenção da Austrália,

Depois do desassossego deste ano em Timor-Leste e nas Ilhas Salomão, tem havido críticas aos esforços da Austrália para ajudar a reconstruir estados fracos na região.

A Austrália tem 1,900 tropas em Timor-Leste como parte da missão internacional ora acalmar a violência lá e lidera a missão de assistência regional, RAMSI, nas Ilhas Salomão.

Mas de acordo com um estudo para o think tank de segurança, a Fundação Kokoda, a ruptura em Timor –Leste e os motins e ataques incendiários nas Ilhas Salomão em Abril mostram que as intervenções no passado foram seriamente desadequadas.

Anna Powles da universidade Nacional Australiana é a autora do estudo 'Security Challenges' (Desafios de Segurança) para a Fundação Kokoda. Ela discute algumas das insuficiências da Austrália nos esforços na construção de Estados.

Penso que em ambos os casos [os esforços de intervenção em Timor-Leste e nas Ilhas Salomão], ambas têm sido embrulhadas como sucessos. Timor sob... a Interfet e a subsequente missão da ONU e com certeza a RAMSI, foram ambos casos considerados terem tido um sucesso extremamente grande, do tipo do cartaz da criança e construção do Estado, etc..

E penso que isso obsescureceu bastante – aquela fase extremamente importante depois da partida das tropas, etc., e depois da ordem e segurança estar garantida, em lidar realmente com as questões de construção da paz. E na minha opinião, nem as intervenções em Timor ou nas Ilhas Salomão, responderam com sucesso a muitas das questões que vêm saltando do conflito.

Que questões não enfrentaram?

Por exemplo, nas Ilhas Salomão, a questão do próprio conflito, as causas da tensão entre 1998 e 2003, estas questões não foram enfrentadas. E com certeza, foi sempre dito que a RAMSI estava lá simplesmente para criar um espaço para essas questões serem trazidas para a mesa e isso é certamente verdadeiro. Mas havia a necessidade de muito mais ser feito em termos de resposta a essas questões dum modo pró-activo e do reconhecimento de que são parte do processo de construção do Estado, em vez de simplesmente as remeter para o governo das Ilhas Salomão.

Contudo é parte do problema, que em ambos os casos os governos no poder não quiseram confrontar o passado? É certo que o governo das Ilhas Salomão não quis olhar para o passado, e em Timor, o novo governo de Timor-Leste não quis ser visto a provocar a Indonésia?

Absolutamente verdadeiro, em ambos os casos. Mas penso que os eventos de Abril e Maio mostraram que há tensões a ferver em fogo brando lá. Certamente, nas minhas investigações nas Ilhas Salomão, ficou muito, muito claro, que as questões à volta do conflito e as questões da paz e da segurança não tinham sido resolvidas e que há grande ênfase entre aldeões e os membros da comunidade para se enfrentarem essas questões.

Se o governo não as quer enfrentar, então procuram a RAMSI ou uma missão de intervenção. Há uma expectativa em que a RAMSCI com certeza jogou bastante também, quanto ao poder de intervir.

Que lições devem então os poderes de intervenção tirar do ponto que faz – que a lei e a ordem não significam paz e estabilidade?

Em primeiro lugar, é absolutamente fundamental tirar as armas da rua e nos primeiros tempos a RAMSI fez um trabalho fantástico e também em Timor com a intervenção lá. Mas a não ser que a paz e a segurança seja estabelecida e esse é um processo muito mais longo e que envolve responder às causas do conflito e envolve a reconciliação.

Isso necessita muito ser uma parte integral do estádio de reconstrução, porque existir a lei e a ordem simplesmente não significa que exista a paz e a segurança. E, mais uma vez, os eventos nas Ilhas Salomão este ano indicaram que, por que muita da gente que estava a participar nas manifestações vinham duma área particular de colonatos e comunidades em Honiara, onde sentiam muito fortemente que não se tinha atingido a paz e a segurança.

Que tipo de raciocínio se deve seguir em relação à reconciliação, e construção de comunidade ou construção de nação?

