quinta-feira, outubro 05, 2006

Dentro dos campos de deslocados de Timor-Leste

Tradução da Margarida.

NewMatilda.com

Por: Carmela Baranowska
Quarta-feira 4 Outubro 2006

Quando a Polícia Federal Australiana (AFP) disparou o gás lacrimogéneo para o campo de deslocados, os jovens que tinham lançado o ataque inicial com pedras e arcos e flechas já tinham fugido. Mas tinham fugido dos deslocados na direcção oposta e não para o campo. Alguns, mas não todos os jovens que vivem no interior do campo tinham reagido atirando pedras em retaliação. Estes pequenos detalhes são importantes, porque se verá mais tarde.

Ao lado do mais caro hotel em Timor-Leste, num parque que viu cidadãos Portugueses e Indonésios sentarem-se e relaxarem, vivem alguns dos mais destituídos residentes da capital. Têm estado a dormir debaixo de panos como deslocados nos últimos quatro meses. Apesar de pedidos repetidos ao UNHCR, não lhes foram fornecidas tendas apropriadas, como tem acontecido na maioria dos outros campos onde a agência da ONU actua de acordo com o significado do seu nome.

Um fluxo contínuo de diplomatas, burocratas da ONU, políticos da oposição e professores da escola Portuguesa sentam-se e bebem expressos e comem pastéis de nata no bar chic do Hotel Timor. Mas os deslocados — ou em linguagem humanitária as “pessoas deslocadas internamente” — que vivem num mundo geográfico paralelo, não têm sítio para ir. As suas casas foram queimadas e roubaram-lhes os bens.

Enquanto as escolas, serviços públicos e o governo tudo funciona durante o dia, à noite muitos funcionários públicos, deputados e até ministros do governo regressam para dormir debaixo de tendas. As pessoas começam a perguntar se a crise de quatro meses alguma vez acabará — e o mais importante, como é que os líderes de Timor-Leste resolverão o impasse actual.

Díli está no limbo. Os seus líderes e muitos dos seus residentes puseram todas as suas esperanças na saída do relatório da Comissão Especial Internacional de Inquérito aos eventos de Abril e Maio de 2006, que está previsto para a próxima semana. Nem toda a gente ficará satisfeita, e nas últimas semanas tem havido rumores não confirmados de relatos de armas a passarem através da fronteira Indonésia para distritos do Oeste. A situação mantém-se instável, apesar do facto de Timor-Leste ter saído do radar dos media internacionais.

Na Quinta-feira 28 Setembro, quando a AFP, a GNR e a polícia Malaia lançaram o seu ataque conjunto no campo de deslocados, estava quente a a vida em Dili prosseguia no seu habitual modo ensonado de fim de tarde.

A polícia Malaia, usando espingardas semi-automáticas, tentou repetidamente impedir-me de filmar. Era visível e acabaram por desistir. Viraram a sua atenção a deitarem abaixo mesas improvisadas e a pontapearem cadeiras enquanto alguns dos deslocados estavam sentados a observar impassíveis a detenção dos jovens.

Os polícias Malaios chamaram ‘cães” aos Timorenses e os oficiais da AFP descreveram Timor-Leste como ‘este país fodido’ de acordo com deslocados com quem falei imediatamente depois do ataque. A GNR disse aos deslocados que estava ali para ‘manter a calma e a segurança.’ Infelizmente só falavam Português e nem um único tradutor de Tétum estava a trabalhar com qualquer das forças policiais.

Outros deslocados vocalizaram as suas críticas. Afirmaram que tinham detido os homens errados. Queriam saber porque é que tinham disparado gás lacrimogéneo tão perto de um campo de deslocados, onde a maioria dos residentes são mulheres e crianças pequenas. ‘O que é que fizemos de mal?’ perguntou-me uma jovem mulher, ‘foram os jovens que cá vieram e que provocaram o ataque ao dispararem setas dos arcos. A polícia não fez as coisas bem aqui.’

‘A única coisa que o Governo sabe fazer é dividir as pessoas,’ disse-me uma outra mulher. ‘Não sabem como cuidar das pessoas, só lhes interessa o dinheiro. As pessoas não têm direitos. Algumas pessoas estavam simplesmente sentadas quietas. Somos só gente comum aqui. Os nossos bens foram-se todos e continuamos a sofrer.’

