segunda-feira, novembro 20, 2006

“Xanana quer chefiar a sociedade civil”

Transcrição por não estar on-line:

Convicção: Alkatiri acredita que Xanana não vai tentar ser reeleito para a Presidência e que não criará nenhum partido

Diário de Notícias, 18 de Novembro de 2006
Por: Armando Rafael

O ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri não acredita que Xanana Gusmão se recandidate às presidenciais do próximo ano. “Julgo que ele vai tentar recuperar o prestígio que perdeu nestes anos. Especialmente nos últimos meses.”

“Xanana”, explica Alkatiri ao DN, “passa a vida a dizer que gostaria de chefiar a sociedade civil e creio que é isso que sucederá. Mesmo que ninguém saiba bem o que isso é, e que a mim me pareça uma mistura de gaullismo com bonapartismo.”

E se o líder da Fretilin estiver enganado e Xanana optar por se recandidatar, repetindo o percurso contraditório que antecedeu a sua decisão nas presidenciais de 2002?

“Nesse caso, Xanana não seria reeleito com 80% dos votos. Isso, de certeza absoluta. Se houvesse mais candidatos até era possível que não conseguisse ser reeleito. E se o conseguisse seria sempre por uma diferença muito pequena”.

Convicções alicerçadas num conhecimento antigo, que remonta à adolescência dos principais protagonistas da crise que se vive em Timor-Leste e que colocou Xanana e Alkatiri em lados opostos.

Sobretudo, a partir do momento em que quase 600 militares foram expulsos das Falantil.Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) por terem abandonado os respectivos quartéis, na sequência de uma petição enviada ao Presidente, denunciando alegadas discriminações.

“Foi nessa altura, que Xanana percebeu que já não tinha influência nas F-FDTL, nem no brigadeiro-general Taur Matan Ruak, que o Presidente sempre receou que pudesse ser seu adversário numas eleições”.

Num tom visivelmente descontraído, Alkatiri, que irá a Moçambique, antes de regressar a Timor-Leste, admite, no entanto, que parte destes cenários poderão ser influenciados pelo calendário que vier a ser adoptado. Nomeadamente no que respeita à possibilidade das presidenciais se realizarem antes das legislativas, como Xanana já revelou.

“O Presidente não devia ter dito isso. Até porque a lei (eleitoral) ainda não foi aprovada e, em princípio, será ela que irá definir qual é a ordem das eleições.”

Seja como for, há um dado que, neste momento, parece estar mais que garantido: se Xanana Gusmão decidir avançar com a sua recandidatura, dificilmente voltará a contar com o apoio do maior partido timorense. Pelo menos, a avaliar pelo que diz Mari Alkatiri: “Até Março, era o meu candidato. Disse-o várias vezes. Mas, agora, creio que o seu nome não passaria no partido.”


Quem será, então, o candidato da Fretilin? “Ainda não é altura para isso”, responde Mari Alkatiri com um sorriso. “Mas eu não serei. Não fui talhado para isso.”

Instado a pronunciar-se sobre os rumores que correm com insistência em Díli e que apontam para a hipótese do Presidente vir criar um novo partido político, Alkatiri não disfarça a sua reacção: “Isso seria o fim de Xanana. Se criasse um partido, enquanto Presidente, denunciaria tudo. É verdade que há várias pessoas a pressioná-lo. Mas se isso se concretizasse, esse novo partido assentaria mais no PSD (de Mário Carrascalão) e no PD (liderado por Fernando Lassama Araújo) do que na Fretilin. É, por isso, que nós não tememos esse partido.”

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UNMIT – Revista dos Media Diários

(Tradução da Margarida)

Sábado 18 + Segunda-feira 20 Novembro 2006

Relatos dos Media Nacionais
TP - Timor Post
DN - Diario Nacional
STL - Suara Timor Lorosae
RTTL - Radio e Televisão de Timor-Leste

Relatório da Comissão de Notáveis

O trabalho da Comissão de Notáveis estará concluído em breve e está previsto que o relatório seja apresentado ao governo em Dezembro. De acordo com Fr. António Gonçalves, o porta-voz da comissão, os comissários estão a estudar agora as propostas dos peticionários. Entretanto, o deputado Manuel Tilman disse que a Comissão do Parlamento para estudar o relatório do COI está a meio do trabalho e que apresentará o seu relatório ao plenário no fim do mês. (STL, TP)

Nomeação do Vice-SRSG

A nomeação do Vice-SRSG doi relatada pelos dois diários, Timor Post e STL durante o fim-de-semana. O STL disse que o antigo comandante militar das forças internacionais durante o período da UNMISET, Eric Tan Huck Gim foi nomeado Vice-SRSG com a responsabilidade do apoio ao sector da segurança, domínio da lei, direitos humanos e justiça transitória, polícia civil, componente militar, sector de apoio à administração e secção de segurança da UNMIT. Timor Post relatou que Tan Huck Gim foi nomeado pelo Secretário-Geral da ONU Kofi Annan como o Vice-SRSG com a responsabilidade do sector de segurança e do domínio da lei da UNMIT. Mr Tan foi antes Brigadeiro General da Singapure. (STL, TP)

Órgãos de soberania pedem perdão

Em nome dos quarto pilares do Estado, o Presidente Xanana Gusmão pede ao povo perdão pelos seus falhanços de não terem governado adequadamente e disso ter sido vítima o povo. No discurso do Presidente Xanana ao povo reconheceu que os seus falhanços afectaram toda a gente, especialmente as crianças, as F-FDTL e a PNTL. Gusmão agradeceu aos jovens que distribuiram flores aos membros de ambas as instituições durante a parada de unidade e que os jovens se reconciliaram durante o acender de velas no anioversário do massacre de 12 de Novembro. Em nome dos quarto órgãos de soberania incluindo a PNTL e as F-FDTL o Presidente Xanana apelou a que todos ponham de lado ódio e vingança e que trabalhem para um país melhor. Disse que a PNTL e as F-FDTL trabalhjariam juntas com os jovens nos bairros de modo a encorajar as famílias a regressarem para as suas casas. (TP)

Jovens feridos depois de violência

Pedras atiradas frente aos campos de deslocados nas Obrigado Barracks deixou duas pessoas feridas. Uma foi atingida por uma pedra na testa, perto dos olhos e outra foi cortada nas costas com uma catana. De acordo com TP, citando uma fonte de dentro do campo, no Domingo à noite um grupo de jovens, não os que vivem por perto, passaram pelo campo das Obrigado Barracks e começaram a provocar os jovens que se sentavam no exterior do campo, do que resultou o atirar de pedras. (TP)

Ramos-Horta; O Governo Alemão não é honesto

O Primeiro-Ministro Ramos-Horta disse que o Governo da Alemanha não tinha sido honesto ao dar a construção do barco Nakroma a uma companhia Indonésia. Disse que o governo está preocupado porque o barco já devia estar terminado há um ano atrás e continua atrasado. Disse que o governo da Alemanha tinha cometido o erro de dar o contrato de construção a um contratante Indonésio em vez de a uma companhia Japonesa ou Sul Coreana. É por isso que o governo está preocupado e já falou com a companhia Alemã para executar o projecto. Disse que compete à Alemanha resolver o problema. O Primeiro-Ministro disse que a Alemanha pagou o barco; por isso também deve ser responsável por ele. Ramos-Horta disse que tinha reiterado que não queria que a construção fosse entregue a uma companhia Indonésia e que ele tem de ser inspeccionado pela Singapura e Alemanha. (DN)
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Indignação dos timorenses vai ajudar a acabar com violência - PM

Díli, 20 Nov (Lusa) - A indignação dos timorenses vai ajudar a acabar com a actual onda de violência em Díli, disse hoje à Lusa o primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, ao reagir à morte de duas pessoas na capital do país.

"Temos confiança que a indignação da nossa própria gente, a indignação dos timorenses, vai ajudar a pôr termo a esta onda de violência", afirmou José Ramos-Horta.

O pastor evangélico brasileiro Edgar Gonçalves Brito e o timorense José Barros, membro da Comissão de Reconciliação Comunitária, morreram nas últimas 24 horas em Díli, em incidentes separados, em consequência de actos de violência perpetrados por grupos rivais de jovens, retomando os confrontos com vítimas mortais.

Ramos-Horta reconheceu ainda que a morte do cidadão brasileiro, a primeira de um cidadão estrangeiro desde o início da crise em Timor-Leste, em Abril, "terá efeitos na mente das pessoas", embora sublinhe que não se tratou de uma "acção premeditada contra cidadãos estrangeiros".

O primeiro-ministro, que hoje à tarde (hora local) visitou a irmã de Edgar Gonçalves Brito para lhe apresentar pessoalmente as suas condolências, manifestou-se convicto que as investigações sobre a morte do cidadão brasileiro poderão ser concluídas rapidamente.

"Ainda não tenho o relatório da polícia, mas já fui informado que [as Nações Unidas] estão já a duplicar a segurança, a 100 por cento nalguns locais e mais de 50 por cento noutros, e que estão a fazer uma busca intensa para a captura dos responsáveis. Tenho confiança que os assassinos serão capturados", afirmou.

A colaboração e, sobretudo, a indignação dos timorenses poderá ser a ch ave do sucesso, "tornando muito mais fácil a captura desses elementos", disse.

Relativamente à segunda morte registada, fonte da polícia das Nações Unidas (UNPOL) disse à Lusa que a vítima foi retirada domingo à noite da sua residência, no bairro de Aimutin, e encontrada hoje, de manhã, na zona do mercado de Comoro.

Trata-se de José Barros, cidadão timorense que integrava, em representação do bairro de Aimutin, a Comissão de Reconciliação Comunitária, liderada por Maria Domingas Alves "Micató", disse a presidente deste órgão à Lusa.

A Comissão de Reconciliação Comunitária foi uma estrutura criada pela Presidência da República, em parceria com o Programa "Simu Malu" (expressão em tétum que em português se pode traduzir por "Mútuo Acolhimento"), coordenado pelo Ministério do Trabalho e Reinserção Comunitária, que levou a cabo encontros de reconciliação a nível de base, nas aldeias timorenses e bairros de Díli.

Esta mesma comissão esteve envolvida nas manifestações em prol da paz que ao longo da semana passada percorreram os bairros de Díli, apelando para a reconciliação nacional.

Mais de 50 pessoas foram mortas em Timor-Leste desde o início da crise político-militar, em Abril, que provocou ainda cerca de 180 mil deslocados.

EL-Lusa/Fim

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Nota:

Alguém anda a mentir-lhe, Senhor Primeiro-Ministro. A cidade está deserta e não se vê uma patrulha da UNPOL ou dos militares australianos.

