quinta-feira, setembro 28, 2006

Transcrição do video "The Patriot" - I

Fizemos a transcrição e a tradução para português do video "The Patriot", protagonizado por Alfredo Reinado.

Reinado aparece sentado no mato a falar em tétum, depois aparece uma parte do filme da SBS Dateline em que Reinado dispara contra elementos das FDTL, e no fim uma gravação realizada após a sua libertação da prisão de Becora.


"Bom dia, boa tarde, boa noite para todos os que me estão a ouvir.

Esta é uma gravação especial para os meus irmãos jovens, todos os irmãos de lorosae e loromonu, é uma gravação como uma mensagem para todos vós, é uma mensagem de nós que somos conhecidos como desertores foragidos e malvados e tudo que é de mau e que está bem na língua deles.

Esta gravação terá um sentido para todos vós meus irmãos, e como nós estamos fugidos de um lado para o outro como animais selvagens na nossa própria terra só para defender a verdade, o direito e a justiça para todos, e as palavras que vou fazer chegar não são só minhas mas é de todos os que amam a verdade, o direito e a justiça nesta nossa terra, e que também amam os nossos governantes.

Pedimos a todos os jovens desta terra, que já é tempo para nos sentarmos e pensarmos que já chegou o tempo para começar a reconstruir a nossa terra.

Sentar e pensar que fomos vítimas, se continuarmos a matarmo-nos uns aos outros não ganhamos nada, se continuarmos a estragarmo-nos uns aos outros também nada conseguimos, por isso mesmo peço para que pensem nestas minhas palavras, que nos possa levar para o caminho da verdade e aclarar as ideias, a nossa consciência para que possamos construir a nossa terra de Timor.

Nesta mensagem não escolho a cor, nem preta nem branca, nem olho para os interesses políticos, nem a cor do partido, só quero dizer que como timorenses, temos que pensar bem, porque o país está em crise, e não é porque nós o queremos.

Tudo isso é porque alguns dos nossos conterrâneos que negam a nossa terra, eles é que hão-de estragar a nossa terra, eles mesmo é que criaram esta crise, eles mesmo é que nos puseram em confusão, e eles é que estão sempre bem, para eles a lei não existe, e só nós é que temos a lei para nos sobrecarregar.

Eles são os defensores da lei e estão acima da lei, e nós somos sempre vitimas, eles que formam grupos e grupos e que nunca passaram pelo sofrimento, nunca passaram por privações e que agora só vem governar, aproveitando para nos pôr uns contra os outros e deixar acontecer o que está a acontecer.

Eles que não nos amam nem à nossa terra, têm interesses próprios, têm ideologias que nós não podemos aceitar na nossa terra, e é isso que eles defendem fazendo muitas coisas para nos pôr uns contra os outros, pagando-nos, distribuindo armas, para que nos matemos uns aos outros estragando o nosso futuro.

Por isso, peço a todos vós, irmãos, pais, velhos, amigos colegas jovens, intelectuais, principalmente para os intelectuais de super mie, para os irmãos cabeludos que não tomam banho, que somos nós.

Se não fossem os intelectuais de super mie e os cabeludos que não tomam banho, eles não andariam de carros com vidros pretos, e se não fossemos nós eles não gozariam desta independência.

Alguns ressuscitaram para ver a independência e continuam a sofrer, e não esquecemos os que já morreram e sei que estes não estão satisfeitos com tudo o que está a acontecer.
Temos que responsabilizar daqui para a frente para podermos criar um futuro melhor, dar garantia de um futuro para a nossa terra, que respeitamos, cumprimos a lei e a ordem, e que praticamente todos queremos.

Eu sei que há vários interesses políticos, vários grupos, vários partidos, mas todos nós defendemos o interesse de Timor.

Por isso agora é tempo para nos sentarmos e reflectirmos bem, que se todos defendermos Timor, os timorenses e esta nação, então todos temos de reconsiderar e saber respeitar, esta terra, esta nação e este povo.

Todos podemos requerer muita coisa, mas sem unidade, sem responsabilidade por esta terra não alcançaremos este nosso objectivo.

