terça-feira, novembro 14, 2006

Notícias - traduzidas pela Margarida

CounterPunch – Edição de fim-de-semana Novembro 11 / 12, 2006

Quinze anos depois: As vítimas do massacre de Timor-Leste continuam à espera de justiça

Por BEN TERRALL e JOHN M. MILLER

Este 12 de Novembro marca o 15º aniversário do massacre no Cemitério de Santa Cruz em Dili, Timor-Leste, de 1991.

Nesse dia, militares Indonésios mataram pelo menos 271 civis Timorenses que estavam numa marcha não violenta a exigir um referendo supervisionado pela ONU depois de anos de ocupação ilegal pelos militares Indonésios.

O repórter dos USA Allan Nairn, que se juntou aos manifestantes e que teve a cabeça partida por um soldado que empunhava uma M-16 fornecida pelos USA, escreveu mais tarde: "As tropas não dispararam tiros de aviso nem disseram à multidão para dispersar. Eles . . . puseram as suas espingardas nos ombros e de imediato abriram fogo."

Por altura do massacre de Santa Cruz massacre, mais de 100,000 Timorenses tinham morrido como resultado da ocupação apoiada pelos USA. Mas o testemunho e documentação de Nairn, Amy Goodman e outros jornalistas estrangeiros que sobreviveram Santa Cruz expuseram a brutalidade da ocupação dos militares Indonésios ao mundo exterior, e ajudaram a desencadear uma campanha nos USA para bloquear a ajuda militar dos USA a Jakarta.

Timor-Leste alcançou finalmente a independência depois de um referendo duramente alcançado em 1999, um processo que apressou ainda mais assassinatos em massa pelos militares Indonésios. Sob intensa pressão das bases nos USA, a administração Clinton suspendeu toda a assistência militar a Jakarta quando os militares Indonésios responderam ao voto pró-independência provocando destruição em Timor-Leste em Setembro de 1999, e subsequentemente o Congresso legislou limites continuados à ajuda. Mas depois de sete anos e de processos sem conta, a Indonésia, Timor-Leste e a ONU falharam em alcançar a responsabilização pelos crimes contra a humanidade cometidos entre 1975 e 1999. Esta impunidade tem levado alguns em Timor-Leste a acreditar que não serão responsabilizados quando cometem crimes violentos.

As pessoas em Timor-Leste ainda vivem com as memórias da ocupação ilegal de um quarto de século da Indonésia; a maioria experimentou esta brutalidade em primeira-mão ou têm vítimas na sua família próxima. Este traumatismo em massa não curado continua a influenciar fortemente as reacções dos residentes de Dili, tanto nas suas decisões de fugir em massa durante as batalhas armadas entre polícias e militares em Abril passado como no facto de muitos se recusarem ainda a regressar a casa. A discrição e o só dependerem de si mesmo essencial para a luta pela independência precisa de ser transformada em transparência, responsabilização e debate aberto.

A maioria dos Timorenses, e dos seus apoiantes internacionais, continuam a defender um tribunal internacional para perseguir os generais Indonésios e os políticos locais que organizaram e ordenaram as piores atrocidades durante a ocupação como a única resolução para a situação corrente de impunidade e de stress pós-traumático. Um tribunal internacional credível pode demonstrar que a impunidade não prevalecerá, como foi indicado por um relatório de Maio de 2005 duma Comissão da ONU sobre violações de direitos humanos em 1999 em Timor-Leste. Esse relatório concluiu, "A Comissão deseja enfatizar a extrema crueldade com que foram cometidos estes actos, e que as consequências desses eventos ainda pesam na sociedade Timorense. A situação exige não somente simpatia e reparações, mas também justiça. Ao mesmo tempo que reconhece a virtude do perdão e que isso pode ser justificado em casos individuais, o perdão sem justiça pelas enormes privações e sofrimentos infligidos será um acto de fraqueza em vez de resistência."

