domingo, julho 16, 2006

Xanana Gusmão empossa 2ª feira Procurador-Geral e Adjunto

Díli, 15 Jul (Lusa) - O presidente timorense, Xanana Gusmão, empossa segunda-feira Longuinhos Monteiro como Procurador-Geral da República, depois de quase um ano de interinidade no cargo, disse hoje à Lusa fonte judicial.

O Ministério Público de Timor-Leste ganhou notoriedade nos últimos meses devido à investigação da distribuição de armas aos alegados "esquadrões da morte".

Longuinhos Monteiro foi nomeado PGR em Novembro de 2001, ainda durante a Administração Transitória das Nações Unidas (UNTAET), com um mandato de quatro anos, e nunca foi empossado pelas autoridades timorenses, o que poderia ter acontecido a partir da promulgação do Estatuto do Ministério Público, em 2005, acrescentou a fonte.

A fonte contactada pela Lusa acrescentou que o Presidente da República chegou a ter prevista a posse em Abril passado, mas o desencadear da crise político-militar obrigou a adiar a cerimónia.

Segunda-feira será igualmente empossado, para o cargo de Procurador-Geral Adjunto, Ivo Valente, acrescentou a mesma fonte.

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EL

Analisada a crise em Timor - Tradução da Margarida

Analisada a crise em Timor
Emma Brown & Marcus Greville, Melbourne

Alex Tilman, um representante da Fretlin, o maior partido político de Timor-Leste, e Vannessa Hearman, uma jornalista da Asia-Pacific e activista da solidariedade, falaram num encontro público em 13 de Julho, organizado pelo Green Left Weekly sobre a crise em Timor-Leste.

As 40 pessoas na assistência ouviram um relato dos eventos em Timor-Leste e uma forte crítica ao papel da Austrália e da ONU na travagem da reconstrução de Timor-Leste — a causa real dos correntes problemas do país.

Tilman fez um discurso sobre a crise militar que forçou o primeiro-ministro eleito de Timor-Leste, Mari Alkatiri, a resignar e que precipitou a crise corrente. Tilman realçou o papel dos media internacionais na polarização da opinião tanto em Timor-Leste como na Austrália. Caracterizou as acusações levantadas contra Alkatiri como um “julgamento pelos media”.

Na sua apresentação Hearman o papel que a Austrália desempenhou em 1999 depois do refendo pela independência de Timor-Leste, quando a sua intervenção militar parou uma onda de violência patrocinada pelos militares Indonésios, com a sua interferência na reconstrução nacional nos últimos anos. Timor-Leste recebeu conselhos financeiros sem valor do governo Australiano, paralelamente com os do Banco do Desenvolvimento da Ásia e o Fundo Monetário Internacional, sobre o modo como os Timorenses deviam gerir os seus negócios.

Num caso, tal “conselho” resultou num estudo caro sobre aprovisionamento da electricidade que levou famílias pobres a serem obrigadas a instalar medidores de electricidade previamente pagos.

Finalmente ambos os oradores realçaram o papel político que as forças Australianas desempenham agora, incluindo relatos de soldados que abordam Timorenses, dizendo-lhes para não apoiarem Alkatiri.

Do Green Left Weekly, 19 de Julho 19, 2006.

Dos leitores

Horta's new cabinet is set to be sworn in this morning. The new cabinet is rumoured to look pretty much like the old one, with the key addition apparently to be Alkatiri's rival from within Fretilin, Ambassador to the UN Jose Luis Guterres, who has been announced as the
new Foreign Minister. A number of key Alkatiri stalwarts are known to be keeping their jobs.

Clearly some sort of deal was struck between Fretilin, Horta and President Xanana Gusmao. Fretilin went along with Gusmao's insistence on Horta being Prime Minister, despite not being a Fretilin member. By “nominating” Horta themselves, Fretilin stopped Gusmao having to resort to more drastic unconstitutional action – not to mention continued protests from both sides and almost certain violence.

Meanwhile, out in the streets, things are quieter. It's seems likely that some of the internally displaced people are leaving their camps and going back to their homes, but it's not obvious yet to an outsider. Some of those who have tried to reclaim their houses have been the victims of new stonings and threats – the message to stay out of the neighbourhood is clear. Timorese military travelling (unarmed) through Dili have been stoned. It seems to be an almost impossible policing job for the international forces to stop this sort of thing, even in a quiet week.

Out in the eastern districts, people hold meetings every day arguing about whether they should come in to hold protests, make a show of force and reclaim their rights to live in Dili. In the meantime, in the west, one group led by former military that split off during the violence in May is threatening bigger demonstrations and more violence unless Gusmao dissolves Parliament.

Fretilin's party discipline seems reasonably strong and in general they are backing the government as Fretilin's. But in the rank and file there is disquiet and a strong sense that Gusmao forced Horta onto them, despite it being the role of the Parliamentary majority to choose a Prime Minister. For now, Horta certainly seems to have the backing to do the job. And with the help of his Australian-funded media adviser he certainly has the media, particularly internationally, on side. Grumblings from within Fretilin aside, the strongest criticisms of Horta are now coming from the loosely-aligned anti-Alkatiri forces.

These people see Horta as having sold out and joined an extension of the Alkatiri government.

...

President Xanana pushes Horta for military reformation + F-FDTL must shows their professionalism

President Xanana Gusmao pushes Prime Minister Jose Ramos Horta for military reformation and PNTL to prevent conflict among them. Xanana also asks Horta to lead the government for better governance until next election. Xanana told the media that “The government must find the way to reform PNTL and F-FDTL with high professionalism within their institutions. The decisions have to made by one commander” said Xanana. He further explains that F-FDTL is owned by the nation not individual or any by political party. MP from Democratic Party (PD) Juliao Mausiri stated that F-FDTL have to show their professionalism as a force of state not own by political party. “Anyone who wants to be a member of PNTL or F-FDTL should not be influenced by any political party but understand their mission that they are owned by the state to defend the nation and its people’ said Mausiri.
(Suara Timor Lorosae, Timor Post)

PM Horta would not follow his promises + ASDT support the program of Horta

President of UDT party, Joao Viegas Carrascalao said that the promises made by the new Prime Minister Jose Ramos Horta would not happen because they’re not realistic in the crisis situation. “The PM has made no preparation to implement his program in short time but he made lots of promises” said Carrascalao. In response to Carrascalao statement, president of ASDT party Francisco Xavier do Amaral said that he fully supports the program of Prime Minister Ramos Horta because he believes Horta can implement it. “We have to move on and we cannot just listen to the rumours to stop the government’s program for development in this country” he told TP reporters at National Parliament house.

Electoral Law will kill small parties

MP from UDT Party Alexandre Cortereal told the media at National Parliament that electoral law proposed by Fretilin government will kill the small parties in the country because the article 13 only allows 5% vote to have seats in the parliament. “It means to get one seat in the parliament one has to get 20.000 voters” said Cortereal.

He further stated that the small political parties would find hard to get 5% of vote so there will be no democracy in this country.
(Suara Timor Lorosae)

Source: www.unotil.org - media monitoring

"O que era necessário era diminuir a tensão"

RR

"O que era necessário era diminuir a tensão em Timor", diz D. Basílio do Nascimento
D. Basílio do Nascimento dá o benefício da dúvida ao novo Primeiro-ministro e ao novo Governo de Timor-Leste.

14/07/2006

D.Basílio do Nascimento em entervista à RR

(17:34) O Bispo de Baucau considera que Ramos Horta parte com um capital positivo: por um lado, tem o mérito de ser um homem conciliador, por outro, a substituição do Governo teve como efeito imediato uma descida da tensão no país.

"O benefício desta alteração é que, independentemente da pessoa que viesse chefiar o Governo, o que era necessário era diminuir a tensão em Timor", explica.

Sobre a proposta de Ramos Horta de criar um órgão consultivo que integre a Igreja Católica, para ser ouvido sempre que estiverem em causa decisões de interesse nacional. D. Basílio diz que se trata de uma questão de bom senso.

"Não sei isto legalmente está contemplado na lei (…), a participação de todos não será completamente descabida", revela o Bispo.

De qualquer forma, nestas declarações à jornalista Anabela Góis, o Bispo de Baucau mostra-se disponível para colaborar com o Governo sempre que tal lhe for pedido.

D. Basílio do Nascimento fala à RR, naquelas que são as primeiras declarações do Bispo de Baucau desde que o Presidente da República anunciou que Ramos Horta será Primeiro-ministro do país até às eleições do próximo ano.

Entretanto, o elenco governativo ficou hoje completo com a tomada de posse dos ministros.

Entrevista Expresso - Mari Alkatiri

Enviado por um leitor:

Ex-primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri diz que, apesar do novo Governo, não é possível falar-se de um novo ciclo no país

«Na raiz do conflito está o petróleo»

(VERSÃO INTEGRAL)

Luísa Meireles

ÀS PERGUNTAS sobre a crise recente, o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri diz que ainda «não chegou o momento para escrever as memórias». É cauteloso com a Austrália e acha que o novo Governo tem pouco tempo para mudar políticas.

Sábado , 15 JUL 06


Vai prestar declarações como arguido na próxima semana, pelo seu alegado envolvimento na entrega de armas à população e a alguns grupos organizados, entre eles o de Vicente da Conceição, o Railos?

Fui eu próprio que solicitei essa audiência o mais cedo possível para esclarecer todo o assunto, devido ao grande número de alegações existentes. Tão logo pude constituir a minha defesa, ela foi marcada. Toda a minha resposta vai ser baseada na lei e na verdade.

Não tenho interesse em estar a comentar as alegações que têm sido feitas, que são tudo menos a verdade.