Faço um apelo aos políticos, às organizações, aos jovens, às artes marciais, é tempo de reflectirem e dar o vosso esforço máximo e de encontrarmos de novo a estabilidade do nosso país.

Só nós próprios poderemos fazer, só nós próprios poderemos arranjar, e esta crise, nem o governo nem grupos nem organizações conseguirão estabilizar.

Levando esta consciência de unidade é que unidos iremos conseguir estabilizar e só depois disso é que podemos implementar outros interesses, por isso mais uma vez vos peço para pararem com as zangas, os ódios, as bebedeiras que é um acto mau para estragar a vossa própria imagem, porque com o vinho só criam problemas.

Meus irmãos se desejam fazer algo é com a cabeça fria e sã, não é preciso beber, defendam os vossos direitos com coragem, e não bêbados é que se defende os interesses da nação.
Defendam o vosso direito, o futuro e a dignidade timorense.

Nós desta geração temos vergonha, porque depois de sermos independentes não temos capacidade para criar uma boa estabilidade, nem capacidade para formar uma justiça estável, e é por isso é que hoje em dia temos cá os estrangeiros a fazer o trabalho que é da nossa responsabilidade.

Sei que hoje em dia o nosso governo e os governantes atiram as culpas para esta geração, culpas para nós que andamos como selvagens na nossa própria terra, só porque defendemos o direito de todos, porque queremos implementar a lei que não existe, o tribunal e ver a sua capacidade.
Nós fomos condenados como desertores, malvados criminosos, e muita coisa mais, mas acredito que esta terra é uma terra sagrada, e que os espíritos e as almas, hão-de castigar os que violam o direito desta nação terão o seu castigo.

Os que violaram os direitos deste povo não respeitando a sua cultura, tendo interesses no dinheiro e neles próprios.

Meus irmãos, o que devemos fazer para que tudo corra melhor, encontrar de novo a estabilidade e a segurança?

Tem de vir de nós próprios que sofremos dos maus procedimentos dos outros, estes que são os nossos governantes.

Para encontrarmos este caminho, primeiro precisamos de ter paz, pensar num só interesse nacional, dar as mãos, arrepender-se dos actos cometidos e não fugir da responsabilidade.
É tempo para pensarmos e deixar para trás o passado, é tempo para dar as mãos e fazer mudanças, só os jovens é que podem fazer esta mudança, só os jovens é que podem mudar a mentalidade dos nossos governantes para o caminho da verdade.

Acredito no planeamento das várias organizações para a mudança deste país, mas sem unidade não alcançaremos o nosso objectivo.

Enquanto não nos perdoarmos uns aos outros nada encontraremos, temos de estar atentos e saber quem são as pessoas que nos atiçaram uns contra os outros.

Meus irmãos o governo não tem culpa, isto é estrutura, os governantes que estão no poder é que não sabem governar, estes é que é preciso deitar abaixo e levá-los a justiça, por causa deles é que estamos assim.

Não julgá-los como criminosos mas eles têm de ir parar as mãos da justiça.

Para conseguirmos isso temos de fazer uma acção conjunta em que todos os jovens têm de se levantar para requerer o seu direito, requerer o seu futuro.

Este governo tem uma grande responsabilidade, nem vale a pena dizer 1º governo ou 2º governo porque é tudo igual, as pessoas são as mesmas e olhando para o passado deles são todos iguais, e são do mesmo grupo.

Por isso não vale a pena assustar-se com o nome de 1º ou 2º todo floreado, temos de ver o que é que eles fazem o que é que eles nos dão, o que fazem para o país, daí é que se pode tirar a conclusão.

Os que trabalham no governo também não são culpados porque alguns deles são como os robots manejados por outros, os que tem o comando na mão e têm a chave é que são os culpados.

Todos sabemos que Mari Alkatiri e Ramos Horta são iguais, não esquecer que historicamente em 75 antes da guerra civil eles é que assinaram eles é que fizeram, por isso mesmo os dois não se podem separar, a ideologia deles naqueles tempos não deu para ser implementada até agora, por isso temos de afastar estas ideologias que o povo não aceita e fazem sofrer o povo.

