quinta-feira, julho 20, 2006

Declarações de Mari Alkatiri na PRG

Termo de identidade e residência para Alkatiri

Mari Alkatiri foi sujeito a termo de identidade e residência após ter sido ouvido pela Procuradoria-geral da República timorense. Os advogados do ex-primeiro-ministro disseram que a audiência decorreu com «bastante simplicidade» e que Alkatiri foi «tratado com dignidade»

O Ministério Público de Timor-Leste aplicou a medida de coacção de termo de identidade e residência a Mari Alkatiri no âmbito do processo de alegada distribuição de armas a civis.

A aplicação desta medida surgiu após o ex-primeiro-ministro ter sido ouvido durante cerca de duas horas na Procuradoria-geral da República, no bairro de Caicoli, na capital timorense, Díli.

Os advogados do ex-chefe de Governo manifestaram «prudente optimismo» no desfecho deste processo-crime em que Alkatiri foi constituído como arguido.

Em declarações à agência Lusa e à RTP, José António Barreiros explicou que a audição do ex-primeiro-ministro timorense decorreu com «bastante simplicidade» e que por isso há a confiança de que a «justiça vai continuar».

«Timor-Leste demonstrou que se pauta pelo critério de legalidade e uma jovem nação só se credibiliza se seguir o Estado de Direito e da legalidade», acrescentou o advogado.

Por seu lado, Arnaldo Matos adiantou que Mari Alkatiri foi «tratado com dignidade pelo Ministério Público» e que o ex-chefe de Governo «respondeu a tudo o que lhe foi perguntado, rejeitando os factos que lhe são imputados».

«Respondeu a tudo e expressou o seu ponto de vista, segundo o qual não tem nenhuma responsabilidade e culpabilidade nesses actos», concluiu.

A aplicação desta medida não impede que Alkatiri não saia de casa ou do país, contudo, terá sempre de comunicar previamente o que tenciona fazer, indicando a forma de ser contactado, em caso de necessidade judicial.

À saída do tribunal, e apesar das fortes medidas de segurança montadas pelos militares australianos, cerca de meia centena de pessoas concentraram-se à saída Procuradoria-geral da República gritando palavras de ordem contra Alkatiri.

Na concentração, que foi organizada pela auto-denominada Liga dos Estudantes Pró-Reforma, foram ainda gritadas outras palavras de ordem exigindo o junto do antigo primeiro-ministro timorense que se demitiu a 26 de Junho.

Processo-crime contra Rogério Lobato vai prosseguir - advogados

Díli, 20 Jul (Lusa) - O processo-crime aberto contra o ex- ministro do Interior Rogério Lobato por alegado envolvimento na distribuição de armas vai prosseguir porque a juíza indeferiu um requerimento da defesa para que fosse considerado nulo e sem efeito.

Segundo os advogados de Rogério Lobato, Paulo Remédios e Luís Mendonça de Freitas, a juíza indeferiu o requerimento, respondendo que ao contrário do que foi invocado pela defesa, o Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, "não teve qualquer intervenção no processo".

Rogério Lobato requereu no passado dia 14 a nulidade do processo aberto contra si, com base em acusações de um veterano da luta de resistência contra a ocupação indonésia, e fundamentou o seu pedido invocando uma "declaração de incompetência" de Longuinhos Monteiro.

O ex-ministro considerou no seu requerimento que o mandato de Longuinhos Monteiro, iniciado em Novembro de 2001, teria já caducado, pelo que todos os actos processuais e jurídicos em que ele tivesse sido interveniente deveriam ser considerados nulos e sem efeito.

"No requerimento pediu-se a nulidade dos actos praticados pelo senhor Longuinhos Monteiro, com o correspondente arquivo do processo, a anulação das medidas de coacção e a extracção de uma certidão para exigência posterior de uma indemnização", disseram à Lusa, no passado dia 17, os dois advogados à Lusa.

No entendimento de Paulo Remédios e Luís Mendonça de Freitas, como Longuinhos Monteiro foi nomeado PGR pela Administração Transitória da ONU, em 2001, com um mandato de três anos, e apesar da Constituição de Timor-Leste, aprovada em 2002, prever um mandato de quatro anos a contar do início do exercício das funções, todos os actos jurídicos e processuais efectuados além de 2005 deveriam ser considerados nulos e sem efeito.

Todavia, a juíza indeferiu o requerimento, argumentando que Longuinhos Monteiro não teve qualquer intervenção neste processo- crime, no qual também o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri figura igualmente como arguido.

Lobato e Alkatiri foram acusados por Vicente da Conceição "Railos", veterano da luta de resistência, de terem distribuído armas a civis com o objectivo de eliminarem adversários políticos do ex- primeiro-ministro, dentro e fora da FRETILIN, o partido maioritário em Timor-Leste, e que é liderado por Mari Alkatiri.

Alkatiri foi hoje ouvido durante cerca de duas horas e foi-lhe imposta a medida de coacção mais branda do Código de Processo Penal, o Termo de Identidade e Residência.

Rogério Lobato foi ouvido já duas vezes, a 22 de Junho e 01 de Julho, sobre a alegada distribuição de armas a civis, e está actualmente proibido de abandonar a sua residência, por razões de segurança pessoal.

Segundo o Ministério Público, Lobato e Alkatiri são acusados de quatro crimes: conspiração, tentativa de revolta, posse ilegal de armas e associação criminosa, pelos quais arriscam uma pena de 15 anos de cadeia.

Na sequência das acusações de "Railos", e no âmbito da crise político-militar desencadeada em finais de Abril, Mari Alkatiri pediu a demissão do cargo de primeiro-ministro, cedendo num "braço de ferro" com o Presidente Xanana Gusmão, que exigiu que o então chefe de governo "assumisse as suas responsabilidades".

Longuinhos Monteiro foi empossado por Xanana Gusmão para um mandato de quatro anos na Procuradoria-Geral da República, no passado dia 17.

EL.

Advogados de Mari Alkatiri manifestam "prudente optimismo"

Díli, 20 Jul (Lusa) - Os advogados do ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, a quem foi aplicada a medida de coacção de Termo de Identidade e Residência (TIR), manifestaram hoje "prudente optimismo" no desfecho do processo-crime em que este foi constituído arguido.

Mari Alkatiri foi acusado de ter ordenado ao seu ex-ministro do Interior, Rogério Lobato, a distribuição de armas para a eliminação dos seus adversários políticos, dentro e fora da FRETILIN, partido maioritário em Timor-Leste, de que é secretário-geral.

O ex-primeiro-ministro foi hoje ouvido durante cerca de duas horas na Procuradoria-Geral da República pelo Procurador-geral adjunto Luís Mota Carmo, e no final, em declarações à Lusa e à RTP, os seus advogados, José António Barreiros e Arnaldo Matos, sublinharam a "simplicidade e a dignidade" registada na audição.

"Foi um acto que decorreu com bastante simplicidade. Estamos com prudente optimismo e confiamos que a justiça vai continuar", salientou José António Barreiros.

"Timor-Leste demonstrou que se pauta pelo critério da legalidade e uma jovem nação só se credibiliza se seguir o Estado de Direito e da legalidade", frisou.

"A audição foi um acto processual que decorreu com grande dignidade. (Mari Alkatiri foi) tratado com dignidade pelo Ministério Público. Respondeu a tudo o que lhe foi perguntado, rejeitando os factos que lhe são imputados. Respondeu a tudo e expressou o seu ponto de vista, segundo o qual não tem nenhuma responsabilidade nem culpabilidade nesses actos", acrescentou Arnaldo Matos.

O processo-crime em que Mari Alkatiri e Rogério Lobato foram constituídos arguidos compreende a prática de quatro crimes:

associação criminosa, posse ilegal de armas, conspiração e tentativa de revolução, que prevêem pena de prisão até 15 anos.

Rogério Lobato, que já prestou declarações à juíza de investigação, encontra-se sob a medida de coacção de obrigatoriedade de permanecer em casa, por razoes da sua própria segurança.

A medida de coação executada ao ex-primeiro-ministro timorense é a que é legalmente obrigatória, segundo o Código de Processo Penal, aplicada a quem seja constituído arguido em qualquer processo-crime.

Com a aplicação do TIR, Mari Alkatiri não fica interditado de sair de casa ou mesmo do país, mas terá de comunicar previamente que o tenciona fazer, indicando a forma de ser contactado, em caso de necessidade de notificação judicial.

Depois de ser ouvido, Mari Alkatiri regressou à sua residência, sendo confrontado, à saída das instalações do Ministério Público com uma concentração hostil, em que cerca de 50 pessoas, da auto- denominada Liga dos Estudantes Pró-Reforma, que exigiram a sua prisão e posterior julgamento.

Apesar das fortes medidas de segurança aplicadas pelos militares australianos, que interpuseram vários blindados no controlo dos acessos, os manifestantes puderam concentrar-se e gritar palavras de ordem, sem que se tivessem registado incidentes.

A distribuição de armas a civis foi um dos episódios que marcou a crise político-militar em Timor-Leste, desencadeada em finais de Abril com a deserção de cerca de 40 por cento das forças armadas.

