domingo, maio 27, 2007

"Atuação da Austrália no Timor Leste preocupa governo brasileiro, diz embaixador"

Da Agência Brasil

-Brasília, DF – A atuação econômica e militar da Austrália em Timor Leste preocupa o governo brasileiro. Segundo o embaixador Antônio José Maria de Souza e Silva, representante do Itamaraty nesse pequeno país do extremo sudeste da Ásia, os australianos buscam “isoladamente” influenciar nas ações locais. Enquanto isso, os países lusófonos – incluindo o Brasil – tentam manter as raízes culturais portuguesas na região. Ou seja, há uma disputa velada pelo protagonismo no Timor Leste.

“A ação da Austrália preocupa. Gostaríamos de manter a lusofonia neste país, reintroduzindo a língua portuguesa e trazendo o Timor para o seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, sublinha o embaixador, que enfatiza: “Nós gostaríamos que o país pudesse estabelecer sua própria forma de governo, suas alianças internacionais, sem interferência da Austrália. Essa é a nossa preocupação, de poder preservar a independência e a soberania do Timor”.

São oito os países lusófonos: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e Timor Leste, que passou a integrar a CPLP em 2002.

Ex-colônia portuguesa e há sete anos independente da Indonésia, que invadira o território em 1975, o Timor tenta se reerguer após séculos de exploração internacional e violência interna. O português e o tétum têm status de línguas oficiais, mas a maioria dos timorenses fala apenas a segunda, que é o idioma nativo. Com uma economia frágil, o petróleo é visto como uma das soluções para o desenvolvimento local.

O mar é a fronteira entre o Timor e a Austrália. E nele está a esperança dos timorenses: o petróleo – explorado pelos australianos, inclusive em águas pertencentes ao país vizinho, segundo entidades internacionais. Como no Timor Leste não existe indústria ou turismo, as pessoas vivem da agricultura de subsistência e de uma “rala” exportação de café. O petróleo e o gás tornam-se, então, a principal fonte de rendimentos.

A Austrália, segundo o embaixador brasileiro, mantém uma tropa de 1.300 homens no país, sem estar diretamente subordinada ao comando militar dos Boinas Azuis da Organização das Nações Unidas (ONU), que atuam na região, e já firmou um acordo de exploração de petróleo com o governo local. Para tentar frear essa influência militar e econômica, Brasil e Portugal investem em educação, formação profissional e militar dos timorenses, e estreitam relações governamentais.

“É uma força desigual [dos australianos], mas a questão de reafirmação da língua [portuguesa] é muito importante para nós, além de apoiar os governos democraticamente eleitos”, pontua Souza e Silva.

A “tropa” luso-brasileira é mais burocrática. O Brasil, por exemplo, enviou 50 professores, que atuam nos níveis fundamental, médio e superior; cinco juízes que trabalham nas cortes locais; e um grupo de militares que ajudam na formação de soldados e policiais. Quatro técnicos parlamentares brasileiros também serão enviados para ajudar no funcionamento do Legislativo, além de introdução de um programa na área de agricultura.

Essa falta de pessoal leva o embaixador a uma conclusão: “O grande desafio do Timor é a falta de recursos humanos. Não há quadros capacitados em todos os níveis para gerir o país. E o Brasil está ajudando com grande empenho”.

Em relação à política interna, Souza e Silva assinala que “o grande temor é que não haja uma reconciliação nacional”. O país passará por uma nova eleição, no final de junho, para a escolha de novos parlamentares. Conseguir reunir uma maioria num processo de fragmentação partidária – são mais de dez partidos – é o desafio do novo presidente, José Ramos Horta, que tomou posse Domingo (20).

Ele não tem partido e buscará influenciar na escolha do primeiro-ministro. “Acredito que dá para construir uma maioria, que terá de acontecer para se poder governar. Acredito também num certo grau de estabilidade. É um processo longo, mas tende a se normalizar”, finalizou.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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