terça-feira, novembro 28, 2006

Xanana diz que se está a perder a noção de respeito pela vida

Díli, 28 Nov (Lusa) - Os timorenses estão a perder a noção de respeito pela vida e os actos de violência que levam a cabo contribuem para enxovalhar internacionalmente o nome de Timor-Leste, denunciou hoje em Díli o Presidente Xanana Gusmão.

"O nosso país não pode continuar a ser enxovalhado desta maneira, por causa do comportamento de alguns", frisou Xanana, que interveio na cerimónia que assinalou hoje na capital timorense a passagem do 31º aniversário da declaração de independência.

Perante as poucas dezenas de pessoas que acorreram ao Estádio Municipal de Díli, e apesar da cerimónia ter sido transmitida em directo pela rádio e televisão públicas, Xanana Gusmão não escondeu a sua preocupação pela situação que se está a viver actualmente nos distritos do interior.

"No início da crise, também nós apreciámos o facto de no interior não ter havido violência mas, ultimamente, enquanto Díli regressa à paz, no interior assiste-se a incêndios e matanças, como se estivéssemos a matar moscas ou mosquitos . Parece que perdemos a noção de respeito pela vida uns dos outros", frisou.

Na sua mensagem à nação, Xanana Gusmão salientou que a passagem do 31º ani versário da declaração de independência "devia ser um dia de celebrações mas em vez disso é um dia em que todos nós nos sentimos preocupados".

Para ajudar a combater os efeitos violentos da crise, Xanana Gusmão salientou ter já solicitado ao governo para acelerar o processo de triagem da Polícia Nacional de Timor-Leste e para ponderar a eventual utilização das forças armadas no "processo de erradicação dos apedrejamentos, da provocação e das mortes".

"Têm que parar! E parar o mais rapidamente possível! Parar já", exigiu.

"Tem que se prender aqueles que estão envolvidos na incitação dos jovens, tem que se prender aqueles grupos que fazem uso da violência para resolver os seus problemas, criando mais problemas para toda a Nação", insistiu.

O Presidente aproveitou a mensagem à nação para divulgar o que o Estado está a fazer para reconhecer a dedicação e a militância dos que participaram na resistência contra a ocupação indonésia.

Nesse sentido, anunciou que na cerimónia iria ser feito, simbolicamente, o reconhecimento dessa dedicação e militância, com a entrega dos títulos honoríficos de duas ordens recém criadas: a Ordem D. Boaventura, para os combatentes fundadores do Movimento de Libertação Nacional, e a Ordem Nicolau Lobato, para os combatentes que participaram na resistência enquanto civis.

Foi perante membros do governo, deputados e corpo diplomático, que foram entregues os primeiros títulos, a timorenses constantes de uma lista de 220 nomes, entre os quais os dois primeiros Presidentes da República: Francisco Xavier do Amaral e Nicolau Lobato, este já falecido. Outras cerimónias, a realizar a 07 de Dezembro deste ano, 03 de Março e 05 de Maio de 2007, servirão para homenagear militares, mártires, cidadãos estrangeiros e jovens que de uma maneira ou de outra participaram na luta de libertação nacional.

EL-Lusa/Fim
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7 comentários:

Anónimo disse...

E não se pode impugná-lo?!... Diz aí, Vasconcelos!...

Anónimo disse...

Tudo muito bem, mas pergunto: O que faz Xanana para que as pessoas ganhem mais amor a vida?

Anónimo disse...

Que grande "lata" sr PR. O sr devia estar calado para nao dizer mais asneiras...

Anónimo disse...

Nao apenas perguntar ao Xanana, mas viras a tua cara para o espelho e perguntas o que e que tenho vindo contribuir e o que e que vou fazer para parar...???

Anónimo disse...

1.O senhor Presidente Xanana Gusmão ao mesmo tempo que diz que a violência tem de parar escreve nos jornais que foi o comité central da FRETILIN que hipotecou a soberania nacional?!!
Espera ele assim que alguem dê importância ao que diz quando diz que a violência tem de parar? Não pode seriamente esperar que o levem a sério. E isso é mau para o prestígio do Presidente, e um presidente desprestigiado é péssimo para o que Timor Leste precisa neste momento que é de estabilidade e paz.

