domingo, fevereiro 18, 2007

Gusmao's new party shakes East Timor's political foundations

SMH - February 17, 2007
Hamish McDonald

When nominations close at the end of this month for East Timor's April 9 presidential election, expect to see the start of a process aimed at shaking up the foundations of the new nation's politics.

As he has consistently stated to widespread disbelief, the President, Xanana Gusmao, the hero of East Timor's independence struggle, will not stand for another term. But don't believe his story that he wants to become a farmer and grow pumpkins.

In parliamentary elections later this year, Mr Gusmao will stand for election at the head of a new, inclusive political party using the name of the National Council of Timorese Resistance, the CNRT. This is the coalition that achieved an independence vote in the tumultuous 1999 referendum. The aim is to knock the Fretilin party off its pedestal as the dominant political force and remove its majority in the parliament. This was formed from an earlier elected constituent assembly when the United Nations interregnum ended in May 2002 and the new nation was declared.

Meanwhile, the current Prime Minister, Jose Ramos-Horta, is expected to stand for president, in a job swap closely co-ordinated with Mr Gusmao, according to sources close to the two leaders.

Mr Ramos-Horta was a founder of Fretilin in 1974 and Mr Gusmao an early member. However, both withdrew to a party-neutral position during the Indonesian occupation out of disillusionment with Fretilin's exclusive ways and some violent characters among its exiled leaders.

Mr Gusmao's push into active politics means East Timor is heading into months of competitive electioneering. The risks of violence and clashes are high.

Fretilin's assumption that it would naturally rule the country for 50 years has already been shattered by last May's violence. This led to its prime minister, Mari Alkatiri, standing down and its home minister, Rogerio Lobato, facing charges of arming a party hit squad.

Even though prosecutors have recently declared a lack of evidence to charge Dr Alkatiri over the hit squad, they are demanding a seven-year jail term for Mr Lobato. The stain hangs over Fretilin.

In any case, Dr Alkatiri is no great vote-winner, despite being a competent manager of government. Of Yemeni descent and one of the country's small Muslim minority, he spent the 24 years of Indonesian occupation in Mozambique and Angola, and has little affinity with the ordinary citizen. As prime minister he clashed with the powerful Catholic bishops.

Fretilin's leadership is thus heading for a shake-up to counter Mr Gusmao, and perhaps position it to join a unity government after the elections. Moderates such as the Deputy Prime Minister, Stanislau da Silva, or the Foreign Minister, Jose Luis Guterres - who challenged Dr Alkatiri at a party congress last May - are likely to make a move.

Mr Ramos-Horta, the Nobel Peace Prize co-winner, will play a critical role in holding East Timor together if he wins the presidency, as he probably will, given his own popularity and Mr Gusmao's backing.

The presidency would give him more leverage to engineer a solution to the split in the country's small army that precipitated last year's troubles. Nearly 600 of its 1600 soldiers were sacked last March after protesting against alleged discrimination, and became a restive element. Known as the "petitioners", they remain outside the army but are being paid salaries to keep them happy while their future is sorted out. On the other side of the dispute is the army chief who sacked them, Brigadier-General Taur Matan Ruak or "TMR".

As the revered former commander of the anti-Indonesian guerilla resistance after Mr Gusmao was captured, TMR is entrenched in his job, although his standing is damaged by the split. He refuses to negotiate with the petitioners en bloc but has agreed to talk to them individually about a return to the ranks.

It remains to be seen how TMR will address their grievance - that army leaders, mostly veteran "Lorosae" officers from the wilder eastern side of the territory, where guerilla activity was strongest, had discriminated against young "Loromonu" recruits from the western districts close to the Indonesian border.

However, the split runs much deeper in East Timor's complex ethnic and linguistic make-up, going back to pre-colonial times, and spread from the army into gang clashes in Dili last year.

As president, Mr Ramos-Horta would use his role as commander-in-chief rather more "actively" than it has been so far. But getting TMR and the other ex-guerilla army leaders to take his guidance will be a big task.
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4 comentários:

Anónimo disse...

