segunda-feira, dezembro 11, 2006

Morreu hoje timorense ferido nos incidentes de domingo

Díli, 11 Dez (Lusa) - O timorense que ficou ferido domingo à noite, nos incidentes registados junto ao Palácio do Governo, morreu hoje, disse à Lusa fonte policial.

O falecido, António Martins, trabalhava como intérprete junto dos agentes policiais da ONU (UNPOL), acrescentou a fonte.

Entretanto, a porta-voz da UNPOL, comissária Mónica Rodrigues, confirmou à Lusa que nunca faltou policiamento em Díli, designadamente junto ao Palácio do Governo, onde ocorreram na noite de domingo os incidentes mais graves, durante um concerto musical integrado nas cerimónias pela paz, realizadas horas antes.

"Uma patrulha dirigiu-se para o Palácio do Governo, para localizar a origem dos incidentes e pediu reforços, face a informações de novos incidentes junto ao campo de deslocados situado frente ao Porto de Díli", e junto ao Hotel Timor, no centro da capital.

Um dos grupos de jovens envolvido nos incidentes junto ao Palácio do Governo, onde António Martins foi esfaqueado pelas costas, dirigiu-se depois em direcção ao Hotel Timor, onde foram partidos vários vidros, incluindo um da porta principal, num apedrejamento.

Pelo caminho, e junto ao Hotel Timor, número indeterminado de viaturas foram igualmente atacadas à pedrada, provocando somente estragos materiais.

Em declarações à Lusa, o primeiro-ministro timorense José Ramos-Horta acusou a UNPOL de falta de empenhamento na prevenção dos incidentes, questionando a alegada falta de efectivos junto ao local do concerto.

"É inaceitável a falta de policiamento. Em qualquer país em que se realizam manifestações culturais, como a de domingo à noite, têm polícia e a UNPOL não fez nada para prevenir distúrbios", disse Ramos-Horta à Lusa.

Os incidentes de domingo à noite ocorreram horas depois de dirigentes políticos se terem comprometido, perante líderes tradicionais e o povo, a não recorrer à violência para resolver as suas disputas.

Segundo a comissária Mónica Rodrigues, no momento do apedrejamento ao Hotel Timor, à hora do jantar, "ouviu-se um tiro do exterior e entre os agentes da PSP (integrados no contingente da UNPOL) um efectuou dois disparos de segurança para o ar, evitando mais conflitos e estabilizando a situação, colocando em fuga os autores dos apedrejamentos".

A porta-voz da UNPOL vincou que "havia policiamento em toda a cidade. Por isso a resposta foi muito rápida".

A Lusa solicitou um comentário sobre os incidentes ao Presidente Xanana Gusmão, que hoje deixou Díli para visita de trabalho à Austrália e Indonésia, sobretudo depois de terem ocorrido horas depois da cerimónia de paz realizada também defronte do Palácio do Governo.

"O processo de paz vai influenciar toda a sociedade, mas leva tempo", reconheceu.

Questionado sobre como se sentiu ao saber dos incidentes, Xanana Gusmão manifestou-se "desapontado".

"Desapontado. Há grupos absurdos. É preciso limar todas as arestas que ainda aparecem", disse.

Ao final da tarde de domingo, uma patrulha da GNR deteve um grupo de sete jovens na posse de um engenho explosivo artesanal, dezenas de munições, todas do mesmo calibre, e vários tipos de armas brancas, como facas, espadas e "rama-amb om" (setas).

A operação foi conduzida no bairro de Taibessi, instantes depois de o grupo se ter envolvido em confrontos com outro grupo rival de artes marciais, acrescentou a mesma fonte.

Esta foi a primeira detenção depois das duas cerimónias tradicionais patro cinadas pela Presidência da República e Governo, para fazer a paz, realizadas na passada sexta-feira e domingo de manhã, em Díli.

A violência que se tem registado nas últimas semanas, e que desde Abril já provocou o total de mais de 60 mortos, tem oposto grupos rivais de artes marciais, fundamentalmente elementos das organizações "Sete Sete" e do PSHT.

EL-Lusa/Fim
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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