quarta-feira, novembro 01, 2006

Notícias - Tradução da Margarida

New Zealand Herald – Terça-feira Outubro 31, 2006

A resposta da NZ à crise em Timor-Leste sob fogo
Por Greg Ansley

CANBERRA – A resposta da Nova Zelândia à crise de Maio ultimo em Timor-Leste revelou sérias falhas políticas e militares que podem ser desastrosas em emergências futuras na região, afirma uma análise sobre o destacamento, publicada numa revista de defesa Australiana.

A análise aparece hoje no Defender, a publicação do grupo de lobby da Australian Defence Association, e é altamente crítica sobre a indecisão política e a má leitura de eventos que levaram à crise.

Como resultado, diz, o Governo foi apanhado de surpresa e a sua contribuição para a intervenção liderada pelos Australianos foi tardia e demasiado pequena.

O artigo do Defender avisa também que os níveis de prontidão das forças armadas podem ser demasiado baixos.

A análise foi escrita por Zhivan Alach candidate a doutor da Auckland University, cuja tese examina a política de defesa na Austrália depois do fim da Guerra Fria.

Mr Alach diz que a chegada do primeiro destacamento de um pelotão em 27 de Maio, um dia depois dos Australianos começarem a aterrar em força, estava dentro duma moldura operacional e diplomática aceitável.

Mas é crítico dos quatro dias de atraso entre a chegada do contingente completo da companhia Delta a Darwin e o seu destacamento para Dili – mesmo dada a posição oficial que era necessária aclimatização para uma estadia prolongada na capital Timorense.

Outras dificuldades incluíram a integração do destacamento da Nova Zelândia na enorme transferência de soldados e equipamentos Australianos, e as negociações entre Wellington, Austrália e Timor-Leste requeridas para resolver a confusão sobre o papel e as actividades dos Kiwis.

Mr Alach aponta também a leitura errada do Governo sobre o que levou à crise.

Diz que sinais de violência renovada se tinham construído durante Abril e que no início de Maio se tinha tornado altamente provável a necessidade de a Nova Zelândia enviar tropas.

Mas que ao contrário da Austrália, que tinha posto tropas à espera muito mais cedo, Wellington deferiu a sua decisão de aprontar as tropas.

"A razão principal para esta hesitação em disponibilizar um grupo de acompanhamento para Timor-Leste parece ter sido uma leitura errada da situação a nível oficial e/ou político em Wellington," escreve Mr Alach.

Diz que as razões para isto incluem o ênfase de Wellington no consenso multilateral e a sua preocupação para evitar qualquer gesto que pudesse ser interpretado como sendo abertamente agressivo.

Houve também preocupações sobre a natureza faccional da luta em Dili, dúvidas sobre quem constituía o governo legítimo de Timor-Leste, e preocupações que as tropas da Nova Zelândia não deviam tomar partido numa guerra civil incipiente, escreve Mr Alach.

"Contudo, a razão principal para o atraso do Governo da Nova Zelândia em pôr em prontidão a companhia de infantaria parece ter sido um simples juízo errado do nível do conflito no terreno."

Afirma que o destacamento revelou outras insuficiências na capacidade da Nova Zelândia para prestar assistência externa.

Foi necessária uma outra separada decisão do Gabinete para aumentar a prontidão de cada um dos potenciais destacamentos que em vez disso podiam ter sido tratados por comandantes militares de topo ou pelo Ministro da Defesa Phil Goff.

Ontem à noite Mr Goff defendeu o destacamento da NZ para Timor, dizendo que as tropas foram despachadas com rapidez. "Esperámos em Darwin até à altura em que a Austrália estava pronta para nós virmos."

Não foi um caso de leitura errada da crise, disse. As tropas da Nova Zelândia foram logo que a Austrália estava pronta para elas entrarem em Timor.

"Não sei donde é que (este) senhor obteve esta sua informação."

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The Dominion Post - Terça-feira Outubro 31, 2006

Conversas de rebelião em Dili (são) uma preocupação para as tropas

Rumores de rebelião organizada contra tropas Australianas em Timor-Leste podem indicar uma ameaça contra todas as forças internacionais no país, incluindo as da Nova Zelândia.

Conversas de jovens pagos para cometer violência contra tropas Australianas na capital Dili têm sido ligadas a descobertas da polícia de que estão a ser dados a esses mesmos drogas e álcool.

