sábado, abril 07, 2007

Spotlight: José Ramos-Horta - A reluctant statesman

The Financial Times Limited 2007
By John Aglionby
Published: April 6 2007 16:59 Last updated: April 6 2007 16:59

Considering he has spent virtually all his life seeking the spotlight, it is hard to believe José Ramos Horta does not want to be East Timor’s president. His claim that he is only running in today’s election “because of the country’s crisis” and that defeat would be “liberation” rings hollow.

Best known for sharing the 1996 Nobel peace prize with his compatriot Bishop Carlos Belo at the height of Indonesia’s brutal 24-year occupation, the 57-year-old son of a Portuguese exile and East Timorese mother is on a clear political mission. He has teamed up with Xanana Gusmão, the outgoing president and revered former rebel commander, to take power and set the five-year-old half-island country on a new course – of peace and sustainable development.

The plan has three stages. The first is for Mr Horta to win the ceremonial but nonetheless influential presidency. Then Mr Gusmão, by far the country’s most charismatic politician, has to win the general election, due in four months, at the head of his newly-formed party. Once in office, the two men say they will reverse many of the Fretilin government’s policies.

Their chances are good because the country is certainly in crisis – per capita GDP of $350, excluding oil revenues, and a 54 per cent illiteracy rate are two telling statistics – and many East Timorese blame the Fretilin leadership for the mess. Most vilified is Mari Alkatiri, whom Mr Horta replaced as caretaker prime minister last June after Mr Alkatiri was forced out after weeks of violence in Dili, the capital.

Mr Horta believes his predecessor’s fundamental mistake was “to govern with absolute disregard for everyone else”.

“As a result, everybody became like enemies,” he said. “The opposition, non-governmental organisations, even the World Bank and some foreign countries.”

When this was combined with a society which, according to Mr Horta, “was living in a culture of violence, of humiliation and impunity during Indonesian occupation”, the result was bound to be explosive.

Between March 2006, when the violence erupted, and June, at least 37 Dili residents were murdered, 4,000 houses were destroyed and more than 150,000 people became refugees. Some 2,200 foreign troops were deployed to restore order. The United Nations, which ruled East Timor form 1999 until independence in 2002 and had held up its nation-building exercise as a success, rushed back with a beefed-up mission. Then Mr Horta, who returned from spending the Indonesian era in exile to become foreign minister under Mr Alkatiri but successfully distanced himself from domestic decision-making, formed a transitional administration until this year’s elections.

Putting East Timor back on an even keel will necessitate retaining the international presence for “at least five years”, Mr Horta believes. “When we talk about these issues of sovereignty, it’s meaningless if we cannot provide absolute guaranteed safety to our own people,” he said. “My priority is that our women, children, elderly, young people are able to sleep at peace at night and walk without fear to school or work or to the fields everyday.”

Fretilin, in contrast, would like to see the UN mission significantly downsized in six months.

If elected, Mr Horta says he will forge a clear role of instilling a culture of non-violence.

“We have won [independence] not because of the guns, but in spite of the very few guns we had,” he said. “Instead of a gun or machete, get a computer.”

His main focus will be the 42 per cent of the 1m population under 15.

“I will do everything to bring computers to classrooms, [along with] textbooks, food, clothing. The greatest injustice for me in the last five years is that we have done little to look after the youth.”

Mr Horta dismisses the perception that he is regarded as too urban and elite. But he does admit he is out of step with much of the country on justice for the atrocities committed during Jakarta’s rule.

“For me, justice is first – truth-telling, acknowledging one’s guilt and apologising,” he said. “I, as a friend of Indonesia – am I going to create problems for them by demanding the generals are put on trial when I know this would create a backlash in Indonesia?”

Mr Gusmão holds identical views. But because so many more urgent problems have emerged in the post-Indonesia era, such an attitude is not expected to prove too costly at the ballot box.

NOTA DE RODAPÉ:

Ramos-Horta afirma que o Banco Mundial e alguns países se tornaram inimigos de Mari Alkatiri e da FRETILIN. Os mesmos que disse o apoiarem no início da sua camapanha.

Até que enfim que assume.

Só é estranho o Banco Mundial e os tais países, não o desmentirem...

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Projector: José Ramos-Horta – um estadista reluctante
The Financial Times Limited 2007
Por: John Aglionby
Publicado: Abril 6 2007 16:59

Considerando que ele passou virtualmente toda a sua vida à procura dos projectores, é difícil acreditar que José Ramos Horta não quer ser o presidente de Timor-Leste. A sua afirmação de que hoje apenas concorre às eleições “por causa da crise do país” e que a derrota será “libertação” soa a oco.

