quarta-feira, novembro 08, 2006

Deslocados enfrentam a miséria das monções

Tradução da Margarida.

The Australian
Por Karen Michelmore em Dili
Novembro 07, 2006

Há uma nova crise a nascer para o povo do devastado Timor-Leste – a estação das chuvas que se aproxima.

As autoridades temem que as monções – previstas para um dia destes – tenham terríveis consequências para os cerca de 25,000 Timorenses ainda abrigados em tendas nos 52 campos de deslocados em Dili, seis meses depois da violência ter explodido através da cidade.

Muitos ainda têm medo de regressar a casa, apesar da presença de 1000 tropas Australianas e 900 polícias internacionais da ONU, e alguns ficaram sem nada, tendo havido centenas de casas destruídas na violência.

Mas as autoridades dizem que Dili – construída numa área de captação de águas – inundar-se-á quando a chuva começar.

Espera-se que pelo menos 11 dos campos fiquem inundados, criando terreno fértil para a criação de doenças provocadas por mosquitos como a malária e a cólera.

As autoridades planeiam fechar quatro dos campos – o que está perto do aeroporto, outro frente às instalações da ONU, no hospital e perto do Hotel Timor em Dili – que abriga cerca de 7000 pessoas.

"Com esperança as pessoas sairão desses quarto campos," disse Luís Vieira, da Organização Internacional das Migrações.

"Se não se mudarem ... o local vai ficar inundado, o pouco que têm vai ficar molhado.

"A situação vai ser horrível, já para nem mencionar os riscos para a saúde."


Uma hora de chuva há três semanas inundou alguns dos campos, incluindo o campo do aeroporto, e 48 famílias mudaram-se para o terminal, disse um trabalhador de auxílio.

"Não foi absolutamente nada (comparado com a estação das chuvas) e foi um desastre," disse.

As autoridades falarão com os deslocados pela violência e tentarão encontrar lugares alternativos para eles irem.

Estão a trabalhar também na melhoria das condições nos campos e a aperfeiçoar a drenagem e as condições sanitárias.

"Mesmo com tudo o que estamos a fazer, as condições não serão adequadas," disse Vieira.

Mudar os deslocados será provavelmente uma tarefa dura.

Muitos dos que fugiram da violência – como Zuleta Korea que se abriga numa tenda com duas outras famílias no campo do aeroporto – permanecem receosas e não têm sítio para onde ir.

"Estamos a viver aqui porque estamos aterrorizados ou com medo ... já nos queimaram as nossas casas e já nos destruíram tudo," disse.

"Nesta altura não tenho nada na aldeia, a nossa casa, tudo, já foi destruído."


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1 comentário:

Anónimo disse...

Temos que nos deixar de parolices do "coitadinhos, coitadinhos" nem todas as pessoas que estão nos campos de refugiados lá estão por não terem para onde ir, ou por terem medo de regressar às suas casas. Ainda ontem estive à conversa com uma família que se encontra a viver no campo de refugiados do aeroporto e que vive com um orçamento mensal superior a 800USD, o que para Timor é bastante alto, e que alugou a sua casa no Bairro Delta Comoro a australianos e devido a esse facto está agora a viver no campo de refugiados!!!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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