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UNMIT Daily Media Review

Saturday 18 + Monday 20 November 2006

National Media Reports
TP - Timor Post
DN - Diario Nacional
STL - Suara Timor Lorosae
RTTL - Radio e Televisao de Timor-Leste

Notable Commission’s Report

The Notables Commission work will soon be concluded and the report scheduled to be presented to the government by December. According to Fr. Antonio Gonçalves, the commission’s spokesperson, commissioners are now studying the petitioners’ proposals. In the meantime, MP Manuel Tilman said the Parliament Commission to study the COI report is half way through and would present their report to the plenary at the end of the month. (STL, TP)

Appointment of DSRSG

The appointment of DSRSG has been reported by both dailies, Timor Post and STL over the weekend. STL said the former military commander of the international forces during UNMISET period, Eric Tan Huck Gim has been appointed DSRSG in charge of security sector support, rule of law, human rights and transitional justice, civil police, military component, administration support sector and security section of UNMIT. Timor Post reported Tan Huck Gim has been nominated by UN Secretary General Kofi Annan as the DSRSG in charge of the security sector and rule of law of UNMIT. Mr Tan was former Brigadier General of Singapore. (STL, TP)

Sovereign Bodies Ask For Forgiveness

On behalf of the four main pillars of the State, President Xanana Gusmão asks the people for forgiveness for their failures of not governing properly resulting in the people becoming victims. President Xanana’s address to the people acknowledged that their failures affected everybody, especially children, F-FDTL and PNTL. Gusmao thanked the youth that distributed flowers to members of both institutions during the parade of unity and for the youths to reconcile during the lighting of candles on the anniversary of 12 November massacre. On behalf of the four sovereign bodies including PNTL and F-FDTL President Xanana appealed for everybody to put aside hatred and revenge and work to create a better country. He said PNTL and F-FDTL would work together with the youths in the neighbourhoods in order to encourage the families to return to their homes. (TP)

Youth Injured Following Violence

Rock throwing in front of IDP camps in Obrigado Barracks has left 2 persons injured. One was hit by a rock on the forehead, close to the eyes and the other was cut on the back with a machete. According to TP, citing a source from inside the camp, on Sunday night a group of youths, not the ones living nearby, walked past the Obrigado Barracks camp and started teasing the youth sitting outside the camp, resulting in rock throwing. (TP)

Germany Government Not Honest: Ramos-Horta

Prime Minister Ramos-Horta has said that the Government of Germany had not been honest in handing the construction of the ferry ship Nakroma to an Indonesian company. He said the government is upset because the ferry should have been completed over a year ago and continues to be delayed. He said the government of Germany made the mistake of giving the construction contract to an Indonesia contractor rather than to a Japanese or a South Korean company. This is why the government is upset and has already spoken to the German company to execute the project. He said it is up to Germany to resolve the problem. The Prime Minister said Germany paid for the ferry; therefore it must also be responsible for it. Ramos-Horta said he had reiterated he did not want an Indonesian company to be in charge of the construction of the boat and it must be inspected by Singapore and Germany. (DN)

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Comandante de Timor-Leste pede inquérito parlamentar

(Tradução da Margarida)

The Southeast Asian Times
NOTÍCIAS PARA O NORTE DA AUSTRÁLIA E O SUDESTE DA ÁSIA

Comandante das forças armadas de Timor-Leste, Taur Matan Ruak

Por John Loizou

Dili, Novembro 20: O papel legendário que o Brigadeiro General Taur Matan Ruak, 50 anos, teve nos 24- anos de luta para acabar a ocupação Indonésia do seu país — o seu compromisso, integridade, capacidades de organização e de liderança — significa que apesar de ser um Protestante, ele ganhou o respeito da maioria dos cidadãos da República, cerca de um milhão, a maioria Católicos Romanos.

Significa também que se o discurso do homem pequeno – cujo nome no seu Tétum nativo significa “olhar o mundo com os dois olhos” – e o seu comando das forças armadas de 1,100 homens e mulheres de Timor-Leste é gracioso e sem dar nas vistas, as suas palavras têm o som de um trovão.

E quando o encontrei no seu quartel imediatamente fora de Dili, para onde ele e as suas bem–disciplinadas forças armadas recuaram de acordo com instruções depois da violência de Abril e Maio - incluindo lutes entre soldados e polícias – que empurraram a re-introdução duma força de polícias e militares liderada por Australianos para re-estabelecer o domínio da lei no novo país independente, ele estava determinado que o mundo deveria ouvir a sua mensagem.

Ele não foi anti-Australiano.

“Lutei contra a Indonésia durante 24 anos sem ser um anti-Indonésio,” disse. “Por isso porque é que agora seria anti-Australiano? “Nunca vi um povo mais generoso que os Australianos.

“Quando em 1975 — depois da invasão Indonésia — a nossa gente fugiu para a Austrália foram os Australianos que os apoiaram como refugiados.

“Foram Australianos quem pressionaram para ajudar a garantir que Timor-Leste obtivesse a sua parte dos recursos do Mar de Timor.”

Mas o Brigadeiro General, que estava a responder a relatos dos media que alguns Timorenses se tinham queixado sobre o comportamento de soldados Australianos e a sua crença de que as tropas internacionais não podiam resolver a crise, estava menos confiante com o comportamento do governo Australiano. Somente o governo Australiano reconhecera a anexação de Timor-Leste pela Indonésia, disse. Agora o mesmo governo tem de lidar com um Timor-Leste que é independente há somente quatro anos.

“É uma nova experiência para o Governo Australiano: Lidar com um povo novo e uma nação nova e terá que aprender como fazê-lo.

“Mas reconhecemos que ambas, a Indonésia e a Austrália são nossas vizinhas e podemos escolher os nossos amigos mas temos de viver com os nossos vizinhos,” disse.
O Brigadeiro General tinha outras opiniões que queria expressar enfaticamente. Quer que o Parlamento de Timor-Leste faça uma investigação completa à violência de meado do ano que desestabilizou o seu país para “determinar os objectivos políticos e as estratégias” desses responsáveis – os intelectuais que foram os seus autores directos e indirectos.

Indicará os nomes deles?

Isso era para o Parlamento, disse. “Mas ainda quero que isso seja feito. É um objectivo claro e lutaremos por isso mesmo se levar outros vinte anos e eu tiver 70.” Nem estava ele satisfeito com o trabalho feito pela comissão de três homens nomeada pelo Secretário-Geral da ONU Kofi Annan para investigar a violência. A tarefa da comissão tinha sido determinar os factos e as circunstâncias da irrupção mas falhou e não o fez. O O relatório deles falhou em não tomar em consideração o contexto politico da crise e é por isso que ele apela por uma investigação parlamentar que considerará esses factos quando analisar os eventos que aconteceram durante a crise.

“Um exemplo foi o 25 de Maio quando nove policies foram mortos e mais de 20 feridos, alguns pelos meus soldados,” disse. Os Comissários identificaram os soldados mas falharam em distribuir qualquer culpa aos oficiais da ONU que tinham posto em risco os polícias. E apesar de todas as armas das forças armadas terem sido computadas, mais de 200 armas entregues pela polícia, incluindo pistolas e espingardas de longo alcance, estão ainda em falta.

Contudo os três comissários da ONU não recomendaram nenhuma investigação à polícia — com a excepção do antigo Ministro do Interior Rogério Lobato — enquanto propuseram a investigação do antigo Ministro da Defesa Roque Rodrigues, dele próprio e de quase toda a liderança das forças armadas.

Falharam também em declarar claramente que era falsa uma alegação em relação à existência de três contentores supostamente com armas ilegalmente importadas. “Isso faz-me às vezes pensar que a ONU quer acabar com as nossas forças armadas” disse.

Perguntei se tinha sido difícil para ele e para as suas forças armadas que não fosse declarada a lei marcial quando a violência se desenrolava. Depois de tudo não era a primeira vez que os seus soldados tinham sido obrigados a observar a capital deles a ser destruída?

“Regressámos aos nossos quartéis porque nos foi pedido para fazer isso,” disse.

“Somos as forças armadas mais gentis do mundo. Não há outras forças no mundo que fizessem o que nós fizemos.

“Dispararam contra a minha casa e pilharam-na e puseram em risco os meus dois filhos.

“Contudo cumprimos as nossas ordens.

“Quando Nova Iorque foi atacada em 11 de Setembro dois países – Afeganistão e Iraque – foram invadidos.

“Quando dois soldados Israelitas foram capturados, o Líbano foi destruído.”

“O que foi mais ofensivo foi o esforço para nos desonrarem. Algumas das acusações foram feitas por estrangeiros, algumas pelos nossos próprios compatriotas.”

E então o futuro?

“As forças armadas estão sempre prontas para actuar de acordo com as nossas leis,” disse.

“São umas forças armadas pequenas e alguns consideram que não são umas forças armadas regulares mas lutou uma Guerra de 24 anos contra uma das forças mais profissionais no mundo – as forças armadas Indonésias.

O Primeiro-Ministro em exercício de Timor-Leste, José Ramos-Horta avisou os desertores Major Alfredo Reinado Alves e Vicente “Railos” da Conceição, que são suspeitos de terem ainda armas na sua posse para as entregarem ou enfrentarão consequências medonhas. A prisão de “Railos” é um caso de polícia, disse o Brigadeiro General Taur Matan Ruak. Acredita que o treinado pelos Australianos Major Reinado que desertou em 4 de Maio de 2006 e mais tarde fugiu da prisão em 30 de Agosto, é perigoso.

“Mas o Reinado compreende que o uso da violência também se sairá cara. É essencial que o domínio da lei e da ordem seja implementado neste país.”

Então é possível que o Brigadeiro General Taur Matan Ruak tente a eleição de Presidente de Timor-Leste no próximo ano?

“Devotei 31 anos da minha vida ao meu país,” respondeu.

“Estou preparado para fazer seja o que for que me peçam.”

The Southeast Asian Times
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UNPOL não patrulha cidade

É incrível que no mesmo dia em que a UNPOL dá uma conferência de imprensa a comunicar que aumenta as patrulhas na cidade de Díli, que pelas 10 da noite a cidade esteja deserta, sem que se veja de Comoro a Audian, do Farol à Areia Branca, uma única patrulha policial.

Resta-nos pensar que quanto mais difícil está a situação de segurança em Díli, mais a UNPOL recolhe à sua toca.

É vergonhoso como no dia a seguir ao primeiro internacional ter sido assassinado, não há patulhas da UNPOL pela cidade.

O que fazem cerca de 1.000 polícias da UNPOL em Díli? Escondem-se com medo...

Alguém deve urgentemente pedir explicações não só à actuação das forças bilaterais australianas (também desaparecidas esta noite) , mas também à UNPOL.

Ou então só servem para fazer auto-stops e controlar o trânsito?

Cobardes...

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Dos leitores - tradução da Margarida

Sou um Australiano. O Brigadeiro-General Taur Matan Ruak não é só um soldado. É um lutador pela liberdade com dignidade. Tem uma compreensão de Democracia e de domínio da lei que está para além mesmo da de politicos Australianos de ambos os lados da política. Eu conheço-o e trabalhei com ele.

Seria pois pior para ele concorrer à Presidência de Timor-Leste, visto que Gusmão já repetidamente declarou que não se condidatará....mas também penso que ele é o candidato ideal para desmascarar o mito criado à volta de Gusmão.

Deus o abençoe Brigadeiro General Ruak.

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Sou Timorense.

Esta crise revelou muitos mitos e verdades sobre Timor-Leste. Mais convincente é que esta crise mostrou-nos que a transformação do homem nem sempre é positiva.
Xanana é como todos nós, nada mais que um mero mortal, não mais o homem reverenciado nem o símbolo de unidade que ligou os Timorenses durante a luta.

O que como Timorense eu estou a admirar são indivíduos como, Mari Alkatiri que mostra o seu compromisso sem hesitação com a nação, Taur Matan Ruak que tem, mostrado grande disciplina que se tem reflectido nos soldados leais das F-FDTL. Sim, eu votarei em Taur para Presidente, sim eu apoiarei Mari como Primeiro-Ministro outra vez.

***

Eu acompanho apesar de nem sempre ser capaz de ler as contribuições porque estão em Português. Devo dizer que tenho estado muito impressionado com a liderança mostrada pelo general Taur. A primeira vez que vi um líder de Timor na TV foi em 1999 e foi o Gen Taur ga saudar o Gen Cosgrove e a sua entrevista sobre as falintil terem de estar disciplinadas durante o seu acantonamento. Tenho esperança que ele concorra para Presidente. Sempre pensei que deveria ser o líder de Timor-Leste.

Pelo menos ele enfrentou Howard e Downer, o que é mais do que a nossa oposição na Austrália alguma vez fez. Ele teria o meu voto se eu tivesse um.

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De uma leitora

Sou brasileira, e estive em Timor-Leste durante dois anos trabalhando. Trabalhei com afinco e estive presente, como muitos brasileiros, quando dos acontecimentos de Abril e Maio deste ano, quando vi nosso trabalho - de malaes e timorenses - serem arrastados ao chão. Mas, mesmo com dor, medo e lágrimas, seguimos em frente... não poderia ser diferente, nessa terra do sol nascente, porque diferente não e o exemplo desse povo timorense.

Quando, mesmo contra minha vontade, tive que voltar ao Brasil, senti-me "abandonando o barco" em plena tempestade que assolava esse país, roubando o riso e a esperança desse povo já tão sofrido.

Mas essa é a história deles que eu respeito, compreendo e aceito que escrevam com suas próprias mãos.

A nos, malaes, so nos e permitido o papel de co-participantes na medida em que somos chamados a colaborar. Não nos cumpre transformar ou mudar o curso e a direcção. Mas eu me pergunto, temos feito a nossa parte??

Quantos timorenses já morreram até agora? E quantos mais serão necessários morrer para que possamos entender a mensagem?