A comissão de verdade de Timor-Leste a Comissão para Acolhimento, Verdade e Reconciliação em Timor-Leste (conhecida pelas iniciais Portuguesas, CAVR) chegou a conclusões igualmente fortes sobre a necessidade concreta de justiça. O produto de três anos de investigação extensiva por dúzias de peritos Timorenses e internacionais, o relatório da CAVR (chamado"Chega!") recomendou reparações para vítimas Timorenses de países – incluindo os USA – que apoiaram a ocupação, e de corporações que venderam armas à Indonésia durante esse período.

Um Timorense envolvido em espalhar o relatório pelo país comentou, "É claro que muitos na comunidade que participaram em seminários sobre o Chega! Nos últimos dois meses viram uma forte conexão entre as conclusões e recomendações do Chega! E a re-emergência da violência e da instabilidade. Muitos perguntaram porque é que os líderes Timorenses falharam em aprender as lições do passado."

Infelizmente, a administração Bush recusa aprender lições do passado. Está disponível para dar aos militares Indonésios quase tudo, sacrificando a justiça em nome da guerra ao terrorismo. Em 22 de Novembro de 2005, o Departamento do Estado anunciou, "é do interesse da segurança nacional dos USA evitar o condicionalismo ligado ao Financiamento Militar Estrangeiro (FMF) e a exportações de (material) de defesa para a Indonésia." O Senador Patrick Leahy (D-VT), autor das restrições do Congresso que esta manobra cancelou, chamou-lhe "um abuso de ponderação e uma afronta ao Congresso. Desistir com base na segurança nacional duma lei que procura justiça por crimes contra a humanidade – sem sequer obter do governo Indonésio garantias que responderá a essas preocupações – faz do processo uma paródia e envia uma mensagem terrível."

Dada a forte rejeição do eleitorado dos USA da política imperial de Bush nas recentes eleições para o Congresso, há agora o potencial para mudar essa mensagem e para nos movermos outra vez para um processo de justiça para as muitas vítimas dos crimes dos militares indonésios em Timor-Leste apoiados pelos USA, incluindo os de Santa Cruz há quinze anos atrás.

Ben Terrall é um escritor com base em San Francisco. John M. Miller é o Coordenador Nacional Coordinator do East Timor and Indonesia Action Network em New York.

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AP/The Philippine Star - Novembro 11, 2006 - 1:33 AM

Pinoy to head UN police force in Timor
Pia Lee-Brago

O antigo Director chefe de polícia da cidade de Quezon Rodolfo Tor foi nomeado Comissário de Polícia da recentemente estabelecida Missão Integrada da ONU em Timor Leste (UNMIT), disse na Sexta-feira o Embaixador na ONU Lauro Baja.

Num relatório para o Secretário dos Negócios Estrangeiros Alberto Romulo, Baja disse que a Missão das Filipinas informou formalmente a ONU que as Filipinas tinham aceitado a nomeação de Tor.

"A nomeação do General Tor como comissário da polícia da ONU reafirma a contribuição positiva dos boinas azuis Filipinos que têm estado em Timor-Leste como parte das missões da ONU lá desde 1999," disse.

Baja disse que é esperado que Tor assuma o seu posto antes do fim do mês na capital de Timor-Leste, Dili.

Tor administrará uma força de mais de 1,600 oficiais de polícia da ONU de 11 países, incluindo das Filipinas, acrescentou.

Tor, de 55 anos, é o segundo Filipino a comandar uma força da ONU em Timor-Leste.

Em 2000, o General reformado das forças armadas Filipinas Jaime de los Santos foi nomeado comandante da Administração Transitória da ONU em Timor-Leste.

A UNMIT, a quinta missão da ONU em Timor-Leste desde 1999, foi criada em Agosto em resposta aos confrontos violentos entre facções rivais nos militares e polícias nacionais, no princípio deste ano.

A polícia da ONU, ou UNPol, providenciará a aplicação da lei interna e apoio à força da polícia de Timor-Leste enquante está a ser reconstituída.

Tor tem mais de 36 de serviço policial e militar nos campos da administração e da gestão.