O Governo Timorense ordenou uma investigação ao que está a ser descrito como uma campanha orquestrada com o objectivo de virar o sentimento público contra as tropas Australianas e desestabilizar o país antes das eleições de 2007.

Não havia indicações de quem estava por detrás desta suposta campanha, Mas esta situação deve preocupar todos os países envolvidos em Timor-Leste disse Andrew Ladley, director do Institute of Policy Studies da Victoria University. "Qualquer sugestão de resposta organizada deve ser preocupação de toda a comunidade internacional. Eles têm esperanças que sejam incidentes isolados."

Os militares Australianos enfrentaram um “nervosismo” público pelo seu tamanho e pela sua força relativa comparado com as outras nações, disse o Dr Ladley. "Há um sentimento crescente de ‘São eles de facto os bons rapazes?’”

Não é provável confundir as tropas da Nova Zelândia com as dos seus vizinhos e têm uma relação mais positiva com os locais, disse. "A Nova Zelândia está identificada claramente como são sendo Australiana. Têm uma muito forte relação com a população local."

A porta-voz das forças armadas Charmaine Pene disse que a área de operações da Nova Zelândia, perto de Dili, estava relativamente calma. "Fazemos a vida normal, parece que não houve ninguém alvejado das tropas da Nova Zelândia."

As forças Australianas estavam no oeste de Dili onde se localiza muito do desassossego, disse.

A Primeira-Ministra Helen Clark disse que a violência em Timor-Leste era "perturbadora" r que requererá uma presença continuada de tropas do exterior. "Não penso que as causas (da violência) desapareçam em breve, infelizmente."

As 136 tropas da Nova Zelândia em Timor-Leste serão substituídas por uma companhia de 145 tropas da base militar de Linton em Novembro. O novo contingente, um misto de força aérea, marinha e pessoal do exército, servirá um período de seis meses.

O tamanho relativamente pequeno da presença militar da Nova Zelândia – 136 tropas comparadas com as 1000 do contingente da Austrália – tornam-no menos ameaçador, disse o Dr Ladley.

Mas a situação social em Dili significa que há grandes números de jovens com pouco para fazer, e isso pode significar mais problemas. Situações similares em pontos quentes como na Papua Nova Guiné mostraram que jovens são vulneráveis a recrutamento para gangs, disse.

A preocupação principal será se “um par de gangsters” controlar a violência.

"Disso nascerá um ambiente onde as pessoas serão encorajadas a cometer actos de violência. Só um louco não verá nisto sinais de aviso para a popularidade de forças do exterior."

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Radio Australia – Segunda-feira, 30 Outubro 2006, 01:33:59

ONU investiga o papel do crime organizado no desassossego em Timor

A polícia da ONU está a analisar queixas que criminosos organizados estão a abastecer os gangs locais com drogas, para alimentar mais desassossego.

Trabalhadores jovens afirmam que o abastecimento com (uma qualidade impura) da droga “crystal meth” ou “gelo”, estão a incentivar gangs armados para se engajarem em violência extrema.

Dizem que um dos maiores gangs da cidade está agora a fabricar o chamado “gelo sujo” em Dili, e a usá-lo para a agenda mais larga de desestabilizar a pequena nação.

O responsável da missão da ONU em exercício, Finn Reske-Nielsen, diz que é algo para a polícia da ONU investigar.

Finn Reske-Nielsen: 'Estamos preocupados com o que parece ser um facto de tanto o álcool como as drogas poderem ter estado envolvidas na violência que experimentámos na semana passada.'

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The Edge Daily

Petronas, 3 Korean partners get Timor Leste PSC
By Jimmy Yeow

Petronas e três parceiras Coreanas ganharam um contrato de produção partilhada (PSC) para uma exploração offshore, Block 06-102, na área conjunta de desenvolvimento do petróleo entre Timor-Leste e a Austrália.

Os sócios Coreanos são Korea Gas, Samsung and LG International. O PSC, que foi assinado em Dili em 30 Out, é o primeiro bloco que foi entregue pela Timor Leste Designated Authority (TSDA).

Petronas através da sua subsidiária e operador do bloco PC (Timor Sea 06-102) Ltd tem uma participação de 50% no PSC, Korea Gas 30% enquanto a Samsung e a LG International têm 10% cada.