Penso que terá de haver muito maior ênfase nessas questões que mencionou, a reconciliação, a construção de nação, enfrentar as questões do conflito de antes da invasão Indonésia na guerra civil de 1974 civil por exemplo. Qualquer força de intervenção que vá para Timor precisa de ter muito mais atenção em engajar a sua população local para ter uma ideia muito mais forte do que os Timorenses de diferentes áreas geográficas bem como políticas, querem para o seu país e para se engajarem com a nação de Timor como um todo.

E ficar mais tempo, é essa a outra parte do negócio? Estava as Nações Unidas demasiado desejosa de sair de Timor-Leste? Estava a Austrália demasiado satisfeita com os resultados que tinha obtido nas Ilhas Salomão durante dois anos?

Certamente, isso é o que alguns argumentam, mas penso também que o que temos de ter em conta é a responsabilidade da parte dos Timorenses e dos naturais das Ilhas Salomão a assumirem o peso do processo, eles próprios.

Penso que missões de intervenção externas ficam sob suspeita se ficarem demasiado tempo e isso outra vez levanta a questão da estratégia de saída, que é umas grande questão nas Ilhas Salomão e obviamente será uma grande questão se a ONU regressar a Timor. E isso significa que ao planear-se para uma tal missão, há a necessidade de haver uma ideia, muito, muito clara dos resultados que podem alcançar.

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1 comentário:

Anónimo disse...

É importante ter presente o que recentemente foi escrito num Jornal em Portugal, que de certa forma vai ao encontro dos meus últimos comentários, que não devem agradar muito aos australianos e a alguns timorenses:
“……NÃO ENTENDEM ESSAS PESSOAS QUE APENAS ESTÃO A INVIABILIZAR UM PAÍS? A HIPOTECAR O SEU FUTURO E O FUTURO DOS SEUS FILHOS? A SEMEAR O SOFRIMENTO, A MORTE E A DESTRUIÇÃO? E QUE OS MOTIVOS INVOCADOS SÃO GRATUITOS, PRIMÁRIOS E INCONSEQUENTES? …..NÃO ENTENDEM ESSAS PESSOAS QUE UM ESTADO, PARA SUBSISTIR, PRECISA DE (UM MÍNIMO DE) PAZ, LEI E ORDEM? QUE A VIOLÊNCIA APENAS GERA MAIS VIOLÊNCIA?.....”;

Este vosso servo acrescenta: NUNCA HAVERÁ DESENVOLVIMENTO SEM SEGURANÇA E QUE PARA OS TIMORENSES VIVEREM EM SEGURANÇA O PAÍS TERÁ DE SE DESENVOLVER DE FORMA SUSTENTADA E SEM INTERFERÊNCIAS EXTERNAS QUE CONDICIONEM A VONTADE NACIONAL!

Assim, tudo o que se tem passado recentemente justifica perfeitamente o comentário efectuado no seu excelente Blog, que fico satisfeito estar a incomodar e por isso aqui reitero apesar de alguns “chicos espertos” timorenses e internacionais terem a mania que são donos da verdade e que os outros são todos um cambada de estúpidos e ignorantes! ATENÇÃO AO VELHO DITADO “ VERDADE É COMO O AZEITE, VEM SEMPRE AO DE CIMA”. Conheço em detalhe todos os pormenores da actual crise politico-militar e, por isso, o tempo vai encarregar-se de me dar razão como, aliás, aconteceu até à data com os tristes desenvolvimentos desta crise, que só aconteceu porque os timorenses estão desavindos desde há muitos anos (os intervenientes sabem do que falo). Julgo que seria importante na actual conjuntura dar algum destaque a este comentário (não tiro nem uma virgula):