Vinte e oito jovens foram detidos em 28 de Setembro. Três dias mais tarde foram todos libertados.

A primeira vez que visitei este campo foi em meados de Junho, quando me sentei para ver as notícias locais com Elizaria, uma professora liceal nos seus 40’s que é da ponta leste de Timor-Leste. Alfredo Reinado, o comandante da polícia militar que desertou, estava a começar a entregar as suas armas aos soldados Australianos em Maubisse, Elizaria estava feliz porque Reinado não mais parecia ser uma ameaça mas disse-me com tristeza que não podia regressar porque a sua casa tinha sido incendiada.

Agora, quarto meses mais tarde, Reinado está em fuga outra vez. Segundo fontes, ele viaja livremente à volta da maioria da parte oeste de Timor-Leste. Ele continua armado, bem como o grupo de ‘Rai Los’ (liderado por Vicente da Conceição, que afirmou no programa Four Corners na ABC TV que Alkatiri lhe ordenou para montar um esquadrão de ataque para limpar os seus opositores), baseado em Liquica e ficando na plantação de café do Presidente do Partido Social Democrático, Mário Carrascalão.

Elizaria já não mais trabalha como professora liceal porque não se sente segura na sua escola. O seu filho de 20 anos foi ferido por tiros durante um ataque feito por ex-oficiais da Polícia Nacional de Timor-Leste em 1 de Setembro no campo do lado oposto ao hotel. Está à espera de ser evacuado para a Austrália e a bala ainda está alojada nas suas costas. Elizaria visita-o todos os dias no hospital.

‘Os jovens estão traumatizados,’ diz-me. ‘É por isso que se envolvem nestas actividades. Sinto-me muito triste e às vezes apetece-me chorar porque os nossos líderes não estão interessados no nosso sofrimento.’

Hoje, visitei Elizaria e o seu filho no hospital. O Hospital Nacional de Díli também se tornou num campo de deslocados. Nos últimos meses foi atacado por diferentes gangs. Algumas pessoas não mais se sentem seguras quando lá procuram tratamentos. Não há água corrente e as famílias dos doentes têm de fazer fila no portão da frente e encher os seus baldes e contentores com água de um cano que corre continuamente. Até há 10 dias atrás mesmo os condutores de táxi da cidade tinham demasiado receio de entrar pela sua entrada principal. Agora há guardas de segurança Timorenses nas várias entradas mas se houver um ataque sustentado não terão condições para o parar.

Para Elizaria e o seu filho e os outros deslocados no hospital, estas condições são agora uma realidade da vida de todos os dias.

Acerca da autora
Carmela Baranowska tem estado a filmar em Timor-Leste desde Março 1999. Foi a única jornalista Australiana que viveu continuamente em Díli durante a crise de Maio-Julho de 2006.

***

Cara Carmela,

Concordo em geral com o seu ponto de vista, sobre como algumas das forças de segurança em Díli estão a gerir os conflitos, com os deslocados.

Mas, a GNR NÃO tem tido esta atitude nos campos. São extremamente cuidadosos a identificar quem foi atacado e quem ataca.

Posso garantir-lhe que a GNR está sempre a pedir às outras forças para terem atenção a esta questão.

Seria injusto, que uma força que só é chamada pela polícia australiana ou pelos militares, depois da polícia australiana já ter criado o caos com estes "ataques", que diga que a GNR estava em coordenação quando chegaram ao campo.

Mais de uma vez, a GNR chegou a áreas de conflitos para ajudarem as forces australianas a sair de lá debaixo de pedradas.

E não posso ficar calado sobre os seus comentários em relação a pessoas que tomam café ou "pastéis de nata" no Hotel Timor.

Não se esqueça que estes professores Portugueses não fugiram no meio da crise. Não se esqueça que a maioria dos conselheiros que encontra no Hotel Timor, nunca abandonaram as instituições para quem trabalhavam, mesmo desobedecendo a ordens da ONU, para garantir que essas instituições continuavam a trabalhar no meio da crise.

E ninguém se deve sentir culpado por ter um momento de relaxe, mesmo se há deslocados a alguns metros.

Os melhores cumprimentos,

Malai Azul
(from Timor-Online: http://timor-online.blogspot.com)

.

11 comentários:

Anónimo disse...