Tradução:
Novo partido de Gusmão abala as fundações políticas de Timor-Leste

SMH - Fevereiro 17, 2007
Hamish McDonald

Quando fechar no fim do mês o registo para as candidaturas às eleições presidenciais de Timor-Leste em 9 de Abril, esperem ver o começo de um processo que visa abalar as fundações da política da nova nação.

Como tem consistentemente afirmado apesar de poucos acreditarem, o Presidente, Xanana Gusmão, o herói da luta da independência de Timor-Leste, não se torna a candidatar. Mas não acreditem na história dele querer tornar-se um agricultor e cultivar abóboras.

Nas eleições parlamentares mais tarde este ano, o Sr Gusmão candidata-se às eleições à frente de um novo partido político inclusivo que vai usar o nome do Conselho Nacional da Resistência Timorense, o CNRT. Esta é a coligação que alcançou o voto da independência no tumultuoso referendo de 1999. O objectivo é derrubar a Fretilin do seu pedestal de força política dominante e acabar com a sua maioria no parlamento. Esta foi formada a partir duma assembleia constituinte anteriormente eleita quando acabou em Maio de 2002 0 interregno das Nações Unidas e a nova nação foi declarada.

Entretanto, o corrente Primeiro-Ministro, José Ramos-Horta, é esperado que se candidate à presidência, numa troca de postos coordenada de perto com o Sr Gusmão, de acordo com fontes próximas dos dois líderes.

O Sr Ramos-Horta foi um fundador da Fretilin em 1974 e o Sr Gusmão um membro antigo. Contudo, ambos se retiraram para uma posição de neutralidade partidária durante a ocupação Indonésia frustrados com o caminhos exclusivos da Fretilin e alguns caracteres violentos entre os seus líderes exilados.

A entrada do Sr Gusmão na política activa significa que Timor-Leste vai entrar em meses de competição eleitoral. São altos os riscos de violência e de confrontos.

A assumpção da Fretilin de que naturalmente governará o país por 50 anos já ficou escavacada com a violência do ano passado. Isso lvou o seu primeiro-ministro, Mari Alkatiri, e o seu ministro do interior, Rogério Lobato, a saírem e a enfrentarem acusações de armarem um esquadrão de ataque do partido.

Mesmo apesar de os procuradores terem recentemente declarado falta de evidência para acusar o Dr Alkatiri sobre o esquadrão de ataque, estão a pedir uma pena de prisão de sete anos para o Sr Lobato. A mancha ameaça a Fretilin.

Em qualquer caso, o Dr Alkatiri não é grande caçador de votos, apesar de ser um gerente competente do governo. De descendência Yemenita e membro da pequena minoria muçulmana do país, passou os 24 anos da ocupação Indonésia em Moçambique e Angola, e tem pouca afinidade com os cidadãos ordinários. Como primeiro-ministro confrontou-se com os poderosos bispos católicos.

A liderança da Fretili vai pois para um confronto contra o Sr Gusmão, e talvez posicionar-se para se juntar a um governo de unidade depois das eleições Moderados como o Vice-Primeiro-Ministro, Stanislau da Silva, ou o Ministro dos Estrangeiros, José Luis Guterres – que desafiaram o Dr Alkatiri num congresso do partido em Maio último – é provável que mudem.

O Sr Ramos-Horta, o co-vencedor do Nobel da paz, terá um papel crtítico em manter Timor-Leste junto se ganhar a presidência, como (é) provável, dada a sua própria popularidade e o apoio do Sr Gusmão

A presidência dar-lhe-á mais peso para maquinar uma solução para a divisão das pequenas forças armadas do país que precipitou os problemas do ano passado. Perto de 600 dos seus 1600 soldados foram despedidos em Março passado depois de terem protestado contra alegada discriminação, e tornaram-se elementos conflituosos. Conhecidos como os "peticionários”, continuam fora das forças armadas mas para os manter calmos pagam-lhes salários, enquanto que decidem sobre o seu futuro. Do outro lado da disputa está o chefe das forças armadas que os despediu, o Brigadeiro-General Taur Matan Ruak ou "TMR".