Desta vez foi um brasileiro... brasileiros são povos irmãos dos timorenses, amados por eles, desde o braço armado que ai estiveram ensinando capoeira, samba e futebol, aos professores que ensinaram português com música e que ainda insistem em ensinar em plena crise, quando todos ja se foram ate aos missionários que de tanta humildade, sem o limite da língua (falam tetum e ate outros dialectos) já não são malaes, e sim verdadeiros timorenses.

Por isso, e provável que hoje sintam em Timor que morreu um quase-timorense e não realmente um internacional...

E eu me pergunto, numa escala de importância, as autoridades internacionais agiriam diferente se, ao invés de um brasileiro tivesse morrido um australiano ou um americano em Timor-Leste?
Quantos mais precisaram morrer para que se de um BASTA a essa situação??

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Embaixador diz que grupos armados em Timor Leste estão "mais explosivos"

Agência Brasil - 19 de Novembro de 2006 - 18h59
Kelly Oliveira, Repórter da Agência Brasil

Brasília - A morte do missionário brasileiro Edgard Gonçalves Brito em Díli, no Timor Leste, hoje (19), causou apreensão em brasileiros, segundo informações da Agência Lusa, de Portugal.

O embaixador do Brasil em Díli, Antônio de Souza e Silva, disse à Agência Lusa que os grupos de jovens que promovem violência em Díli estão “mais explosivos”. “O mais importante é que parece que (o crime) foi com uma arma de fogo", afirmou.

Silva disse ter sido informado de que o missionário por médicos da Clínica do Bairro Pité, para onde Gonçalves foi levado, de que o missionário foi baleado. "A informação disponível é que o carro foi atacado em meio a uma confusão na rua. Ele foi alvejado entre o pescoço e o ombro. Quando cheguei (à clínica ), soube pelos médicos que tinha sido uma arma de fogo, uma pistola", adiantou o diplomata.

Segundo a Agência Lusa, atualmente vivem cerca de 160 brasileiros no Timor Leste, sendo que 100 são missionários, e os demais, professores e funcionários da embaixada brasileira.

Ainda segundo a Lusa, crise político-militar que assola o país asiático, desde o início do ano, deixou até hoje mais de 50 mortos e 180 mil desabrigados (a metade já retornou a suas casas).

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Comunicado - PM - em português

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
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COMUNICADO DE IMPRENSA

Dili, 19 de Novembro de 2006

Primeiro-Ministro dá as boas vindas ao novo Comandante da GNR e despede-se do Capitão Gonçalo Carvalho


O novo comandante do contingente da polícia portuguesa de elite, a GNR, em Timor-Leste apresentará a sua comissão ao Primeiro-Ministro, José Ramos-Horta, hoje às 14.00 (Segunda-feira, 20 de Novembro), no Palácio do Governo.

Actualmente, estão em funções em Timor-Leste 142 agentes da GNR, incluindo agentes destacados para a Unidade de Protecção Pessoal do Primeiro-Ministro.

O Capitão Jorge Barradas irá substituir o Comandante Gonçalo Carvalho, que regressa a Portugal para uma pequena paragem antes da sua recolocação. Ambos pertencem ao Batalhão Operacional, Unidade de Ordem Pública, em Portugal.

O Capitão Gonçalo Carvalho, que chegou a Dili a 28 de Maio, completou agora o seu sexto mês de serviço.

“Vou ter saudades das pessoas de Timor-Leste,” afirmou hoje Gonçalo Carvalho.

“Durante este curto período que cá passei fiz muitos amigos. Os esforços em prol da paz e da reconciliação são motivos de orgulho para o país e para os seus lideres. ”

“Existem muito países pelo mundo fora que poderiam aprender bastante com Timor-Leste relativamente aos passos necessários para alcançar a paz.”

Ramos-Horta elogiou a liderança do Capitão Carvalho.

“O capitão chegou numa altura muito dificil,” disse Ramos-Horta.

“Os seus agentes da GNR honraram Portugal e deram um grande apoio ao nosso país.

Sentiremos de certo a sua falta mas damos igualmente as boas-vindas a Timor-Leste ao Capitão Barradas e desejamos boa sorte à sua liderança da GNR.”

O Primeiro-Ministro irá, durante esta semana, oferecer um jantar de despedida para aos agentes da GNR que integraram a sua Unidade de Protecção Pessoal.

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Ramos-Horta triste e indignado com "trágica morte" de cidadão brasileiro

Díli, 20 Nov (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, man ifestou-se hoje "triste e indignado" com a morte de um cidadão brasileiro, a primeira de um estrangeiro, ocorrida domingo à noite em Díli.

"Foi com grande tristeza e indignação que tomei conhecimento do falecimento do cidadão brasileiro Edgar Gonçalves Brito, de 32 anos, ocorrido domingo à noite em Dili, vítima de crime", lê-se no comunicado enviado pelo gabinete de Ramos-Horta à Lusa.

Depois de salientar que contactou o embaixador do Brasil em Díli, António de Souza e Silva, para lhe transmitir "sinceras condolências", extensíveis à família do cidadão brasileiro, um pastor evangélico, Ramos-Horta anunciou que tenciona visitar hoje à tarde (hora local) a irmã da vítima.

"As autoridades policiais iniciaram de imediato investigações no sentido de encontrar os responsáveis de tão horrendo crime. Gonçalves Brito, cuja vida foi tragicamente tirada, era um missionário Protestante da Assembleia de Deus, uma pessoa unanimemente respeitada e cujo trabalho em Timor-Leste, ensinando Português e prestando assistência social em (distrito de) Viqueque, era um forte símbolo da amizade existente entre o Brasil e Timor-Leste", vincou.

Entretanto, ao contrário das primeiras informações, Edgar Gonçalves Brito terá sido morto em consequência dos ferimentos recebidos com uma lâmina, e não por ter sido baleado, como foi inicialmente anunciado.

A morte de Edgar Gonçalves, pastor missionário evangélico, ocorreu cerca das 21:30 de domingo (12:30 de Lisboa), quando regressava a casa, acompanhado da irmã, enfermeira, proveniente de um culto religioso, revelou o pastor Durval Barbosa, em declarações à Agência Lusa.

"Trata-se de uma notícia trágica. A morte de uma pessoa querida que trabalhava muito, que veio para este país para ajudar a trazer a paz para este povo e que foi vítima de pessoas que têm muito ódio dentro de si", lamentou.

Cidadãos brasileiros que contactaram a irmã da vítima, que testemunhou o incidente, disseram à Lusa que os dois irmãos regressavam a casa, provenientes de um culto, quando foram surpreendidos por um grupo de jovens armados.

"Ele tentou dizer que não era timorense, que não era daqui, mas eles não quiseram ouvir e atacaram-no. Faleceu pouco depois", acrescentou Durval Barbosa.

Josué Vieira Santos, outro cidadão brasileiro, referiu que a morte de Edgar Gonçalves apanhou de surpresa a comunidade brasileira, sobretudo por ocorrer dias depois das diversas iniciativas em prol da paz realizadas ao longo da semana passada na capital timorense.

"Depois de todas as passeatas de paz estávamos esperançados que a situação já estaria resolvida a nível de segurança pública", afirmou.

A morte de Edgar Gonçalves, a primeira de um cidadão estrangeiro em Timor- Leste relacionada com a crise político-militar desencadeada em Abril passado, verificou-se quando grupos de jovens surpreenderam a viatura em que seguiam os dois irmãos na zona entre os bairros de Akadiro Hun e Bidau, onde se situa o Hospital Nacional Guido Valadares.

Depois de ter sido ferido, Edgar Gonçalves ainda conseguiu conduzir a viatura até uma casa em que residem outros brasileiros, que o tentaram transportar até ao Hospital Nacional, mas que foram impedidos de o fazer devido à confusão nessa parte da cidade e a barreiras formadas por pneus, levantadas por grupos de jovens.

Transportado para a Clínica do Bairro Pité, o corpo chegou já sem vida.

EL-Lusa/Fim
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Dois mortos em menos de 24 horas em Díli

Díli, 20 Nov (Lusa) - A morte de duas pessoas em menos de 24 horas em Díli levou hoje a Missão da ONU em Timor-Leste (UNMIT) a convocar uma conferência de imprensa, em que anunciou o reforço das patrulhas policiais.

A primeira morte referenciada, domingo à noite (hora local) foi a do brasileiro Edgar Gonçalves Brito, o primeiro cidadão estrangeiro a sucumbir à violência desencadeada com a crise político-militar de Abril passado.

A segunda vítima mortal, de nacionalidade timorense, foi encontrada hoje d e manhã na área do mercado de Comoro.

Os dois crimes levaram hoje o representante adjunto do secretário-geral da ONU, o brigadeiro-general na reserva Erick Tan, das forças armadas de Singapura, e o comissário interino da polícia da ONU, Emir Bilget, a anunciar à imprensa o reforço das patrulhas de polícia e a criação de novas esquadras na capital.

Escusando-se a adiantar detalhes sobre as duas mortes, referindo-se às investigações que estão em curso, Erick Tan considerou, contudo, "não dever haver relação entre os dois crimes".

"Temos algumas informações que ainda não foram confirmadas. Logo que seja possível, divulgaremos essas informações", acrescentou.

"Nestes casos é importante ter todos os factos antes de os divulgarmos. Peço-vos que nos dêem tempo. De momento não temos mais informações para vos dar", vincou.

Emir Bilget destacou na ocasião que presentemente a polícia da ONU (UNPOL) dispõe de 966 efectivos, de 21 países, e que "rapidamente chegarão mais cerca de 100", tendo em vista cumprir o que está previsto na resolução 1704, de 25 de A gosto deste ano, do Conselho de Segurança da ONU, que criou a UNMIT e que prevê 1.608 polícias.

"A avaliação das ameaças à segurança e ordem pública é feita numa base diária", frisou Emir Bilget, depois de anunciar a abertura de três esquadras, que funcionarão 24 horas por dia, e de mais 11 postos, a maioria dos quais também abertos 24 horas por dia.

Erick Tan declarou-se ainda convicto que, à semelhança de casos de homicídios anteriores, resolvidos pela UNPOL, também a morte do cidadão brasileiro e o caso do timorense hoje encontrado morto será solucionado.

Na ocasião, Erick Tan anunciou que em breve será enviado para Timor-Leste um segundo representante adjunto de Kofi Annan.

A UNMIT é actualmente liderada pelo dinamarquês Finn Reske-Nielsen, e Erick Tan tem a seu cargo a área da segurança e do primado da Lei.

O futuro elemento desta equipa, que ainda não foi anunciado, terá a seu cargo a governação e o apoio aos processos eleitorais, presidenciais e legislativas, a realizar em 2007.

A este respeito, Erick Tan salientou que a ONU vai continuar a colaborar com as autoridades timorenses na organização desses dois escrutínios, referindo que as duas eleições "estão previstas para Abril, Maio ou, de alguma forma, ao longo de 2007".

EL-Lusa/Fim
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De um leitor

I am Timorese.

This crisis has revealed many myths and truths about Timor Leste. More compelling is that this crisis has showed us that the transformation of man is not always for the positive.
Xanana is like all of us nothing but a mere mortal, no longer the revered man nor the symbol of unity that binded Timorese during the struggle.

What as a Timorese I have come to admire is individuals like, Mari Alkatiri who shown his unfaltering commitment to this nation, Taur Matan Ruak who has show great discipline that has been reflected in loyal soldiers of the FFDTL. Yes, I would vote for Taur as President, yes I would support Mari as Prime Minister again.

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De um leitor

Apresento a todos os meus amigos brasileiros que estejam a trabalhar em Timor, como missionários católicos ou evangelistas, professores etc. bem como ao Senhor Embaixador os meus sentidos pêsames pela morte de um compatriota deles.

Igualmente expresso a minha mais profunda indignação aos criminosos perpetradores da morte de alguém que esteve a servir a nossa nação. Como timorense sinto-me envergonhado de tudo o que esta a acontecer em Timor a partir de Abril deste ano.
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De um leitor

I follow though am not always able to read the contributions because they are in Portuguese. I must say I have been very impressed with the leadership shown by general Taur. The first time I saw a Timor leader on TV was in 1999 and it was Gen Taur greeting Gen Cosgrove and his interviews about falintil having to stay disciplined during their cantonement. I hope he runs for President. I always thought he should be the leader for East Timor.