Onde estão as casas prometidas pelo governo?
O que faz o partido majoritário para contornar esta crise humanitária?
Ande está o dinheiro do petróleo que deveria ser usado em prol dos mais carenciados?
O problema era o Alkatiri ou tem mais coisa que ainda não pode ser dita?
Cadê a ONU? Onde ficam suas responsabilidades?
O que tem feito CPLP pela deslocados de Díli?
Uma minoria sem princípios estão querendo que TL torne-se um protetorado da Austrália?
O que indigna é ver um governo inoperante diante destas interrogações.
Boa sorte e do que vão precisar.
Alfredo
Brasil

Anónimo disse...

Como sabe Alfredo, a culpa não é – e nunca foi! – do partido maioritário. E como deve ter percebido a vítima de toda esta violência é precisamente o partido maioritário, os seus dirigentes, os seus militantes, os seus apoiantes e até as pessoas de que se desconfiam que simpatizam, votaram ou podem vir a votar no partido maioritário.

Porque com certeza que já leu também por aqui, que foram incendiadas mais de mil casas só em Dili, incluindo tribunais, ministérios, armazéns, lojas. E também já leu por aqui que há ministros e deputados do partido maioritário a dormirem em campos de deslocados ou em casas de amigos, porque as suas casas foram queimadas. Leu também que a casa de TODOS os elementos de segurança do antigo PM Mari Alkatiri foram queimadas como também já deu conta de três sedes da Fretilin que foram destruídas – e a última no passado domingo.

Já se deve também ter apercebido das ameaças de morte feitas constantemente dirigentes da Fretilin, a ministros, deputados e até ao Presidente do Parlamento Nacional que é também Presidente da Fretilin.

E por fim com certeza que também percebeu que até a casa do Comandante das F-FDTL foi atacada, apesar dele nunca ter sido da Fretilin, mas estar casado com uma deputada da Fretilin.

Quanto ao governo, como sabe, se a situação ainda não degenerou numa tragédia maior é porque os ministros tudo têm feito para minorar a situação, dando apoio humanitário, de alimentação, sanitário, de saúde e educacional a TODOS os deslocados, estejam em Díli ou nos distritos. Mas como sabe foi o PM Ramos-Horta e o PR Xanana quem acordou à margem do Governo o acantonamento das F-FDTL e entregou de mão beijada aos Australianos a “segurança” do país. E como também sabe até fins de Agosto quem tomou a responsabilidade da coordenação da “segurança” foi o PR. E também se deve lembrar que o PM acumula a pasta da Defesa.

Portanto, Alfredo, não generalize. Atribua as responsabilidades a quem as tem e com objectividade.

Anónimo disse...

Este assim chamado jornalismo de Carmela Baranowska é uma miscelânia de um pouco de jornalismo baseado em alguns factos e muita propaganda com algumas histórias da actualidade Timorense, alguns dramas humanos e muita, muita tendenciosidade.
Um veneno!

Apesar da UNHCR ser a organização que trate de refugiados, não se pode culpar a UNHCR unicamente por não querer ou não poder ajudar a aliviar o sofrimento das pessoas comuns. A Carmela não se pergunta quem tem desempenhado o papel principal na crise? Não acha que aqueles que a criaram devem também assumir a responsabilidade para com as pessoas comuns, ao invés de as apenas utilizarem como peões para os seus jogos?

Porquê a Carmela evita de mencionar no seu artigo o que é que as tropas australianas estavam a fazer na altura da interevenção policial?
E a sua eficiência no reestabelecimento da segurança?
O artigo dela transmite a ideia, apesar da sua tentativa de difamação, que todas as tropas policias, excepto as australianas, estão realmente a trabalhar e tentar fazer qualquer coisa pela segurança.

Porquê não pediu as declarações dos responsáveis oficiais malaios, AFP e GNR sobre o procedimento incorrecto e a má educação?

Não se esconderá atrás da jornalista a porta-voz das tropas australianas?

Quais os motivos políticos subjacentes na tentativa de denegrir a imagem das tropas policias supra-mencionadas?

A Carmela não camuflará nas suas palavras uma tentativa de heroização do desertor, criminoso e revoltoso Alfredo Reinado?

Não estará ela a servir-se dos pobres refugiados para ajudar levar a cabo as políticas do seu Governo?