Meus irmãos estes procedimentos definem bem quem é que lá estava, e o que nós precisamos é duma justiça popular, e quando a lei não pode ser implementada, não há nem lei nem ordem, não há justiça, e se houver justiça é chamada a justiça popular, porque todo o povo se levantará para requerer, porque os que estão no poder é por causa do povo.

Este governo não foi escolhido pelo povo, este governo pode-se dizer, que muda duma mão para a outra, muda-se de cor, muda-se de pele, troca da legislativa para o governo conforme eles querem sem passar por uma votação. Podemos dizer que este governo é ilegal, a Untaet, a ONU é que recebeu a transição para depois entregar-lhes, não a escolha do povo. "

(continua)

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6 comentários:

Anónimo disse...

O que o major Reinado está pedindo, entre linhas, é por uma anistia geral. O problema é que as leis estão vigorando e as ações de Reinado são, até agora, imcompatíveis com o estado de direito. Sair deste nó exigirá arte e engenho.
Boa sorte!
Alfredo
Brasil

Anónimo disse...

Com um pouco de bom senso a coisa resolve-se.

Até aposto que se os responsáveis políticos pela situação forem investigados, julgados e condenados a prisão, esse Reinado também vai... não será para a mesma que isso pode dar azo a vinganças... mas para outra. Por alguma coisa dizia XG mais ou menos isto: ... esvaziem-se as prisões... para novos inquilinos.

Mas com tanta assessoria "portuguesa" no terreno também vai uma aposta em como "os grandes" não vão dentro? Em Portugal é hábito tal desfecho. O Antonino Costa deve estar a "ouvir" algumas dicas...

Margarida, não se esqueça de traduzir rapidamente os documentos que aí vêm... comente só depois de os ler...
Obrigado
bom trabalho

Anónimo disse...

Com um pouco de bom senso a coisa resolve-se.

Até aposto que se os responsáveis políticos pela situação forem investigados, julgados e condenados a prisão, esse Reinado também vai... não será para a mesma que isso pode dar azo a vinganças... mas para outra. Por alguma coisa dizia XG mais ou menos isto: ... esvaziem-se as prisões... para novos inquilinos.

Mas com tanta assessoria "portuguesa" no terreno também vai uma aposta em como "os grandes" não vão dentro? Em Portugal é hábito tal desfecho. O Antonino Costa deve estar a "ouvir" algumas dicas...

Margarida, não se esqueça de traduzir rapidamente os documentos que aí vêm... comente só depois de os ler...
Obrigado
bom trabalho

Anónimo disse...

Em vez da designação "O Patriota" o vídeo devia era chamar-se "O Insurrecto".

O insurrecto é um verdadeiro anti-educação. Representa mau exemplo para estudantes que queiram frequentar aulas, estudar, encher a cabeça do eruditismo.
Os psicólogos terão, se calhar, dito que isso deriva da sua falta das aulas quando frequentava a escola.

É exactamente isso que é "The Patriot".
Se o homem fosse um verdadeiro patriota apelava aos jovens em não abandonar a escola, estudar diligentemente, trabalhar arduamente e em se tornarem homens para si e para o país.

Se calhar os argumentistas que estudam e apanham o que os opositores pensam e dizem, com o intuito de o aproveitar como material para a sua máquina propagandística, ainda se lembrem em escrever-lhe algum texto para o próximo vídeo, do género:"Jovem, se tens mais de 8 anos, pega na faca, na pedra, na arma e junta-te a nós.
Nós encarregamo-nos da tua educação, do teu futuro. Aprenderás como derrubar governos, como infringir leis e ficar impune, como gritar à voz alta pelos teus direitos e infringir os direitos de outrem.
Tudo o que deves saber está connosco.

Anónimo disse...

Correction the video is called the "Parrot" not the "Patriot".

Anónimo disse...

"Parrot", a designação perfeita!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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