Os actos de violência alargaram-se para áreas fora de Díli, tendo resultado na desintegração da Polícia Nacional e em divisões no seio das forças armadas, e ainda na actividade de grupos de civis armados, de que resultou a morte de 30 pessoas e mais de 150.000 deslocados, distribuídos por vários campos de acolhimento, a maior parte dos quais na capital.

Em consequência desta crise, que assumiu contornos institucionais, Mari Alkatiri demitiu-se do cargo em 26 de Junho, sucumbindo a um "braço de ferro" com o Presidente Xanana Gusmão, tendo sido substituído na chefia do governo por José Ramos Horta.

EL.

Esclarecimento


Termo de identidade e residência

Significa que tem liberdade de movimentos, mas que tem de comunicar para onde deve ser notificado. É o procedimento que se aplica para todos aqueles que são arguidos num processo.

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Alkatiri ouvido na PGR durante cerca de duas horas

Díli, 20 Jul (Lusa) - O ex-primeiro-ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri foi hoje ouvido durante cerca de duas horas na Procuradoria- geral da República sobre o seu alegado envolvimento na distribuição de armas a civis.

Á saída não foram prestadas declarações à imprensa, nem pelos advogados nem pelo ministério público.

Apesar das fortes medidas de segurança montadas pelos militares australianos, cerca de 50 pessoas concentraram-se à saída da Procuradoria-geral da República, gritando palavras de ordem contra o antigo chefe de governo timorense.

Os manifestantes, que estenderam vários panos com dizeres a exigir a prisão de Alkatiri, gritaram palavras de ordem a exigir o julgamento do ex-primeiro ministro.

A concentração foi organizada pela auto-denominada Liga dos Estudantes Pró-Reforma.

Alkatiri foi acusado por Vicente da Conceição "Railos", veterano da resistência contra a ocupação indonésia, de ter ordenado ao seu ex- ministro do Interior, Rogério Lobato, a distribuição de armas para a eliminação dos seus adversários políticos, dentro e fora da FRETILIN, partido maioritário em Timor-Leste, de que é secretário-geral.

Rogério Lobato, que já prestou declarações à juíza de investigação, encontra-se sob a medida de coacção de obrigatoriedade de permanecer em casa, por razoes da sua própria segurança.

O processo compreende a prática de quatro crimes: associação criminosa, posse ilegal de armas, conspiração e tentativa de revolução, que prevêem pena de prisão até 15 anos.

EL.

Termo de identidade e residência para Mari Alkatiri

Díli, 20 Jul (LLusa) - O ministério público de Timor-Leste aplicou a coacção de termo de identidade e residência ao ex-primeiro- ministro Mari Alkatiri no âmbito do processo em que figura como arguido na alegada distribuição de armas a civis.

O anúncio foi feito pelo Procurador-geral adjunto, Luís Mota Carmo, depois de ter ouvido o ex-primeiro-ministro durante cerca de duas horas na Procuradoria-geral da República, no Bairro de Caicoli.
...
EL

Sobre tudo isto

Parece difícil atribuir os incidentes de Abril 2006 a conflitos tribais, dado que eles parecem ter-se esgotado em Junho 1959, sem qualquer registo posterior de lutas intertribais.

O poder dos régulos

O poderio dos régulos e liurais esmoreceu e já em 1975 era pouco mais do que simbólico. A divisão administrativa colonial portuguesa fizera esbater esta tradicional divisão dos povos de Timor, e, posteriormente, com a ocupação indonésia parece ter-se esfumado de vez. O que não desapareceu porém foi a animosidade ancestral entre o oeste e o leste, tanto mais que agora surge enriquecida pela dicotomia de resistência activa contra a Indonésia representada pela Falintil e pelos povos de leste contra os povos de oeste, associados ao colaboracionismo com
o invasor. Desde a proclamação da independência que se ouvem queixas dos antigos guerrilheiros e aqui cremos que o Estado falhou totalmente por menorizar estas queixas e deixá-las latentes nos milhares de soldados guerrilheiros compulsivamente passados a uma reforma sem benefícios fiscais ou económicos e sem ocupação ou treino para ocuparem a sua posição dentro da nova sociedade democrática timorense.

A má divisão da atribuição dos postos

A má divisão da atribuição dos postos de comando e chefia militares a pessoas Loromonu em detrimento dos Lorosae tem ab initio um certo fundamento nas queixas que motivaram os incidentes que levaram em Fevereiro à saída de mais de 500 militares, prontamente
demitidos por abandono do cargo. Cremos que o governo subestimou a real dimensão do problema e se serviu duma legitimação legalista para a levar a cabo sem se aperceber da caixa de Pandora que poderia estar a abrir. Houve inacção e incúria e até uma certa forma sobranceira de tratar o problema. O Presidente Xanana depois de ouvir os descontentes mostrou que estava a favor doutro tipo de solução, mas o governo permaneceu mudo e firme na sua decisão de não os reintegrar. Até aqui verificaram-se dois factos apenas: descontentamento por origem étnica e por motivos de privilégio aos Loromonu.

Golpe de Estado

Não havia ainda de facto nenhuma tentativa de golpe de estado. Só quando os autoproclamados lideres militares rebeldes (ou meramente desertores?) intensificam as suas exigências, após a criação duma Comissão de Inquérito, e pedem a cabeça do governo ou a demissão do mesmo, obviamente com o apoio de forças externas como foi dito por Mari Alkatiri, se pode começar a falar de tentativa de golpe de estado. O plano B certamente apoiado pelos EUA, Austrália e outros confiava que a candidatura do embaixador José Luís Guterres tivesse um amplo apoio das bases da Fretilin, o que não aconteceu.

Vitória de Alkatiri e ódio da Austrália

Foi um fracasso total e veio reforçar ainda mais a liderança do primeiro-ministro (sempre tão odiado pela Austrália que jamais lhe perdoa as duras negociações para a exploração do petróleo e a sua firmeza em não abdicar duma linha de crescimento económico lenta mas segura). Nesta altura já as tropas australianas estavam em fase adiantada de preparativos para uma "invasão pacífica" de Timor a pedido deste jovem país. Não se contesta que as coisas chegaram a um ponto em que era forçoso pedir a ajuda do exterior para terminar com os conflitos entre exército e polícia, ao longo das mesmas margens de divisão que atrás se mencionaram. A rapidez da chegada das tropas australianas só veio comprovar que o seu estado de alerta para intervir se tinha precipitado com a vitória esmagadora de Mari Alkatiri no Congresso da Fretilin.

Sombrio silêncio de Xanana

Nesta ocasião esperava-se muito mais do sábio Xanana que se limitou a uma ou outra pálida intervenção e preferiu manter-se na sombra, em vez de vir a terreiro clarificar as águas. Sei que muitos em Portugal atribuem a Xanana qualidades mais próprias dum santo do que dum ex-guerrilheiro mas decerto a maioria não estava preparada para o ver apenas como um home como ele veio a demonstrar ao longo desta fase do conflito.

Ambicioso líder timorense

Por seu turno, quem não perdera tempo a demarcar-se e a criticar o governo foi Ramos Horta, esse sempre ambicioso líder timorense para quem o cargo de Secretário-Geral da ONU é o mínimo a que se acha com direito. Manobrando os bastidores, e, posteriormente avistando-se com os militares revoltosos e traidores ao seu juramento perante o Estado veio a conseguir preencher o vácuo de Xanana e a intransigência do governo.

Máquina de desinformação australiana

Nessa altura já toda a máquina da desinformação da comunicação social australiana cujo interesse no petróleo não pode ser descurado, aliados à sua velha antipatia por Mari Alkatiri, estava pronta a levar a tentativa de golpe de estado a uma fase mais avançada. E aqui entra o elemento indonésio até então silencioso: os jovens armados de catanas e armas ligeiras a repetirem as façanhas de 1999, pegando fogo a casas, roubando documentos das
repartições (sabendo bem o que queriam como por exemplo as provas que implicavam o general Wiranto nas atrocidades de então) e criando o pânico em vários bairros da cidade de Díli.

A história do petróleo e a prisão de Eurico Guterres podem ter mais a ver com isto do que a mera antipatia que todos parecem agora sentir contra Mari Alkatiri.

Interesses geo-estratégicos e o petróleo

Depois, temos de juntar os interesses geoestratégicos que já estiveram no cerne da invasão de 7 Dezembro de 1975, e o petróleo. Houve 21,5% de apoiantes da integração na Indonésia e esses estão insatisfeitos com a independência, com a política de Alkatiri que (eles nunca viram como seu, já o não viam como seu em 1973...) apesar desta ser elogiada por Paul Wolfowitz (que não é nenhum santo...embora também não seja como Kissinger ou Ford em 7 Dez 75). Estes 21,5% da população revêem-se mais em Eurico Guterres e não é coincidência estes ataques surgirem logo após aquele ir para a cadeia. Há ainda militares e uma pequena franja política indonésia que apoia Guterres e não perdoa a independência e há muitos timorenses desejosos de os ajudar.