At least he stands up to Howard and Downer, which is more than our opposition in Australia ever does. He would get my vote if I had one.

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De um leitor

I am an Australian. Brigadier General Taur Matan Ruak is not just a soldier. He is a Freedom Fighter with dignity. He has an understanding of Democracy and the Rule of Law which is way beyond even Australian politicians on both sides of the political divide I have met and worked for.

It would be worse then for him to contest the Presidency of East Timor, seeing as Gusmao has already repeatedly stated he will not be a candidate....but then again I think he is also the ideal candiate to take on the "myth" created around Gusmao.

God Bless you Brigadier General Ruak.

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Depoimento do missionário mineiro

http://hebromnews.spaces.live.com/blog/cns!3282AD5921C27A4F!3070.entry?_c=BlogPart

Edgard é único brasileiro a morrer no Timor Leste e o primeiro estrangeiro desde abril, quando se iniciou a crise político-militar no país. A casa de Edgard já tinha sido atacada no dia 26 de maio e sua moto, roubada.

Na ocasião, ele fez o seguinte relato na lista de discussão e para o site Crocodilo Voador: "No dia 26, quando tentaram entrar em minha casa, eu pensei que não sairia daqui vivo. Eu sentei em uma cadeira e fiquei olhando para a porta, esperando o momento que quem estava tentando arrombar a porta conseguiria entrar. Não tinha nada a ser feito, eu não poderia ligar para ninguém. Quem seria louco de entrar no meio de um conflito de gangues para salvar um amigo?

Quando meu telefone tocou, eu nem esperei a pessoa do outro lado falar o que queria, contei tudo que estava acontecendo e ouvi a Anabel (outra missionária evangélica) falando para eu ficar calmo que ela iria ligar para o embaixador. O mais estranho de tudo é que a Elisama, tinha esquecido o telefone em casa e a Anabel fez uma ligação errada para o telefone da Elisama, que por ela ter esquecido, estava comigo. Minutos depois, a Anabel me retornou falando que a embaixada não poderia me ajudar, pois não tinha mais policiamento na cidade, mas que se eu tivesse coragem de sair de dentro de casa, ela viria me buscar."

Desde o início da crise, o número oficial de mortos é próximo de 50. Cerca de 2 mil casas foram incendiadas e, no pior momento, 160 mil pessoas abandonaram seus lares para se refugiar em escolas, igrejas e até praças. Edgard vinha trabalhado, com outros missionários brasileiros, junto a esses refugiados.

Em um e-mail enviado para a jornalista que escreveu este texto - e que era amiga pessoal dele - o missionário confessou: "Nesses dias eu tenho sentido medo. Determinadas circunstâncias me assustam, mas estou com pessoas que pensam o tempo inteiro em servir ao próximo, o que me motiva a continuar aqui e ajudar de alguma forma."

A pequena comunidade brasileira de Díli está consternada e em estado de choque. A população brasileira no Timor costumava ser de cerca de 200 pessoas, número que foi reduzido com a saída do Exército Brasileiro, um contingente fixo de 50 militares em 2004. A maior parte é constituída de missionários, católicos e evangélicos. Estes últimos representam a maioria, com cerca de 50 pessoas, conforme a época.

Fonte:Word News Network
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Cidadão brasileiro não foi baleado

Edgar, o missionário brasileiro não foi baleado. O ferimento que inicialmente se supôs ser de bala, após as primeiras investigações, foi de lança ou faca.

Edgar conduzia um jipe Toyota Surf branco, onde seguiam além da irmã dele, três meninas timorenses.

Junto do cruzamento da avenida Audian e a ponte para o Hospital Guido Valadares foram impedidos de seguir para Balide e o carro apedrejado.

Os atacantes tentaram tirar a irmã de Edgar para fora do carro e terá sido a defendê-la que os criminosos o esfaquearam com uma lança ou um ferro.

Edgar furou a barreira e ainda conseguiu chegar junto da casa de outro missionário, onde a irmã e as meninas ficaram, e que o levou para a clínica do bairro Pité, onde viria a morrer.

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East Timore's commander seeks parliamentary inquiry

The Southeast Asian Times
NEWS FOR NORTHERN AUSTRALIA AND SOUTHEAST ASIA

East Timor’s commander army chief, Taur Matan Ruak

By John Loizou

Dili, November 20: The legendary role Brigadier General Taur Matan Ruak, 50, played in the 24-year struggle to end Indonesia’s occupation of his country — his commitment, integrity, organisational skills and leadership — means that although a Protestant, he commands the respect of most of the Republic’s about one million mostly Roman Catholic citizens.

It means also that if the speech of the diminutive man whose name in his native Tatum means “to look at the world with both eyes” and commands the 1,100 men and women of East Timor’s army is gracious and low, his words have the resonance of thunder.

And when I met him at his barracks just outside Dili, where he and his well-disciplined army retreated to their barracks in accordance with instructions after the violence of April and May- including fighting between soldiers and police - that prompted the reintroduction of an Australian-led force of soldiers and police to re-establish the rule of law in the newly-independent country, he was determined that the world should hear his message.

He was not anti-Australian.

“I fought Indonesia for 24 years without being anti-Indonesian,” he said. “So why would I now be anti-Australian? “I have never seen a people more generous than the Australians.

“When in 1975 — after the Indonesian invasion — our people ran away to Australia it was the Australian people who supported them as refugees.

“It was Australians who lobbied to help ensure East Timor got its share of the resources from the Timor Sea.”

But the Brigadier General, who was responding to media reports that some East Timorese had complained about the behaviour of the Australian soldiers and his belief that international troops could not settle the crisis, was less sanguine about the behaviour of the Australian government. Only the Australian government had recognised Indonesia’s annexation of East Timor, he said. Now that same government has to deal with an East Timor that has been independent for just four years.

“It is for the Australian Government a new experience: Dealing with a new people and a new nation and it would have to learn how it is done.

“But we recognize that both Indonesia and Australia are our neighbours and you can choose your friends but you have to live with your neighbours,” he said.
The Brigadier General had other views to emphatically express. He wants East Timor’s Parliament to make a thorough investigation of the midyear violence that destabilised his country to “determine the political objectives and strategies” of those responsible - the intellectuals who were its direct and indirect authors.

Would he name them?

That was for the Parliament, he said. “But I still want it to be done. It’s a clear objective and we will push for it even if it takes another 20 years and I’m 70.” Nor was he satisfied with the work done by the three-man commission appointed by United Nations Secretary General Kofi Annan to investigate the violence. The commission’s task had been to determine the facts and circumstances of the eruption but it had failed to do so. Their report had failed to take into consideration the political context of the crisis and that is why he is calling for a parliamentary investigation that would consider these facts when assessing the events that took place during the crisis.

“An example was May 25 when nine policemen were killed and more than 20 injured, some by my soldiers,” he said. The Commissioners had identified the soldiers but had failed to apportion any blame to the United Nations officials who had put the police at risk. And although all the arms held by the army had been accounted more than 200 weapons issued to the police, including pistols and long-range rifles, were still missing.

Yet the three UN commissioners had not recommended any investigation of the police — with the exception of former Interior Minister Rogario Lobato — while they had proposed investigation of former Defence Minister Roque Rodrigues, himself and almost the entire army leadership.

They had also failed to state clearly that an allegation regarding the existence of three containers with supposedly illegally imported weapons was false. “It sometimes makes me think that the UN wants to break up our army” he said.

Had it been difficult for him and his army not to declare martial law as the violence unfolded, I asked. After all it was not the first time his soldiers had been forced to watch their capital being destroyed?

“We returned to our barracks because we were requested to do so,” he said.

“We are the gentlest army in the world. There are no other forces in the world that would have done what we did.

“They fired at my house and looted it and put my two children at risk.

“Yet we obeyed our orders.

“When New York was attacked on September 11 two countries - Afghanistan and Iraq - were invaded.

“When two Israeli soldiers were captured, Lebanon was destroyed.”

“What was more hurtful was the effort to dishonour us. Some of the accusations by foreigners, some by our own countrymen.”

So what of the future?

“The armed forces are always ready to act in accordance with our laws,” he said.

“It’s a small army and some consider it not to be a regular army but it had fought a 24-year of war against one of the most professional forces in the world - the Indonesian army.

East Timor’s caretaker Prime Minister, Jose Ramos-Horta has warned deserters Major Alfredo Reinado Alves and Vicente “Railos” da Conceicao, who are suspected of still holding weapons to surrender them or face dire consequences. The arrest of “Railos” was for the police, Brigadier General Taur Matan Ruak said. He believed that the Australian-trained Major Reinado who deserted on May 4 2006 and later escaped from prison on August 30 was dangerous.

“He is in possession of illegal weapons, he said.

“But Major Reinado understands that the use of violence will also cost him dearly. It’s essential that the rule of law and order is implemented in this country.”

So was it possible that Brigadier General Taur Matan Ruak would seek election as President of East Timor next year?

“I’ve devoted 31 years of my life to my country,” he replied.

“I’m prepared to do whatever it demands of me.”

The Southeast Asian Times

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Comunicado - PM


DEMOCRATIC REPUBLIC OF TIMOR-LESTE
OFFICE OF THE PRIME MINISTER

MEDIA RELEASE

Dili, November 19 2006

Prime Minister greets new GNR commander and farewells Captain Carvalho

The new commander of Portugal’s elite GNR police contingent to Timor-Leste will present his commission to the Prime Minister Dr José Ramos-Horta at 2 p.m. tomorrow (Monday, November 20) at the Palácio do Governo.

There are 142 GNR police now on duty in Timor-Leste including officers seconded to the Prime Minister’s Close Protection Unit.

Captain Jorge Barradas is taking over from Captain Gonçalo Carvalho, who will return to Portugal for a short break before redeployment. Both men are from Portugal’s National Crowd Control Unit.

Captain Carvalho who arrived in Dili on May 28 has completed his six-month tour of duty.

“I will miss the people of Timor-Leste,” Captain Carvalho said today. “During my short time here I have made many friends. The ongoing efforts towards peace and reconciliation are a credit to the nation and to its leaders.

“There are many countries around the world who could learn a great deal from Timor-Leste about the steps required towards peace.”

Dr Ramos-Horta praised Captain Carvalho’s leadership.

“The captain came here at a very difficult time,” Dr Ramos-Horta said.

“His GNR police have been a credit to Portugal and a great support to our nation. We will miss him but at the same time I welcome Captain Barradas to Timor-Leste and look forward to his leadership of the GNR.”

The Prime Minister will later this week host a farewell for the GNR officers who have formed his Close Protection Unit.

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Comunicado - PM

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
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COMUNICADO DE IMPRENSA


20 de Novembro de 2006


Comunicado emitido pelo Primeiro Ministro Dr José Ramos-Horta relativo ao trágico falecimento de Edgar Brito

‘Foi com grande tristeza e indignação que tomei conhecimento do falecimento do cidadão Brasileiro Edgar Gonçalves Brito, de 32 anos, ocorrido ontem à noite em Dili, vítima de crime.

Nestas dolorosas circunstâncias, contactei o Embaixador da República Federal do Brasil, Sua Excelência o Sr António José Maria de Sousa e Silva, a quem pedi que aceitasse e transmitisse à família do Edgar e a todos os seus familiares e amigos, e à comunidade brasileira, as minhas mais sinceras condolências, em meu nome, de todo o Governo e do povo Timorense, pelo luto que acaba de os atingir.

Esta tarde visitarei a sua irmã Elizama Gonçalves Brito, enfermeira em Dili, que testemunhou o crime, e a quem pessoalmente transmitirei o meu pesar.

As autoridades policiais iniciaram de imediato investigações no sentido de encontar os responsáveis de tão horrendo crime.

O Sr Edgar Gonçalves Brito, cuja vida foi trágicamente tirada, era um missionário Protestante da Assembleia de Deus, uma pessoa unanimemente respeitada e cujo trabalho em Timor-Leste, ensinando Português e prestando assistência social em Viqueque, era um forte símbolo da amizade existente entre o Brasil e Timor-Leste. O seu amor pelo povo de Timor permanecerá como um exemplo para nós. Damos graças a Deus pela vida e obra deste missionário ao serviço da sua fé em prol do povo timorense.’