Etc... Etc... Etc...

Anónimo disse...

É louvável o esforço da jornalista australiana para tentar revelar um pouco mais do que se passa, mas de facto há alguns aspectos mal contados (não sei se intencionalmente ou por negligência). De qualquer maneira, o Malai Azul escreveu um excelente comentário em que rectifica devidamente esses aspectos da questão.

Anónimo disse...

Pois é! Os graves incidentes dos últimos dias continuam a ter repercussões incalculáveis para a imagem e dignidade do país perante a Comunidade Internacional! Quem esteve directa ou indirectamente envolvido nos incitamentos à divisão do país, através do apoio a desertores e militares que abandonaram as F-FDTL e dissidentes da PNTL (apoiados por elementos de grupos de actividade criminal), que recorreram à violência de forma gratuita, devem estar satisfeitos! Ou será que já começam a sentir arrependimento e peso na consciência? O facto da sede da Fretilin ter sido queimada deve ter deixado o Presidente de Timor-Leste (o tal de Xanana ou "banana"?) muito satisfeito. Basta ter bem presente, os célebres discursos, principalmente o de 22JUN06, que ficarão para sempre ligados a esta triste crise, como tendo sido os verdadeiros rastilhos para toda a onda de violência, que poderá levar à eventual desagregação do país! Os vossos amigos australianos e americanos devem estar muito satisfeitos porque desta forma o país nunca mais se irá desenvolver! Ou seja, mais uma vez teremos o paradigma dos países que têm imensos recursos naturais, mas os interesses regionais e internacionais não deixam que se possam desenvolver de forma sustentada! Os timorenses nunca mais percebem que estão a ser enganados e manipulados! Será que querem continuar a sofrer?

Sei que muitos dos leitores não gostam do comentário, que tenho vindo a publicar há já alguns dias, mas isso para mim é um verdadeiro estimulo! Assim, podem ter a certeza que durante os próximos tempos será aqui deixado no vosso Blog, mesmo que o apaguem logo de seguida. É relativamente longo, mas vale a pena ler e reflectir com a razão e sem sentimentalismos bacocos:
Antes de mais, é importante ter presente o que recentemente foi escrito num Jornal em Portugal, que de certa forma vai ao encontro dos meus últimos comentários, que sei não agradarem muito aos australianos e a alguns timorenses:
“……NÃO ENTENDEM ESSAS PESSOAS QUE APENAS ESTÃO A INVIABILIZAR UM PAÍS? A HIPOTECAR O SEU FUTURO E O FUTURO DOS SEUS FILHOS? A SEMEAR O SOFRIMENTO, A MORTE E A DESTRUIÇÃO? E QUE OS MOTIVOS INVOCADOS SÃO GRATUITOS, PRIMÁRIOS E INCONSEQUENTES? …..NÃO ENTENDEM ESSAS PESSOAS QUE UM ESTADO, PARA SUBSISTIR, PRECISA DE (UM MÍNIMO DE) PAZ, LEI E ORDEM? QUE A VIOLÊNCIA APENAS GERA MAIS VIOLÊNCIA?.....”;
Este vosso servo acrescenta: NUNCA HAVERÁ DESENVOLVIMENTO SEM SEGURANÇA E QUE PARA OS TIMORENSES VIVEREM EM SEGURANÇA O PAÍS TERÁ DE SE DESENVOLVER DE FORMA SUSTENTADA E SEM INTERFERÊNCIAS EXTERNAS QUE CONDICIONEM A VONTADE NACIONAL!

Assim, tudo o que se tem passado recentemente justifica perfeitamente o comentário efectuado no seu excelente Blog, que fico satisfeito estar a incomodar e por isso aqui reitero apesar de alguns “chicos espertos” timorenses e internacionais terem a mania que são donos da verdade e que os outros são todos um cambada de estúpidos e ignorantes! ATENÇÃO AO VELHO DITADO “ VERDADE É COMO O AZEITE, VEM SEMPRE AO DE CIMA”. Conheço em detalhe todos os pormenores da actual crise politico-militar e, por isso, o tempo vai encarregar-se de me dar razão como, aliás, aconteceu até à data com os tristes desenvolvimentos desta crise, que só aconteceu porque os timorenses estão desavindos desde há muitos anos (os intervenientes sabem do que falo). Julgo que seria importante na actual conjuntura dar algum destaque a este comentário (não tiro nem uma virgula):