Imprevisão dos líderes timorenses

Foi pena que os líderes (Alkatiri, Horta, Xanana e Roque Rodrigues) não tivessem visto isto a aproximar-se como um tsunami e pensassem que eram apenas umas ondas que a nova democracia resolveria...

Quem são os líderes revoltosos?

Como escrevia Henrique Correia em 31 de Maio de 2006:
"Estes senhores Reinado e Salsinha foram eleitos por quem? Qual é a autoridade deles para exigirem a demissão do 1º Ministro?
O País não pode ser governado na rua. Espero que os líderes timorenses não cedam a estas pretensões absurdas.

Estamos a assistir à repetição da novela "CPD-RDTL"

Se esses senhores não gostam do Mari Alkatiri, então formem um novo partido para concorrer às próximas eleições, daqui a um ano, ou votem num dos partidos já existentes que se opõem à Fretilin.
Assim é que se faz num país democrático. Se eles preferem outro tipo de regime em que sejam eles a mandar, então vão para outro país, que há por aí muitos assim, ou mudem-se para a ilha Fatu Sinai e declarem a independência. O rei seria D. Alfredo I, o "almirante".

Quem é este comandante Reinado?

Foi capturado pelas tropas indonésias em 1975, e foi colocado como servente ou carregador no exército indonésio nas Celebes (Sulawesi) e Kalimantan antes de escapar para a Austrália. Arranjou emprego como estivador nas docas da Austrália Ocidental onde esteve durante nove anos, antes de regressar a Timor depois do histórico referendo de 1999.

As suas "proezas náuticas" foram rapidamente postas a funcionar nas novas forças de defesa de Timor (F-FDTL) tendo sido nomeado Comandante dos dois barcos de patrulha que constituem a marinha do novo país. Mas a sua carreira rapidamente esmoreceu e o Brigadeiro-General Taur Matan Ruak, transferiu-o para o quartel-general em Díli. Foi uma desfeita que ele jamais perdoou ou esqueceu. Mais tarde foi nomeado comandante dum pelotão de polícia militar com 33 homens após ter estado a ser treinado no Australian Defence Force College em Canberra em finais de 2005. forjou também um passeio operacional num barco patrulha da Real Marinha Australiana (RAN) a pensar um dia tomar conta da Estação naval em Hera nas proximidades de Díli.

A crise começou em 28 de Abril 2006, com a manifestação de 600 militares expulsos do Exército. A manifestação foi dispersada pelo Exército, que abriu fogo e matou quatro pessoas. Logo após a acção, o comandante Alfredo Reinado, líder rebelde, fugiu para as montanhas com 25 homens armados. Dias depois, 12 policiais foram assassinados pelo Exército, o maior massacre ocorrido no Timor desde a sangrenta repressão indonésia que ocorreu após o voto a favor da independência, no plebiscito de 1999. Reinado disse que o protesto era a resposta às promoções incentivadas no Exército por Rodrigues, aliado ao primeiro-ministro Alkatiri que, segundo o líder rebelde, queria o controlo militar para aumentar seu poder político perto das eleições de 2007. Além disso, a revolta de Reinado incentivou um fenómeno até agora novo no país: o confronto violento entre os habitantes do oeste e a minoria do leste que controla o Governo e as Forças Armadas.

O major Alfredo Reinado, anteriormente comandante da Componente Naval das Falintil - Forças de Defesa de Timor-Leste (F- FDTL), abandonou a hierarquia de comando das forças armadas a 4 de Maio 2006, acompanhado de mais 15 efectivos da Polícia Militar, unidade que comandava até então.

Gastão Salsinha

O outro autoproclamado líder dos rebeldes é Gastão Salsinha, nascido em Ermera e que representa os interesses dos rebeldes Loromonu. Consta que terá sido detido no ano passado por contrabando de sândalo e foi-lhe cancelado o curso para capitão que estava a frequentar. Há quem adiante que Salsinha é um amigo muito chegado de Rogério Lobato, o qual parece ter estado envolvido noutro caso misterioso duma apreensão de sândalo em 2002 e a qual nunca foi totalmente explicada. O nome da família Lobato é sinónimo com a longa guerra de autodeterminação do povo. O seu irmão e líder da Resistência, Nicolau foi morto num combate com forças especiais da Indonésia em 1978. a sua mulher tinha sido executada no porto de Díli, logo após a invasão indonésia de 7 de Dezembro de 1975. um dos cinco membros do Comité Central da Fretilin enviados para o estrangeiro em 1975 (juntamente com Mari Alkatiri, Ramos Horta e Roque Rodrigues), Lobato tinha ordens para obter apoio para a recém anunciada independência de Timor. Em 1978 esteve a ser treinado durante um curto período pelos famigerados Khmer Rouge antes de ir para Angola, onde foi preso em 1983 por abuso dos poderes diplomáticos, tráfico de diamantes e solicitar os serviços de prostitutas.

Depois, esteve envolvido num grupo de "conciliadores" promovido pela Indonésia no início da década de 1990, tendo regressado a Timor em Novembro de 2000 sem uma base de apoio popular forte. Esta situação não durou muito.
Excluído do governo de transição da ONU foi atraído pela defesa dos direitos dos veteranos guerrilheiros, tendo desafiado a legitimidade da recém-criada F-FDTL. As ameaças ao governo e a sua provocação acabariam por dar frutos, quando em 2002 foi nomeado Ministro da Administração Interna. Não perdeu tempo a criar uma força nacional de Polícia capaz de rivalizar com as F-FDTL, um corpo de 30 mil homens com três ramos paramilitares.

A mulher de Xanana

É pena que Xanana continue a ser ouvido mais pela voz de Kirsty Sword (que não pára de exigir a demissão de Alkatiri) do que pela sua própria voz, que até agora se limitou a um ou dois apelos à calma e à deposição de armas.

Esta linha de clivagem com Xanana e Horta dum lado e Alkatiri do outro pode ter ajudado os estrategas de Camberra a vingarem-se de terem de ceder 50% do Timor Gap a Timor-Leste, fruto das boas capacidades de negociação de Mari Alkatiri. Já todos se esqueceram que a Austrália começou por oferecer 20% a Timor?

Guerra do petróleo

O petróleo esteve sempre por detrás disto e outorgar novos contratos à ENI italiana e concessões à Republica Popular da China (odiada em Jakarta) não aumentaram a reduzida popularidade de Mari Alkatiri face a Camberra e à vizinha Indonésia.

Já Henrique Sales da Fonseca escrevia em 29 Maio 2006:
Aqui para quem mais ninguém nos lê, temo que tenha eclodido uma "guerra" luso-portuguesa com os italianos e os australianos de permeio por causa do petróleo. Repare: a italiana ENI é sócia da portuguesa GALP em 30% e daí pode-se inferir que o Governo de Timor adjudicou o petróleo aos "amigos" dos portugueses excluindo os australianos que já se consideravam donos daquelas jazidas. Mas do lado australiano estará, creio, a Fundação Gulbenkian que tem uma empresa petrolífera de direito australiano destinada a entrar no negócio da extracção em Timor. Ou seja, pode-se admitir que a "guerra" seja entre a GALP e a Fundação Gulbenkian com os ditos intermediários dando a cara internacional e oficialmente. Será? É claro que se trata de uma mera especulação mas nunca se sabe. Vejamos o que se segue.

O “facturado” apoio australiano de 2.000 homens

Depois desta intervenção australiana com 2 mil homens, à data em que escrevo, virá a factura do "apoio" australiano que tentará colocar um governo fantoche ou mais maleável no trono em Díli. Uma espécie de protectorado de Camberra que é o novo xerife na região. Para isso, a ambição desmesurada de Ramos Horta, pode ajudar, seja para Secretário-geral da ONU seja para primeiro-ministro timorense. Que promessas terá ele recebido agora do governo de Camberra? Quem se não lembra já do anunciado apoio que (Horta) disse ter recebido de Gough Whitlam em 1975, quando este já dera luz verde a Suharto para invadir com a promessa de não-intervenção australiana?

As visitas do embaixador americano ao desertor Reinado

Por outro lado ninguém esqueça que o embaixador americano se deu ao trabalho de ir ter com o Reinaldo, um desertor, um fora-da-lei para saber quais as suas reivindicações. Depois disso e logo após a sua chegada foi a vez dos comandantes militares australianos fazerem o mesmo. Esta preocupação dos norte-americanos e australianos é de louvar. Quando desertei (porque o 25 de Abril tardava a chegar a Díli) ninguém me quis ouvir, nem australianos, nem norte-americanos. Mas agora os desertores são tratados melhor que um chefe de estado.. Como os australianos já entrevistaram o Reinaldo e já sabem o que ele quer, pois foram eles que o treinaram e se ele continua a repetir que precisam de tirar o Alkatiri para haver paz na região, o mais certo é que eles irão dar uma ajuda. Isto começa a lembrar o Chile em 1973.