2.Não foi o comité central da FRETILIN que hipotecou a soberania nacional. Foram aqueles que quiseram derrubar o governo na rua. Que não respeitaram a lei e a ordem.
Mesmo em democracia a forma como em Abril e Maio foi desafiada a autoridade do exército e da polícia e portanto do Governo é inadmissível.É intolerável. E é assim não por causa do sr. Mari Alkatiri ou da Srª Ana Pessoa.(O que interessa em assuntos de Estado é sobretudo as instituições e menos o fulano que ocupa em cada momento o lugar). É assim porque se o Estado tolera ou admite que ponham em causa a sua autoridade, possibilita que o destruam, que deixe de fazer aquilo que existe para defender ( a segurança e a defesa). Como sucedeu. Por o Estado ter admitido que o desautorizassem quase ia desaparecendo. E se não pedisse ajuda a forças estrangeiras tinha começado uma guerra civil.
Ali onde se devia ter sido intransigente na defesa da autoridade do Estado tentou-se o diálogo. O que claro, do lado dos manifestantes foi interpretado como sinal de fraqueza por parte do Estado.
Acredito que o presidente Xanana estivesse bem intencionado.O Presidente Xanana é uma pessoa de bem que já sofreu muito, pela causa tão nobre da independência nacional. Mas a decisão que tomou de cedência àquilo a que não podia ceder, de dialogar onde devia ter dito não há diálogo sem respeito da lei e da ordem, foi interpretada como um sinal de que era possível derrubar o Governo, pelos seus opositores.

3. Ainda hoje, mesmo que sem se aperceber, admito, de cada vez que o Presidente Xanana critica o Comité Central da FRETILIN está a dar alento e ânimo ao bandoleiro Alfredo Reinado que continua, incompreensivelmente, impune e armado a monte algures em Timor Leste!

4. A igreja católica timorense tem de interiorizar que Timor Leste, país que nasceu já no século XXI é um estado laico. Separado das Igrejas, da Igreja católica, da Igreja evangélica, das igrejas protestantes, da "igreja" muçulmana.
Não importa se o primeiro ministro é católico ou muçulmano, se o presidente da república é protestante ou ateu.
O que é certo e seguro é que a maioria dos timorenses é católica e contam com o apoio da Igreja católica. O que se espera pois da Igreja é que continue,como tem feito nos últimos 500 anos, a ajudar os cidadãos timorenses, independentemente de quem em cada momento ocupe os lugares dos órgãos do Estado. É assim em todo o mundo. Tem de ser assim também em Timor Leste. A Igreja tem de trabalhar com os órgãos do Estado independentemente de quem esteja no comando. Porque o que interessa é servir o povo. A Igreja tem de deixar a política aos políticos. Porque a Igreja não vai a votos. Nem deve ir. Tem que estar ao lado povo quer ganhe o partido A ou o partido B, ou o C.
Custa muito a perceber isto aos senhores padres Timorenses?!(Quem aqui escreve acredita em Deus e é Católico e espera que a hierarquia da Igreja atente nas palavras do Santo Padre Bento XVI: A fé é racional e agir irracionalmente é afastarmo-nos de Deus).

Anónimo disse...

Xanana descobriu a pólvora, após 6 meses, numa pausa entre dois artigos sobre a Fretilin.

Um Presidente que obriga um 1º Ministro a demitir-se por causas não provadas e que não aceita decisões dos tribunais está à espera de quê?

Quem semeia ventos colhe tempestades. Agora, o grito "Ganhámos esta guerra!" foi substituido por "Parar já!".

Tarde demais?

Anónimo disse...

Anonymous ... Terça-feira, Novembro 28, 2006 6:54:58 PM

Sim senhor pede o Xanana o PRESIDENTE, sabes bem porque o Timor esta asim agora. O Sr. Presidente tem neste crise o que nos nao temos o "autoridade" para o que e bem e o que e mal.

Por entanto nos estamos a viver em clima da violencia. Temos o direito e dever para exegir os nossos lideres actuar em concreto para o fim deste crise.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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