A sua perícia é grande na gestão de recursos humanos, operações policiais, alocação logística, utilização e processamento de informações, investigação e ligação e colaboração internacional.

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AFP/TODAYonline – Fim-de-semana, Novembro 12, 2006, 07:23 hrs

Antigo PM Timorense diz que há uma conspiração para o assassinar

Foto: o antigo primeiro-ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri, sob investigação pelo seu alegado papel na violência que irrompeu na nação no princípio deste ano, visto aqui em Junho de 2006, disse que acredita que há planos para o assassinarem e a outros membro da Fretilin.

O antigo primeiro-ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri, sob investigação pelo seu alegado papel na violência que irrompeu na nação no princípio deste ano, visto aqui em Junho de 2006, disse que acredita que há planos para o assassinarem e a outros membro da Fretilin.

"Não tenho dúvidas que existem esses planos. Não estou a dizer que isso acontecerá, mas podia acontecer. Sou um dos alvos," disse à agência de notícias Lusa, em Portugal onde chegou esta semana para receber tratamento medido para uma doença não especificada.

"Não tenho medo de ser um alvo duma tentativa de assassinato, se tivesse medo não estaria ainda em Timor-Leste," acrescentou.

Alkatiri disse que as pessoas que conspiram o seu assassínio, de que não indicou os nomes, estavam também por detrás da violência que percorreu a capital de Timor-Leste, Dili em Abril e Maio e que levou eventualmente à sua resignação.

Algumas 37 pessoas foram mortas em batalhas que envolveram forças de segurança rivais durante sangrenta violência de rua que foi desencadeada pela decisão de Alkatiri de despedir um terço dos soldados da nação que tinham desertado, queixando-se de discriminação.

A estabilidade regressou largamente à antiga colónia Portuguesa depois da chegada de tropas estrangeiras a pedido de Dili e à instalação de um novo governo liderado pelo vencedor do Nobel da Paz José Ramos-Horta.

Alkatiri disse que planeia regressar a Timor-Leste mas não está seguro de quando.

"Posso regressar na próxima semana, dentro de duas semanas ou num mês. O plano provável é regressar em Dezembro. Como estou aqui para receber tratamento médico, não sei quanto tempo terei de ficar," disse.

"Não fujo, nunca fugirei de Timor-Leste. Se quisesse fugir, teria feito isso há muito tempo. Enfrentei tudo no momento mais difícil, não é agora, que as coisas parecem tornar-se clarificadas, que fugiria," acrescentou.

Alkatiri foi questionado por procuradores em Timor-Leste na Terça-feira, um dia antes de sair do país para Portugal, sobre alegações de que tinha ordenado a um esquadrão de ataque para matar opositores políticos durante o desassossego anterior este ano. Nega as acusações mas prometeu cooperar na investigação.

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ABC - Domingo, Novembro 12, 2006. 7:00am (AEDT)

Alkatiri enfrenta 'conspiração de assassinato'

O antigo primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, diz que há planos para o assassinarem e a outros membros do seu partido, a Fretilin.

Alkatiri está sob investigação pelo seu alegado papel na violência que irrompeu em Timor-Leste mais cedo, este ano.

Diz que as pessoas que conspiram o seu assassinato estiveram também por detrás do desassossego na capital, Dili, em Abril e Maio que eventualmente levou à sua resignação.

"Não tenho dúvidas que existem esses planos," disse em Portugal, onde chegou esta semana para tratamento médico. "Não estou a dizer que isso acontecerá mas pode acontecer. Sou um dos alvos. "Não tenho medo de ser um alvo numa tentativa de assassinato. Se tivesse medo, não estaria ainda em Timor-Leste."

Trinta e sere pessoas foram mortas em batalhas entre forças de segurança rivais durante violência sangrenta nas ruas em Abril e Maio.

Foi desencadeada pela decisão de Alkatiri para despedir um terço dos soldados da nação que tinham desertado, queixando-se de discriminação.