Mas o seu ex-ministro do Interior, Rogério Lobato, confessou que se encontrou com o grupo do Railós e que distribuiu armas...

Eu também recebi o Railós no dia 8 de Maio, mas noutro contexto completamente diferente.

Qual contexto?

Não tinha nada a ver com armas, mas com a organização do Congresso do Partido e com a actividade deles, antigos combatentes, apoiarem o Governo no sentido de diluir a contradição que estava já a esboçar-se entre os chamados Lorosae e Loromonu.

E como justifica a iniciativa do ex-ministro, para mais alto quadro da Fretilin?

Ele só foi eleito vice-presidente da Fretilin depois disso. Mas ele já fez os seus depoimentos junto do tribunal e eu não os vou comentar.

Mas o que estava a acontecer em Timor que justificava a distribuição de armas na Fretilin e a constituição de grupos armados?

Desafio quem quer que seja que prove que havia armas na Fretilin por todo o lado. Não havia, nem há. Isso é uma alegação que tem a conotação de difamação. A Fretilin nunca distribuiu armas nem nunca distribuirá. É uma tentativa de manchar a imagem do partido maioritário para fins eleitorais.

E como surgem esses grupos, nomeadamente o de Railós?

Esses grupos existem. As armas que lhes foram dadas são da Polícia. O ex-ministro já reconheceu que participou nessa distribuição com o fim, como ele próprio disse, de apoiar unidades de reserva da Polícia. Eu estou a fazer estas declarações com base nos depoimentos do ex-ministro Rogério Lobato.

A esta distância, acha que poderia ter agido de outra maneira em relação aos peticionários?

Se não tivesse havido outras instituições, outros órgãos de soberania a envolver-se em primeiro plano nesta questão, se desde o início ela tivesse sido entregue ao Governo para ser resolvida, eu tenho a certeza que sim.

Está a referir-se ao Presidente da República?

A história dirá.

Acha que desde o princípio houve algum aproveitamento?

Este é um país jovem onde as instituições de Estado às vezes extravasam as suas competências, muitas vezes com a melhor das intenções de resolver problemas. Eu não estou a dizer que as pessoas o fazem com a intenção de complicar, mas sim de resolver. E até às vezes com a intenção de se solidarizar com outros órgãos, mas a verdade é que as boas intenções nem sempre dão bons resultados.

Durante toda a crise, o senhor sempre disse que estava em curso um golpe constitucional contra o seu governo. Pensa que hoje está consumado esse golpe?

Está em marcha.

Ainda está em marcha?

Digo que está em marcha porque ainda há a exigência da dissolução do Parlamento e de realizar eleições antecipadas, exigências essas que vêm dos mesmos autores das manifestações.

Como é que fundamenta a existência deste golpe?

Ainda não é tempo para eu escrever as minhas memórias.

Considera que o Presidente Xanana foi subjectiva ou objectivamente mentor desse golpe?

Não comento sobre isso.

Nem terá sido aproveitado?

Não comento.

Então interpreta o facto de, desde a primeira hora, aqueles que reclamavam a sua substituição de armas na mão, nomeadamente o major Reinado, se terem colocado à disposição do Presidente Xanana?

Melhor do que eu deverá ser eles a justificar isso. E talvez o próprio Presidente Xanana.

Mas, a si, não lhe merece uma reflexão?

Estou a reflectir, mas volto a dizer que ainda não é o momento para escrever sobre as minhas memórias.

Durante a crise, alguma vez se sentiu em risco de vida?

Sim. Mesmo agora sinto que a minha vida está a ser defendida por protecção australiana. Naturalmente que o risco vai diminuindo mas não me sinto ainda completamente livre num país que eu gostaria que fosse democrático e um Estado de direito.

Quem faz a sua escolta?

Eu tenho uma parte da escolta que é timorense e que restou da escolta inicial (eram 14, agora são 6), que continuam comigo, e tenho a escolta australiana.

Sabemos as razões oficiais pelas quais se demitiu, nomeadamente para evitar uma eventual resignação do presidente da República, contribuir para a paz e tranquilidade, assumir a sua parte de responsabilidade na crise. Mas sentiu-se forçado a demitir-se porque as manobras políticas dos seus adversários tiveram êxito? Sentiu-se derrotado?

Eu estou convencido de que, com a posse do novo Governo amanhã, poderá chegar à conclusão de que os próprios adversários se sentem frustrados, o que significa que não tiveram sucesso.

Liga esses adversários ao golpe que está em marcha, que ainda não foi totalmente consumado?
Uns adversários são os autores reais e activos deste golpe que está em marcha, e outros assistiam ao andamento do processo sempre na esperança de que fosse 100% bem sucedido.

Mas sentiu que perdeu essa «guerra»?

Perder uma batalha não significa perder a guerra. Mas eu não considero isto uma guerra. O mais importante é conseguir aquilo que se conseguiu: voltar ao clima de esperança, paz e estabilidade. Isto foi o mais importante para abrir uma nova página na nossa história.

E foram essas mesmas razões também que o levaram a desmobilizar os militantes da Fretilin que queriam entrar em Díli para o apoiar?

Foi uma contribuição que achei que devia dar para não piorar ainda mais a situação. Todos os dias passo ao lado de alguns campos de deslocados e vejo crianças, velhos e mulheres, cidadãos inocentes sofrendo, e acho que já é tempo de nós, como responsáveis, contribuirmos para fazer com que essas pessoas também ganhem esperança e confiança e voltem a suas casas.

A tomada de posse do novo primeiro-ministro Ramos-Horta abre um novo ciclo político em Timor?

Ainda não é possível falar de um novo ciclo com um Governo que só vai durar nove meses. Espero que seja uma gravidez bem sucedida e que o parto não seja tão doloroso.
Pensa que vai mudar alguma coisa nos objectivos estratégicos da política timorense?

O Governo vai implementar e executar o plano anual de acção e o orçamento que já tinham sido aprovados pelo Governo por mim chefiado.

No seu discurso de tomada de posse, Ramos-Horta apela a que a Igreja reassuma o seu papel na educação, considerando que a sociedade timorense rejeita a interpretação de modelos seculares. Não é um sinal de mudança em relação à sua política relativamente à Igreja?

Se tivesse havido alguma vez alguma tendência para retirar à Igreja o seu papel, poder-se-ia pensar que existe uma mudança. Agora, quando se tenta atribuir ao Governo por mim chefiado alguma intenção de reduzir o papel da Igreja, isso eu recuso-me a aceitar. A Igreja nunca deixou de trabalhar na área da educação, na saúde, na área social e também religiosa, atravessou as mesmas dificuldades que o povo, em termos económicos, financeiros e institucionais. A Igreja é parte da sociedade. Agora, estamos em melhores condições de podermos, todos nós, encontrar plataformas de acção mais sólidas, e isso está no plano de acção do Governo por mim chefiado para o ano de 2006/2007, onde eu defini claramente a necessidade de novas parcerias. Portanto, não é nada de novo.

Acha que é um «mal-amado» da Igreja Católica?

Eu sou mal-amado por muitos, ou porque não sou entendido, ou porque, realmente, não sou um técnico de relações públicas, reconheço-o. Sou uma pessoa fria, alguns chamam-me sisudo. São os meus defeitos, mas eu desafio quem quer que seja que me diga que, durante estes quatro anos, não dei contribuições positivas para este Governo. Recebi a governação de um país com défice orçamental. Deixo-o com um «superavit» bastante grande.

Mas, todavia, mergulhado ainda em grandes problemas internos...

Talvez por causa disso mesmo. Se continuasse um país com défice orçamental, se calhar, ninguém ambicionaria vir para o poder.

A raiz deste conflito tem a ver com a riqueza que se supõe haver, nomeadamente com o petróleo?

Não tenho dúvidas. Eu vejo até grandes analistas, que trabalham com dados que não são correctos quando dizem que eu me aproximei da China, que havia um acordo com a China sobre a área do petróleo. A China não tem uma única concessão neste país na área do petróleo. Primeiro, porque nunca participou nos concursos públicos, segundo, porque não há nenhum acordo com a China nessa área. O único acordo que se fez foi de pesquisa geológica, não de exploração.

Mas porque fala da China?

Porque todos dizem que a Austrália não veria com bons olhos o facto de eu estar a aproximar-me da China na área do desenvolvimento no sector do petróleo. Há realmente um país que nos apoiou e continua a fazê-lo, mas desinteressadamente, no sector do petróleo. Mas é a Noruega, não a China.

Há muita gente que faz a ligação destes acontecimentos a um interesse australiano de o afastar a si para melhor controlar ou conformar Timor às suas pretensões. Com Xanana ou com Ramos-Horta, será diferente?

Não sei. Eu como primeiro-ministro, procurei defender até às últimas consequências os interesses do meu povo. Liderei as negociações sobre as riquezas e os recursos do mar de Timor-Leste, que ninguém pode negar que foram negociações bem sucedidas para o meu país, e estou orgulhoso disso. Consegui fazer de Timor-Leste, tido como inviável, um país que todos sabem que é absolutamente viável, um Estado sustentável, e isto em apenas quatro anos de governação. Tenho a certeza que Timor-Leste iria arrancar, a partir do último ano do meu mandato, 2006/2007, para a fase real de desenvolvimento humano e económico, porque já há condições para o fazer. E mais ainda: no caso de vitória da Fretilin em 2007, o próximo mandato será para pôr este país num patamar ainda mais elevado. O plano era esse.

Então como encara então as declarações do primeiro-ministro australiano, John Howard, de que Timor não é um Estado viável?