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De um leitor

Edgar morreu naquela terra que ele amava tanto, juntando-se às muitas vítimas timorenses que já tombaram naquele solo. Mesmo na morte, ele quis irmanar-se com os que sofrem, tombando ao lado deles. Infelizmente, já não poderá trabalhar mais para essa terra e para esse povo, coisa que ele fez incansavelmente até ao último dia de sua vida. Como é que uma pessoa tão pacífica, que prezava tanto a paz, foi morta por aqueles que só amam a violência?

Não reconheço este Timor horrível, feito de ódio, violência, crime e destruição das coisas bonitas que existem no mundo. Que é feito daquela terra bonita onde gentes nobres, generosas e pacíficas viviam em paz com os Homens, com a Natureza e com Deus?

Não conheci Edgar, a não ser pelos vivos relatos que li na internet. Mas sei que Timor e o mundo perderam um amigo, uma pessoa de bem e de paz. Que desperdício de um valor tão raro! Quero prestar aqui a minha singela homenagem a esse irmão brasileiro, rezando uma oração por ele e tendo a certeza de que a sua obra não será esquecida. Apesar de tudo, valeu a pena, pois Timor ficou menos pobre, menos faminto, menos sofredor, com o seu esforço. Como disseram os seus amigos, o seu sacrifício não foi em vão. Saibamos respeitar a sua memória, aprendendo alguma coisa com o seu exemplo valoroso.

Os meus sentidos pêsames à família e amigos. Que descanse em paz.

H. Correia.
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Missionário Brasileiro assassinado quando se alargam lutas

(Tradução da Margarida)


Northern Territory News - 20 Nov 06
Por Jill Jolliffe em Dili, East Timor

Um missionário Brasileiro foi assassinado na capital Timorense quando se alargaram novas lutas ontem à noite, somente dias depois de facções rivais se terem unido numa marcha da paz através da cidade.

A testemunha ocular Elizabete da Silva disse que viu o homem morrer quando uma turba atacou o Hospital de Dili e queimou carros.

“Era nosso vizinho. Viu-os a pararem o carro dele, a arrastarem-no para fora e a cortarem a sua garganta,” disse.

Uma fonte próxima da Embaixada Brasileira confirmou que o homem morreu cerca das 8 pm, hora local (10pm AEDT) e disse que o corpo da vítima tinha sido levada para uma clínica no subúrbio do Bairro Pite.

Foi a primeira morte estrangeira em esporádico conflito em Timor-Leste desde que irrompeu em Abril.

Uma fonte da ONU, que pediu para não ser identificada, disse que dois homens locais tinham sido admitidos no Hospital de Dili com setas no corpo, enquanto outros locais estavam também a ser tratadas por feridas menores.

A polícia da ONU esteve na cena pouco depois do assassinato e foi relatado que tiveram de usar balas de borracha para acalmar a multidão.

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ARTIGO DE XANANA GUSMÃO - 2ª Parte

(II parte)
A teoria das conspirações

(continuação)

Hoje, vou abordar os pontos elaborados no n.º 3 do documento de ‘Análise da Situação e Perspectivas, do Comité Central da Fretilin, de 29 de Outubro de 2006’:

‘Durante estes 4 anos, um plano bem traçado de contra-inteligência foi sendo implementado que incluía:

i) criar rivalidade e clima de suspeição mútua entre F-FDTL e PNTL;

ii) usar a média e o boato para manchar a imagem do Governo e, em particular, do Primeiro Ministro;

iii) aprofundar as diferenças de postura entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro, minando as relações institucionais entre ambos;

iv) dividir a Fretilin e enfraquecer a sua liderança;

v) organizar grupos para manifestações frequentes;

vi) criar um clima de caos e de ingovernabilidade;

vii) aliciar as Forças para a necessidade de intervir a favor de um golpe para derrubar, pretensamente, para ‘salvar o país’ de um ‘governo impopular’.

Um plano bem traçado de contra-inteligência foi sendo implementado!!! Fui professor de português, em 1963, e insisto que o verbo traçar pede também um sujeito... objectivo! Traçado por quem? Quem é esse fantasma que anda a brincar a traçar planos contra o I Governo Constitucional, eleito democraticamente, na eleições para a Assembleia Constituinte, em 30 de Agosto de 2001?

Um plano bem traçado de contra-inteligência... não será de certeza produto de algo impalpável, tem que vir de cérebros. E isto pressupõe que tenhamos inteligência! Ninguém nega que, individualmente, os senhores doutores do CCF, possuem inteligência! Mas será que o Estado tinha serviços de inteligência? Eu tenho a absoluta certeza de que os senhores doutores do CCF ouviram, antes de se pronunciarem, em termos inteligentes, os serviços de informação, encabeçado pelo Sr. Eng. Ricardo Ribeiro, os serviços de inteligência da PNTL e os serviços de informação militar, da FFDTL. Porque só dessa nossa inteligência, podemos perceber a contra-inteligência.

Ou será que o CCF tem os seus próprios serviços de inteligência? Serviços de segurança, isso sim, todo o Povo sabe, que o grupo de arte marcial, o Korka é quem dá a segurança política nas reuniões do Partido. Eu digo ‘segurança política’ porque são membros do Partido, um partido político. Mas o Povo não sabe se também o CCF tem serviços de inteligência.

Indiquem-nos, por favor, essas maldosas pessoas!!! O Povo unido até pode ajudar o CCF a apanhá-las e metê-las em Becora, para aprenderem a perceber que a nossa democracia não permite manifestações... contra o Governo! Eu creio que o povo ficará contente e descansado por, finalmente, castigarmos esses ‘profundamente anti-democráticos e golpistas!!! Mas, revelem-nos os nomes por favor!

i) criar rivalidade e clima de suspeição mútua entre F-FDTL e PNTL

Alguém, esse fantasma, criou ‘rivalidade e clima de suspeição mútua entre FFDT e PNTL’! Ou um grupo bem organizado criou... ou... um conjunto de organizações criou!

O Senhor Paulo Martins, que metia os seus colegas ex-agentes da polícia indonésia? É possível! Falando em ‘rivalidade e clima de suspeição mútua’... terá sido um plano do Senhor Paulo Martins, armar uma polícia pro-autonomia para combater as F-FDTL?

O Senhor David Ximenes, que todos sabiam, tinha uma enorme antipatia para com o Senhor Paulo Martins? Falando em ‘rivalidade e clima de suspeição mútua’, terá sido plano do Senhor David Ximenes, recrutar os veteranos da resistência clandestina para a Polícia, para contrabalançar com as F-FDTL?

Terão sido os veteranos?

Ao exigir um maior respeito às suas pessoas, como veteranos, estavam a ‘criar rivalidade e clima de suspeição mútua entre F-FDTL e PNTL’, porque eles eram antigos guerrilheiros?

Terá sido a Polícia Nacionalista?

Tenho o documento de averiguações, do Gabinete de Inspecção da PNTL, de 7 de Março de 2006, sobre o assunto da Polícia Nacionalista, em que muitos declaram terem reunido, colectivamente, com o membro do CCF, deputado do Parlamento Nacional, Senhor Elisário, o membro do CCF e Secretário-Geral Adjunto da Fretilin e Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Senhor Dr. José Manuel Fernandes, o Director dos Serviços de Informação Nacional e Assessor do Primeiro-Ministro, Senhor Eng. Ricardo Ribeiro (não sei se é membro do CCF) e mais outros indivíduos fora da PNTL, para formarem o grupo da Polícia Nacionalista! Houve encontros em Aituri Laran, em Becora e na Universidade Continental.

E é interessante transcrever parte das declarações do Secretário-Geral Adjunto da Fretilin, Sr. Dr. José Manuel Fernandes: ‘Ha’u dehan ami nain tolu (ha’u, Senhor Ricardo, Sr. Liurai Tasi) né diretamente promotor ba grupo né, i ami mos hein ikus mai Unaqmartil nebé mak mosu finaliza Timor ninian mos, sei bele dait tan, katak ami nain tolu mos sei sai promotor ba loron ikus’. (Eu disse, nós os três (eu, Senhor Ricardo, Senhor Liurai Tasi) somos directamente promotores deste grupo, e nós também estamos à espera de virmos a ser também promotores da Unaqmartil, que já existe, depois de eles finalizarem o processo).



E, como que a corroborar comigo, o Senhor Dr. José Manuel Fernandes, Secretário-Geral Adjunto da Fretilin, acrescentou: ‘Labele kaer deit ba abaixo assinado hanesan causa ba problema, maibé abaixo assinado sira halo né, ha’u bele interpreta katak hanesan efeito husi caso ida nebé mak mai antes kedas’. (Não se pode pegar no abaixo assinado como a causa do problema, e, na minha interpretação, o abaixo assinado é um efeito de algo que apareceu antes).

Senhor Secretário-Geral Adjunto, diga isso aos seus camaradas (subordinados) do CCF: ‘nunca tomem o efeito pela causa’!

Se os dois são membros do Comité Central da Fretilin e membros do Governo, porque não encontraram uma forma de comunicar o problema ao Secretário-Geral do Partido e Primeiro Ministro? Se são todos membros do Comité Central da Fretilin, uns deputados e outros membros do Governo, porque não encontraram uma forma de comunicação com outro membro do Comité Central da Fretilin e Ministro do Interior, Senhor Rogério Lobato? Se são todos membros do Comité Central da Fretilin, uns deputados e outros membros do Governo, será que é permitido fazerem estas coisas, que depois aparecem ao público como ‘culpa dos agentes da polícia’?

Outra questão interessantíssima é o compromisso que o Secretário-Geral Adjunto, Senhor Dr. José Manuel Fernandes, fez, na investigação, quanto à UNAQMARTIL! O público sempre pensou que Unaqmartil era um grupo anti-Governo, porque um dos líderes da Unaqmartil era o Senhor Reis Kadalak, tantas vezes apelidado pelos seus camaradas no Parlamento e no Governo como o ‘frustrado’, o ‘cabelos compridos’ que não tinha lugar na Fretilin!

Agora, sim, estamos a perceber as ‘inteligências’ e ‘contra-inteligências’! Devo reconhecer, finalmente, que isto tudo é... muito inteligente!

Terá sido a PNTL, no seu todo, a criar a rivalidade e suspeição mútua?

Os tantos problemas, pequenos na maioria, surgidos entre agentes da Polícia e membros das F-FDTL, terão sido propositadamente ‘implementados’ para ‘criar rivalidade e clima de suspeição mútua entre F-FDTL e PNTL’?

Terão sido as F-FDTL, a criar a rivalidade e suspeição mútua?

Depois da ‘tentativa de manipulação política dos problemas dos veteranos com a organização de uma manifestação com o ex-comandante L-7 e outros veteranos em 2004’, houve um diálogo (que muitos distintos doutores não gostaram) entre membros do Governo, membros do Parlamento e Veteranos e membros da Polícia Nacionalista.

Lembro-me que, no decurso do diálogo, uma pergunta surgiu de membros da F-FDTL: ‘porquê a criação da Unidade Especial da Polícia? Será que a F-FDTL não chega?’

No Relatório da Comissão de Investigação, de 2004, sobre o caso de Lospalos, onde os militares controlaram o posto da polícia, a pergunta aparecia em todas as bocas: Porquê e para quê uma Unidade Especial da Polícia? Mas havia mais: Porquê havia maior atenção à Polícia e ‘quase nenhuma atenção’ às F-FDTL? Porquê, para a alimentação, a Polícia recebia mais do que as Forças? Porquê, não havia também ‘per diem’ para os militares, quando chamados a dar segurança, nas deslocações das entidades do Governo, e só a Polícia recebia? Porquê a PNTL, sendo em maior número, tinha fardamento igual e as F-FDTL pareciam mais umas Forças das Nações Unidas, com fardamentos da China, de Portugal, de Moçambique?

Enfim, acabo aqui a lista dos porquês, mas os anteriores podem denunciar já, a todo o povo, quem pode ser os actores internos e externos que, durante estes 4 anos, tentaram ‘criar rivalidade e clima de mútua suspeição entre F-FDTL e PNTL’!!!

Terão sido, esses actores internos, os Partidos Políticos da oposição? O ASDT? O PD? O PSD? Os outros Partidos?

Os intelectuais? O Senhor Dr. Lucas da Costa? O Senhor Dr. Vital dos Santos? O Senhor Pe. Martinho Gusmão? O Senhor Pe. Domingos Maubere?