A estabilidade regressou largamente a Timor-Leste, depois da chegada de tropas estrangeiras lideradas pela Austrália a pedido de Dili e da instalação de um novo Governo liderado pelo vencedor do Nobel da Paz José Ramos-Horta.

O líder amotinado Alfreido Reinado tem estado escondido desde que fugiu duma prisão em Dili em Agosto com mais de 50 de outros presos.

'Não fujo'
Alkatiri diz que planeia regressar ao país mas não tem ainda a certeza de quando.

"Posso regressar na próxima semana, posso regressar dentro de duas semanas ou num mês," disse. "O plano provável é regressar em Dezembro. Como estou aqui para receber tratamento médico, não sei quanto tempo terei de ficar.

"Não fujo, nunca fugirei de Timor-Leste. Se quisesse fugir, tê-lo-ia feito há muito tempo. "Enfrentei tudo no momento mais difícil. Não é agora que as coisas parecem tornar-se clarificadas que fugiria."

Alkatiri foi questionado por procuradores em Timor-Leste na Terça-feira, um dia antes de sair do país para Portugal, sobre alegações de que ordenara a um esquadrão de ataque para matar opositores políticos durante o desassossego mais cedo este ano.

Nega as acusações mas prometeu cooperar na investigação.

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Timorenses marcam o 15º aniversário do massacre de Santa Cruz

DILI, Novembro 12 (AFP) – Mais de 1,000 Timorenses juntaram-se na capital Dili no Domingo para marcar o 15º aniversário do massacre de Santa Cruz, quando as tropas Indonésias dispararam contra um cortejo funerário matando mais de 250 pessoas.


O Bispo lberto Ricardo da Silva de Dili presidiu a um serviço em memória das vítimas do massacre do 12 de Novembro de 1991, na igreja Motael perto da praia, e na procissão para o cemitério da capital de Santa Cruz.

No total, sabe-se que 271 Timorenses foram mortos, enquanto mais 250 desapareceram, acredita-se que (estão) mortos e 382 ficaram feridos.

O massacre ocorreu quando soldados Indonésios dispararam contra uma multidão de manifestantes pela independência que faziam um cortejo fúnebre por Sebastião Gomes, um jovem Timorense.

Gomes foi morto quando soldados Indonésios invadiram a igreja Motael à procura de activistas pró-independência.

"Este é um dia para todos nós reflectirmos, de modo a podermos avançar," disse o bispo à congregação que enchia a pequena igreja perto do mar, enquanto outros ouviam no exterior.

A congregação foi depois para o cemitério a cerca de dois quilómetros (uma milha) de distância, com fotos dos mortos e dos desaparecidos.

lá, depositaram coroas de flores e ouviram discursos por activistas que exigiram do governo Indonésio a responsabilização pelo massacre e que revele onde é que foram enterrados os corpos dos desaparecidos. Não foram relatados incidentes.

Um dos coordenadores da cerimónia, João Choque, disse que os jovens Timorenses tinham mostrado patriotismo e solidariedade há 15 anos atrás.

"Por isso confio que os jovens em Timor-Leste possam mostrar a sua solidariedade com os outros e abraçarem-se," disse Choque.

A Indonésia invadiu Timor-Leste em 1975 e declarou o país como a sua província mais jovem no ano seguinte, mas face a uma resistência armada persistente.

O massacre de Santa Cruz foi um ponto de viragem na história de Timor-Leste pois que colocou a ocupação da antiga colónia Portuguesa sob a atenção do mundo, desencadeando mais apoio internacional à causa Timorense.

Timor-Leste só adquiriu a independência total em 2002, quatro anos depois da Indonésia ter abandonado o controlo de território no seguimento de uma votação pela auto-determinação organizada pela ONU. A violência deflagrou na pequena nação em Maio entre facções das forças de segurança, bem como entre gangs de rua, deixando cerca de 37 pessoas mortas em dois meses e forçando o destacamento de 3,200 forças lideradas pelos Australianos.

O seu número tem sido reduzido desde então para 1,100, reforçadas pela presença de cerca de 1,000 polícias da ONU.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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