Prefiro não comentar, até porque John Howard também está a enfrentar problemas no seu país. Eu não quero repetir aquilo que ele fez, dizer que eu deveria realmente demitir-me.

Pensa que a Austrália pretende fazer de Timor um protectorado?

Nunca acusei o Governo australiano de nada, nem pretendo fazê-lo. Agora, ninguém pode negar que, nos últimos dois ou três meses, toda a comunicação social australiana se esforçou por me demonizar. Parecia tudo concertado, parecia haver uma política bem definida e planificada com o objectivo único de me demonizar. É só fazer a leitura daquilo que saiu até hoje.

Fazendo essa leitura, acha que existe algum tipo de influência da Austrália sobre o Presidente Xanana ou sobre o agora primeiro-ministro Ramos-Horta?

A exigência da minha demissão por parte do Presidente Xanana teve como base um programa da televisão australiana.

Portanto, acha que a Austrália tem, na verdade, uma grande influência sobre o Presidente Xanana...

Eu só estou a apresentar os factos.

E é também um mero facto ter sido a esposa (australiana) do Presidente Xanana a tomar posição pública sobre o que devia fazer o Presidente?

Isso é uma inovação nossa, as esposas dos titulares de órgãos de soberania terem opinião (sobre aquilo que eles deveriam fazer.

Quando a crise começou, quem autorizou os australianos a entrar no país? Quer dizer, eles já estavam embarcados ao largo de Timor antes de haver essa autorização...

Quando a crise interna começou a agudizar-se, havendo já combates entre elementos da Polícia Nacional e das Forças Armadas, a única hipótese era, realmente, ter uma força ou forças estrangeiras a ajudar a estabilizar o país. E isso foi iniciativa minha, como primeiro-ministro, de propor ao Presidente da República, com a participação do Presidente do Parlamento Nacional, que solicitássemos a intervenção de quatro países, que são os mesmos países que ainda cá estão.

Mas tinha conhecimento de que havia tropas australianas que já estavam embarcadas?

Naturalmente, um mês ou dois meses antes.

Não é estranho?

A Austrália estava a acompanhar o desenvolvimento da situação em Timor-Leste, achava que era o país mais próximo, que poderia, a todo o momento, intervir no sentido de apaziguar. E sempre disse, naquela altura, que só interviria a pedido do governo de Timor-Leste. De facto, a intervenção mesmo foi feita depois do pedido, mas claro que é sempre muito estranho quando, antes do pedido do Governo, estejam forças preparadas para intervir à volta de outro país. Mas talvez isso seja também parte da experiência da Austrália. Aconteceu em 1999 também, quando a Austrália estava preparada três meses antes para poder intervir em tempo oportuno para parar as matanças e a violência em Timor.

Este novo Governo pode ter uma política com repercussões nas relações com Portugal e na participação timorense na CPLP? A posição do português como língua oficial em Timor pode estar em risco?

Este Governo terá nove meses de vida. Não é em nove meses que se fazem mudanças estruturais em qualquer país, portanto não creio que isso seja possível em termos práticos.

Também não creio que as pessoas que estão no Governo, incluindo o Presidente da República, sejam anti-portuguesas. Naturalmente que, quando se quer avançar com um projecto de reintrodução da língua portuguesa, de generalização do seu uso, de afirmação de uma língua oficial, não chega dizermos que somos favoráveis; é preciso ter a coragem de enfrentar todos os obstáculos e de, a cada momento, afirmarmos isso mesmo.

Está a preparar o seu regresso ou a preparar-se para as próximas eleições?

Já o disse, a minha função agora é reforçar o partido, reorganizá-lo e prepará-lo para 2007.

Vai candidatar-se de novo?

Nunca me candidatei, portanto não tenho de me recandidatar. O mais importante é o partido voltar a ganhar, e o partido depois decidirá como governar. Alguém já levantou a hipótese de eu vir a candidatar-me à Presidência da República. Posso dizer: «tirem o cavalo da chuva», porque eu não serei nunca candidato a Presidente.

Ex-primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri diz que, apesar do novo Governo, não é possível falar-se de um novo ciclo no país

«Na raiz do conflito está o petróleo»

(VERSÃO INTEGRAL)

Luísa Meireles

ÀS PERGUNTAS sobre a crise recente, o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri diz que ainda «não chegou o momento para escrever as memórias». É cauteloso com a Austrália e acha que o novo Governo tem pouco tempo para mudar políticas.

Sábado , 15 JUL 06


Vai prestar declarações como arguido na próxima semana, pelo seu alegado envolvimento na entrega de armas à população e a alguns grupos organizados, entre eles o de Vicente da Conceição, o Railos?

Fui eu próprio que solicitei essa audiência o mais cedo possível para esclarecer todo o assunto, devido ao grande número de alegações existentes. Tão logo pude constituir a minha defesa, ela foi marcada. Toda a minha resposta vai ser baseada na lei e na verdade.

Não tenho interesse em estar a comentar as alegações que têm sido feitas, que são tudo menos a verdade.

Mas o seu ex-ministro do Interior, Rogério Lobato, confessou que se encontrou com o grupo do Railós e que distribuiu armas...

Eu também recebi o Railós no dia 8 de Maio, mas noutro contexto completamente diferente.

Qual contexto?

Não tinha nada a ver com armas, mas com a organização do Congresso do Partido e com a actividade deles, antigos combatentes, apoiarem o Governo no sentido de diluir a contradição que estava já a esboçar-se entre os chamados Lorosae e Loromonu.

E como justifica a iniciativa do ex-ministro, para mais alto quadro da Fretilin?

Ele só foi eleito vice-presidente da Fretilin depois disso. Mas ele já fez os seus depoimentos junto do tribunal e eu não os vou comentar.

Mas o que estava a acontecer em Timor que justificava a distribuição de armas na Fretilin e a constituição de grupos armados?

Desafio quem quer que seja que prove que havia armas na Fretilin por todo o lado. Não havia, nem há. Isso é uma alegação que tem a conotação de difamação. A Fretilin nunca distribuiu armas nem nunca distribuirá. É uma tentativa de manchar a imagem do partido maioritário para fins eleitorais.

E como surgem esses grupos, nomeadamente o de Railós?

Esses grupos existem. As armas que lhes foram dadas são da Polícia. O ex-ministro já reconheceu que participou nessa distribuição com o fim, como ele próprio disse, de apoiar unidades de reserva da Polícia. Eu estou a fazer estas declarações com base nos depoimentos do ex-ministro Rogério Lobato.

A esta distância, acha que poderia ter agido de outra maneira em relação aos peticionários?

Se não tivesse havido outras instituições, outros órgãos de soberania a envolver-se em primeiro plano nesta questão, se desde o início ela tivesse sido entregue ao Governo para ser resolvida, eu tenho a certeza que sim.

Está a referir-se ao Presidente da República?

A história dirá.

Acha que desde o princípio houve algum aproveitamento?

Este é um país jovem onde as instituições de Estado às vezes extravasam as suas competências, muitas vezes com a melhor das intenções de resolver problemas. Eu não estou a dizer que as pessoas o fazem com a intenção de complicar, mas sim de resolver. E até às vezes com a intenção de se solidarizar com outros órgãos, mas a verdade é que as boas intenções nem sempre dão bons resultados.

Durante toda a crise, o senhor sempre disse que estava em curso um golpe constitucional contra o seu governo. Pensa que hoje está consumado esse golpe?

Está em marcha.

Ainda está em marcha?

Digo que está em marcha porque ainda há a exigência da dissolução do Parlamento e de realizar eleições antecipadas, exigências essas que vêm dos mesmos autores das manifestações.

Como é que fundamenta a existência deste golpe?

Ainda não é tempo para eu escrever as minhas memórias.

Considera que o Presidente Xanana foi subjectiva ou objectivamente mentor desse golpe?

Não comento sobre isso.

Nem terá sido aproveitado?

Não comento.

Então interpreta o facto de, desde a primeira hora, aqueles que reclamavam a sua substituição de armas na mão, nomeadamente o major Reinado, se terem colocado à disposição do Presidente Xanana?

Melhor do que eu deverá ser eles a justificar isso. E talvez o próprio Presidente Xanana.

Mas, a si, não lhe merece uma reflexão?

Estou a reflectir, mas volto a dizer que ainda não é o momento para escrever sobre as minhas memórias.

Durante a crise, alguma vez se sentiu em risco de vida?

Sim. Mesmo agora sinto que a minha vida está a ser defendida por protecção australiana. Naturalmente que o risco vai diminuindo mas não me sinto ainda completamente livre num país que eu gostaria que fosse democrático e um Estado de direito.

Quem faz a sua escolta?

Eu tenho uma parte da escolta que é timorense e que restou da escolta inicial (eram 14, agora são 6), que continuam comigo, e tenho a escolta australiana.

Sabemos as razões oficiais pelas quais se demitiu, nomeadamente para evitar uma eventual resignação do presidente da República, contribuir para a paz e tranquilidade, assumir a sua parte de responsabilidade na crise. Mas sentiu-se forçado a demitir-se porque as manobras políticas dos seus adversários tiveram êxito? Sentiu-se derrotado?

Eu estou convencido de que, com a posse do novo Governo amanhã, poderá chegar à conclusão de que os próprios adversários se sentem frustrados, o que significa que não tiveram sucesso.

Liga esses adversários ao golpe que está em marcha, que ainda não foi totalmente consumado?
Uns adversários são os autores reais e activos deste golpe que está em marcha, e outros assistiam ao andamento do processo sempre na esperança de que fosse 100% bem sucedido.

Mas sentiu que perdeu essa «guerra»?