Numa declaração ontem, Petronas disse que o PSC marcou a sua entrada no sector acima Timor-Leste/Australia. “Petronas e sócios estão optimistas com a potencialidade commercial da acumulação de hidrocarbonetos do bloco.”

Disse que o investimento mínimo para as actividades de exploração era de US$40.5 milhões (RM147.87 milhões).

O bloco 06-102 cobre 4,125 sq km e está localizado a 450 km de Darwin e a cerca de 250 km da costa de Timor Leste.

Sob os termos do PSC, os contratantes estão comprometidos a adquirir, processar e interpretar 300 sq km da 3D informação sísmica, desenvolver estudos geológicos e geofísicos e a perfurar três poços de exploração nos primeiros três anos da fase de exploração do bloco.

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Comunicado - Departamento Defesa Australiano
Departamento de Defesa – Segunda-feira, 30 October 2006
Comunicado aos Media CPA 285/06

MUDANÇA DE COMANDO EM TIMOR-LESTE

O Comando da Joint Task Force a operar em Timor-Leste mudou de mãos. O Brigadeiro Mick Slater regressou para a Austrália na Quinta-feira 26 de Outubro, depois de entregar o comando ao Brigadeiro Mal Rerden.

O Chefe da Força de Defesa, Air Chief Marshal Angus Houston louvou os esforços do Brigadeiro Slater.

“O Brigadeiro Slater foi destacado para Timor-Leste com as tropas que liderou em Maio deste ano. A sua liderança da Joint Task Force foi considerável. A sua gestão hábil da situação complexa que o nosso pessoal enfrentou tem sido instrumental a ajudar Timor-Leste a encontrar a via da paz e da estabilidade e a dar esperança real para o futuro desta jovem nação.

“O Brigadeiro Slater é um excelente oficial que usa um estilo de comando sem tontices. A Austrália pode orgulhar-se da contribuição que ele e a Joint Task Force que ele liderou, deram.

“Claramente haverá desafios que continuam Timor-Leste. O Brigadeiro Slater entregou agora o comando da Joint Task Force ao Brigadeiro Mal Rerden, que vai construir sobre o excelente trabalho do Brigadeiro Slater.

“A ADF continuará a apoiar o povo de Timor-Leste como uma força profissional e neutra.”

Nota aos editores: O Brigadier Slater não está disponível para entrevistas porque vai passer (algum) tempo com a sua família.

Uma biografia do Brigadeiro Rerden está disponível em http://www.defence.gov.au/opastute/

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Gangs de Dili ligados a actores políticos
SMHT.com.au
Lindsay Murdoch em Dili
Outubro 31, 2006

Os gangs responsáveis pela violência em Timor-Leste, intimidação política, extorção e crime foram ligados a figuras Timorenses poderosas com ambições políticas e aos principais partidos políticos do país num relatório encomendado por Australianos.

Alguns dos gangs infiltraram-se nas forças de segurança de Timor-Leste, enquanto que um dos grupos mais temidos tem ligações com as antigas milícias pró-Indonésias e tem apoiantes no Oeste de Timor Indonésio, revela o relatório.

O relatório, da responsabilidade da agência para o desenvolvimento internacional da Austrália, a AusAID, diz que muitos dos gangs parecem ser liderados por antigos lutadores da resistência anti-Indonésia que têm lealdades e inimizades dentro de facções das forças de segurança e de partidos políticos e que datam da luta pela independência.

Muitos dos gangs têm nomes ameaçadores como Provoca-me e Esmagar-te-ei, Mestre Kung Fu e Doido. Alguns dos membros dos gangs acreditam que têm poderes mágicos e que por se injectarem com um medicamento se tornam invencíveis e invisíveis, diz o relatório.

Alguns usurparam os nomes de antigos grupos de milícias que assassinaram cerca de 1200 pessoas e destruíram a maioria das infra-estruturas do país depois dos Timorenses terem votado a independência da Indonésia em 1999.

O relatório concluiu que provavelmente 70 por cento dos jovens Timorenses estão activamente envolvidos nos gangs disfarçados como grupos de artes marciais que pregam princípios de auto-disciplina e não-violência mas que têm cometido a maioria da violência.

