quinta-feira, outubro 26, 2006

Libertação Nacional chega ao Pacífico Sul

The Guardian 25 Outubro, 2006

Apesar das nações das ilhas pequenas do Pacífico exercerem agora uma independência nominal muito poucas têm recursos suficientes e practicamente nenhum desenvolvimento industrial que lhes permitam enfrentar as pressões que lhes estão a ser impostas pela Austrália, Nova Zelândia e outras nações com economias mais altamente industrializadas.

Tem sido fácil para países como a Austrália usar os chamados programas de “ajuda” e de empréstimos (e depois ameaçar tirá-los) para exigir que as nações mais fracas adoptem políticas aceitáveis para os países desenvolvidos.

A Austrália, em cooperação com os USA, declarou que as Ilhas do Pacífico Sul estão na sua área de influência. Nesta moldura ideológica o Governo Howard declarou que era o polícia da região e pôs-se a julgar os seus vizinhos (classificando) uns de Estados "párias", Estados "falhados", não capazes de "boa governação ". O Governo Australiano usou tais acusações para declarar que tinha o direito de promover golpes pre-emptivos, e com a assistência de outros chegou mesmo ao cúmulo de orquestrar deliberadamente situações de crise parta atingir esse propósito.

Ilhas Solomão

As Ilhas Salomão são um exemplo clássico. Em duas ocasiões o Governo Australiano e o seu cãozinho de colo aliado, a Nova Zelândia, enviaram tropas e polícias para as Ilhas Salomão como consequência de alguns distúrbios locais. Quem provocou esses distúrbios, obviamente nunca foi explicado.

Não se mandaram somente tropas e polícias para as Ilhas Salomão. Foi também pessoal civil, alguns ocuparam posições chave no governo — conselheiros económicos e legais, juízes, banqueiros e monitores de eleições. Que esse pessoal incluía membros da ASIO outros agentes de "intelligence" é aceite como verdadeiro.

Nas Ilhas Salomão um polícia Australiano assumiu o cargo de Comissário da Polícia e foi responsável pela incursão no Gabinete do Primeiro-Ministro das Salomão. A incursão realizou-se quando o PM estava fora do país num encontro do Fórum do Pacífico e usou a violência para entrar no seu Gabinete.

Tudo isso foi acompanhado por ataques verbais viciosos contra o Primeiro-Ministro das Salomão pelo Ministro dos Estrangeiros Alexander Downer cujo comportamento arrogante e vergonhoso já se tinha visto em conexão com Timor-Leste e a Papua Nova Guiné. Downer é um tipo governador colonial que usa o maior poder económico e militar da Austrália e disponibilidade de pessoal para tomar um comando colonial virtual.

O Governo da Papua Nova Guiné enfrentou uma tentativa similar de tomar o commando mas a Austrália acabou por ser forçada a recuar depois de ter insistido que o pessoal Australiano na Papua Nova Guiné devia estar acima das leis da Papua Nova Guiné. A mão forte Australiana esteve outra vez à mostra recentemente em conexão com a Papua Nova Guiné quando o Governo Australiano se recusou a alargar o prazo do visto do Primeiro-Ministro e de outros funcionários do governo da Papua Nova Guiné para visitarem a Austrália quando estiveram alegadamente envolvidos no caso Julian Moti.

Interferência flagrante

A interferência flagrante e as tácticas de supervisionar o comportamento estão também a ser usadas em Timor-Leste numa tentativa de transformar Timor-Leste numa colónia Australiana. Mais uma vez levaram à pressa tropas e polícias usando o pretexto de distúrbios em Dili. Não procuraram qualquer autoridade da ONU apesar da presença duma missão da ONU em Dili que remonta aos tempos da luta dos Timorenses contra a ocupação Indonésia.

Nas recentes discussões no Conselho de Segurança da ONU, a Austrália argumentou que deve continuar a controlar as forças militares presentemente em Timor-Leste em vez de passar o comando para a missão da ONU.

A investigação da ONU aos eventos anteriores este ano em Dili concluiu que Alfredo Reinado pode ser processado pelo seu papel nos distúrbios nos quais morreram alguns Timorenses. Diz-se que Reinado está “Escondido”, contudo está claro que as suas deambulações são conhecidas dos militares e dos media Australianos. O seu papel criminoso está também a ser encoberto pelo Governo Australiano que não dá nenhum passo para o prender apesar da sua fuga da prisão já há meses.

Reinado, que viveu cerca de nove anos na Austrália e treinou no Colégio Militar em Canberra, está claramente a trabalhar de perto com as forças Australianas e foi um instrumento útil e prestável na campanha viciosa orquestrada pelos Australianos para remover o governo eleito de Mari Alkatiri.

Um outro residente Australiano de longa duração que está também a jogar o jogo do Governo Australiano é o actual Primeiro-Ministro de Timor-Leste, Ramos Horta.

Resistência crescente

Apesar destas campanhas, de ocupações, pressões económicas e políticas e chantagens, há uma óbvia resistência crescente nos Estados ilhas contra as tentativas do Governo Howard (e antes deste dos governos do trabalhistas de Keating e Hawke) para re-impor uma forma de colonialismo nas ilhas Estados, para destruir a independência e soberania delas e para instalar governos que façam o trabalho dos seus mestres Australianos.

Um folheto do Partido Comunista — Re-colonizando as Ilhas Salomão — publicado em 2003 diz que a rejeição do colonialismo e a exigência pela independência e soberania mantém-se fortes no mundo e que o plano neo-colonialista traçado pelo Governo Australiano pode ainda vir a desmoronar-se — como merece.