O que se passa em Timor é um escândalo e uma vergonha patrocinada pelo PR e seus amigos australianos (através de alguns pontas de lança como a sua linda e simpática mulher bem conhecida do também seu especial amigo RH!!!!! e do distinto chefe de gabinete, AP, que tem feito toda a ligação com a oposição e também os amigos australianos – será preciso relatar em pormenor todos os passos que tem dado? Está tudo gravado e filmado) com a utilização e manipulação de Reinado e companhia o que não dignifica o Estado de Direito e a imagem do país e dos timorenses perante a Comunidade Internacional. Já não existe a mesma onda de solidariedade e respeito pelos líderes timorenses, que demonstram não merecer o seu povo nem o sacrifício de todos os que lutaram pela independência. Será que o PR, RH e os restantes intervenientes no golpe institucional ainda não perceberam que podem existir provas muito grave e comprometedoras? E que estão a ser usados pelos políticos do país dos “cangurus” com apoio dos “cowboys”? O PR deixou de estar lúcido e hipotecou todo o crédito e prestigio internacional e, até mesmo a nível nacional!!! Quando se aperceberem já será tarde porque os australianos vão descartá-los ou fazê-los desaparecer…. Existem de facto essas provas, pois não são apenas os australianos com capacidade de trabalhar “underground”, que serão entregues no momento, local próprios e instâncias internacionais adequadas para evitar manipulações, tendo em vista o processo de impunidade em curso com o patrocínio de alguns responsáveis do sistema judicial e das NU, que também terão de prestar contas!! Já foram enviadas algumas das provas para a sede da ONU, através de canais especiais. Se houver Tribunal Internacional estarei pronto a testemunhar publicamente, quando e onde for preciso.

Francamente não está em causa o dever, muito menos o direito, de se tomar firme partido nesta triste e selvática crise politico-militar em que não se olharam a meios para atingir os fins! Eu próprio apesar de dúvidas que subsistem, não me isento de ter opinião e já transmiti a quem de direito tudo o que sabia com as respectivas provas. Este Blog pode incomodar muita gente, mas tem a virtude de permitir a expressão de opiniões, que devem ser respeitadas e não atacadas de forma suspeita e pouco democrática por alguns dos comentadores, que estão perfeitamente cristalizados.

Em verdadeira democracia não existe nada tão perigoso como a falta de opinião esclarecida e empenhada. A grande questão que se coloca é muito objectiva! É simplesmente a de saber se a indesmentível e indisfarçável coerência ideológica com que se organizam os campos de opinião numa questão que, na sua essência, pouco tem de ideológico não revela antes de mais uma preocupante facilidade de alinhamento preconceituoso dos políticos e pseudo-intelectuais timorenses. E sobretudo uma perigosa carência de verdadeiros livres-pensadores na sociedade timorense actual. A mim, tanto e tão espontâneo maniqueísmo deixa-me preocupado enquanto cidadão do mundo (como dizia Sócrates, o filosofo) e da lusofonia.
Convém acentuar, que existem muitas instâncias que nos querem por detrás de actores visíveis. ASSIM, RECUSAR TOMAR PARTIDO PELAS FACÇÕES OU INTERVENIENTES DESTA CRISE SIGNIFICA: NÃO TOMAR PARTIDO PARA TOMAR O VERDADEIRO PARTIDO – PELA PAZ E PELAS FORÇAS DA VIDA.