Perder uma batalha não significa perder a guerra. Mas eu não considero isto uma guerra. O mais importante é conseguir aquilo que se conseguiu: voltar ao clima de esperança, paz e estabilidade. Isto foi o mais importante para abrir uma nova página na nossa história.

E foram essas mesmas razões também que o levaram a desmobilizar os militantes da Fretilin que queriam entrar em Díli para o apoiar?

Foi uma contribuição que achei que devia dar para não piorar ainda mais a situação. Todos os dias passo ao lado de alguns campos de deslocados e vejo crianças, velhos e mulheres, cidadãos inocentes sofrendo, e acho que já é tempo de nós, como responsáveis, contribuirmos para fazer com que essas pessoas também ganhem esperança e confiança e voltem a suas casas.

A tomada de posse do novo primeiro-ministro Ramos-Horta abre um novo ciclo político em Timor?

Ainda não é possível falar de um novo ciclo com um Governo que só vai durar nove meses. Espero que seja uma gravidez bem sucedida e que o parto não seja tão doloroso.
Pensa que vai mudar alguma coisa nos objectivos estratégicos da política timorense?

O Governo vai implementar e executar o plano anual de acção e o orçamento que já tinham sido aprovados pelo Governo por mim chefiado.

No seu discurso de tomada de posse, Ramos-Horta apela a que a Igreja reassuma o seu papel na educação, considerando que a sociedade timorense rejeita a interpretação de modelos seculares. Não é um sinal de mudança em relação à sua política relativamente à Igreja?

Se tivesse havido alguma vez alguma tendência para retirar à Igreja o seu papel, poder-se-ia pensar que existe uma mudança. Agora, quando se tenta atribuir ao Governo por mim chefiado alguma intenção de reduzir o papel da Igreja, isso eu recuso-me a aceitar. A Igreja nunca deixou de trabalhar na área da educação, na saúde, na área social e também religiosa, atravessou as mesmas dificuldades que o povo, em termos económicos, financeiros e institucionais. A Igreja é parte da sociedade. Agora, estamos em melhores condições de podermos, todos nós, encontrar plataformas de acção mais sólidas, e isso está no plano de acção do Governo por mim chefiado para o ano de 2006/2007, onde eu defini claramente a necessidade de novas parcerias. Portanto, não é nada de novo.

Acha que é um «mal-amado» da Igreja Católica?

Eu sou mal-amado por muitos, ou porque não sou entendido, ou porque, realmente, não sou um técnico de relações públicas, reconheço-o. Sou uma pessoa fria, alguns chamam-me sisudo. São os meus defeitos, mas eu desafio quem quer que seja que me diga que, durante estes quatro anos, não dei contribuições positivas para este Governo. Recebi a governação de um país com défice orçamental. Deixo-o com um «superavit» bastante grande.

Mas, todavia, mergulhado ainda em grandes problemas internos...

Talvez por causa disso mesmo. Se continuasse um país com défice orçamental, se calhar, ninguém ambicionaria vir para o poder.

A raiz deste conflito tem a ver com a riqueza que se supõe haver, nomeadamente com o petróleo?

Não tenho dúvidas. Eu vejo até grandes analistas, que trabalham com dados que não são correctos quando dizem que eu me aproximei da China, que havia um acordo com a China sobre a área do petróleo. A China não tem uma única concessão neste país na área do petróleo. Primeiro, porque nunca participou nos concursos públicos, segundo, porque não há nenhum acordo com a China nessa área. O único acordo que se fez foi de pesquisa geológica, não de exploração.

Mas porque fala da China?

Porque todos dizem que a Austrália não veria com bons olhos o facto de eu estar a aproximar-me da China na área do desenvolvimento no sector do petróleo. Há realmente um país que nos apoiou e continua a fazê-lo, mas desinteressadamente, no sector do petróleo. Mas é a Noruega, não a China.

Há muita gente que faz a ligação destes acontecimentos a um interesse australiano de o afastar a si para melhor controlar ou conformar Timor às suas pretensões. Com Xanana ou com Ramos-Horta, será diferente?

Não sei. Eu como primeiro-ministro, procurei defender até às últimas consequências os interesses do meu povo. Liderei as negociações sobre as riquezas e os recursos do mar de Timor-Leste, que ninguém pode negar que foram negociações bem sucedidas para o meu país, e estou orgulhoso disso. Consegui fazer de Timor-Leste, tido como inviável, um país que todos sabem que é absolutamente viável, um Estado sustentável, e isto em apenas quatro anos de governação. Tenho a certeza que Timor-Leste iria arrancar, a partir do último ano do meu mandato, 2006/2007, para a fase real de desenvolvimento humano e económico, porque já há condições para o fazer. E mais ainda: no caso de vitória da Fretilin em 2007, o próximo mandato será para pôr este país num patamar ainda mais elevado. O plano era esse.

Então como encara então as declarações do primeiro-ministro australiano, John Howard, de que Timor não é um Estado viável?

Prefiro não comentar, até porque John Howard também está a enfrentar problemas no seu país. Eu não quero repetir aquilo que ele fez, dizer que eu deveria realmente demitir-me.

Pensa que a Austrália pretende fazer de Timor um protectorado?

Nunca acusei o Governo australiano de nada, nem pretendo fazê-lo. Agora, ninguém pode negar que, nos últimos dois ou três meses, toda a comunicação social australiana se esforçou por me demonizar. Parecia tudo concertado, parecia haver uma política bem definida e planificada com o objectivo único de me demonizar. É só fazer a leitura daquilo que saiu até hoje.

Fazendo essa leitura, acha que existe algum tipo de influência da Austrália sobre o Presidente Xanana ou sobre o agora primeiro-ministro Ramos-Horta?

A exigência da minha demissão por parte do Presidente Xanana teve como base um programa da televisão australiana.

Portanto, acha que a Austrália tem, na verdade, uma grande influência sobre o Presidente Xanana...

Eu só estou a apresentar os factos.

E é também um mero facto ter sido a esposa (australiana) do Presidente Xanana a tomar posição pública sobre o que devia fazer o Presidente?

Isso é uma inovação nossa, as esposas dos titulares de órgãos de soberania terem opinião (sobre aquilo que eles deveriam fazer.

Quando a crise começou, quem autorizou os australianos a entrar no país? Quer dizer, eles já estavam embarcados ao largo de Timor antes de haver essa autorização...

Quando a crise interna começou a agudizar-se, havendo já combates entre elementos da Polícia Nacional e das Forças Armadas, a única hipótese era, realmente, ter uma força ou forças estrangeiras a ajudar a estabilizar o país. E isso foi iniciativa minha, como primeiro-ministro, de propor ao Presidente da República, com a participação do Presidente do Parlamento Nacional, que solicitássemos a intervenção de quatro países, que são os mesmos países que ainda cá estão.

Mas tinha conhecimento de que havia tropas australianas que já estavam embarcadas?

Naturalmente, um mês ou dois meses antes.

Não é estranho?

A Austrália estava a acompanhar o desenvolvimento da situação em Timor-Leste, achava que era o país mais próximo, que poderia, a todo o momento, intervir no sentido de apaziguar. E sempre disse, naquela altura, que só interviria a pedido do governo de Timor-Leste. De facto, a intervenção mesmo foi feita depois do pedido, mas claro que é sempre muito estranho quando, antes do pedido do Governo, estejam forças preparadas para intervir à volta de outro país. Mas talvez isso seja também parte da experiência da Austrália. Aconteceu em 1999 também, quando a Austrália estava preparada três meses antes para poder intervir em tempo oportuno para parar as matanças e a violência em Timor.

Este novo Governo pode ter uma política com repercussões nas relações com Portugal e na participação timorense na CPLP? A posição do português como língua oficial em Timor pode estar em risco?

Este Governo terá nove meses de vida. Não é em nove meses que se fazem mudanças estruturais em qualquer país, portanto não creio que isso seja possível em termos práticos.

Também não creio que as pessoas que estão no Governo, incluindo o Presidente da República, sejam anti-portuguesas. Naturalmente que, quando se quer avançar com um projecto de reintrodução da língua portuguesa, de generalização do seu uso, de afirmação de uma língua oficial, não chega dizermos que somos favoráveis; é preciso ter a coragem de enfrentar todos os obstáculos e de, a cada momento, afirmarmos isso mesmo.

Está a preparar o seu regresso ou a preparar-se para as próximas eleições?

Já o disse, a minha função agora é reforçar o partido, reorganizá-lo e prepará-lo para 2007.

Vai candidatar-se de novo?

Nunca me candidatei, portanto não tenho de me recandidatar. O mais importante é o partido voltar a ganhar, e o partido depois decidirá como governar. Alguém já levantou a hipótese de eu vir a candidatar-me à Presidência da República. Posso dizer: «tirem o cavalo da chuva», porque eu não serei nunca candidato a Presidente.

Sobre a recondução do Procurador-Geral

Dos leitores:

A "reconciliação" é só para um lado. Quando são investigados os desertores?

...

O PGR AFIRMA, viola o SEGREDO DE JUSTIÇA e desconhece lei aplicável

Algumas das dclarações do Procurador-Geral

“ABC News
By Anne Barker in Dili

Mr Monteiro does say that more charges will be laid against Colonel Railos and his militia group, for possessing illegal weapons.

Fonte LUSA. Notícia SIR-8161387
Milhares de pessoas testemunharam entrega armas em Liquiçá

Milhares de pessoas testemunharam hoje em Liquiçá, 35 quilómetros a oeste de Díli, a entrega de armas ao Ministér io Público pelo alegado "esquadrão da morte"

Ou seja milhares de pessoas são testemunhas do crime de posse ilegal de armas.