Foi dado o estatuto de nação nos anos 1970s e ‘80s aos Estados das Ilhas do Pacífico no início do movimento anti-colonial à escala mundial da época. Agora, os povos e os governos desses Estados estão a começar a lutar pela independência deles!


Tradução da Margarida.

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7 comentários:

Anónimo disse...

O que têm o PR e a sua amada esposa a dizer sobre isto? E a igreja católica?- que sem querer (acredito) acabou por se pôr ao serviço de interesses estrangeiros.
Ser patriota e anciar pela independência nacional exige mais que boas intenções, impõe actuação em conformidade!(O PR sabia disso, mas parece que se esqueceu, ou alguem o manipulou e fez esquecer...).
Viva Timor Leste independente.

Anónimo disse...

Para clarificar, faça favor escreva que este artigo é o jornal do Partido Comunista da Austrália, não do jornal britânico The Guardian

Anónimo disse...

POVO MAUBERE
OS TIMORENSES QUE AMAM A SUA PATRIA TÊM DE SE UNIR NUM GRANDE MOVIMENTO POPULAR (LOROSAE E LOROMONU) E CORRER COM OS AUSTRALIANOS, QUE INVADIRAM E ESTÃO A OCUPAR O PAÍS PARA CONTROLAR A SUA SOBERANIA (NA ESTRATÉGIA AUSTRALIANA ESTAS ACÇÕES SÃO DESIGNADAS POR OPERAÇÕES DE PACIFICAÇÃO !!!!) È SÓ HIPOCRISIA PATROCINADA AO MAIS ALTO NÍVEL (PR E PM).

QUEREM TRANSFORMAR O POVO MAUBERE EM "ABORÍGENAS" (PARECE QUE ALGUNS GOSTAM DESSE ESTATUTO!!!.

SERÁ QUE VALEU A PENA A LUTA E SOFRIMENTO PELA INDEPENDÊNCIA PARA SERMOS CONFRONTADOS COM AQUILO QUE SE ESTÁ A PASSAR EM TIMOR-LESTE? SÓ COM UM FORTE MOVIMENTO POPULAR E FORTE UNIDADE NACIONAL SERÁ POSSÍVEL ULTRAPASSAR ESTA CRISE QUE AFECTA SERIAMENTE A DIGNIDADE DOS TIMORENSES E DO ESTADO DE DIREITO.

ESTÃO A SER ENGANADOS! REVOLTEM-SE E MOSTREM DO QUE SÃO CAPAZES OS TIMORENSES!.....CORRAM COM OS AUSTRALIANOS E TAMBÉM COM OS LIDERES QUE VOS ANDAM A ENGANAR, POIS JÁ NÂO PRECISAM DE MAIS EVIDENCIAS. REINADO E COMPANHIA JÁ VIRAM QUE FORAM ENGANADOS E VÃO ACABAR POR SER DESCARTADOS PARA EVITAR COMPROMETER O PR E SEUS LACAIOS…

LUTEM PELA VOSSA SOBERANIA. OS TIMORENSES NÃO PRECISAM DA AJUDA DE PAÍSES COMO A AUSTRÁLIA, QUE QUEREM ANULAR A SUA IDENTIDADE PARA SUBJUGAR O POVO E PODEREM EXPLORAR AS RIQUEZAS DO PAÍS, EXPLORANDO O POVO TIMORENSE E DEFENDENDO OS INTERESSES GEOESTRATÉGICOS E GEOPLÍTICOS DOS EUA.
TITAN

Anónimo disse...

A máscara da amizade que os australianos envergaram está a cair muito rápidamente.
A Austrália, através de Howard e do seu partido direitista faz uma política de segmento da política de Bush e ocupa países a seu bel-prazer, intriga, desestabiliza, comete atrocidades com os seus militares e polícias, rouba riquezas sobre o pretexto de "ajuda"...que mais?
Para quando a exigência do povo timorense em relação à saída dos cangurus dessa parte da ilha, desse país?
Aussies, fora!

Anónimo disse...

Coitado da minha FRETILIN!

Preocupo-me com o falso sucesso dos golpistas, por um lado, e tambem com a imagem denegrida dos dois Lideres da Fretilin - Rogerio Lobato e Mari Alkatiri, por outro lado.

A minha FRETILIN vai sofrer com tudo isto nas proximas eleicoes, quando apresentar esses dois Lideres como figuras principais a frente nas campanhas da FRETILIN.

Essas duas figuras ja foram destruidas pelos golpistas e no seio do Povo vive-se a nocao de que RL e Mari Alkatiri sao os causadores da sua desgraca, do seu sofrimento e de toda esta crise.

O dilema que a minha FRETILIN esta a encarar ee de se continuar a ter os dois (RL e Mari Alkatiri) a frente do Partido e continuar com a guerra ou ganhar o eleitorado para continuar a governar o Paiis com uma nova figura isenta do conflito Xanana Vs Alkatiri???

Penso que LuOlo, na qualidade de Presidente do Partido, deve convidar aa reflexao de todos os militantes sobre esse grande dilema que ninguem quer se atrever a lancar para o debate no seio do Partido - da minha FRETILIN.

Anónimo disse...

O Movimento Popular tem que ser do Povo Timorense e nao Povo Maubere! E com Mauberes e Atonis, Lorosaes e Loromonus que estamos assim!...

Anónimo disse...

Primeiro, por alegadas "razões técnicas" a TV de Timor-Leste ficou off e não passou em directo a Conferência de Imprensa do Brigadeiro-General das F-FDTL. Vinte e quatro horas depois o Timor-Online, que denunciou tão estranha avaria, bloqueou. Quem é que está a amordaçar a liberdade de expressão em Timor-Leste?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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