Acção australiana nas Fiji e Salomão

Aliás se formos atrás na história recente podemos recordar o que a Austrália fez nas Fiji em 1987 ao democraticamente eleito Temoci Bavadra (pronunciado bavandra): ajudou o golpista coronel (depois major-general) Sitiveni Ligamamada Rabuka (pronunciado rambuka) a depô-lo depois dum golpe de estado em 14 de Maio de 1987 a que se sucedeu outro em Outubro. Rabuka foi um mero instrumento nas mãos dos senhores feudais que se insurgiam com o domínio das ilhas pelos indianos introduzidos ali no início do século XX: crise étnica e devolver a Fiji aos Fijianos e não aos Indianos era o grito da altura.
Demorou dez anos à democracia para regressar às Fiji.

Mais recentemente temos a intervenção nas ilhas Salomão que deixaram de ser independentes para terem parte dos seus ministérios geridos por Camberra. Em finais de Maio de 2006, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão aplaudiu a retirada das tropas australianas, depois do ministro da Defesa australiano, Brendan Nelson, ter anunciado que iria retira parte das tropas ali estacionadas, depois dos confrontos do mês passado. Chegaram a estar mais de 400 tropas australianas e esse número irá baixar para pouco mais de uma centena. As tropas tinham sido enviadas após a eleição de Snyder Rini para primeiro-ministro, mas devido aos motins populares e à situação de crise acabou por ser substituído por Manessah Sogavare com o apoio das tropas australianas.

O programa "The World Today" em 30 Maio 2006 12:21:00, (Repórter Toni Hassan
e Edmond Roy) entrevistava Damien Kingsbury, do International Development
Studies na Universidade Deakin University, que afirmou "Um exército de apenas 1500 homens é demasiado pequeno para ter qualquer capacidade prática de defesa. Serve uma função simbólica mas causa mais mal do que bem. ocasionalmente interfere na política, está dividido dentre as suas fileiras.
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A língua portuguesa e o tetum

“Outro problema que é ridículo e é um erro, é a escolha da língua portuguesa
que é oficial conjuntamente com o Tétum, e em resultado disso números
significativos da população não fala nenhuma delas porque foram educados em
Bahasa Indonesia, além de haver mais 15 idiomas locais. O Primeiro-ministro
que passou décadas em Portugal durante a luta de independência fala
Português - uma língua que o povo que ele governa não entende nem fala. Isto
só vem aumentar as críticas da sua arrogância e do seu desprendimento. A
maior parte da população fala indonésio e existe uma falta de comunicação
entre o governo e o povo, em especial nos tribunais e na burocracia. Penso
que isso deve ser reconsiderado.”

Mais uma achega a dizer que o problema de Timor é devido à língua portuguesa quando em Timor eles falam todos Bahasa para se entenderem.

Segundo estes analistas 1º a Fretilin, 2º a falta de razão para a existência dum exército e 3º a língua portuguesa são os culpados deste falhanço que não teria ocorrido se falassem todos Bahasa (indonésio aqui para nós). Ninguém se deu conta de que em qualquer democracia o povo é quem escolhe em quem vota e neste caso a Fretilin, goste-se ou deteste-se, teve mais votos que todos os outros juntos ... e foi a Fretilin com o apoio dos restantes partidos que decidiram sobre a língua portuguesa e o Tétum.

Eu como cidadão australiano também estou farto de dizer que os problemas da Austrália se devem a termos uma rainha longínqua, inoperante e ridícula mas nas urnas, o meu voto não chegou para tornar o meu país numa República.
Acham que devo arranjar uns contestários para criar conflitos como em Timor e mandar a democracia às urtigas?

Apelos pios de Xanana

O presidente Xanana Gusmão, renovou o seu apelo à reconciliação e à união nacional, num dia em que foram anunciadas oficialmente as mudanças nos Ministérios da Defesa e do Interior. "Vamos esquecer o que passou. É nossa obrigação perdoar e reconstruir nossa amada nação", disse Gusmão, num discurso no quartel da polícia em Díli. Gusmão assumiu, no início da semana, o controle do Exército e da polícia para deter o confronto entre as duas forças, que receberam a ordem de se recolher aos quartéis. A nação recebeu o anúncio oficial de que o ministro de Relações Exteriores, José Ramos Horta, vai assumir a Defesa, no lugar de Roque Rodrigues, e que o vice-ministro do Interior, Alcino Baris, foi promovido a ministro.

Rogério Lobato e Roque Rodrigues, apresentaram a sua demissão (para evitarem serem destituídos?) em consequência da crise que começou em 28 de Abril, com a manifestação de 600 militares expulsos do Exército. A manifestação foi dispersada pelo Exército, que abriu fogo e matou quatro pessoas. Logo após a acção, o comandante Alfredo Reinado, líder rebelde, fugiu para as montanhas com 25 homens armados. Dias depois, 12 policiais foram assassinados pelo Exército, o maior massacre ocorrido no Timor desde a sangrenta repressão indonésia que ocorreu após o voto a favor da independência, no plebiscito de
1999. Reinado disse que o protesto era a resposta às promoções incentivadas no Exército por Roque Rodrigues, aliado ao primeiro-ministro Alkatiri que, segundo o líder rebelde, queria o controle militar para aumentar o seu poder político perto das eleições de 2007. Além disso, a revolta de Reinado incentivou um fenómeno até agora novo no país: o confronto violento entre os habitantes do oeste e a minoria do leste que controla o Governo e as Forças Armadas.

O levantamento também evidenciou os atritos entre o presidente timorense, Xanana Gusmão, o político mais apreciado do país, e Alkatiri, muito impopular por professar a religião muçulmana - credo minoritário em Timor Leste, onde 90% da população é católica. Alkatiri declarou há dias à televisão australiana que não existe um conflito de poder entre ele e Gusmão.

Pedido de apoios militares

Os confrontos entre ex-militares e ataques de grupos de civis armados deixaram cerca de 20 mortos na capital. Por não conseguir controlar a situação, as autoridades timorenses solicitaram ajuda militar à Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal. Mais de 2 mil militares e policiais australianos, neozelandeses e malaios já estão no país. A polícia está desaparecida há um mês, a população faz filas durante horas para receber arroz e o pânico dos ataques já produziu 60 mil refugiados e deslocados que ontem não se moveram de seus esconderijos, apesar de já estarem em vigor as medidas especiais de segurança.

Timor Leste, um dos países mais pobres, queridos e pequenos do mundo.

Tem 857 mil habitantes e a mesma extensão do Alentejo. Um país muito bonito, amado por muita gente - o ex-presidente americano Bill Clinton e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan -, mas talvez bem situado demais: desde o início dos tempos foi invadido por viajantes -chineses, portugueses -, muitas vezes foi espancado e assassinado por seus vizinhos - chineses, japoneses, indonésios, malaios.
Timor tem a maior taxa de fertilidade do mundo -7,8 filhos por mulher -, um solo árido e muito pobre que mal chega para alimentar a população, uma idade média de 20 anos, nenhuma indústria digna desse nome e um desemprego galopante e sem subsídios que o compensem.

"O Estado está em transição e construção, a metade da ajuda externa é dedicada a pagar os assessores estrangeiros, ainda não há aposentadorias nem lei eleitoral, nem quadros técnicos bem formados, e (Mari) Alkatiri (o primeiro-ministro) prefere guardar as receitas do petróleo, cujo fundo de reserva já soma mais de US$ 600 milhões, a distribuí-lo demagogicamente entre as pessoas", diz um diplomata europeu que se não identifica.

Os três amigos

"Os três são amigos desde a adolescência, por isso não se levam muito a sério", diz uma fonte próxima a Gusmão. "Alkatiri e Gusmão respeitam-se e temem-se igualmente, mas acabam sempre se entendendo", diz um assessor do presidente.
A dupla Alkatiri - Horta é que cedeu. A Igreja, a Austrália, os EUA, o petróleo e a ambição de poder surgem como as questões chaves de uma rixa que começou discreta e começa a se agravar diante da legítima recusa de Alkatiri a demitir-se dado ter sido democraticamente eleito pela maioria da população.

Alkatiri, o “comunista”

Mas Ramos-Horta quer mais que o Ministério da Defesa. Sabe que tem todo o apoio e a influência internacional de uma Igreja Católica que presume contar com 98% de católicos no país e que não hesitou em catalogar o primeiro-ministro como muçulmano e comunista. Os padres criticaram ferozmente a aposta em separar a Igreja do Estado - há religião opcional nas escolas - e criticam suas políticas sociais como próprias "do Terceiro Mundo
mais retrógrado". Alkatiri mandou estudantes com bolsa a Cuba e em troca contratou 500 médicos cubanos para os hospitais públicos.

Segundo indica uma fonte da cooperação europeia, trata-se de uma luta sem quartel: "O partido de Alkatiri, a Fretilin, é a única organização, com a Igreja, que está implantada em todo o território. Para os padres locais, é um partido de Marx contra Deus". Há exactamente um ano, em Abril de 2005, os bispos de Díli e Baucau, com a colaboração do embaixador americano, John Rees, homem de confiança de Bush e que ajudou a distribuir comida entre os manifestantes, lançaram o primeiro desafio de rua ao governo "infiel" de Alkatiri.

"Ofereceram transporte em autocarros e sanduíches e organizaram um acampamento no centro de Díli. Foi muita gente que gritava: 'Viva Cristo, morte a Alkatiri'", lembra um funcionário da ONU.