Quando o reverenciado antigo comandante da guerrilha da resistência anti-Indonésia depois do Sr Gusmão foi capturado, TMR entrincheirou-se nesse cargo, apesar da sua postura estar danificada pela divisão. Recusou negociar com os peticionários em bloco mas concordou falar com eles individualmente sobre o regresso às fileiras.

Falta ver como vai TMR responder às suas queixas – que os líderes das forças armadas, a maioria oficiais veteranos "Lorosae" do lado mais selvagem do leste do território, onde foi mais forte a actividade da guerrilha, tinham discriminado contra os jovens recrutas "Loromonu" dos distritos do oeste perto da fronteira Indonésia.

Contudo, a divisão é muito mais profunda no fabrico complexo étnico e linguístico de Timor-Leste, vindo de tempos pré-coloniais, e espalhou-se das forças armadas para confrontos de gangs em Dili no ano passado.

Como presidente, o Sr Ramos-Horta usará o seu papel de comandante-em-chefe mais "activamente" do que até agora. Mas levar TMR e outros ex-líderes da guerrilha a aceitar a sua liderança será uma grande tarefa.

Anónimo disse...

Por cá, também um ex-PR tentou usar o cargo para lançar um partido político e foi um fiasco total. Claro que nem outra coisa era esperada dessa vossa triste dupla de opereta (Xanana-Horta) e do seu frenético trabalho de sapa (antes) e às claras desde há um ano. Afinal já há decénios que esses dois tristes servem outros senhores e estão-se completamente marimbando para o seu povo. Mas o povo é sábio e tem visto e percebido as manobras deles e há-de dar-lhes para trás como deu aos Indonésios. E não vai querer mudar de ocupante, antes vai manter a sua independência e soberania.

Anónimo disse...

Para além das referências racistas a Alkatiri, que supostamente o impediriam de ganhar votos, o autor deste artigo sublinha ainda que ele passou "os 24 anos da ocupação indonésia em Moçambique e Angola". Isto, conjuntamente com os atritos que teve com os "poderosos bispos católicos", explicariam que Alkatiri tem "poucas afinidades com o cidadão comum".

E, pergunto eu, Ramos Horta? Onde passou ele os 24 anos da ocupação? Será que ele virou agora um cristão devoto? Será então ele o protótipo do "cidadão comum"?

Pelo critério do autor, Ramos Horta não é melhor candidato do que Alkatiri. No entanto, só este é visado. Porquê esta sanha contra Alkatiri? Que poderosos interesses estão por trás desta obssessão?

Para além disto, o autor insiste na mentira de que Estanilau da Silva e JL Guterres "desafiaram" Alkatiri no Congresso da Fretilin de 2006 e acha muito provável que eles possam agir. Mais uma obssessão...

Continua o autor, desta vez achando que RH na presidência teria mais facilidade em resolver... aquilo que não vai conseguir resolver em 10 meses de Governo, ou seja, os "peticionários". Como? De que maneira?

Argumentos ingénuos para captar votos para RH ou apenas uma brincadeira de mau gosto?

Anónimo disse...

Parece que Xanana percebeu finalmente que se quer intervir na vida política do país e fazer oposição à Fretilin não é como Presidente da República, mas como militante partidário. Pena é que tivesse demorado tanto tempo para chegar a esta conclusão, com as nefastas consequências que se sabe.

Será que o novo "CNRT" também terá personalidades como Mário Carrascalão e Leandro Isaac, por exemplo? É que se não tiver, lá se vai a "união nacional"...

Esperemos que este partido nascido da frustração presidencial não tenha a mesma sina do seu congénere português, o PRD. Lembram-se? Não?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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