Quem serão os actores externos? Os conselheiros militares internacionais a trabalhar com as F-FDTL? Os americanos, os australianos e o malasiano que está no Ministério da Defesa? Os Embaixadores?

Os conselheiros da UNMISET a trabalhar com a PNTL? Os Embaixadores?

Ouve-se muito dizer que conselheiros (americanos ou australianos) abordaram oficiais superiores das F-FDTL sobre ‘golpes’ (não sei se ‘golpes de mão’ ou ‘golpes de pés’). Se o CCF possuir esses dados, divulgue os nomes deles.

Somos um País democrático e SOBERANO! A nossa SOBERANIA tem que ser defendida!!! O Parlamento Nacional pode, depois da divulgação minuciosa de dados pelo CCF, passar uma Resolução definindo essas pessoas de ‘personas non gratas’. O actual Primeiro Ministro do Governo inconstitucional pode apresentar um protesto diplomático ao Governo que tiver mandado o/s seu/s cidadão/s para fazer este trabalho de ‘carácter profundamente anti-democrático e golpista’, no nosso país, demonstrando um total ‘desrespeito pela ordem constitucional democrática’.

Todo o Povo se lembra de que, quem chamou o Governo Australiano de ladrão, fui eu! Numa Mensagem à Nação! Senhores Doutores do CCF, só tenho 7 meses para terminar o meu mandato e não tenho nada a perder! Dêem-me os nomes e denunciarei essa conspiração internacional, seja junto do Presidente Bush seja junto do Primeiro Ministro John Howard! Mas venham os factos, com os respectivos nomes!

QUEM? Quem está no cérebro deste ‘PLANO BEM TRAÇADO’?

ii) usar a média e o boato para manchar a imagem do Governo e, em particular, do Primeiro Ministro

Senhores doutores do CCF, (democrática e transparentemente eleito no Congresso de Maio de 2006!!!) com todo o respeito, que devo a dirigentes históricos do Partido histórico!

Quanto à média, todos em Timor, sabemos das explosivas declarações do Primeiro-Ministro do I Governo Constitucional, eleito democraticamente nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 30 de Agosto de 2001. Eu tentei, sempre que podia, alertar o Primeiro-Ministro para evitar utilizar linguagem confrontativa.

Em Janeiro de 2004, falei assim: ‘Primeiro-Ministro, não estou a dirigir-me a si como Presidente da República, porque eu sei que não me ouve! Falo para si, como um antigo companheiro da luta, como um amigo dos tempos da juventude, e peço que não responder imediatamente às palavras e notícias que saem nos jornais. Deixe passar dois ou três dias e vai reparar que não vale a pena responder ou comentar’. O Primeiro-Ministro aceitou o ‘conselho’ e congratulei-o posteriormente pelo esforço de refrear o desejo de ir, imediatamente, ao contra-ataque... até que a paciência se lhe esgotou ou a própria personalidade lhe não permitiu ficar à mercê das críticas e... recomeçou-se a guerra de palavras, que nunca mais podia augurar um fim amistoso!

Como Presidente da República, estou arrependido de ter VETADO o Código Penal! Vou já pedir ao actual Governo inconstitucional, para endurecerem as disposições punitivas quanto à difamação e boatos e criar um novo artigo sobre ‘Crimes por manchar a imagem do Chefe do Governo’! Realmente, não se pode tolerar tanta falta de respeito a um Primeiro-Ministro de um Governo legítimo e democraticamente eleito!

Eu sei que o Povo, simples, humilde e sofredor, vai compreender com clara noção dos seus deveres e obrigações de cidadania, esta IMPOSIÇÃO DE RESPEITO AOS SEUS LEGITIMOS GOVERNANTES!

Vou também recomendar ao Primeiro-Ministro, do actual Governo inconstitucional, para apressar com a Lei da Liberdade da Imprensa. Senhores doutores do CCF! Contem comigo, porque enviarei de volta a Lei, para ser corrigida no título que deverá ser: Lei da Censura!

Assim, esses jornaizecos que temos, no nosso Estado de direito democrático, não vão brincar mais a ofender os governantes deste país! Mas que ousadia! Num Estado de direito democrático, ofenderem (= mancharem a imagem) dos governantes, legítimos e democraticamente eleitos, com uma maioria de dois terços! É, o que se pode dizer, um grave insulto aos valores democráticos!

O mais importante, senhores doutores do CCF, é tirar as melhores lições, porque segundo os ‘experts’ dos primeiros 4 anos, ‘governar era aprender’! Aprendamos a governar com firmeza e nada mais confortável que... governar sem o receio de nenhuma crítica e, obviamente, sem oposição!!!

iii) aprofundar as diferenças de postura entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro, minando as relações institucionais entre ambos

É muito vaga a expressão: ‘diferenças de postura’! As pessoas podem pensar que se relaciona apenas aos problemas recentes da crise!

Nunca quis ser Presidente da República e, por isso, durante a UNTAET, não passei por algum programa de ‘capacity building’! Como não sou formado em Direito, a Constituição que estava a ser redigida, discutida e aprovada pela Assembleia Constituinte, eleita em 30 de Agosto de 2001, foi para mim um documento de estudo, para eu compreender, as funções de Presidente da República, já depois de ser Presidente.

Vim a compreender a diferença entre o sistema presidencial e o nosso de semi-presidencial.

O presidencial definiria que o Presidente da República seria do Partido que ganhou as eleições, democráticas. Se a Constituição tivesse definido o sistema presidencial, todos pensam como eu, o Presidente da Fretilin teria sido o Presidente da República e não teria havido eleições presidenciais em Abril de 2002. (E... diga-se de passagem... não teria havido ‘golpe constitucional’ por parte do Xanana, como o Senhor Dr. Vasconcelos (não sei se é membro do CCF), e Director do BPA, gostava de utilizar nos seus ‘SMS’ a toda a gente!)

Mas o semi-presidencial teria um Presidente, que deveria ‘aparecer’ como não vinculado ao Partido no poder, mesmo que seja membro desse Partido. Sendo que eu deixei a Fretilin, muitos anos atrás, eu não fugiria muito à ‘figura’ que se estava a exigir desse Presidente.

Compreendi a independência que se garantia a este Órgão de Soberania e compreendi também os vínculos institucionais, chamados de ‘solidariedade institucional’, que permitem abordar muitos problemas... à porta fechada... e todas as semanas.

Desde 20 de Maio de 2002, houve muitas ‘diferenças de postura’! Para ir apenas a algumas ‘diferenças de postura’, de que todo o público timorense se lembra, pode-se ir à de Novembro de 2002, com o pedido público de demissão de um Ministro. ‘Diferenças de postura’ na escolha de um primeiro embaixador para a Austrália. ‘Diferenças de postura’ na lei de revisão do sistema de impostos. ‘Diferença de postura’, na Lei de imigração! ‘Diferença de postura’ no Código Penal! ‘Diferença de postura’, nas eleições de chefes comunitários! ‘Diferença de postura’ na ‘contratação política’ do Korka, pela Fretilin! ‘Diferenças de postura’ no assunto de corrupção nos concursos públicos, nas minhas intervenções para as Conferências com os Parceiros de Desenvolvimento!

Apesar dessas ‘diferenças de postura’, importantíssimas quanto a mim, as relações mantiveram-se, penso eu, guiadas pela ‘solidariedade institucional’.

‘Aprofundar as diferenças de postura... minando as relações institucionais’, é grave! O verbo aprofundar só pode ter dois sujeitos, porque o terceiro sujeito é vítima desse complô de ‘carácter profundamente anti-democrático e golpista’, por ‘desrespeito à ordem constitucional democrática’.

O primeiro sujeito só pode ser o Presidente da República! Este, é claro, toda a gente sabe o seu nome, a sua idade, onde é que mora e tem o cartão de eleitor para 2007.

O segundo sujeito, desde que o Presidente da República seja orgulhoso demais para não admitir as suas próprias culpas, só pode ser esse tal ‘fantasma’ ou ‘fantasmas’, porque podem ser actores internos e externos.

Aqui, já é mais complicado, porque só o CCF, democrática, legitima e transparentemente eleito no Congresso de Maio de 2006, pode responder. Queria dizer apontar os nomes, divulgar esses nomes!

Mas, como disse atrás, pode ser que o CCF considerou apenas o tempo da crise!

Mas, podemos ir para estas análises! Como, depois de terminado o meu mandato, a partir de 20 de Maio de 2007, serei apenas um cidadão ordinário, cujo voto não afecta em nada o exercício democrático dos partidos políticos, não tenho nada a perder, se vamos todos dissecar os pequenos segmentos da crise, onde as relações institucionais foram profundamente abaladas!

Logo depois do problema dos peticionários, embora houvesse, eu creio, ‘diferenças de postura’, sempre houve troca de informações e dava-se a conhecer um ao outro de qualquer plano ou ideia que se pensava poder ajudar a encontrar uma solução.

Havia, tanto quanto possível, um esforço de cooperação entre os dois Órgãos, respeitando-se a independência de actuação e de competências. E em todas as anteriores situações de ‘diferenças de postura’, não me lembro ter havido uma postura de irreconciliabilidade nos actos das duas instituições. Sempre que necessário, critiquei actuações do Governo, em mensagens dirigidas à Nação, adoptando sempre o princípio de ‘defender’ o Governo nas minhas intervenções no interior do país ou fora do país.

Bem, vamos à actual crise! Eu tenho que descrever alguns factos relevantes para percebermos a objectividade da análise do CCF quanto ao ‘aprofundar as diferenças de postura... minando as relações institucionais.’

Apesar das ‘diferenças de postura’, em relação à expulsão dos quase 600 militares, os 2 órgãos de soberania sempre discutiram o problema, sem pré-conceitos rigidamente estabelecidos.

1 - O Primeiro Ministro planeou ter um encontro com os Oficiais das F-FDTL. Eu pedi-lhe para deixar para mim e que o informaria do resultado. Após o encontro, na noite de 8 de Abril, com os oficiais das F-FDTL, informei ao Primeiro Ministro do que aconteceu e disse-lhe que teríamos de encarar o problema já sob outra perspectiva, a de promover e assistir a reinserção dos ex-militares na vida civil. Tentou-se cooperar para encontrarmos a solução mais apropriada.

2 – No dia 28 de Abril, logo pela manhã, o Primeiro Ministro falou comigo ao telefone e pôs-me ao corrente do ambiente frágil e tenso que envolvia os manifestantes. Informou-me do seu encontro, na véspera, com o Gastão Salsinha e pediu-me para também falar com ele. Chamei o Gastão Salsinha e, depois de lhe dizer, que eram totalmente inaceitáveis as exigências que fizeram, ele aceitou as condições que eu dei e estava disposto a seguir, se os jovens o tivessem ouvido.

Fui imediatamente ao Hotel Timor, para o encerramento do Fórum dos Empresários e transmiti ao Primeiro Ministro o resultado a que se chegou, no encontro com o Gastão Salsinha:

- que ele aceitou era inaceitável a exigência para suspender o Brigadeiro-General Taur Matan Ruak e outros oficiais

- que ele aceitou trabalhar com a Comissão dos Notáveis

- que todos quantos assinaram a petição deveriam permanecer em Díli, para facilitar os trabalhos da Comissão

- que os restantes membros do grupo deveriam voltar aos distritos

E o Primeiro Ministro comunicou-me também da sua apreensão quanto à capacidade do Gastão Salsinha de controlar os jovens e, nesse aspecto,

- que ele concordou tentar, como pudesse, persuadir os jovens a manterem-se calmos e esperarem que um membro do Governo fosse falar com eles.

Ainda durante a cerimónia, dos empresários, o Primeiro Ministro chamou o Ministro Horta que aceitou a incumbência de ir falar com os peticionários mas, sobretudo, aos jovens apoiantes que estavam exaltados.

Acabada a cerimónia, também por chamada do Primeiro Ministro, apareceu o Ministro Rogério e fomos encaminhados a uma sala. Abordámos a fragilidade da situação, no tocante aos jovens, apoiantes ou participantes da manifestação, informando da perspectiva da ida do Ministro Horta. O Ministro Rogério ofereceu-se para chamar o ex-comandante Dudu para ir acalmar os jovens, até à chegada do Ministro Horta.