Conclusão

Veremos o que vem a seguir, mas enquanto se não dedicarem esforços à formação duma tropa, duma força policial eficaz e sem se cindir sob os fortes laços centenários da etnicidade tribal, enquanto se não ocupar a população jovem e desiludida em formas de trabalho remunerado que lhes augure qualquer futuro (até agora nem presente nem futuro lhes era prometido), enquanto não se explicar à população porque é importante que falem Português em vez de Bahasa ou de Inglês, enquanto isso não for feito, não há doações internacionais que cheguem nem fundos do petróleo que aguentem a instabilidade. Há genes tradicionais e centenários que têm de ser estudados conjuntamente com a influência que a ocupação indonésia e a sua lavagem ao cérebro causaram.

Há que ter em conta o recente exemplo das ilhas Salomão a fim de evitar que Camberra passe a gerir os ministérios mais problemáticos de Timor e a decidir o que é melhor para este jovem país. Há que deixar os Timorenses governarem-se e a criarem condições para o fazerem. Uma boa medida seria darem-lhes de volta os recursos marítimos roubados por pactos leoninos firmados pelo governo de Camberra, isso permitiria sem que o país contraísse empréstimos ou ficasse dependente de outros, dividir a riqueza por todos os timorenses, e criar empregos para os milhares de jovens sem futuro.

Há que criar uma unidade nacional que nunca existiu e não tem tradições (antes pelo contrário existe uma herança de guerras intertribais) de forma a que Timor seja para todos os Timorenses e não para alguns, todos os que lutaram fora pela autonomia, os que lutaram dentro contra a ocupação indonésia e os que se acomodaram à ocupação indonésia. Só quando se criarem condições para este entendimento nacional e global terá valido a pena lutar durante mais de duas décadas e meia. A comunidade internacional pode ajudar a facilitar o desenvolvimento destas noções, mas sem os interesses demasiado óbvios dos lóbis do petróleo e sem a desculpa esfarrapada de que a língua portuguesa é que é a culpada. Se a CPLP existisse para lá do papel seria uma óptima oportunidade das ex-colónias de Portugal (incluindo o Brasil) mostrarem o que é a solidariedade, mas isso é pedir demais.


Se a ONU tivesse mais força poderia ajudar a construir o que nunca construiu mais interessada em criar negócios milionários para os seus conselheiros do que em construir um país novo pela raiz.

Sobretudo ajudem os timorenses a criar a sua nação e aprender o que é viver
em democracia.

3.06.2006
Elvis Costello.

Ex-Primeiro-ministro "está de consciência tranquila"

RR

Ex-Primeiro-ministro "está de consciência tranquila"

Mari Alkatiri é suspeito de envolvimento em acções de distribuição de armas à população, mas o seu advogado José António Barreiros, em declarações à RR, diz estar preparado para tudo.

19/07/2006

(18:23) "Distribuir arma é uma situação, aquela que pode estar em causa pode não ser exactamente desse contorno", explica o advogado.

"Estamos preparados para vários cenários. Mari Alkatiri está de consciência tranquila, mas vamos esperar profissionalmente e com tranquilidade", revela ainda.

O ex-Primeiro-ministro vai ser ouvido ainda hoje.

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Missão da GNR permanece no terreno, diz MNE

RR

O ministro dos Negócios Estrangeiros português adiantou hoje que a missão da GNR deverá permanecer em Timor-Leste pelo menos até ao final do ano.

19/07/2006

(22:42) Comentando o apelo do Bloco de Esquerda (BE) para que o Governo português pusesse um ponto final na missão da GNR, por esta estar "esgotada", Luís Amado referiu que o Governo não tem esse entendimento.

"Achamos que a GNR tem ainda um papel a desempenhar em Timor-Leste. Enquanto as autoridades legítimas de Timor-Leste nos solicitarem o apoio dessa força, tendo em vista as condições de segurança e de ordem pública em Díli, manteremos esse apoio", sublinhou o ministro.

"Temos de aguardar as decisões ao nível das Nações Unidas, o relatório do enviado-especial, Ian Martin, foi apresentando ao secretário-geral" e, agora, aguarda-se a posição de Kofi Annan "sobre a presença das Nações Unidas" no território "para avaliar o futuro da nossa presença", adiantou Amado.

"Veremos que características terá a força das Nações Unidas decidida para o território e, em função disso, avaliaremos a nossa participação ao nível da presença da GNR", acrescentou.

Questionado sobre se isso quer dizer que a força da GNR continuará em Timor-Leste até ao final do ano, respondeu Luís Amado: "É natural que sim, que se mantenha até ao final do ano".

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Acabou a audição de Mari Alkatiri

Mari Alkatiri já prestou declarações aos Procuradores.

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New East Timor Mission Needs Commitment

Washington Post

By NICK WADHAMS
The Associated Press
Wednesday, July 19, 2006; 7:57 PM

UNITED NATIONS -- The U.N. Security Council must be prepared to commit peacekeepers to East Timor for many years if it orders forces back to the shattered nation as expected, a U.N. envoy said Wednesday.

In a private briefing to the council, Ian Martin outlined the scope of such a mission. Among other things, it would require police units backed by a rapid response force, a military presence through East Timor's elections next year, and advisers to help with that vote.

East Timor was thrown into crisis in March after the dismissal of 600 soldiers, who then battled loyalist troops in the streets of the capital. Unrest spilled over into gang warfare and widespread looting and arson. At least 30 people were killed and 150,000 forced from their homes.

Martin's remarks, which were not made public, were among the most detailed to date explaining what the U.N. will seek for a new East Timor mission. The Associated Press obtained a copy of his prepared speech.

The force would succeed a bare-bones U.N. presence, the remnants of a larger U.N. mission that was gradually scaled down over four years.

Martin suggested that the council should not take the same attitude toward a new mission as it did the last one. The latest crisis there, which included the worst violence to hit the country since it voted to break free Indonesian rule in 1999, showed clearly that getting a new country on its feet is a long-term process, he said.

"A renewed commitment by the international community to assist the country in this process must correspondingly be a long-term one," he told the council.

U.N. Secretary-General Kofi Annan was expected to deliver a report to the council soon about his recommendations for the composition of the mission.

Martin's remarks gave a rough outline of what East Timor can expect. The new mission's "central task" will be assuring security in East Timor with a "substantial police component," he said.

The mission must also work to facilitate national reconciliation; help with the elections; review East Timor's own security sector; promote human rights and justice; and help the country develop its own governance abilities.

U.N. officials and diplomats expect that the new U.N. mission would fold in some of the international forces that were deployed to East Timor after the latest crisis.

Martin said diplomats reacted favorably to his message that the council would need to commit peacekeepers to East Timor for some time.

"That, I think, is the mood of members of the council too," he told reporters after his briefing.

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Calls on Secretary of State Rice to Support Robust United Nations Mission to East Timor

U.S. Representative Allyson Y. Schwartz
Representing the 13th Congressional District of Pennsylvania

FOR IMMEDIATE RELEASE

July 18, 2006

U.S. Representative Schwartz Calls on Secretary of State Rice to Support Robust United Nations Mission to East Timor


Washington, D.C. - U.S. Representative Allyson Y. Schwartz, joined by 44 of her congressional colleagues, called upon Secretary of State Condoleezza Rice to support a robust United Nations mission to East Timor, where violence has caused civil unrest over the past several months.

Located in Southeast Asia near Indonesia, East Timor voted for independence from Indonesia in 1999. Following the vote, militias backed by elements of the Indonesian military ravaged the country. The United Nations and the international community played an instrumental role in helping East Timor restore order and move toward stability and democracy. However, as the United Nations has rapidly scaled back its mission post-independence, serious problems within East Timor’s police and military infrastructure have been exposed. These problems, in part, contributed to the outbreak of violence in March between disgruntled soldiers and government troops. The recent clashes have led to the dislocation of more than 100,000 civilians – the worst violence since 1999.

As an appointed member of the bipartisan House Democracy Assistance Commission, Representative Schwartz traveled to East Timor in February 2006. This trip marked the first-ever congressional delegation visit to the nation, and was seen by many as an important step in helping to strengthen democracy in East Timor. During the visit to East Timor, Schwartz, along with other members of the congressional delegation, provided assistance to members of the parliament on how to structure an accountable and transparent government.

“I saw firsthand East Timor’s potential to thrive as a democracy, and I believe strongly that the United Nations has a responsibility to assist East Timor at this critical juncture. It is paramount that the United Nations play an active role in East Timor, with both a significant police and peacekeeping presence, in order to ensure that the country continues to move forward on a path towards democracy, stability, and self-sustainability,” said Rep. Schwartz.

A full copy of the letter sent to Secretary Rice follows below. For an official signed copy of the letter please contact Rachel Magnuson at Rachel.Magnuson@mail.house.gov.