E o que faz o Ministério Público?

Díli, 26 Jun (Lusa) - O primeiro-ministro demissionário de Timor-Leste, Mari Alkatiri, foi notificado hoje à tarde (hora local) pelo Ministério Público para prestar declarações, sexta-feira, sobre o processo de distribuição de arma s a civis, disse à Lusa o Procurador-Geral da República timorense.

Liquiçá, Timor-Leste, 11 Jul (Lusa) - O ex-primeiro-ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri foi notificado como arguido pelo Ministério Público para prestar declarações no próximo dia 20, por alegada participação na distribuição de armas a civis, disse hoje à Lusa o Procurador-Geral da República.
Longuinhos Monteiro acrescentou à Lusa que no próximo dia 20 o Ministério Público vai querer saber qual o grau de conhecimento de Mari Alkatiri dos factos que lhe são imputados nas declarações, quer de Vicente da Conceição "Railos" quer do próprio Rogério Lobato.
"O primeiro ponto que queremos esclarecer é o conhecimento dos factos. Quando teve conhecimento. Temos declarações de Rogério Lobato e outros depoimentos e temos o encontro do dia 08 (de Maio)", precisou.
"É isso que queremos saber", vincou.”

Estas declarações violam o segredo de justiça e a obrigação de imparcialidade do Procurador-Geral.

Diz o Código de Processo Penal:

O Procurador / Juiz é suspeito quando existem fortes motivos que possam abalar a confiança na sua imparcialidade nomeadamente ter expressado opiniões reveladoras de um pré-juízo em relação ao objecto do processo.

Segredo de Justiça - Todos os participantes processuais e quaisquer pessoas que por qualquer título tomarem contacto com o processo e conhecimento total ou parcial do seu conteúdo ficam impedidos de o divulgar.
O processo é público a partir da acusação.

O que se espera para abrir um inquérito ao Procurador-Geral?!

“Alkatiri foi notificado como ARGUIDO pelo Ministério Público... disse hoje à Lusa o Procurador-Geral da República.”

Diz o Código de Processo Penal:

Considera-se suspeito toda a pessoa relativamente à qual exista indicio de que cometeu ou se prepara para cometer um crime, ou nele participou ou se prepara para participar.

Assume a qualidade de arguido todo aquele contra quem for deduzida acusação num processo penal.

Ora que se saiba ainda não foi deduzida qualquer acusação seja contra quem fôr encontrando-se o processo na fase de investigação e no caso Alkatiri poderá ser ouvido pelo Ministério Público na qualidade de suspeito mas nunca de arguido.

Para a opinião pública em geral tudo não passam de meras designações técnicas e de menos importância.

O grave é que Longuinhos Monteiro continue a violar a lei de forma clara e evidente e que demonstre uma total ignorância quanto à lei aplicável em Timor e se mantenha em funções como Procurador-Geral.

Como é possivel credibilizar a Procuradoria Geral ou qualquer investigação com um Procurador-Geral que desconhece a lei que está obrigado a aplicar e à qual deve obediência??????

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DÚVIDA

Como é possivel nomear para o cargo de Procurador-Geral uma pessoa que chumbou no curso que dá acesso à carreira de Procurador?!

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PROCURADOR-GERAL???

Uma das competências do Procurador-Geral é a de promover a defesa da legalidade democrática dar pareceres quando a lei o exigir ou o Governo o solicite

Como pode promover a defesa da legalidade ou dar pareceres juridicos alguém que chumba num curso de acesso a procurador e tem demonstrado publicamente o desconhecimento ou antes ignorância sobre a lei aplicável em Timor?

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SOBRE A LEGALIDADE DA NOMEAÇÃO DO PG

O estatuto do Ministério Público foi aprovado pelo Parlamento Nacional em 25 de Julho de 2005 e promulgado em 3 de Setembro de 2005 pelo Presidente da República.

Diz o art. 83º do Estatuto do Ministério Público

Enquanto não houver nacionais que preencham os requesitos do art. 12º, o Procurador-Geral da República pode ser nomeado de entre agentes do Ministério Público de categoria inferior à de Procurador da República ou juizes estagiários ou de entre procuradores não timorenses, com pelo menos 10 anos de experiência, provenientes de sistema judiciário civilista.

Longuinhos Monteiro foi recrutado e nomeado Procurador-Geral pela UNTAET.

Não possui qualquer habilitação como Procurador possuindo apenas uma licenciatura em Direito da Indonésia, segundo o próprio Longuinhos, mas nunca ninguém viu o seu diploma de licenciatura.

Não passou na avalliação que foi feita ao desempenho dos Procuradores nomeados pela UNTAET.

Não passou no curso que dá acesso à carreira de Procurador.

Assim Longuinhos Monteiro não é Procurador ou de categoria inferior, por exemplo Procurador estagiário, juiz ou jurista de reconhecido mérito.

O mesmo não se passa com Ivo Valente que já tomou posse como Procurador estagiário após ter passado no curso que dá acesso à carreira de Procurador e de acordo com o art. 84º do Estatuto do Ministério Público.

Não há qualquer dúvida sobre a ILEGALIDADE da nomeação de Longuinhos Monteiro para o cargo de Procurador-Geral.

O Presidente da República viola claramente o Estatuto do Ministério Público ao nomear para o cargo de Procurador-Geral Longuinhos Monteiro.

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PEDIDO DE INFORMAÇÃO

Antes de nomear o Procurador-Geral o Presidente da República tem que ouvir o Governo.

Qual é a posição do governo quanto à nomeação de Longuinhos Monteiro para Procurador-Geral?

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RECTIFICAÇÃO

Longuinhos Monteiro foi nomeado Procurador-Geral pela UNTAET com efeitos a partir de 16 de Outubro de 2001.

NOTIFICAÇÃO N. 2001/21 – UNTAET

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PROCURADOR-GERAL EM TIMOR PODE SER QUALQUER UM....

É grave que o Presidente da República viole de forma tão clara a lei com a nomeação anunciada de Longuinhos Monteiro, e que o governo, o parlamento e a oposição se mantenham em silêncio.

E estranho é que ninguém se mostre preocupado com as acusações e suspeitas de corrupção quanto a Longuinhos Monteiro que foram publicadas em toda a imprensa nacional.

Ou só estão preocupados com a ilegalidade da direcção da FRETILIN?

Ou nem sequer fazem ideia da importância do cargo de Procurador-Geral?

Então mas se o homem frequenta a Presidência porque é que não pode passear-se por Dili?
Honestidade politica é o que é.

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Interinidade no cargo????

Qual a fundamentação legal?

A nomeação da UNTEAT foi por um periodo probatório máximo de três anos após o que deveria ser feita uma avaliação de desempenho.

Essa avaliação foi feita e Longuinhos Monteiro CHUMBOU.

Servindo-me das suas próprias palavras use de "honestidade politica" Senhor Presidente e diga ao País que Longuinhos Monteiro que há muito se encontra numa situação de ilegalidade e que a sua nomeação, que é ilegal, só vai ser consumada porque Longuinhos Monteiro é um amigo da sua confiança.

Chega de "cerimónias" e "teatros"!

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http//www.unotil.org/legal/UNTAET-Law/index-p.htm


Regulamento 200/16 - UNTAET
Art. 6.3
No final do periodo probatório e feita a avaliação e se esta fôr insatisfatória o funcionário em questão será demitido da Procuradoria Pública.

Como Longuinhos Monteiro chumbou na avaliação o Presidente da República teria que o ter demitido.

Não o fez.

Longuinhos Monteiro concorreu à formação para acesso à carreira de magistrado.

Mais uma vez chumbou.

Assim, não é procurador estagiário.

E no final de tão brilhante carreira é nomeado sem reunir os requisitos impostos pela lei pelo Presidente da República para Procurador-Geral.

Brilhante Senhor Presidente da República!!!

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Timor’s crisis analysed

Emma Brown & Marcus Greville, Melbourne

Alex Tilman, a representative of Fretlin, the largest political party in East Timor, and Vannessa Hearman, an Asia-Pacific journalist and solidarity activist, addressed a July 13 Green Left Weekly-organised public meeting on East Timor’s crisis.

The 40 people in attendance heard an up-to-the-minute account of events in East Timor and a strong critique of the role of Australia and the UN in holding back East Timor’s reconstruction — the real cause of the country’s current problems.

Tilman gave a speech on the military crisis that forced the elected prime minister of East Timor, Mari Alkatiri, to resign, and which precipitated the present crisis. Tilman highlighted the role the international media has played in polarising opinion both within East Timor and in Australia. He characterised the charges that have been levelled against Alkatiri as a “trial by media”.

Hearman’s presentation compared the role Australia played in 1999 after East Timor’s independence referendum, when its military intervention halted a wave of violence sponsored by the Indonesian military, with its interference in national reconstruction over the last few years. East Timor has received worthless financial advice from the Australian government, along with the Asian Development Bank and International Monetary Fund, on how the East Timorese should manage their affairs.

In one case, such “advice” resulted in an expensive study on electricity provision that led to poor households having to install pre-paid electricity meters.

Finally both speakers highlighted the politicised role the Australian forces are now playing, including reports of soldiers approaching East Timorese, telling them not to support Alkatiri.

From Green Left Weekly, July 19, 2006.

Justiça. Urgente.

De um leitor:

A população só poderá sentir segurança se como disse o Presidente houver honestidade politica.

E honestidade politica também significa que ninguém está acima da lei.