Pedi apenas para o Ministro considerar a segurança no seu trajecto, de regresso ao local onde se concentravam e o próprio Ministro garantiu a possibilidade de serem transportados em camiões da polícia, para evitar confrontos físicos com a população, moradora do mercado de Comoro.

Terminado este encontro, que só abordou a questão da manifestação e como dar a devida assistência para terminar em bem, saímos da sala, enquanto os jovens, já na rua, estavam a fazer os estragos que todos conhecem. Disse ao Primeiro Ministro que regressava a Caicoli, para acompanhar a situação. Só depois das 6 e meia da tarde, é que voltei a casa, e porque não recebera nenhuma informação, de quem quer que fosse, pensei que a violência se tivesse reduzido apenas ao que aconteceu no Palácio do Governo.

3 – No dia seguinte, 29 de Abril, à saída de casa para o trabalho, a minha segurança informou apenas que, a partir da meia-noite, houve muita troca de tiros em Rai Kotu e que se prolongou até às 7 daquela manhã.

Fiquei assustado com a notícia, já que a segurança não podia dar mais informações. Chegado a Caicoli, pedi para que chamassem o Senhor Comandante-Geral Paulo Martins a fim de me dar o ponto de situação da casa do Primeiro Ministro, pelas 4 horas da tarde do dia anterior, do Gabinete de crise da situação.



O Senhor Paulo Martins informou-me então da reunião havida e em que a decisão que fora tomada foi de dividir as áreas de actuação das F-FDTL e da PNTL.

Não quis acreditar! Pedi ao próprio Comandante-Geral da Polícia para ligar ao Primeiro Ministro. Perguntei ao Primeiro Ministro sobre o que estava a acontecer. O Primeiro Ministro informou-me acerca da decisão tomada de aplicar as F-FDTL. À minha pergunta de porquê eu não fora informado, atempadamente, o Primeiro Ministro respondeu que tentou chamar-me pelo telefone, mas que o Telecom não funcionava. Fiquei surpreendido, porque de Farol a Caicoli, a distância não é a mesma de Balibar a Caicoli e eu estava no meu gabinete até para além das 6 e meia da tarde.

Pus, simplesmente, de lado o problema de falta de coordenação institucional ou, no mínimo, de informação entre instituições. Disse então ao Primeiro Ministro que iria imediatamente sair para ver a situação ‘in loco’ e pedi ao Primeiro Ministro para ordenar que, até às 2 horas da tarde, as Forças deveriam retirar-se para os quartéis. O Primeiro Ministro respondeu-me que sim e que iria dar instruções nesse sentido.

Pelas 3 da tarde, encontrava-me em frente da Embaixada Americana, na Praia dos Coqueiros, a tentar resolver o problema do ajuntamento das pessoas que buscavam o refúgio naquela embaixada. Apareceu o Secretário de Estado, Senhor David Ximenes, que me facilitou ligar ao Ministro de Defesa, Dr. Roque Rodrigues. Falei com ele, dizendo ‘Senhor Ministro, por favor, lembre ao Primeiro Ministro que me prometeu, hoje de manhã, retirar as Forças para os quartéis e já são 3 horas e ainda estou a ver alguns militares postados perto daqui’.

Às 4 da tarde, estando já em Motael a contactar com o Pároco para receber, no complexo da Igreja as pessoas que estavam a tentar buscar refúgio na embaixada americana, o mesmo Senhor David Ximenes passou-me o seu telefone. Aí, o Primeiro Ministro disse-me que só à noite, iria ter uma reunião para decidirem sobre o assunto.

No dia 30, no meu gabinete, tive um encontro com o Primeiro Ministro, o Ministro Ramos-Horta e o Brigadeiro Taur. Foi-me apresentado um plano de retirada, que continha 3 fases e que só no dia seguinte (1 de Maio), iriam definir a sequência no terreno e a coordenação com a PNTL. (Entretanto o Senhor Presidente do Partido telefona ao Brigadeiro, pedindo-lhe para fechar imediatamente o aeroporto, para não deixar sair ninguém, sobretudo os líderes da oposição!!!, ao que o Primeiro Ministro prometeu depois falar com o Senhor Lú Olo).

O Presidente da República preferiu aceitar as fases, porque o objectivo era o recuo gradual das Forças, cuja presença estava a criar ‘animosidade’ no seio da população.

Nos dias subsequentes, nunca o Presidente da República levantou, como matéria de facto, a falta de melhor percepção de todas as instituições sobre os problemas da população. Respeitei sempre as decisões do Primeiro Ministro, respeitei sempre os planos do Gabinete da Crise, num esforço de contribuir positivamente para a solução do problema maior – o que dizia respeito à população.

3 – Li em jornais que o Presidente da República estava a receber amiudadas vezes o Ministro Horta e que custava imenso ao Primeiro Ministro ser recebido.

Em Caicoli, no Palácio das Cinzas, os encontros foram sempre com o Primeiro Ministro, às vezes acompanhado pelo Ministro Horta. Das poucas vezes que o Ministro Horta veio sozinho a Caicoli, o Primeiro Ministro era imediatamente chamado a seguir.

As relações institucionais, que eu me lembre, não se deterioraram, antes pelo contrário, houve sempre ensejo de mostrar que havia a vontade de cooperar, entre as duas instituições.

4 – Em 23 de Abril, teve lugar o combate de Fatu Ahi, de que eu só fui informado pelo próprio Primeiro Ministro, em 24, no meio de outros dados sobre outro combate, o de Tasi Tolu.

Da minha parte, nunca saiu nenhuma palavra que colocasse o Primeiro Ministro a pensar que as duas instituições estavam definitivamente em lados opostos.

Mesmo que quisesse, o Presidente da República não podia pensar para além do limitado horizonte de informações que o Primeiro Ministro ia dando. Decidi, a dada altura, proibir no Palácio da Cinzas, toda a entrada de rumores e informações desconexas.

O Presidente da República, como Órgão de Soberania, não possui serviços de inteligência! É o Governo e o Governo deve admitir que tinha um serviço de informação nacional, incapaz e ineficiente. Pelo menos, era o que transparecia antes, durante e depois do período difícil da crise, porque os rumores, propositadamente fabricados ou não, eram a substância das informações.

5 – No dia 24 de Maio, em Caicoli, recebo o Presidente do Parlamento Nacional, o Primeiro Ministro, o Ministro do Negócios Estrangeiros, a que depois se juntaram o Ministro de Defesa e o Ministro do Interior. Fui então informado acerca dos últimos acontecimentos e colocou-se a questão de ser já a altura de pedir a intervenção estrangeira.

Mantive a mesma posição de recusar a intervenção estrangeira, porque em minha opinião, como Estado, mesmo com os problemas surgidos, deveríamos ser nós os timorenses a resolver os nossos próprios problemas. Os ilustres Senhores insistiram, considerando que o Alfredo Reinado estava a monte com armas, assim como os peticionários e a polícia, que atacaram o Quartel-General das F-FDTL, em Tasi Tolu, já que poderíamos passar a uma situação mais confrontativa.

Perante as minhas reticências, o Ministro Horta perguntou ao Ministro de Defesa, Dr. Roque Rodrigues, quais seriam as probabilidades de sucesso, se as F-FDTL desencadeassem uma operação sobre o Reinado e sobre os peticionários. O Senhor Ministro de Defesa, Dr. Roque Rodrigues respondeu, mais ou menos, nestes termos: ‘As F-FDTL estão preparadas e podem encurralar tanto o Alfredo como os peticionários! Mas só posso garantir esse sucesso, com uma condição, que a PNTL não se envolva a favor do outro lado!’ Ao acabar, o Senhor Dr. Roque Rodrigues olhou, de propósito, para o Ministro Rogério que se manteve impávido e sereno, como que a não querer responder à provocação.

Concordei, então, com a decisão de pedir a intervenção das Forças Internacionais!

Logo a seguir, convocou-se o Corpo Diplomático, para se dar a saber da decisão. Já no início da reunião com o Corpo Diplomático, lembrei-me de uma informação que me chegou aos ouvidos e, enquanto o Ministro Horta estava a explicar a decisão, em inglês, sussurrei ao Primeiro Ministro: ‘Ouvi dizer que o L-7 vem aí com muitos civis para se apresentarem às F-FDTL. È isto verdade?’ E o Primeiro Ministro confirmou dizendo ‘É o Ruak que está a chamar os reservistas’. E eu disse: ‘Por favor, diga ao Ruak para não fazer isso, evitemos armar civis’. E eu sei que o Senhor Dr. Mari Alkatiri se lembra desta conversa, em sussurros, que tivemos à frente de todo o corpo diplomático e a imprensa.

6 - Houve, sim, uma reacção minha a toda esta situação, quando fui informado do combate no Quartel-General da Polícia e da situação da morte de alguns agentes, no dia 25 de Abril, que era feriado e eu estava em casa. E eu disse: ‘Já chega! Com o que está a acontecer, o Governo está a provar que não tem capacidade de controlar a situação! Assumo, a partir de agora, a defesa e segurança!”

Nisto, concordo que as ‘relações institucionais’ tivessem sido bastante danificadas! Mas, quando o Primeiro Ministro teve a amabilidade de ir à minha casa, em Balibar, expliquei o porquê da minha reacção! E o Primeiro Ministro sabia que eu não tinha mexido um dedo para deter o comando nem sobre as F-FDTL nem sobre a PNTL! Se o Senhor Paulo Martins ia à minha casa, o actual Ministro do Interior também esteve lá, por mais de uma vez e, todas as conversas que eu tive com eles, foi apenas de pedir para eles controlarem devidamente a polícia e, sobretudo, as armas!

Recebi o Primeiro Ministro com o mesmo respeito que sempre lhe demonstrei, apesar de muitas ‘diferenças de postura’, durante 4 anos!

E foi com esse mesmo respeito, que lhe pedi para transmitir à Senhora Dra. Ana Pessoa, que se ela pensou que me magoava com o seu ‘Sms’, em que dizia ‘Viva a imundície da democracia da república de bananas/Xanana’, o efeito fora precisamente o contrário, porque só pude exclamar assim: ‘Pobre Ana!’.

As ‘diferenças de postura’, até aí, não creio ter melindrado as ‘relações institucionais’.

Mas se o CCF pensar diferentemente (estamos numa República Democrática), enumere por favor algumas ‘diferenças de postura’ que se ‘aprofundaram’ e ‘minaram as relações institucionais’ entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro.

Em 4 de Dezembro de 2002, eu dei o corpo, como sempre fiz, em fins de 1999 e em todo o ano de 2000, seja durante as várias cenas de violência nas comunidades, seja em casos de estragos e manifestações. Muitos senhores que hoje afirmam que qualquer acto de violência e a manifestação são um ‘desrespeito pela ordem constitucional democrática’ com ‘carácter profundamente anti-democrático e golpista’, não apareceram, ainda e naquela altura, na cena política do país! Não havia ainda a Assembleia Constituinte!

Na manifestação promovida pela hierarquia da Igreja, o Primeiro Ministro manifestou o desejo de ir falar aos manifestantes e eu disse ‘não’ e garanti-lhe que eu iria para lá... defender os interesses de todo o Estado!

Abordei as ‘diferenças de postura’ entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro (e devo acrescentar, também com alguns ilustres membros do CCF e membros do I Governo constitucional, eleito democraticamente, nas eleições para a Assembleia Constituinte, em Agosto de 2001) e nunca utilizei essas diferenças para estabelecer distâncias entre nós.

Por hoje, fiquemos com essas diferenças até... o 25 de Maio de 2006! As outras virão na próxima edição...

iv) dividir a Fretilin e enfraquecer a sua liderança

É interessante esta análise!!! Todos em Timor, sabem que os problemas dentro da Fretilin existiam, mesmo antes da ‘expulsão’ do Senhor Victor da Costa, do Governo.

Depois da sua saída, ele mais uns seus camaradas, foram insistindo para a uma reunião comigo e mandei dizer-lhes que eu não podia intrometer-me nos assuntos internos do Partido. Inclusive, informei ao Secretário-Geral do Partido e Primeiro Ministro da posição tomada por mim.