July 17, 2006

The Honorable Dr. Condoleezza Rice
Secretary of State

U.S. Department of State
2201 C Street NW
Washington, DC 20520

Dear Madam Secretary:

We have been watching the violence that has ensued in East Timor with a great deal of concern. Just months ago, East Timor was viewed as a model for international nation-building. However, today, the progress East Timor has made as a young democracy is under serious threat. The United Nations Security Council recently voted to renew its political mission in East Timor, and U.N. Secretary-General Kofi Annan has indicated that the return of peacekeeping forces is under consideration. At this crucial juncture, we urge you to support a robust United Nations mission that includes a significant police and peacekeeping presence - with all foreign troops under UN command - to ensure that East Timor continues to make progress on the path to democracy, stability, and self-sustainability. The East Timorese government has requested such a robust mission.

As you know, following East Timor’s vote for independence from Indonesia in 1999, militias backed by elements of the Indonesian military ravaged the country. Yet East Timor - with significant support from the United Nations and international community - was able to restore order and has made substantial strides toward stability and democracy as evidenced by a United Nations report stating that East Timor has “made remarkable progress in laying the foundations for a functioning civil society.” Additionally, an agreement with the Australian government on shared revenues from offshore oil and gas fields is beginning to provide critical funds to the government and in February 2006 members of the U.S. House of Representatives Democracy Assistance Commission visited East Timor to provide advice on structuring an accountable and transparent government.

However, much work remains and as the United Nations has rapidly scaled back its mission post-independence, serious problems within East Timor’s police and military infrastructure have been exposed. The recent violence is an indication that the United Nations cannot draw-down its presence precipitously, and that it must continue to play a critical nation-building role - assisting East Timor with its efforts to consolidate and expand on the gains it has made.

Therefore, we respectfully request that U.N. Ambassador Bolton strongly support a United Nations mission to help maintain order and provide support at least through next year’s crucial parliamentary and presidential elections. This mission should focus on enhanced police assistance and training to prevent violence. Additionally, a United Nations mission should help East Timor address the deeply-rooted poverty and unemployment that plagues the nation; build strong public institutions that will ensure a stable and lasting democracy and promote rule of law; bring justice and reconciliation for crimes against humanity committed during the Indonesian military occupation; and investigate the recent criminal violence.

Supporting the development of strong and self-sustaining democracies throughout the world is a vital component of U.S. foreign policy. In this case, this goal would be best advanced by supporting a robust United Nations mission working in cooperation with a sovereign East Timorese government. We thank you for your attention and we look forward to working with you on this matter.

Sincerely,
Rep. Allyson Y. Schwartz
...
cc: Ambassador John R. Bolton

Alkatiri at prosecutor's for questioning

The Age
July 20, 2006 - 10:34AM
East Timor's former prime minister has appeared at the chief prosecutor's office in Dili for questioning.

Mari Alkatiri is accused of distributing arms to civilians during violence in May to eliminate the Fretilin government's political opponents.
Alkatiri, who has vigorously denied the charges, arrived accompanied by two Portuguese lawyers.
Dressed in a grey suit, he arrived in a car escorted by armed Australian peacekeepers.
He appeared composed and did not speak to the crowd of reporters waiting for him.
His lawyers, Jose Antonio Barreiros and Arnaldo Matos, arrived from Lisbon on Tuesday.
Matos is better known as a 1975 founder of the Maoist MRPP party, with which the former prime minister was associated during his student days in Lisbon.
Alkatiri's legal team also includes Australian, Indonesian, Mozambican, and Malaysian lawyers.
No formal charges have been laid against Alkatiri, although former interior minister Rogerio Lobato is under house arrest on four charges related to the same case.
Court sources said Lobato gave incriminating testimony against his former boss during a closed court hearing last month.
Alkatiri stepped down as premier on June 26 amid intense pressure in the wake of bloody violence between rival factions in the security forces in May which led to at least 21 deaths and 150,000 people fleeing their homes.


Nota: Rogério Lobato não está em prisão domiciliária.

Só para alguns...

Do Mau Beick:

The point of discussion was not the legality or illegality of the use of the Army. It was about Alfredo leaving the barracks and taking with him the guns that he did not own, without an order from his superiors. Alfredo action, to me is called "deserting". Above that we witnessed on TV his numerous calls for the Prime Minister to resign. Who he thought he was? And the question remains: Why is he allowed to remain free and roam around the country acting like an hero? In my view he is being protected by somebody that gave him the part in the act.
I rest my case too.

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Population is Not Planning To Protest

The spokesperson for the National Forum for Unity and Justice, Eduardo de Deus Barreto, alias Dusae, said the population of Ermera does not have plans to hold a demonstration in Dili to dissolve the Parliament, reported Timor Post.

Barreto said they have put their trust and are giving time to the President of the Republic and the new Prime Minister and to other members of the government to carry their work for the nation. They would like the government to pay attention to the people affected by recent crisis.

He said they do not want the dissolution of the Parliament out of respect of RDTL Constitution which has been written with the blood and bones and any process must be followed according to law and order.

Eduardo Barreto further said there are civilians in Ermera District still in possession of guns and using it to terrorize the population in that area.
(TP)

Uma nova democracia precisa de vizinhos amigos - Tradução da Margarida

Herald in Newcastle, 18 Julho006

Há mais, muito mais, na crise de Timor-Leste do que má governação, diz Sahe Da Silva.

O desassossego politico em Timor-Leste deixou às páginas da frente dos jornais Australianos e parece que alguma estabilidade regressou desde a nomeação, na semana passada do novo Primeiro-Ministro José Ramos Horta.

Mas há ainda muito trabalho a fazer para garantir que a democracia nascente se desenvolva num vizinho forte e pacífico.

Para muitos Australianos, atraídos pela luta dos Timorenses na sua campanha pela independência, pode chocar a recente violência.

Tem sido fácil ao Governo aos media Australianos culparem unicamente o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri pela ruptura da lei e da ordem em Timor-Leste mas a crise vai muito mais fundo e abarca questões como raça, personalidade e negociações do petróleo.

O levantamento deste ano foi a quarta tentativa para desestabilizar o Governo de Timor-Leste desde que a FRETILIN ganhou o poder em 2001, na eleição que foi declarada livre e justa pela comunidade internacional.

A FRETILIN ganhou 55 em 88 lugares parlamentares, com outros ganhos pelo Partido Democrático (sete lugares), O Partido Social Democrata e a Associação Social Democrata (seis lugares cada), e sete outros pequenos partidos.

Agora o antigo ministro do interior Rogério Lobato, ao lado de Alkatiri, foi acusado de criar um esquadrão da morte de modo a intimidar os opositores políticos de Alkatiri. A evidência principal são 11 armas, entregues com muita pompa e fanfarra em 12 de Julho por Vincente da Conceição (Comandante Railos) ao Procurador-Geral.

Quando o assunto chegar ao Tribunal, o Procurador-Geral terá que perguntar que opositores políticos foi dado ordem a Railos para ameaçar.

Pense nisso. Faz algum sentido que a FRETILIN perdesse tempo e energia a assediar uma oposição tão dispare e desunida?

Contudo, a maioria dos 150,000 deslocados são apoiantes da FRETILIN cujas casas foram queimadas e cujas vidas foram ameaçadas por jovens hooligans organizados para desestabilizar o país.

A estes mesmos apoiantes da FRETILIN foi pedido pela liderança do partido para não retaliarem porque um confronto podia escalar numa guerra civil. Como aconteceu em desestabilizações anteriores em 2002, 2004 e 2005, restou aos membros da Fretilin agirem responsavelmente debaixo das mais extremas provocações.

Se Railos foi, como ele reclamou, empregado pela FRETILIN para intimidar opositores, onde estava ele quando os seus membros estavam debaixo de cerco em Dili?

Se, como foi relatado, o grupo de Railos entregou 11 espingardas (mas nenhuma munição) em 12 de Julho, onde estão as outras 19 espingardas que a reportagem de Liz Jackson da ABC nos mostrou no seu programa Four Corners? Jackson relatou que Railos tinha 30 homens sob o seu commando todos armadas com armas que lhe foram entregues por Lobato por ordem de Alkatiri. Ela apresentou uma lista dos números de série das armas como prova de que Railos era verdadeiro.

E a câmara nunca mente?

Digamos que Lobato terá o seu dia no tribunal e que será apresentada evidência para apoiar a sua reclamação de que foram dadas 33 espingardas automáticas Hecklere Koch a Railos e aos seus homens em Janeiro de 2004 para assistirem e treinarem a Unidade de Patrulhamento da Fronteira em tácticas de guerra no mato e de guerrilha.

Quanto ao antigo primeiro-ministro Alkatiri, ele resignou em 26 de Junho para evitar a ameaça de resignação do Presidente Xanana Gusmão, que precipitaria Timor-Leste numa crise ainda mais profunda.

Ele não resignou por causa dos protestos relativamente pequenos ou pelas alegações feitas contra ele por Railos. (em qualquer caso, as alegações de Railos contra Alkatiri, são só isso, alegações. Até à data, Alkatiri não tem nenhum caso a que responder e somente foi convocado pelo Procurador-Geral para prestar evidência em relação ao julgamento de Lobato.)

Em resposta à crise, a FRETILIN deixou a sua posição muito clara durante o comício com 20,000 participantes em 28-30 Junho.