Enquanto se vir apenas o ex-PM e o ex-Ministro a responder em Tribunal e os militares desertores e os autores de violência e destruição a não serem apresentados em Tribunal e pelo contrário a terem direito a tratamento especial e quase de figuras de Estado não haverá nenhum cidadão que confie no Presidente ou no Governo.

A população não confiará nunca em líderes que protegem uns e atacam outros.

E mais grave ainda que ache normal que violadores da lei fiquem impunes.

Alfredo Reinado passeia-se por Dili

Testemunhas afirmam que Alfredo Reinado se passeia por Díli à vontade. Sexta-feira à noite foi visto num restaurante/bar no centro de Díli.

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Sobre os peticionários

Posted por Margarida

Já que alguns aqui tanto falam dos “massacres” de 28 de Abril, vejamos como a UNOTIL, na sua revista dos media falou do assunto. As primeiras notícias saíram a 2 de Maio. Vejamos algumas:

Daily Media Review
Terça-feira, 2 de Maio 2006

A Polícia chama os peticionários à responsabilidade
Salsinha: ainda estamos no mato + A Polícia chama os peticionários à responsabilidade + Mari apela aos peticionários para regressarem + Se Xanana ainda está calado, não me renderei

Em relação à violência na última Sexta-feira, o Comandante da PNTL Sr. Paulo Martins pediu aos 594 peticionários para assumirem a responsabilidade pelo que aconteceu em Dili. O Sr. Martins disse aos repórteres que foi encontrar-se com os peticionários para lhes pedir para se manterem calmos mas que eles se tornaram violentos e começaram a queimar carros no Palácio do Governo.

“Queimaram um motociclo mesmo à minha frente, vi com os meus próprios olhos” disse o Sr. Martins. “Tínhamos um acordo com os peticionários na semana passada que não podia haver violência mas eles quebraram as suas promessas por isso devem ser responsabilizados pelo que fizeram”. Em resposta à declaração do Sr. Paul, o porta-voz dos peticionários, o Sr. Gastão Salsinha, disse a um repórter do TP via telefone que ele culpa os líderes porque não tinham vontade de resolver os problemas. “Só quero dizer que estamos no mato porque já ninguém quer encontrar uma solução” disse o Sr. Salsinha.

O Primeiro-Ministro Mari Alkatiri tem apelado pelos media para os peticionários regressarem a Dili para resolverem os problemas. O Sr. Alkatiri disse, “Em nome do Governo, apelo aos peticionários para regressarem, especialmente aos líderes dos peticionários. Pedi-lhes para regressarem para podermos encontrar a melhor solução juntos e mantermos a nossa unidade nacional.” O Diário National quota o Sr. Salsinha a dizer, “Se o Xanana ainda está calado, não me renderei porque só confio no Presidente Xanana visto que ele é o nosso Comandante Supremor” disse. (DN TP, STL))


Apresentador/Entrevistador: Sen. Lam
Entevistado: Ministro dos Estrangeiros de Timor-Leste José Ramos-Horta


RAMOS-HORTA: Deixe-me pôr as coisas no contexto. Dos quase 600 soldados despedidos, nunca houve mais de duzentos ou trezentos a participarem nas manifestações. E o seu comportamento da maioria foi pacífico. O resto nunca participou nas manifestações; já estavam nas suas aldeias há algumas semanas. E é isto que tenho tentado dizer aos media há muitos, muitos dias – a maioria dos soldados regressaram pacificamente às suas aldeias.

Portanto, por outro lado, dos que ficaram, por alto duzentos ou trezentos, mais de cem disseram ontem, que se querem entregar eles próprios à polícia.

LAM: Então o governo está num modo conciliatório? Tivemos relatos que as tropas do governo podem estar a persegui-los nas montanhas?

RAMOS-HORTA: É um absolute disparate. As tropas do governo já saíram, já entregaram o controlo dos subúrbios da cidade à polícia e as forças armadas estão acantonadas agora mais longe do distrito de Dili, somente para evitar qualquer possível regresso dos hooligans que foram responsáveis pelos estragos na Sexta-feira. Outra vez, enfatizo, os ex-militares, a grande maioria, com talvez muito poucas excepções, estiveram envolvidos nas pilhagens na capital.

LAM: E ministro, o governo no mês passado prometeu fazer qualquer coisa sobre as queixas dos soldados, mas falhou a resposta numa hora limited das 3 pm na Sexta-feira. Porque é que o governo até agora não foi capaz de arranjar uma resilução?

RAMOS-HORTA: Isso, outra vez, é um disparate absoluto. Era eu o líder da parte do governo encarregado de falar com os soldados despedidos, durante alguns dias. Tive conversas muito productivas com os soldados.

Contudo, naquele ponto percebi que os soldados tinham perdido o controlo da manifestação. Tinham permitido aquele grupo que liderou a violência de tomar o controlo da agenda. No dia antes da violência, tínhamos chegado a um acordo, tínhamos esboçado um comunicado, e o comunicado tinha já sido emitido, anunciando o estabelecimento de uma comissão de investigação, que tinha sido acordada comigo, pelos soldados despedidos. Contudo, na Sexta-feira, de manhã, somente 200 soldados permaneciam na área, a maioria já tinha partido. Os jovens, particularmente alguns hooligans, e os seus líderes, tinham tomado o controlo da manifestação, e foram eles os responsáveis pela violência. Portanto é um disparate absoluto dizer-se que o governo não tinha tomado uma decisão em relação às suas queixas. Uma comissão de investigação é uma comissão para investigar as alegações, e não para tomar uma decisão antes de ouvir todos os lados. (ABC net.au)

Ramos-Horta quer que a presença da ONU se mantenha

Timor-Leste quer que a Austrália faça lobby na ONU para se manter em Dili depois da missão corrente acabar.
O Ministro dos Estrangeiros de Timor-Leste José Ramos-Horta voará para New York esta semana para tentar convencer o conselho de segurança da ONU a manter a presença em Dili depois da sua presente missão politica chegar ao fim em 20 de Maio.
O pedido segue-se a motins na capital na semana passada, que deixaram cinco pessoas mortas.
O Dr Ramos-Horta tentou alistar o apoio da Austrália num telefonema com o Ministro dos Estrangeiros Alexander Downer.
"(Pedi-lhe) como amigo de Timor-Leste, como amigo pessoal para falar com a ONU em New York, com os Americanos para termos um esforço concertado," disse aos repórteres em Sydney.
Mr Downer indicou que a Austrália estava aberta para ajudar Timor-Leste a manter uma presença da ONU depois da operação corrente, conhecida como UNOTIL, terminar.
A Austrália tem correntemente três oficiais militares de ligação e quarto policies civis na operação da ONU.
“É uma decisão do conselho de segurança da ONU, apesar de irmos ter – sendo vizinhos da porta ao lado de Timor-Leste – um país que tem um peso considerável," contou Mr Downer à ABC Radio.
"Mas repare, há talvez um caso para a continuação da presença da ONU lá por mais algum tempo que de outro modo não haveria."
Mr Downer disse que a Austrália estaria disponível para discutir a situação com os USA e a Grã-Bretanha, e outros membros do conselho de segurança da ONU.
O SG da ONU Kofi Annan apoia a permanência de um pequeno gabinete da ONU em Timor por mais 12 meses, após o fim desta missão.
Apesar dos violentos ataques na semana passada, o governo Timorense não acredita que sejam necessários capacetes azuis – que saíram no ano passado - para garantir a segurança da nação.
"Não precisamos de nenhuma força policial maior, do que precisamos é da continuação dos conselheiros policiais para a nossa polícia," disse o Dr Ramos-Horta.
"Precisamos de forte assistência eleitoral, técnica e ... apoio legal porque temos uma eleição no próximo ano."
O Dr Ramos-Horta desvalorizou o significado dos motins na Sexta-feira.
O desassossego rebentou durante uma marcha de apoio aos quase 600 soldados despedidos em Março por terem desertado com queixas sobre discriminação entre os do leste e os do oeste de Timor-Leste.
"Temos que ver as coisas na perspectiva, apesar de tudo a violência durou não mais que uma tarde," disse à ABC Radio.
Confirmou que cinco pessoas morreram mas disse que a calma regressara à capital.
"A informação que obtive esta manhã é que mais de 100 dos jovens envolvidos na violência renderam-se à polícia," disse.
"Muitos dos soldados despedidos regressaram às suas aldeias e foram às autoridades locais da sua área.
"A situação hoje é absolutamente calma." (AAP)

Nove advogados, incluindo 4 portugueses, na defesa de Alkatiri

Lisboa, 14 Jul (Lusa) - Quatro advogados portugueses e cinco da Ásia e Austrália vão assegurar a defesa do ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri no processo sobre distribuição de armas a civis, disse hoje à Lusa Arnaldo de Matos.

Este advogado parte sábado, com José António Barreiros, para Díli, para acompanharem pessoalmente Mari Alkatiri à Procuradoria- Geral da República timorense, onde será ouvido no dia 20.

Segundo Arnaldo de Matos, ficam em Lisboa, para apoio, os advogados Germano Marques da Silva, penalista, e Miguel Galvão Telles, constitucionalista.

Após a chegada a Timor-Leste dos dois advogados portugueses, serão recrutados um advogado de Macau, um da Indonésia, um da Malásia, um da Austrália e um de Timor-Leste para integrarem a equipa jurídica, acrescentou.

Esta equipa jurídica tem como objectivo "ilibar o nome de Mari Alkatiri das atoardas que foram lançadas contra ele", disse Arnaldo de Matos, referindo-se às suspeitas levantadas sobre a responsabilidade do ex-primeiro-ministro timorense na distribuição de armas a civis, por ocasião dos incidentes violentos de Abril e Maio.