Melhor conhecido por ter partilhado o prémio da paz com o seu compatriota bispo Carlos Belo no auge dos 24 anos da ocupação brutal da Indonésia, o filho de um exilado Português e de mão Timorense, com 57 anos está numa missão política clara. Fez equipa com Xanana Gusmão, o presidente (que está) de partida e antigo comandante rebelde reverenciado, para ocuparem o poder e porem o país com cinco anos de idade da meia ilha num novo caminho – de paz e desenvolvimento sustentado.

O plano tem três estágios. O primeiro é para o Sr Horta ganhar a cerimonial mas mesmo assim influente presidência. Depois o Sr Gusmão, de longe o político do país mais carismático, tem de ganhar as eleições gerais, previstas em quatro meses, à frente do seu partido acabado de formar. Uma vez no poder, os dois homens dizem que vão mudar muitas das políticas do governo da Fretilin.

As suas oportunidades são boas porque o país está com certeza em crise – PIB per capita de $350, excluindo os rendimentos do petróleo, e uma taxa de analfabetismo de 54 por cento são duas estatísticas reveladoras – e muitos Timorenses culpam a liderança da Fretilin pela confusão. O mais difamado é Mari Alkatiri, que o Sr Horta substituiu como primeiro-ministro interino e Junho passado depois do Sr Alkatiri ter sido forçado a sair depois de semanas de violência em Dili, a capital.

O Sr Horta acredita que o erro fundamental do seu predecessor foi “governar sem ligar em absoluto a ninguém”.

“Como resultado, toda a gente como que se tornou inimiga,” disse. “A oposição, as ONG’s, mesmo o Banco Mundial e alguns países estrangeiros.”

Quando isto foi combinado com uma sociedade que, de acordo com o Sr Horta, “vivia numa cultura de violência, de humilhação e impunidade durante a ocupação Indonésia”, o resultado era obrigatoriamente explosivo.

Entre Março 2006, quando irrompeu a violência e Junho pelo menos 37 residentes de Dili foram assassinados, 4,000 casas foram destruídas e mais de 150,000 pessoas tornaram-se deslocadas. Algumas 2,200 tropas estrangeiras foram destacadas para restaurar a ordem. A ONU que governou Timor-Leste de 1999 até à independência em 2002 e que tinha considerado o seu exercício de construção de nação como um sucesso, correu de regresso com uma missão fortalecida. Então o Sr Horta, que regressou depois de passar no exílio a era Indonésia para se tornar o ministro dos estrangeiras sob o Sr Alkatiri mas que com sucesso se distanciou ele próprio das tomadas de decisão domésticas, formou uma administração transitória até às eleições deste ano.

Pondo Timor-Leste de volta num barco de regresso necessitará de reter a presença internacional “pelo menos cinco anos”, acredita o Sr Horta. “Quando falamos dessas questões de soberania, não tem sentido se não podermos dar segurança absolutamente garantida ao nosso próprio povo,” disse. “A minha prioridade é que as nossas mulheres, crianças, idosos, jovens sejam capazes de dormirem à noite e de caminharem para a escola sem medo, ou para o trabalho, ou para o campo todos os dias.”

A Fretilin, em contraste, gostaria de ver a missão da ONU a reduzir-se significativamente em seis meses.

Se for eleito, o Sr Horta diz que forjará um papel claro de instilar uma cultura de não-violência.

“Ganhámos [a independência] não por causa das armas, mas apesar das muitas poucas armas que tínhamos,” disse. “Em vez de uma arma ou de uma catana, arranja um computador.”

O seu foco principal será nos 42 por cento da população de i milhão abaixo dos 15 anos.

“Farei tudo para trazer computadores para as salas de aulas, [bem como] livros, comida, roupa. A maior injustiça para mim é que nos últimos cinco anos fizemos tão pouco para os jovens.”

O Sr Horta descarta a percepção de ser visto como demasiadamente urbano e elitista. Mas admite que está desalinhado com muito do país sobre a justiça pelas atrocidades cometidas durante a governação de Jacarta.

“Para mim, justiça é primeiro – dizer a verdade, reconhecer a própria culpa e pedir desculpa,” disse. “Eu, como amigo da Indonésia – ia criar-lhes problemas a eles a exigir-lhes para porem os generais em julgamento quando eu sei que isso iria criar um retrocesso na Indonésia?”

O Sr Gusmão tem ideias idênticas. Mas porque emergiram muitos mais problemas e mais urgentes na era pós-Indonésia, não se espera que tal atitude (lhes) custe demasiadamente nas caixas de votos.

NOTA DE RODAPÉ:

Ramos-Horta afirma que o Banco Mundial e alguns países se tornaram inimigos de Mari Alkatiri e da FRETILIN. Os mesmos que disse o apoiarem no início da sua camapanha.

Até que enfim que assume.

Só é estranho o Banco Mundial e os tais países, não o desmentirem...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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