No comício, a FRETILIN enviou uma mensagem para o Presidente e para a nação apelando à paz, à regra da lei, ao fim da violência e ao respeito pela Constituição.

O comício da FRETILIN, 10 vezes maior do que qualquer comício anti-Governo, foi totalmente pacífico. Contudo, em retaliação, vândalos anti-Governo queimaram casas de líderes da FRETILIN em Dili e outros negócios ligados com a FRETILIN, e depois atacaram a principal estação de rádio e de TV para garantir que não transmitiria reportagens do comício da FRETILIN.

É a FRETILIN e os seus líderes que merecem o apoio forte de todos as pessoas e organizações democráticas na Austrália, para ajudar Timor-Leste a recuperar desta crise séria.

Timor-Leste precisa do apoio da Austrália para assegurar que as próximas eleições sejam constitucionais e livres de manipulação e que o seu governo democraticamente eleito retenha o poder através destes problemas de crescimento.

Sahe Da Silva é o representante da Fretilin para NSW. Falará de Politica no Pub esta noite (6.30pm) at the Hamilton Station Hotel.

Tradutores precisam-se

Sou da opiniao de que tudo o que vem escrito aqui, deveria ser escrito nas linguas Portuguesa, Inglesa, e do dialecto Tetum. Como devem saber, este material e lido tambem por visitantes de todo o mundo que conhecam uma daquelas tres expressoes linguisticas e nao so por visitantes Timorenses. Ha muita gente pelo mundo fora que esta interessada no nosso Timor...

Posted by Fote Make Riba at 7/20/2006 07:08:10 AM


Nós também!

Se temos tido traduções de inglês para português, é porque a Margarida (que nós nem conhecemos) o faz.

Aproveitamos mais uma vez para agradecer à Margarida a ajuda e a contribuição. Obrigado Margarida!

Agradecemos a todos que nos enviem traduções para tetum e inglês.

Voluntários, claro.
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Alkatiri começou a ser ouvido pelo procurador-geral da República

Díli, 20 Jul (Lusa) - O ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri começou hoje a ser ouvido pelo procurador-geral da República sobre o seu alegado envolvimento na distribuição de armas a civis.

Alkatiri começou a ser ouvido na procuradoria-geral da República, no Bairro de Caicoli, onde chegou às 08:50 (00:50 de Lisboa), acompanhado de um segurança e acenando para os jornalistas na altura da chegada.

Da equipa de advogados que vai representar o antigo chefe de governo chegaram apenas dois elementos, os portugueses, José António Barreiros e Arnaldo Matos, cerca de 10 minutos depois.
A audição está a ser acompanhada por fortes medidas de segurança, organizadas por militares australianos, que cortaram o acesso na rua que conduz à procuradoria, com recurso a blindados e revista obrigatória a todas as pessoas presentes no local.

Ainda não existe um prazo para o final da sessão.
EL.

New democracy needs supportive neighbour

Herald in Newcastle on 18 July 2006

There’s more, much more, to the East Timor crisis than bad governance, says Sahe Da Silva.

THE political unrest in East Timor has left the front pages of Australian newspaper and some stability appears to have returned since the appointment of new Prime Minister Jose Ramos Horta last week.

But there is still much work to be done to ensure the fledging democracy develops into a strong, and peaceful, neighbour.
For many Australians, drawn to the plight of the East Timorese during their campaign for independence, the recent violence might be puzzling.

It has been easy for the Australian Government and the media to simply blame former prime minister Mari Alkatiri for the breakdown of law and order in East Timor but the crisis goes much deeper and the issues take in race, personality and oil negotiations.

This year’s uprising was the fourth attempt to destabilise the East Timor Government since the FRETILIN party won power in 2001, in what was declared a free and fair election by the international community.

FRETILIN won 55 of the 88 parliamentary seats, with others taken by the Democratic Party (seven seats), the Social Democratic Party and the Social Democratic Associations (six seats each), and another seven minor parties.

Now former interior minister Rogério Lobato, along with Alkatiri, has been accused of creating a death squad in order to intimidate Alkatiri’s political opponents. The main evidence is 11 weapons, surrendered with much pomp and fanfare on July 12 by Vincente de Concecao (Commander Railos) to the Prosecutor-General.

When the matter comes to court, the Prosecutor-General is bound to ask which political opponents Railos had been ordered to threaten.

Think about it. Does it make sense that FRETILIN would waste time and energy harassing such a disparate and disjoined opposition?

Moreover, most of the 150,000 internally displaced persons are FRETILIN supporters whose houses were burnt down and whose lives were threatened by young hoodlums organised to destabilise the country.

These same FRETILIN supporters were asked by the leadership of the party to refrain from retaliation as confrontation could escalate into civil war. As in previous destabilisation in 2002, 2004 and 2005, it rested with the FRETILIN members to act responsibly under the most extreme provocation.

If Railos was, as he has claimed, employed by FRETILIN to intimidate opponents, where was he when its members were under siege in Dili?

If, as has been reported, Railos’s group handed in 11 rifles (but no ammunition) on July 12, where are the other 19 rifles that ABC reported Liz Jackson showed us on her Four Corners program? Jackson reported that Railos had 30 men under his command all armed with weapons handed over by Lobato on the orders of Alkatiri. She presented a list of the guns’ serial numbers as proof that Railos was genuine.

And the camera never lies?

Let us say that Lobato will have his day in court and evidence will be presented to support his claim that the Heckler and Koch 33 automatic rifles were given to Railos and his men in January 2004 in order to assist and train the Border Patrol Unit in bushcraft and guerrilla tactics.

As for former prime minister Alkatiri, he resigned on June 26 to forestall the threatened resignation of President Xanana Gusmao, which would have precipitated a deeper crisis for Timor-Leste.

He did not resign because of the relatively small protests or the allegations made against him by Railos. (In any event, Railos’s allegations against Alkatiri remain just that. Alkatiri to date has no case to answer and has only been summoned by the Prosecutor-General to provide evidence in relation to Lobato’s trial.)

In response to the crisis, FRETILIN made its position very clear during its 20,000 strong rally on June 28-30.

During that rally, FRETILIN sent a message to the President and to the nation calling for peace, the rule of law, the end of violence and respect for the Constitution.

The FRETILIN rally, 10 times larger than any anti-Government rally, was entirely peaceful. However, in retaliation, anti-Government thugs burnt down homes of FRETILIN leaders in Dili and other businesses linked with Fretilin, and then attacked the main TV and radio station to ensure that it did not broadcast reports of the FRETILIN rally.

It is FRETILIN and its leaders that deserve the strong support of all democratic people and organisations in Australia, to help Timor-Leste recover from this serious crisis.

East Timor needs Australia’s support to ensure that the next elections are constitutional and free of manipulation and that its democratically elected government retains power through these early teething problems.

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Comunicado - PM - Tradução da Margarida


REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO

MEDIA RELEASE

17 Julho 2006
For immediate release

O PRIMEIRO-MINISTRO RAMOS-HORTA "HITS THE DECK RUNNING"

A seguir à cerimónia de nomeação do seu Ganinete na Sexta-feira e da reunião-maratona do primeiro Conselho de Ministros no qual o Orçamento do ano financeiro de 2006/2007 foi aprovado, o Primeiro-Ministro Dr. José Ramos-Horta, tornando verdadeira a sua palavra de que não haveria desculpas para a inércia, atingiu o convés a correr.

No Sábado, depois de se reunir com líderes políticos e comunitários, o Dr Ramos-Horta, deu um passeio de três horas através dos subúrbios de Balide eTaibessi, durante o qual muitos Timorenses, dos mais humildes a donos de lojas e crianças, tiveram a oportunidade de levantar as suas preocupações e dar conta das suas esperanças para o futuro.

Essas preocupações e esperanças e pedidos foram partilhadas com a Ministra da Educação e Cultura, Rosália Corte-Real, e os Vice-Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Planeamento e Finançass, e trabalhos Públicos, respectivamente Adalgisa Magno, Aicha Bassarewa e Raul Mousaco, que acompanharam o Primeiro-Ministro neste não programado passeio ‘encontro com o povo’.
O passeio pelas ruas surpreendeu e foi saudado entusiásticamente pela população dos subúrbios.

“Tenho dado voltas há anos pelos subúrbios, tanto a pé como em bicicleta. É não só um exercício saudável como é uma oportunidade de encontrar o povo,” disse o Dr Ramos-Horta.
“Estou contente que alguns dos meus colegas tiveram a oportunidade de se juntarem a mim e espero que isto se torne uma rotina para todos os meus colegas de gabinete, porque é vital para não perdermos o contacto com os que é suposto servirmos. Somente deste modo, ouvindo-os, podemos desenvolver programas apropriados para melhorar as suas vidas.”

No Sábado à noite, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa, Dr Ramos-Horta, visitou a Componente Naval das F-FDTL em Hera, onde se dirigiu aos membros das forças armadas lá estacionados e respondeu a muitas das suas questões.
Também se dirigiu a centenas de pessoas da população local e deslocados, ouviu-os e respondeu às suas questões.
A ambos os grupos – à militar e à população civil – o Dr Ramos-Horta contou aspectos do programa do seu Governo que, garantiu a todos, fará o seu melhor para servir os melhores interesses do povo Timorense particularmente os pobres.

