segunda-feira, janeiro 08, 2007

2006, Ano da Vergonha

Editorial JN Semanário de fim de ano.

Fechamos o ano em vergonha, com um país mergulhado no descrédito interno e externo. 2006 ficará para sempre como o ano em que nada se consegue explicar e onde a razão perdeu a razão. Timor-Leste, o nosso sonho de país, mostrou ser o pesadelo resultado da falta de capacidade da classe política em se afirmar como capazes de conduzir um País ao estado de verdadeiramente Soberano.

2006 será para sempre o ano da vergonha nacional, onde o sentido de Democracia se confundiu com anarquia.

Será também um ano recordado pela intensa dor da morte, das pessoas mortas, bárbara e cobardemente assassinadas. 2006 é a verdade da mentira em acontecimentos que poucos compreenderão, numa seqüência estranha e com intervenientes duvidosos.

Para sempre este terá sido o ano em que criminosos passaram a quase heróis e talvez o sejam pois continuam a passear-se pelo país armados e vitoriosos. Este será também o ano marcado pela distribuição de armas.

Algumas delas que nem sequer existiam em Timor-Leste. É o ano da queda do I Governo do país. Uma queda estranha. É o ano da formação de um II Governo FRETILIN, mas com primeiro-ministro escolhido fora do Comitê Central – pelo menos limitaram-lhes a escolha. Mas este é também o ano em que o partido maioritário demonstrou apego ao Poder não optando por eleições antecipadas preferindo governar na debilidade política e institucional. 2006 será também para sempre o ano em que José Ramos-Horta assume o cargo de primeiro-ministro depois de muito antes da queda de Marí Alkatiri se pronunciar disponível para o substituir no mesmo.

Mas este também é o ano em que Timor-Leste deu uma força para alterar o nome do representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas. O nome do antigo presidente de Cabo Verde, não servia. Bastos foram os telefonemas para a UN e o lobbie de pressão timorense e anglosaxonico não parou. Mascarenhas não veio e ponto final.

2006 é o ano da miséria social. O ano do desrespeito pelos deveres fundamentais do povo timorense atirado para uma situação de pobreza extrema quando se começavam a dar passos no sentido do desenvolvimento.

2006 foi o ano da desgraça, da formação e afirmação de grupos de vadios.

Anarcas puros liderados por cobardes escondidos nas sombras de dinheiros podres que financiam o caos, a morte e a destruição.

2006 foi o ano da vergonha! Da vergonha para todos nós, para os vindouros.

2006, é o ano da face escondida. 2006 é o ano do nada vezes nada igual a morte e a estupidez.

Que 2007 seja o ano da retoma. O ano da justiça, o ano da punição. 2007 terá de ser o ano da verdade, da busca da mesma. 2007 deve ser o ano da criminalização clara dos autores da instabilidade e vergonha em que o país mergulhou em 2006! Com coragem, com verdade, com democracia, com soberania. 2007 deverá ser ano de eleições. 2007 deve ser o ano da retirada das tropas e polícias internacionais. 2007 deverá ser o ano dos timorenses em pleno. 2007 terá de ser o ano da República Democrática de Timor-Leste, com as suas línguas oficiais, com os seus usos e costumes, com o seu poder sobre os seus bens dentro e fora de terra. 2007 deverá ser o ano da firmação da Identidade Nacional. 2007 não poderá ser o ano das ingerências grosseiras na política interna. 2007 deverá ser o ano em que o nosso povo deve dizer não aos “nãos ” de quem teme o caminho nacional.

2007 é o ano da afirmação do Estado Não Falhado. 2007 deverá ser o ano da segurança interna, da estabilidade nacional, da justiça e da reconciliação nos crimes de não sangue.
2007 será o ano do adeus à figura de “Protectorado” de outro Estado.

2007 é o nosso ano, o ano da RDTL!

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4 comentários:

Anónimo disse...

Enfim, 2006 foi o ano dos timorenses!...

Anónimo disse...

Se querem um verdadeiro resumo de 2006, não percam o Timor Cartoon
http://timorcartoon.blogspot.com

Anónimo disse...

Com os governantes e lideres politicos que tem!...

Anónimo disse...

Não é só em Timor-Leste que há "patriotas" que acham que a galinha da vizinha é sempre maior do que a minha. E nem é só em Timor-Leste que certos "patriotas" estão sempre dispostos a vender a pátria por tuta e meia, desde que claro sejam eles os intermediários da negociata...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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