"Timor-Leste, como jovem Nação cujo nascimento teve a simpatia do mundo inteiro, decerto não levantará entraves a que a defesa de Mari Alkatiri seja acompanhada por advogados internacionais", disse ainda o advogado.

Também José António Barreiros, em declarações anteriores, mostrou-se esperançado em que "a justiça possa funcionar de modo independente".

"(Ó) Timor, como jovem democracia que é, só se prestigiará aos olhos do mundo se demonstrar que é um Estado de Direito, para isso terá que deixar a justiça funcionar de modo independente", disse o advogado, realçando que se trata de "um processo judicial e não um processo político".

Mari Alkatiri demitiu-se de primeiro-ministro no dia 26 de Junho, no termo de um "braço-de-ferro" com o Presidente timorense Xanana Gusmão.

A crise política e militar de Timor-Leste começou com a deserção de um terço do exército, por alegada discriminação da hierarquia, a que se seguiu a desorganização das forças de defesa e de segurança, que chegaram a confrontar-se violentamente, suscitando a necessidade de entrada no país de forças militares e policiais estrangeiras.

OM/AR Lusa/Fim

À volta do Golpe com a trombeta de Miles Davis

Tradução da Margarida:

http://www.parasindonesia.com/read.php?gid=386

Naquela noite aprendi a deixar de lado os meus blues. A trombeta de Miles Davis enche o ar, "Song Of Our Country" (canção do nosso país) do album SKETCHES OF SPAIN. Então subitamente através de SMS, Rico Aditjondro, editor de Paras Indonesia, "Amigo, podias escrever qualquer coisa acerca do PM José Ramos-Horta, por favor!".


Nos dois últimos meses de confusão que caiu neste pequeno país, só consegui escrever dois artigos, gravar algumas filmagens em mini-DV e escrever algumas palavras que ainda estão para ser um poema.


O silêncio escorrega do tambor duma pistola / Sombras escuras caem sobre Ponte Cais / Cada um carrega o seu próprio esquife / Para Santa Cruz.


E lá, em 1991, no Cemitério de Santa Cruz, Max Stahl gravou um evento. Soldados Indonésios atacaram brutalmente centenas de jovens que queriam Timor-Leste independente. Agora no muro do cemitério perto do Cemitério dos Heróis abandonado pela Indonésia, há um graffiti a desaparecer, “quando é que acaba o sofrimento dos Timorenses,” e numa pedra tumular, "Viva Alfredo e Salsinha", "Alfredo Loromonu". Obrigada Mbak Ati Nurbaiti do The Jakarta Post e Nug Katjasungkana que fotografaram ambos.


O major Alfreido Reinado é um seguidor de Xanana e um dos líderes rebeldes que forçaram Mari Alkatiri a resignar. O Tenente Gastão Salsinha é o porta-voz dos 591 soldados peticionários que foram despedidos pelo comandante das Falintil-FDTL por razões disciplinares, por se ausentarem sem licença oficial.


"Não acredito em democracia. Quero uma ditadura como a do tempo de Salazar," disse Antero Rodrigues a semana passada quando o visitámos em Lospalos para se livrar de rumores e mentiras que proliferavam em Dili. Dois dos seus filhos, Paula e Nuno Rodrigues, tornaram-se alvos de multidões furiosas que conspiravam para derrubar o Primeiro-Ministro Mari Alkatiri.


Com certeza que não há nada de errado com a democracia. E Antero Rodrigues é um dos da geração de 75 que viveu três eras diferentes – o colonialismo Português, a ocupação Indonésia e o Timor-Leste independente. A sua filha é uma produtora executiva na estação nacional de rádio e televisão RTTL. Juntamente com os seus repórteres, foram procurados por um grupo de pessoas por causa de terem emitido uma manifestação da Fretilin pro-Alkatiri.


Os serviços de informações também mandaram alguns ‘sms’ ao Primeiro-Ministro quando descobriram que alguns jovens no Farol olhavam umas coisas. Hoje em dia, por causa da falta de emprego, todos tentam safar-se na vida. Tentamos aproximarmo-nos dos que têm dinheiro. Todos podem ver que isto acontece no nosso país.
- O discurso de Xanana em 22 de Junho, 2006


O filho de Antero, o activista e escritor Nuno Rodrigues, é o director de um instituto de educação popular em Farol, Dili que apoiou políticas de Alkatiri. Foi mais tarde acusado de dar dinheiro a manifestantes pro-Alkatiri. Dois colegas da Fretilin de Lospalos que trabalham com o grupo de ambiente Haburas (também localizado no Farol) - Pedrito Vieira e Maleve – foram acusados de possuírem armas. O indonésio Nug Kantjasungkana, um activista do Forum da Solidariedade para Timor-Leste, na Indonésia (Fortilos) que tem residido permanentemente em Dili, foi acusado de guardar a arma de Maleve no seu quarto em Farol, arrendado para ele pela Associação HAK.


A ditadura é algo aterrorizador, e Alkatiri foi forçado a resignar através de meios não democráticos. Há duas semanas, quando entravam em Dili, perto de Bidau, grupos de apoiantes de Alkatiri foram esperados por uma manifestação rival. "Eles trazem armas e vão matar-nos," disseram os membros do grupo anti-Fretilin aos soldados Australianos. Em Becora, um gang anti-Fretilin armava-se com flechas.


A caravana pro-Alkatiri acenava as mãos por cima dos autocarros e camiões que os transportavam de Metinaro. Um grupo de jovens anti-Fretilin começou a arrasar os quiosques ao longo da Estrada de Bidau. A alguns deitaram fogo. Antes, gritavam, "Viva Xanana Gusmão!"


Sim, não há nada de errado com a democracia, e a ditadura é algo de aterrorizador. Porque Alkatiri é um árabe e um muçulmano, os manifestantes anti-Fretilin gritavam "Alkatiri terrorista". Porque durante 24 anos Alkatiri esteve no exílio em Moçambique para angariar apoio para a independência de Timor-Leste de países da África e do Médio Oriente, Alkatiri foi denunciado como sendo "Comunista Moçambicano " e "Alkatiri não é Timorense". Mas, Alkatiri permanece Alkatiri – fundador da Fretilin que nos anos 1970 com José Ramos-Horta criou o movimento clandestino para se opor ao colonialismo Português. Esteve com os que formularam a Magna Carta do CNRT.


Nessa noite, antes de Rico ter mandado o seu SMS e antes da trombeta de Miles Davis ter enchido o ar, vi a cerimónia de tomada de posse de José Ramos-Horta no noticiário da RTTL. "Não sou um Primeiro-Ministro eleito pelo povo. Fui nomeado pelo Presidente e pelo partido maioritário, a Fretilin," disse o Primeiro-Ministro José Ramos-Horta no seu discurso de tomada de posse no Palácio das Cinzas. Entre os que participaram estavam membros do Parlamento, personalidades estrangeiras, e o Comandante Railos (que acusou Alkatiri de lhe dar armas para matar os rivais políticos do antigo PM).


A esta cerimónia contudo só foram alguns dos grupos da oposição (além de pedirem a resignação de Alkatiri, também pediram que o Presidente Xanana Gusmão dissolvesse o parlamento e imediatamente formasse uma 'junta' , um parlamento de Unidade Nacional).


A nomeação do PM José Ramos-Horta, um laureado do Nobel e um apoiante da Guerra do Iraque, foi um compromisso político entre a maioritária Fretilin e o Presidente Xanana Gusmão. Ramos-Horta governará oito meses para continuar o governo de Alkatiri; o que recusou a dívida ao Banco Mundial; o que foi inflexível com a Austrália sobre as riquezas do petróleo e do gás no Timor Gap; o que embarcou numa cooperação bilateral com Cuba trazendo médicos Cubanos para Timor-Leste e enviando centenas de estudantes para estudar medicina em Cuba. Alkatiri também aborreceu a pequena comunidade pequeno-burguesa de Timor-Leste que queria que o sector privado fosse considerado como uma prioridade de desenvolvimento, e que por isso os fundos do petróleo fossem canalizados para os seus interesses.


"Consultarei o Presidente e a Fretilin que me propuseram," disse Ramos-Horta mais adiante no discurso. Quanto ao orçamento entregue no parlamento, foi o orçamento feito por Alkatiri antes de ser forçado a sair. Ramos-Horta será assistido por dois vices, Estanislau da Silva (Fretilin) e Rui Maria de Araújo (independente), que também foram sugeridos pela Fretilin.


Como foi dito por muitos, Ramos-Horta é na verdade o favorito da Austrália, do Banco Mundial e do FMI. Inicialmente, grupos da oposição e soldados rebeldes também apoiaram a sua nomeação. Seria talvez um movimento demasiado arriscado para Xanana Gusmão dissolver o Parlamento e formar uma junta. È mesmo imaginável o que poderia ter acontecido se Xanana tivesse decidido rasgar a constituição, formar um governo da junta e deixar de lado a Fretilin que controla mais de metade dos lugares no Parlamento – como o Chile na era de Pinochet?


Desculpa, amigo, não quero escrever muito acerca deste novo primeiro-ministro. Por agora prefiro ficar calado e ouvir mais. Porque há duas semanas atrás os soldados rebeldes e os círculos da oposição cantavam que "somente o Presidente Xanana Gusmão e José Ramos-Horta são capazes de resolver esta crise!"


Mas a maré mudou. Mesmo agora, os media de massas, os grupos de aposição (através do líder do Partido Democrata, Fernando 'Lasama' de Araújo) e os soldados rebeldes (Major Tara e companhia) dizem que o governo de Ramos-Horta é ilegal e inconstitucional porque é simplesmente a continuação do governo de Alkatiri. Alguns até dizem que Ramos-Horta é também membro da clique de Maputo (Moçambique). Grupos de empresários também já exprimiram o seu desgosto a Estanislau da Silva que foi nomeado vice-primeiro-ministro.