Por aquela altura, em encontros com a bancada da Fretilin no Parlamento, solicitei ao Presidente do Partido e aos seus camaradas que deviam tentar resolver os diferendos e o próprio Presidente do Partido me informou, uma vez, que iriam fazer isso mesmo. Congratulei o Presidente e o Partido por essa vontade , já que sendo um grande Partido, problemas assim danificam a imagem do Partido.

Mas continua interessante! Dividir a Fretilin! Há duas componentes possíveis – uma interna, no interior do Partido e outra, externa, de fora do Partido!

A componente interna, hoje apresenta-se como o grupo da ‘Mudança’ e reforçou (relativamente embora) as suas fileiras, antes do Congresso do Partido. Antes ou, melhor dito, no início dos problemas, eles eram conhecidos por ‘grupo dos frustrados’ que não conseguiram obter um lugar no Governo! Havia o Senhor Vicente Mau Boci, havia o Senhor Reis Kadalak, que ficou alcunhado de ‘cabelos compridos e despenteados, que não mereciam ser membros do Partido’.

Esse grupo é que foi apresentando ao público, ao longo dos anos, os problemas internos organizacionais do Partido e o mundo ficou a saber que, segundo ‘os frustrados’, ‘o partido estava controlado pelo grupo de Maputo, porque são formados e falam só em português’ e que ‘os outros camaradas só sabiam dizer sim para defender a cadeira’, que o ‘Presidente Lu Olo só dava ouvidos ao grupo de Maputo, porque ele percebe português, e desconsiderou totalmente os elementos da Resistência, que ele tinha dirigido, durante anos difíceis’, que o ‘partido não funcionava, porque todos se encontravam no Governo e no Parlamento’, etc., etc. ...

O acesso aos problemas internos do Partido, foram os próprios ‘frustrados’ que passaram para o público, através das suas entrevistas. O ‘grupo de Maputo’ é obra, é criação, é produto interno bruto da própria Fretilin! A expressão pegou rapidamente, como hoje em dia, os rumores, que têm maior capacidade de mobilização das pessoas, que o próprio Estado!
Se, por cada hora que falavam contra o seu próprio Partido, alguém pagava 25 dólares americanos, como se ouve dizer quanto à violência organizada em Díli, nos últimos tempos, só eles sabem e só Deus sabe! O problema é que Deus não pode ir testemunhar perante o Tribunal Distrital de Díli. No outro Tribunal (o Juízo Final), talvez sim, mas eu penso que Deus, como o Juiz desse Tribunal, vai perdoar muita coisa!

Os ‘actores internos’, aqui, devem ser compreendidos ‘de dentro da Fretilin’, serão: Vicente Mau Boci, Reis Kadalak, que formou a Unaqmartil para actividades que ‘desrespeitam a ordem constitucional democrática’ com ‘caracter profundamente anti-democrático’ (e agora já sabemos os promotores, que até são membros superiores do CCF) e o Senhor Victor da Costa! Juntaram-se, recentemente, aos frustrados: o Senhor José Luís Guterres, o Senhor Igídio, o Senhor Theme, o Senhor César... e não conheço outros.

Os ‘actores externos’, no sentido de que são de fora do Partido! Podemos indicar alguns alvos: P.e Martinho Gusmão, P.e Domingos Maubere, os partidos da oposição, o ‘STL’, o Presidente da República, para se falar de ‘peixes graúdos’.

Mas é ainda muito interessante a análise! Havia forças reaccionárias que queriam ‘dividir a Fretilin e enfraquecer a liderança’. Num PLANO BEM TRAÇADO! Isto não é brincadeira de estudantes de Direito da UNDIL ou UNPAZ ou UNICOM ou UNIMAR! E que FOI SENDO IMPLEMENTADO... desde fins de 1999 ou desde Agosto de 2000 ou desde Agosto de 2001 ou desde 20 de Maio de 2002!!!

Já em Junho de 2006, aparece o santinho do Presidente da República, com a sua última Mensagem... a tentar ‘dividir a Fretilin e a enfraquecer a liderança’! Porque o documento do CCF é longo, vou deixar para a próxima edição... essa minha responsabilidade de ‘dividir a Fretilin e enfraquecer a sua liderança’! Os leitores que tenham calma e paciência!

v) organizar grupos para manifestações frequentes

Não vou acrescentar mais nada, para além de dizer que compreendo, agora, que num Estado de direito democrático, como a República Democrática de Timor-Leste, as manifestações só podem ser permitidas se falarem de HIV/AIDS, de Direitos das Crianças, de Direitos das Mulheres, da Fome no Mundo, da Paz na Terra, etc., etc..

vi) criar um clima de caos e de ingovernabilidade

Nunca esqueçamos, ao ler cada ponto da análise, que havia já um ‘plano bem traçado... que vinha sendo implementado’... para ‘criar um clima de caos e de ingovernabilidade’.

E para fundamentar isso, o ilustre Comité Central da Fretilin (eleito transparentemente no Congresso de Maio de 2006), juntou os diversos acontecimentos, desde 2001, fazendo-os suceder-se em fases e etapas que levaram ao ‘clima de caos e de ingovernabilidade’.

O caso de 4 de Dezembro de 2002, não provocou, deve-se dizer com honestidade, um ‘clima de caos e de ingovernabilidade’. Se, dalguns ministérios, os ministros saíram para evitar ofensas corporais na sua dignidade, foi só um dia. Se alguns ou todos os distintos deputados do Parlamento escolheram, com os pés, a melhor forma de segurança pessoal, foi também apenas uma questão de um dia.

Na manifestação em que se utilizou o ex-comandante L-7, a situação não levou ‘ao caos e à ingovernabilidade’. Os gases lacrimogéneos puseram fim à tentativa de vigílias, a que os mobilizadores se propunham. Eu digo ‘mobilizadores’, como possíveis actores internos, o Senhor Manuel Carrascalão, a Senhora Deputada Maria Paixão, que foram vistos fornecer água e alimentação aos manifestantes e a Senhorita Ângela Freitas que gritou muito na manifestação e recebeu como prémio, o caixão de volta à sua casa.

Na manifestação promovida pela hierarquia da Igreja, foram longos 18 dias, que embora incomodasse, não me lembro terem criado ‘um clima de caos e de ingovernabilidade’. Eu sei que se pensava ‘arrumar’ o assunto, pelo uso da força, e acredito que Deus não permitiu.

Contudo, eu também não devo esquecer que dentro do ‘plano bem traçado... e que foi sendo implementado’, aquelas manifestações eram apenas fases ou etapas... na magnífica análise política conspirativa do ilustre Comité Central da Fretilin.

Agora, podemos perceber, segundo o fio de pensamento da análise do CCF, a fase final ou etapa final do ‘plano bem traçado... que foi sendo implementado’, foi a manifestação dos peticionários.

O timorense comete sempre o erro de acordar tarde e, às vezes, tarde demais! E, com isso, quero dizer, os membros do CCF, são timorenses! Podemos ser mais brancos ou mais pretos, mais altos ou mais baixos, o carácter é o mesmo!

Por este aspecto de acordar-se tarde, agora posso ventilar a hipótese de que o CCF não estava a acompanhar a situação, não sabia de nenhum plano. Só depois da crise, fez uma retrospectiva analítica e chegou à conclusão da existência de fases, que bem descritas por doutores, licenciados em psicologia política e em direito, revela a existência de um ‘plano bem traçado... que foi sendo implementado’.

Afirmo assim, porque, o contrário seria o CCF, cujos membros estavam distribuídos no Governo e no Parlamento, na Polícia e nas F-FDTL, teria feito gorar pura e simplesmente os objectivos daquele ‘plano bem traçado’... de ‘criar um clima de caos e de ingovernabilidade’, suponho, em Abril e Maio de 2006. Ainda ressoa nos ouvidos das pessoas: ‘Só a Fretilin pode criar estabilidade e instabilidade!’

O CCF reconhece, agora (implicitamente) que o refrão era vazio, produto de arrogância política apenas, porque o CCF não conseguiu evitar que outras pessoas pudessem levar a cabo, durante 4 anos, ‘um plano bem traçado e que foi sendo implementado’ para ‘criar um clima de caos e de ingovernabilidade’. Demos a mão à palmatória, Senhores Doutores do CCF!

Eu lembro-me que, porque as ‘relações institucionais’ entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro não estavam minadas ainda, em princípios de Maio, o Primeiro Ministro diz-me que ‘desconfiava que tudo o que aconteceu em 28 de Abril, fora obra do Rogério... porque não cumpriu as ordens que ele, Primeiro Ministro, tinha dado, logo pelas 8 horas da manhã, para reforçar a segurança, porque já se sabia que os peticionários iriam atacar o Palácio do Governo e porque o sistema de rádio e comunicação, que fora comprada muito recentemente na China, não funcionou, porque houve sabotagem ’.

Apesar do meu pedido para o Rogério ser demitido, em 28 de Novembro de 2002, também nunca lhe faltei ao respeito e, nessa ocasião, discordei imediatamente com a sua opinião. Mas, depois de ouvir mais argumentos do Primeiro Ministro, aceitei essa possibilidade.

Agora, fica-me praticamente difícil apontar o dedo a uns, sem apontar a outros. Os actores internos seriam os membros do PSD, como o Senhor João Gonçalves, que levavam água e comer para a ‘quarentina’ (onde os peticionários se concentravam), pessoas da embaixada americana, como a Senhora Lurdes Bessa, que foram vistas a levar também água e comer, membros da igreja que cometeram o pecado de dar de comer aos que têm fome e água aos que têm sede!

Mas não posso tirar da minha pobre cabeça, a acusação do Secretário-Geral do Partido e Primeiro Ministro, a um seu camarada e Ministro do Interior. Fiquei com enxaqueca, quando soube que, depois, o Senhor Rogério foi eleito Vice-Presidente da Fretilin! A acusação, afinal das contas, era falsa! Não brinquemos a acusar levianamente as pessoas!

vii) aliciar as Forças para a necessidade de intervir a favor de um golpe para derrubar o Governo, pretensamente, para ‘salvar o país, de um ‘governo impopular’

O ponto mais alarmante da análise está aqui: ‘Aliciar as Forças para a necessidade de intervir a favor de um golpe para derrubar o Governo, pretensamente, para ‘salvar o país, de um ‘governo impopular’.

Nas manifestações de Maio de 2005, tive um encontro com os dois Reverendos Bispos e, virando-me, para D. Basílio do Nascimento, disse: ‘Não repara, Senhor Bispo, que é irónico estarem aqui as pessoas a exigir a demissão do Primeiro Ministro, porque o governo é impopular, e, nas recentes eleições em Baucau para líderes comunitários, a Fretilin ganhou as eleições, em todas as aldeias e sucos’!

Ouvem-se contar muitas histórias!

Numa reunião, possivelmente em Outubro de 2005, do Conselho Superior de Defesa e Segurança, o então Ministro Rogério informou que os serviços de inteligência da Polícia estavam na posse de dados sobre possível fornecimento de armas, do outro lado da ilha, mencionando o nome de um Coronel indonésio e o envolvimento de dois padres, um de Atambua e um em Timor-Leste! E que a rede estava já cercada pela nossa inteligência e que, em tempos muito próximos, daria a saber do resultado.

De Conselheiros Militares (Americanos ou Australianos) que se aproximaram do Tenente-Coronel Falur para um golpe!

Do Senhor Pe. Filomeno Jacob e da Senhora Fernanda Borges, junto do Brigadeiro-General Taur Matan Ruak, para um golpe!

Do Senhor César Vital Moreira, do grupo da Mudança, junto do Brigadeiro-General Ruak, para um golpe! E, possivelmente, o Senhor Mau Boci e outros mais!

Do Alfredo Reinado, junto do Major Mau Buti, para um golpe!

Deve haver mais histórias, que o Povo desconhece! Peço, imploro e rogo ao Comité Central da Fretilin para dar instrução partidária à bancada da maioria para se formar uma Comissão de Notáveis para investigar, o mais cedo possível, esta questão, a fim de pormos fim de uma vez a especulações que surgiram... da análise do Comité Central da Fretilin, de 28 de Outubro de 2006.

Fico por aqui, e na terceira edição, vou abordar os pontos relacionados a ‘Dada a firmeza da posição do Comando das F-FDTL na defesa da Constituição e das instituições democraticamente eleitas’.

Dili, 11 de Novembro de 2006.

O Presidente da República,

Kay Rala Xanana Gusmão
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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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