O que se passa em Timor é um escândalo e uma vergonha patrocinada pelo PR e seus amigos australianos (através de alguns pontas de lança como a sua linda e simpática mulher bem conhecida do também seu especial amigo RH!!!!! e do distinto chefe de gabinete, AP, que tem feito toda a ligação com a oposição e também os amigos australianos – será preciso relatar em pormenor todos os passos que tem dado?) com a utilização e manipulação de Reinado e companhia o que não dignifica o Estado de Direito e a imagem do país e dos timorenses perante a Comunidade Internacional. Já não existe a mesma onda de solidariedade e respeito pelos líderes timorenses, que demonstram não merecer o seu povo nem o sacrifício de todos os que lutaram pela independência. Será que o PR, RH e os restantes intervenientes no golpe institucional ainda não perceberam que podem existir provas muito grave e comprometedoras? E que estão a ser usados pelos políticos do país dos “cangurus” com apoio dos “cowboys”? O PR deixou de estar lúcido e hipotecou todo o crédito e prestigio internacional e mesmo a nível nacional!!! Quando se aperceberem já será tarde porque os australianos vão descartá-los ou fazê-los desaparecer…. Existem de facto essas provas, pois não são apenas os australianos com capacidade de trabalhar “underground”, que serão entregues no momento, local próprios e instâncias internacionais adequadas para evitar manipulações, tendo em vista o processo de impunidade em curso com o patrocínio de alguns responsáveis do sistema judicial e das NU, que também terão de prestar contas!! Já foram enviadas algumas das provas para a sede da ONU, através de canais especiais.

Francamente não está em causa o dever, muito menos o direito, de se tomar firme partido nesta triste e selvática crise politico-militar em que não se olharam a meios para atingir os fins! Eu próprio apesar de dúvidas que subsistem, não me isento de ter opinião e já transmiti a quem de direito tudo o que sabia com as respectivas provas. Este Blog pode incomodar muita gente, mas tem a virtude de permitir a expressão de opiniões, que devem ser respeitadas e não atacadas de forma suspeita e pouco democrática por alguns dos comentadores, que estão perfeitamente cristalizados. Em verdadeira democracia não existe nada tão perigoso como a falta de opinião esclarecida e empenhada. A grande questão que se coloca é muito objectiva! É simplesmente a de saber se a indesmentível e indisfarçável coerência ideológica com que se organizam os campos de opinião numa questão que, na sua essência, pouco tem de ideológico não revela antes de mais uma preocupante facilidade de alinhamento preconceituoso dos políticos e pseudo-intelectuais timorenses. E sobretudo uma perigosa carência de verdadeiros livres-pensadores na sociedade timorense actual. A mim, tanto e tão espontâneo maniqueísmo deixa-me preocupado enquanto cidadão do mundo (como dizia Sócrates, o filosofo) e da lusofonia.

Convém acentuar, que existem muitas instâncias que nos querem por detrás de actores visíveis. ASSIM, RECUSAR TOMAR PARTIDO PELAS FACÇÕES OU INTERVENIENTES DESTA CRISE SIGNIFICA: NÃO TOMAR PARTIDO PARA TOMAR O VERDADEIRO PARTIDO – PELA PAZ E PELAS FORÇAS DA VIDA.

Em síntese e para terminar, podemos dizer que TERÁ DE SER O POVO TIMORENSE, ATRAVÉS DE UMA EFECTIVA MOBILIZAÇÃO NACIONAL E VERDADEIRO SENTIDO DE CIDADDANIA E PATRIOTISMO, a proceder com urgência a uma verdadeira triagem daqueles que não interessam ao país e a encontrar a solução justa e adequada, QUE NÃO PASSE APENAS PELAS VISÕES LUNÁTICAS E UTÓPICAS, DO PR E SEUS AMIGOS, RELACIONADAS COM A FAMOSA BANALIZAÇÃO DA “RECONCILIAÇÃO”, FECHANDO OS OLHOS À JUSTIÇA, TENDO EM VISTA A TOTAL IMPUNIDADE DOS VERDADEIROS RESPONSÁVEIS! NÃO HAVERÁ VERDADEIRA RECONCILIAÇÃO SEM APLICAÇÃO DA JUSTIÇA E DA LEI.
(Convém lembrar o que já foi referido por alguém: “…na questão da reconciliação, sobressairá sempre a permanente duvida sobre a força rectificativa do resultado alcançado. A reconciliação deixa efeitos retroactivos que a seu tempo se farão sentir – isto se não for alcançada com o caminho da justiça e da paz…” Parte dos actuais problemas em Timor estão relacionados com a deficiente gestão do processo de reconciliação conduzido por Xanana!
Este vosso servo continua a acompanhar a situação com muita atenção e voltará a dar notícias. CHACAL

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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