"Desemprego crónico, que excede os 50 por cento em termos nacionais mas que é mais alto em Dili devido ao fluxo das áreas rurais, significa que o recrutamento é fácil para tais grupos nas legiões de desempregados jovens que se sentem excluídos socialmente, economicamente e politicamente," diz o relatório, obtido pelo Herald.

O Primeiro-Ministro, José Ramos-Horta, disse que estava confiante que figuras por detrás da campanha de desestabilização serão expostas dentro de dias.

"[Eles] sabem que os vigiamos e que estamos a obter evidência sobre eles," disse ontem.

Disse que as investigações estão em curso sobre quem está a alimentar a violência dos gangs ao fabricar a droga cristal meta-anfetamina ou “gelo”, e a disponibilizar álcool aos jovens envolvidos na violência de rua. O uso das drogas não estava espalhado e só havia dois ou três locais principais para a violência em Dili, disse.

Disse também que uma campanha que visa denegrir as tropas Australianas faz parte da tentativa para destruir o país.

Uma das conclusões chave do relatório da AusAID é que centenas de pequenos grupos de jovens tentam, de formas diferentes mas positivas, engajarem e unificarem as suas comunidades e recomenda que lhes seja dado apoio.

Diz que um gang muito receado chamado Colimau 2000 acredita-se que tem alguns seguidores em campos de refugiados na Indonésia.

"Tem também havido alegações de o grupo ter feito contactos com líderes de milícias no Oeste de Timor de modo a planificar uma estratégia para desestabilizar o país depois da partida das boinas azuis da ONU; pelo menos uma fonte desta acusação é o comandante militar Indonésio no Oeste de Timor," diz o relatório, que foi completado no mês passado.

Diz que outros gangs estão filiados a indivíduos poderosos com ambições políticas, ou mesmo com partidos da oposição. Não indica os nomes dos indivíduos.

O relatório diz que um gang, Korka, está oficialmente alinhado com o partido no poder, a Fretilin, enquanto um outro, PSHT, está largamente identificado com outros dois partidos da oposição, Partido Democrática e o Partido Social Democrático.

A AusAID diz que as opiniões e recomendações do relatório são exclusivamente dos autores do relatório, James Scambary, de Melbourne, e os seus assistentes de pesquisa, Hipólito da Gama e João Barreto.

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Álcool, não “gelo”, o problema em Timor-Leste

The Australian
Outubro 31, 2006

De acordo com o comandante da polícia Australiana em Dili, o álcool é um problema maior dos gangs de Timor-Leste do que a droga “gelo”.

Confrontos entre gangs rivais armados com pistolas, pedras e facas mataram oito pessoas e feriram 50 na semana passada.

Enquanto a violência dos últimos dias acalmou na capital, sentimentos anti-Australianos aumentaram com rumores de parcialidade e de assassinatos por Australianos.

A Reuters relatou que o conselheiro do primeiro-ministro Timorense José Sousa-Santos disse que muitas das lutas da semana passada na capital Dili foi por causa da localmente favricada meta-anfetamina, ou “gelo”, que gangs de jovens estão a usar.

Pode desencadear raivas incontroláveis.

O Comandante da Polícia Federal Australiana Steve Lancaster disse hoje que não havia evidência clara disso.

"Não vimos nenhuma evidência clara disso, que isso possa ter parte da culpa," disse na ABC radio.

"Penso que a culpa maior (disso) é a disponibilidade do vinho de palma e de não haver regulamentação sobre o álcool também. Penso que isto é um factor que mais contribui, provavelmente muito mais do que a droga."

Um outro factor é o aborrecimento e a disponibilidade dos gangs para acreditarem nos rumores "escabrosos" sobre forças estrangeiras.

"Muita gente parece não precisar de drogas para acreditar nisto, ou simplesmente quer envolver-se e isso é por causa do aborrecimento ou por outras razões," disse o Cdr Lancaster.

Os problemas recentes têm sido uma frustração para as tropas Australianas.

"Estraga muito do bom trabalho que os militares e polícias Australianos fizeram até agora," disse.

"Demos dois passos e parece que agora demos um passo atrás.

"Todos sabemos que este é um cenário a longo prazo e quem vem para aqui a pensar que vão ver mudanças em três ou em seis meses não tem os pés na terra.

"Enfrentamos uma mudança geracional aqui e gestão e resolução de conflitos, na realidade."

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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