domingo, maio 13, 2007

Família de Rogério Lobato quer "justiça para todos"

Díli, 11 Mai (Lusa) - A família do ex-ministro do Interior Rogério Lobato desafiou hoje o Procurador-Geral da República e os tribunais de Timor-Leste a "aplicar a lei e a justiça a todos os envolvidos" na entrega de armas a civis em 2006.

Rogério Lobato, condenado a sete anos e meio de prisão, teve a sua sentença confirmada quinta-feira pelo Tribunal de Recurso.

"Entendemos o processo judicial que foi movido contra o meu tio Rogério Lobato e também entendemos que um processo como este tem de ser aplicado num Estado de direito", declarou José Lobato, sobrinho do ex-ministro, em nome de toda a família.

"Respeitamos a decisão do tribunal, mas entendemos que a lei e a justiça se devem aplicar a todos" sublinhou José Lobato.

"De acordo com este princípio, acreditamos que a justiça também tem de ser feita em relação aos seis membros da nossa família (dois adultos e quatro crianças) que foram mortos e queimados em sua casa no Fomento, em Díli, a 25 de Maio do ano passado. Passou quase um ano desde que eles foram mortos e o processo para lhes fazer justiça ainda não começou", frisou.

José Lobato, que é director executivo da Autoridade Designada do Mar de Timor, afirmou também que, no caso em que foi condenado o seu tio Rogério Lobato, "como autor moral" de quatro crimes de homicídio, a justiça timorense devia perseguir "o actor ou actores criminais que usaram realmente armas".

José Lobato admitiu estar "certamente a pensar" em Vicente da Conceição "Rai Lós", ao pedir o julgamento de outros envolvidos na entrega de armas.

"É um deles. O nosso entendimento é que o processo começa nele e não o contrário", explicou José Lobato.

O sobrinho de Rogério Lobato e um dos seus advogados de defesa, Paulo dos Remédios, insistiram que "é do conhecimento público que as Forças Internacionais apreenderam mais de mil armas da polícia".

"O sistema judicial só deu atenção às 17 armas distribuídas pelo meu tio, mas não deu quase atenção nenhuma às restantes armas da polícia", acrescentou José Lobato.

Por seu lado, Paulo dos Remédios acusou o Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, de "interferência política na gestão de processos que já vem no próprio relatório das Nações Unidas" de inquérito aos eventos de Abril e Maio de 2006.

Rogério Lobato "está a seguir o tratamento normal para todos os presos, que, nos primeiros três dias, estão numa cela de isolamento" na prisão de Becora, em Díli.

"Depois dos três dias é que é incorporado num dos seis blocos da prisão, por decisão da administração da cadeia", explicou o advogado.

Paulo dos Remédios criticou, em termos duros, o "desrespeito completo das regras processuais" pelo Tribunal de Recurso, que "comunicou primeiro à comunicação social do que a Rogério Lobato" a confirmação do acórdão.

"O senhor Rogério Lobato foi notificado às 16:55 por uma fotocópia, cinco minutos antes do Tribunal fechar, para não lhe dar oportunidade de responder. Depois, às 17:30, vieram buscá-lo para a cadeia", acusou Paulo dos Remédios.

José Lobato disse que "a família não tem comentários" sobre os actos de Rogério Lobato quando era ministro. "Não meto a minha relação familiar nas questões do Estado", concluiu José Lobato.

PRM-Lusa/Fim

6 comentários:

Anónimo disse...

O sobrinho do Lobato pôs o “dedo na ferida”
Se o tio foi condenado como “autor moral”, então significa que o tribunal deu como provado que há “autores materiais”.
“autor moral” é aquele que manda o crime, “autor material” é aquele que executa o crime.
Não há “autor moral” sem “autor material”.
Para se ser “autor moral” tem de existir crime.
É claro que o “autor material”, o Rai Lós, está protegido pelo Xanana e pelo Ramos Horta, como está o Reinado.
Por isso é improvável que o sobrinho do Lobato alguma vez venha a ver justiça para a sua família. E se se pode dizer que o Rogério é má coisa, a sua tia que e os sobrinhos que morreram carbonizados nada têm que ver com politica.
Isto tudo ainda vai acabar como no Zimbabwe do Robert Mugabe, na Angola do José Eduardo dos Santos ou pior, na Guiné do Nino. Só leva quem o poder quer que leve.

Anónimo disse...

“José Lobato disse que "a família não tem comentários" sobre os actos de Rogério Lobato quando era ministro. "Não meto a minha relação familiar nas questões do Estado", concluiu José Lobato.” O mesmo não fez a mulher do XG, como bem nos lembramos quando pediu a resignação do então PM. São comportamentos destes que distinguem democratas de aventureiros.

Anónimo disse...

Ele há coincidências … logo justamente no dia em que foram anunciados os resultados das eleições. Se não fossem juízes internacionais até dava para desconfiar que condicionavam as decisões ao timing politico. Má língua.

Anónimo disse...

Má língua? Eu não sei de quem foi a responsabilidade destas duas pulhices, de terem comunicado "primeiro à comunicação social do que a Rogério Lobato" a confirmação do acórdão" e de terem notificado o Rogério Lobato "às 16:55 por uma fotocópia, cinco minutos antes do Tribunal fechar, para não lhe dar oportunidade de responder. Depois, às 17:30, vieram buscá-lo para a cadeia". Acho isto duma mesquinhice total, independentemente de ter sido feito por nacionais ou internacionais; mais acho que quem o fez se está a pôr a geito para não ser respeitado porque também não mostrou o mínimo de respeito pelo Rogério Lobato. São atitudes inadmissíveis em qualquer país civilizado e que indignam qualquer pessoa decente.

Anónimo disse...

Em Timor-Leste há duas justiças: uma para os incautos que não fazem parte do clube de Camberra, que não fogem nem desafiam a autoridade do Estado, e outra para os espertos que têm as costas bem quentes e estão acima de todas as leis. Esta última é a chamada justiça do "diálogo".

Será por isso que Lasama diz que a Justiça não está a funcionar bem...?

Anónimo disse...

The justice has been done. Is simple as that. In relation of others, is still on the process.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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