“O meu Governo,” disse “vai ser um governo para os pobres. O meu Governo será a frente avançada na luta contra a pobreza. Vamos usar o dinheiro para dignificar os seres humanos, dar-lhes esperança, dar-lhes comida, roupas e dar-lhes um tecto.”
Esta mensagem foi repetida em Manatuto a quando da visita do Primeiro-Ministro ontem, Domingo, 16 de Julho.

No seu discurso a uma multidão entusiasmada de muitas centenas, que incluiam líderes locais e tradicionais, polícias, clérigos e representantes locais de partidos políticos, o Primeiro-Ministro Ramos-Horta lembrou as suas ligações a Manatuto e ao distrito (frequentou a escola primária em Soibada) e outra vez resumiu a sua visão de uma vida próspera para todos os Timorenses.

Hoje, Segunda-feira, 17 de Julho, depois da sua reunião diária com a Força Conjunta sobre a situação da segurança nas últmas 24 horas, o Primeiro-Ministro Ramos-Horta teve um encontro com prospectivos investidores Australianos nas áreas da agricultura, pescas e criação de gado e exportação de carne.
“O sector privado e empresarial é um pilar indispensável no desenvolvimento e bem-estar do nosso país e estou muito encorajado pela resposta de investidores internacionais à minha nomeação como Primeiro-Ministro e a sua renovada confiança em Timor-Leste,” disse o Dr Ramos-Horta.

“Estou feliz em discutir com eles projectos, ideias que contribuirão para o desenvolvimento do nosso país e criar empregos para os Timorenses. Iremos encontrar maneiras de lhe oferecer incentivos e entusiasmá-los e facilitar-lhes as suas actividades. Os investidores estrangeiros neste país podem contar com este Governo para os ouvir e apoiá-los,” disse.

Depois da sua reunião diária com os seus dois Vice Primeiro-Ministros, Eng Estanislau da Silva e Dr Rui Araujo, o Primeiro-Ministro atendeu a cerimónia da nomeação pelo Presidente Xanana Gusmão do Procurador-Geral e do vice Procurador-Geral, respectivamente Dr Longuinhos Monteiro e Dr Ivo Valente.

O Primeiro-Ministro Dr Ramos-Horta teve então a sua reunião habitual de Segunda-feira com o Presidente Xanana Gusmão, durante a qual se discutiram alguns assuntos incluindo o Orçamento aprovado na Sexta-feira pelo Conselho de Ministros, o plano do Primeiro-Ministro para visitar cada um dos Ministérios, salários dos funcionários públicos, e candidatos para preencher vagas no governo bem como para os postos de Inspector-Geral da República, para substituir o falecido Mariano Lopes da Cruz.
A situação económica e financeira de Timor-Leste foi o foco duma série de reuniões na tarde.

O Dr Ramos-Horta teve reuniões separadas com o representante do Asian Development Bank, Mr Charles Andrews; com o Dr Abraão de Vasconcelos, director-geral do Bank Payment Authority de Timor-Leste; e mais tarde, juntamente com os seus dois Vice Primeiros-Ministros, Eng Estanislau da Silva e Dr Rui de Araujo, e o Ministre e Vice Ministro do Plano e Finanças, Madalena Boavida e Aicha Bassarewa, teve uma reunião exaustiva com membros duma delegação de alto nível do Banco Mundial.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO


MEDIA RELEASE

18 Julho 2006
For immediate release

O PRIMEIRO-MINISTRO RAMOS-HORTA TOCADO PELO CALOR E PELA SINCERIDADE DE JOHN HOWARD

O Primeiro-Ministro Dr José Ramos-Horta foi tocado pelo calor e sinceridade do Primeiro-Ministro da Austrália, John Howard, quando os dois se encontraram no terminal do Aeroporto Nicolau Lobato de Dili esta manhã.

“Só quero que saiba que tem na Austrália um amigo,” disse Mr Howard ao Dr Ramos-Horta, congratulando o responsável do governo de Timor-Leste pela sua nomeação.
O Dr Ramos-Horta foi saudado pelo seu colega Australiano, o primeiro líder estrangeiro a visitar Timor-Leste desde que ocupou o posto há uma semana.

“Fiquei realmente tocado pela candura de Mr Howard apesar de saber bem como a Austrália tem sido uma boa amiga dos Timorenses,” disse o Dr Ramos-Horta.

“A Austrália veio ajudar num momento de crise grave. O governo dirigido por John Howard respondeu sem hesitação ao nosso apelo e graças à sua pronta intervenção, e há doutros países, a vida na nossa cidade de Dili está a regressar à normalidade.”
Mais tarde, np Palácio do Governo, os dois líderes reuniram-se uma hora para discutir assuntos de interesse mútuo para ambos Timor-Leste e a Austrália.

A delegação de alto-nível de Mr Howard incluia o Chefe da Força Aérea, o Marechal Angus Houston, Chefe da Força de Defesa Australiana; Mr Nick Warner, Conselheiro Senior (Internacional), do Gabinete do Primeiro-Ministro; a Embaixatriz Australiana em Timor-Leste, Margaret Twomey; Hugh Borrowman, Primeiro Secretário Assistente, Divisão Internacional, Departamento do Primeiro-Ministro e Gabinete; e Ben Mitchell, Conselheiro de Media.
Dirigida pelo Primeiro-Ministro Ramos-Horta, a delegação de Timor-Leste incluia os Vice Primeiro-Ministros, Eng Estanislau da Silva e Dr Rui de Araujo; Ministro do Interior Interior, Alcino Baris; Ministro dos Recursos Naturais, Minerais e Política de Energia, José Teixeira;o Chefe das Forças de Defesa de Timor-Leste, Brigadeiro General Taur Mata Ruak; O Chefe do Pessoal do Primeiro-Ministro, Marcos da Costa; o Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Nelson Santos; e o Conselheiro Político do Primeiro-Ministro, Janelle Saffin.

A reunião correu num espírito de cooperação e amizade, na qual a situação de segurança, o destacamento de tropas, o seu papel e números e a próxima futura missão da ONU.
Mr Howard assegurou o Primeiro-Ministro Ramos-Horta que “Timor-Leste é uma nação soberana e que as tropas Australianas estão cá a vosso pedido e ficam a vosso convite.”

Também disse que aprecia a “tremenda tarefa” que o Dr Ramos-Horta enfrenta, mas que ele “tem um bom amigo na Austrália, no passado, no presente e no futuro.”

O Primeiro-Ministro Ramos-Horta também falou ao seu colega Australiano dos planos para eleições em Timor-Leste, do Orçamento acabado de aprovar pelo Conselho de Ministros, e da Missão de Gestão Financeira do Banco Mundial, das fortes relações com a Indonésia dos planos para a reunião da Comissão Trilateral Timor-Leste, Indonésia e Austrália.

Os dois estadistas também discutiram os desenvolvimentos do Mar de Timor e os planos de Timor-Leste para ter o acordo do Greater Sunrise ratificado em breve. Isto foi bem recebido pelo Primeiro-Ministro John Howard que anotou que isso enviaria um forte sinal positivo para prospectivos investidores estrangeiros.
O Primeiro-Ministro Ramos-Horta mais tarde despediu-se do seu colega Australiano no aeroporto internacional de Dili.
Cedo na tarde o Primeiro-Ministro Ramos-Horta participou numa reunião com a Trade Invest de Timor-Leste, um órgão encarregado de providenciar uma loja para investidores estrangeiros.
O Dr Ramos-Horta disse na reunião que o investimento estrangeiro era vital para o desenvolvimento do país.

“Temos de facilitar investimento sólido em Timor-Leste,” disse. “Aconselho-os a avançarem com o vosso trabalho para melhor servirem os vossos clientes, neste caso os investidores. Não queremos muitos formulários para preencher, não queremos tanta burocracia. Devemos tornar a vida menos difícil para os investidores porque criam empregos para os pobres deste país.

“Trabalhem muito. É o vosso país. E o meu único objectivo nos próximos nove meses deste governo – deve ser também o vosso – é servir os pobres deste país que têm esperado demasiado por uma vida melhor. É tempo para a acção,” disse o Dr Ramos-Horta.

O Dr Ramos-Horta então iniciou o seu programa de visitar todos os ministérios com uma visita ao Ministério da Justiça.

O Dr Ramos-Horta cumprimentou pessoalmente cada um dos membros da equipa do ministério, desde a empregada de limpeza ao Ministro, perguntando-lhes sobre o seu trabalho.

Mais tarde dirigiu-se a um encontro de todo o pessoal durante o qual falou acerca do orçamento acabado de aprovar, de alguns dos planos do seu governo para os próximos nove meses e apelou a todos para trabalharem muito para o bem do país.

O Primeiro-Ministro Ramos Horta também embarcou numa série de discursos e discussões com todos os partidos políticos.


(com os melhores cumprimentos do Timor-Online...)

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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