Entretanto, dezenas de milhares de pessoas que deixaram as suas casas (algumas queimadas e pilhadas) continuam deslocadas em campos de refugiados. Os grupos que conspiraram para derrubar Alkatiri enfrentam agora uma nova realidade: há uma bala a fazer ricochete?


Realmente, amigo! Conheço muito pouco sobre a continuação deste novo regime. Só quero aprender como manter longe os meus blues, apaixonar-me outra vez e pensar nos nossos amigos enquanto escuto a trombeta de Miles Davis. Esta vez do KIND OF BLUE, "So What?" (E então?).


Rahung Nasution

Poema triste

Por que calcas meu solo ?
Por que matas minha gente ?

Meus verdes alcantilados,
minhas azuis montanhas
querem a paz,
a paz que todos queremos.

Minha aldeia sossegada beija os aromas puros das minhas humildes montanhas que querem a paz,para no silêncio e na paz construir a paz.

Porque tu,
com tanto progresso técnico,
tens inveja daquilo
que eu não tenho,
não possuo,
mas quero ser.

Ser como o Senhor me fez,
nascer com a paz,
viver na paz
e dormir sonhando a paz ! ...

Quem acredita que eles não matam,
não assassinam !

Quem crê que eles querem construir na guerra,
com o cano das suas armas,
a minha aldeia.

Minha natureza contempla,
em silêncio, suas obras.
As cascatas das águas nascentes
das minhas montanhas levam os males

que eles cometeram,
para assim dar ao mundo,
aos fortes,
a honra e a glória !

Eu, no meu silêncio, choro
para que meus choros não ultrajem
a honra dos grandes.
Falo sem nada dizer
para que meus vizinhos me não gritem.
Acredito que a Paz existe para mim,
morrendo ! ...

Fitun Fuik

.

Um minuto de silêncio

Calai

Montes

Vales e fontes
Regatos e ribeiros
Pedras dos caminhos
E ervas do chão,

Calai
Calai

Pássaros do ar
E ondas do mar
Ventos que sopram
Nas praias que sobram
De terras de ninguém,

Calai
Calai

Canas e bambus
Árvores e "ai-rús"
Palmeiras e capim
Na verdura sem fim
Do pequeno Timor,

Calai
Calai
Calai-vos e calemo-nos

POR UM MINUTO

É tempo de silêncio
No silêncio do tempo
Ao tempo de vida
Dos que perderam a vida

Pela Pátria
Pela Nação
Pelo Povo
Pela Nossa
Libertação

Calai - Um minuto de silêncio...

Francisco Borja da Costa (1946-1975).

Entrevista Expresso - Mari Alkatiri

Transcrição (pela Margarida) do Expresso, por não estar on-line:

Ex-primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri diz que, apesar do novo Governo, não é possível falar-se de um novo cicço no país

“NA RAIZ DO CONFLITO ESTÁ O PETRÓLEO”

Luísa Meireles, Expresso, 15/07/06

Às perguntas sobre a crise recente, o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri diz que ainda “não chegou o tempo para escrever as memórias”. È cauteloso com a Austrália e acha que o novo Governo tem pouco tempo para mudar políticas.

Luísa Meireles: Vai prestar declarações na próxima semana pelo seu alegado envolvimento na entrega de armas à população e a alguns grupos organizados, entre eles o de Vicente da Conceição o Railós?

Mari Alkatiri: Fui eu próprio que solicitei essa audiência o mais cedo possível para esclarecer todo o assunto. A minha resposta será baseada na lei e na verdade. Não tenho interesse em comentar alegações, que são tudo menos a verdade.

Luísa Meireles: Mas o seu ex-ministro do Interior, Rogério Lobato, confessou que se encontrou com o grupo do Railós e que distribuiu armas…

Mari Alkatiri: Eu também recebi o Railós no dia 8 de Maio, mas noutro contexto completamente diferente. Não tinha nada a ver com armas, mas com a organização do Congresso do Partido e com a actividade deles, antigos combatentes, apoiarem o Governo no sentido de diluir a contradição que já estava a esboçar-se entre os chamados Lorosae e Loromonu.

Luísa Meireles: E como justifica a iniciativa do ex-ministro?

Mari Alkatiri: Ele fez os seus depoimentos junto do tribunal, não os comento.

Luísa Meireles: Mas o que justificava a distribuição de armas na Fretilin e a constituição de grupos armados?

Mari Alkatiri: Desafio quem quer que seja que prove que havia armas na Fretilin por todo o lado. Não havia, nem há. A Fretilin nunca distribuiu armas nem nunca distribuirá.

Luísa Meireles: Poderia ter agido de outra maneira em relação aos “peticionários”?

Mari Alkatiri: Se não tivesse havido outras instituições, órgãos de soberania a envolver-se em primeiro plano nesta questão, se desde o início ela tivesse sido entregue ao Governo para ser resolvida, tenho a certeza que sim.

Luísa Meireles: Está a referir-se a Xanana?

Mari Alkatiri: A história dirá.

Luísa Meireles: Durante a crise, sempre disse que estava em curso um golpe constitucional contra o seu Governo. O golpe consumou-se?

Mari Alkatiri: Está em marcha, porque ainda há a exigência de dissolução do Parlamento e de realizar eleições antecipadas, exigências essas que vêm dos mesmos autores das manifestações.

Luísa Meireles: Como fundamenta a existência deste golpe?

Mari Alkatiri: Ainda não é tempo de escrever as minhas memórias.

Luísa Meireles: Alguma vez se sentiu em risco de vida?

Mari Alkatiri: Sim, mesmo agora sinto que a minha vida está a ser defendida por protecção australiana. Naturalmente que o risco vai diminuindo.

Luísa Meireles: Ao demitir-se, sentiu que perdeu uma “guerra”?

Mari Alkatiri: Perder uma batalha não significa perder a guerra. Mas eu não considero isto uma guerra. O mais importante é conseguir o que se conseguiu, voltar ao clima de esperança, paz e estabilidade.

Luísa Meireles: A tomada de posse do novo primeiro-ministro abre um novo ciclo político em Timor?

Mari Alkatiri: Ainda não é possível falar de um novo ciclo com um Governo que só vai durar nove meses. Espero que seja uma gravidez bem sucedida e que o parto não seja tão doloroso.

Luísa Meireles: Os objectivos estratégicos da política timorense vão mudar?

Mari Alkatiri: O Governo vai implementar e executar o plano anual de acção e o orçamento que já tinham sido aprovados pelo meu Governo.

Luísa Meireles: No seu discurso de tomada de posse, Ramos-Horta apela a que a Igreja reassuma o seu papel na educação. É um sinal de mudança em relação à sua política.

Mari Alkatiri: Se tivesse havido alguma vez alguma tendência para retirar à Igreja o seu papel, poder-se-ia pensar que existe uma mudança. Agora, quando se tenta atribuir ao meu Governo alguma intenção de reduzir o papel da Igreja, isso eu recuso-me a aceitar.

Luísa Meireles: Acha que é um “mal-amado” da Igreja?

Mari Alkatiri: Eu sou mal-amado por muitos, ou porque não sou entendido, ou porque, realmente, não sou um técnico de relações públicas. Sou uma pessoa fria, alguns chamam-me sisudo. São os meus defeitos. Mas recebi a governação de um país com déficeorçamental e deixo-o com um “superavit” Bastante grande.

Luísa Meireles: Mas mergulhado em grandes problemas internos.

Mari Alkatiri: Talvez por causa disso mesmo. Se continuasse com défice, se calhar, ninguém ambicionava vir para o poder.

Luísa Meireles: A raiz do conflito tem a ver com com a riqueza que se supõe haver, o petróleo?

Mari Alkatiri: Não tenho dúvidas.

Luísa Meireles: Há quem faça a ligação destes acontecimentos ao interesse australiano de o afastar a si. Será diferente com Ramos-Horta?

Mari Alkatiri: Não sei. Como primeiro-ministro procurei defender até às últimas consequências os interesses do meu povo. Liderei as negociações sobre as riquezas e os recursos do mar de Timor-Leste, que ninguém pode negar que foram bem sucedidas e estou orgulhoso disso. Consegui fazer de Timor um país absolutamente viável, um Estado sustentável, em apenas quatro anos de governação.

Luísa Meireles: A Austrália pretende fazer de Timor um protectorado?

Mari Alkatiri: Nunca acusei o Governo australiano de nada, nem pretendo fazê-lo. Agora, ninguém pode negar, que nos últimos dois ou três meses, toda a comunicação social australiana se esforçou por me demonizar. Tudo parecia concertado.

Luísa Meireles: Pensa que há algum tipo de influência da Austrália sobre Xanana?

Mari Alkatiri: A exigência da minha demissão por parte do Presidente teve como base um programa da televisão australiana.

Luísa Meireles: Poderá haver mudanças de política nas relações com Portugal?

Mari Alkatiri: Este Governo terá nove meses de vida e não é em nove meses que se fazem mudanças estruturais. E não creio que as pessoas que estão no Governo, incluindo o Presidente da República, sejam antiportugueses.

Luísa Meireles: Está a preparar o seu regresso?

Mari Alkatiri: A minha função agora é reforçar o partido, reorganizá-lo e prepará-lo para 2007. Não tenho que me recandidatar e, “tirem o cavalo da chuva”, que nunca me candidatarei à Presidência da República.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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