Em síntese e para terminar, podemos dizer que TERÁ DE SER O POVO TIMORENSE, ATRAVÉS DE UMA EFECTIVA E GRANDE MOBILIZAÇÃO NACIONAL COM AUTÊNTICO SENTIDO DE CIDADDANIA E PATRIOTISMO, a proceder com urgência a uma verdadeira triagem daqueles que não interessam ao país e a encontrar a solução justa e adequada, QUE NÃO PASSE APENAS PELAS VISÕES LUNÁTICAS E UTÓPICAS, DO PR E SEUS AMIGOS, RELACIONADAS COM A FAMOSA BANALIZAÇÃO DA “RECONCILIAÇÃO”, FECHANDO OS OLHOS À JUSTIÇA, TENDO EM VISTA A TOTAL IMPUNIDADE DOS VERDADEIROS RESPONSÁVEIS! NÃO HAVERÁ VERDADEIRA RECONCILIAÇÃO SEM APLICAÇÃO DA JUSTIÇA E DA LEI.
(Convém lembrar o que já foi referido por alguém: “…na questão da reconciliação, sobressairá sempre a permanente duvida sobre a força rectificativa do resultado alcançado. A reconciliação deixa efeitos retroactivos que a seu tempo se farão sentir – isto se não for alcançada com o caminho da justiça e da paz…”). Não se esqueçam, que parte dos actuais problemas em Timor estão relacionados com a deficiente gestão do processo de reconciliação conduzido por Xanana!
Este vosso servo continua a acompanhar a situação com muita atenção e voltará a dar notícias, mesmo sendo incómodo para muita gente...LACAHC

Anónimo disse...

Este artigo não evolui em nada naquilo que tods temos visto. Acho que culpar as forças policiais pelos problemas é uma falsa qustão, talvez porque nunca tenham atacadaà pedrada o vidro da jornalista e porque seja mais fácil, este tipo de jornalismo, apelando ao coração e à emoção. Felizmente que os internacionais vêm para Timor, se não viessem, seria sinal que a comunidade internacional tinha esquecido Timor, e nesse caso seria o caos total nesta terra. Nunca se esqueçamo o que se passou em diverosos paises abandonados pela comunidade internacional.

Anónimo disse...

"E por fim com certeza que também percebeu que até a casa do Comandante das F-FDTL foi atacada, apesar dele nunca ter sido da Fretilin, mas estar casado com uma deputada da Fretilin."

Margarida o seus commentarios sao muinto relevante e baseada no factos que esta acontecer em Timor.

O esposa da Comandante do FDTL era uma deputada da UDT e nao de FRETILIN.

Mais concordo com sua commentario que o FRETILIN sao proseguidos.

Anónimo disse...

Cara caramela,

a sua visão é tão ampla como a sua inteligência, isto é, nula.

Já se perguntou porque é que as familias honestas e trabalhadores timorenses continuam a lutar no dia a dia, enquanto que um bando de parasitas preguiçosos ficam nos campos à espera que lhes levem um prato de comida?

Porque não vão trabalhar? reconstruir? lutar pelo país que é deles?

Porque optam pelo mais fácil, ficar sentados à espera que alguem resolva os problemas que eles mesmo criaram.

E já agora, a Sra caramela por solidariedade vai la dormir e almoçar com eles????

ou tambem opta por almoçar no restaurante... ?

Anónimo disse...

Anonymous ... Quinta-feira, Outubro 05, 2006 2:59:47 PM

Porque o nosso Presidente por solidaridade vai la dormir e almocar com os deslocados, nao so de jardim mais com os 150,000 que tao espalhado em Dili.

E os casas, vao reconstruir com dinheiro de quem, ja e dificil encontrar o comida mais os materias para reconstruir as casas.

E os que trabalhem nos dias e passam as noites em campos.

E quem sao os protagonistas deste crise. Foi um Golpe? Governacao mal derigido?

Temos de resolver os problemas fundamentais deste crise. Os nossos lidereres e o nosso povo nao sao todos mau, mas os que estao culpado nao vao fugir, nem os montanhas vao esconder, nem os que choram vao fugir a justica.

O toleransia ja chegou perto do fim.

Anónimo disse...

Leitor das 10:12:17 AM: obrigada por ter rectificado o meu erro. O facto de afinal a mulher do Comandante das F-FDTL ser deputada dum partido da oposição ainda torna mais significativo a falta de escrúpulos dos golpistas que perante a determinação da hierarquia militar não ter alinhado no golpe, nem hesitou em atacar a casa de uma das suas. Pensavam que assim os intimavam. Enganaram-se, a hierarquia militar manteve-se e mantém-se coesa contra ingerências estrangeiras.

Anónimo disse...

Tudo o que o general Taur Matan Ruak e os restantes oficiais do topo das Falintil-FDTL tinham passado e estão ainda injustamente a ser sujeitos pode resumir-se em apenas umas palavras que tentarei a reproduzir, talvez sem a total fidelidade: "Um exército é nada, senão a cabeça", pronunciadas pelo grande Napoleão.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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