domingo, fevereiro 18, 2007

Albatros, ou o cruzeiro que ficou a ver navios

Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa Díli, 16 Fev (Lusa) - Vendedores de panos, vendedores de coco, vendedores de bebidas, guias treinados, autocarros e escolta de polícia internacional: tudo e todos estavam prontos para receber na quinta-feira o paquete holandês MS Albatros em Díli.

Por momentos, houve até turistas. Faltou, porém, a segurança, ou a segurança não foi convincente. A excursão foi cancelada já no cais, perante a "indignação" do promotor.

Zacarias da Costa, director da Megatours, comprou 400 cocos, cerca de 2 mil bananas e centenas de garrafas de água para receber os turistas do MS Albatros em Díli.

Maior despesa ainda foi a contratação de um grupo de dança tradicional e, depois de a excursão cancelada, de dezenas de salendas e tais (os panos tradicionais timorenses) aos vendedores de artesanato que montaram tenda no Cristo-Rei, já fora da cidade, mas não receberam qualquer turista.

Zacarias da Costa queixa-se de um prejuízo de cerca de três mil dólares, "para além do tempo gasto na preparação de todos os detalhes".

O acostamento do Albatros, na viagem entre Bali (Indonésia) e Darwin (Austrália), "foi preparado durante semanas" pela Megatours e pela Ariana, uma agência de "handling" portuário, diz Zacarias da Costa.

"Houve reuniões com a UNPol, com a GNR, com o serviço de Turismo, com o serviço de Emigração, com o Governo".

O ministério do Desesenvolvimento acarinhou a ideia de receber os turistas do Albatros em Díli, cidade onde os visitantes são quase tão pouco numerosos como os monumentos.

O Albatros, matriculado em Nassau e com tripulação norueguesa (já se chamou Royal Viking Sea e Norwegian Star noutras vidas), tem capacidade para 830 passageiros. Cerca de quinhentos pretendiam conhecer Díli durante três horas.

Os turistas começaram a chegar ao cais nas duas embarcações disponíveis - o Albatros não pôde acostar. A Emigração carimbou 150 passaportes, na maioria da Alemanha. Então, às 13h15, o capitão Jarle Flatebo cancelou o passeio por motivos de segurança e todos voltaram a bordo.

"Ficámos profundamente indignados", acusa Zacarias da Costa, que culpa as Nações Unidas e em particular o comandante distrital de Díli da UNMIT, Graeme Cairns.

Cairns enviou ao capitão Flatebo uma carta de uma página explicando a situação de segurança na capital timorense e dando as boas vindas.

"Somos obrigados a aconselhar que a atmosfera na cidade é muito volátil e que existem aqui 'assuntos' que podem ter impacto na segurança dos seus passageiros", escreveu o comandante Cairns numa carta a que a Lusa teve acesso.

A carta citava a vaga recente de "combates em grande escala entre gangs de jovens rivais", num rosário de bairros de Díli. "Colunas de veículos foram atingidas por grupos de atacantes que atiram pedras que resultaram na morte de um passageiro num veículo a 11 de Fevereiro".

O comandante da UNPol salientou que mandou reforçar a segurança em redor do porto e junto de um campo de deslocados adjacente. Mas termina sublinhando que "não pode dar garantias de segurança", além de fornecer o número de emergência, 112.

Zacarias da Costa alega que a questão de segurança foi discutida com a UNMIT em várias reuniões e que, momentos antes do desembarque dos passageiros, se decidiu com polícias filipinos que a coluna seria escoltada num modelo de "três autocarros com dois carros- patrulha".

Contactado pela Lusa, o comando distrital da UNPol referiu apenas que "a operação estava montada e havia um briefing de segurança previsto", tendo a situação sido explicada ao oficial de segurança do MS Albatros.

"O cancelamento da excursão foi uma opção totalmente da responsabilidade do capitão", concluiu a UNPol.

Zacarias da Costa mantém a sua frustração. "O prejuízo não é apenas financeiro. É uma má imagem de Timor-Leste".

Ao fim da tarde de hoje ainda havia centenas de cocos a amadurecer à chuva no pátio da Megatours, no centro de Díli. "Pode levar os que quiser", ofereceu Zacarias da Costa em desânimo. "Desde ontem ainda não conseguimos despachar todos".

PRM Lusa/Fim
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6 comentários:

Anónimo disse...

Afinal temos um govero da fretilin que nao Governa. Alem disso o pior e termos em timor elementos da UNPol que qurem projectar uma ma imagem do pais ao exterior.

Anónimo disse...

Principalmente têm um PR que nem serve para marcar a data das eleições e um PM que só serve para passear. Mas ambos servem e muito bem os mestres estrangeiros e os interesses particulares deles mesmos e dos provocadores que a soldo aterrorizam a população.

Anónimo disse...

Só falta dizer que o culpado da continuação da violência é Alkatiri...

A insegurança é real. Quase todos os dias morrem pessoas. O que seria se a excursão fosse para a frente e sofresse um ataque? E se morresse algum turista? Não seria muito pior para a imagem de Timor?

O problema é que a violência continua. Até quando?

Anónimo disse...

Nao sei para que andam os nosso embaixadores (quase todos da Fretilin!) la fora a continuar a promover a imagem de Timor, quando apenas um comandante distrital pode num minuto destruir isso tudo? Mas a culpa eh o PM que assinou em Dezembro o tal acordo que da poderes absolutos a UNPOL para pazerem o que quizerem em Timor! Assim, nem respondem ao Governo, nem querem saber deles! Dizem eles, "quem manda em nos, eh NY!" La se foi a nossa soberania...e ainda querem por o RH a PR!!!!

Anónimo disse...

Comandante cairns e um Australiano nao? Que vergonha. estao a estragar tudo e nao param com nada. Mas deixam de dizer que querem destroir este pais...tornando-lhe um estado falido.

Anónimo disse...

Realmente esses tipos da UNMIT deveriam era indemnizar essa agencia que ainda agora comecou a dar os primeiros passos!Afinal, eles tambem estao a servir os interesses do pais ao tentar divulgar a imagem, a cultura etc desse povo!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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