quarta-feira, maio 09, 2007

Presidenciais timorenses: Xanana apela à tolerância, à paz e à estabilidade

A Semana (Cabo Verde) - Quarta-feira, 9 Maio 2007

Jorge Heitor
Mais de 4.000 polícias e um milhar de soldados estrangeiros zelam para que não haja violência na histórica jornada eleitoral.

O Presidente cessante de Timor-Leste, Xanana Gusmão, pediu ontem à noite calma e unidade, horas antes de abrirem as urnas para a segunda volta da escolha do seu sucessor, entre o primeiro-ministro do qual é amigo, José Ramos-Horta, e um presidente do Parlamento que detesta, Francisco Guterres, OLu Olo.

"Desejamos que se instale um sentimento de que não haverá mais violência. Que reinem a tolerância, a paz e a estabilidade", afirmou o chefe do mais jovem e pobre dos estados asiáticos. E para que de facto a jornada decorra dentro de uma relativa normalidade foram mobilizados mais de 4.000 polícias (tanto nacionais como enviados pelas Nações Unidas) e um milhar de soldados, estes últimos maioritariamente da Austrália, autêntica potência regional, com grandes interesses estratégicos no Mar de Timor.

Foi precisamente na imprensa australiana que se soube em primeira mão, na terceira semana de Fevereiro, que estava a começar um processo destinado a abalar por completo os fundamentos da política timorense. Ao aproximar-se o termo do seu mandato, Xanana negociara com Ramos-Horta uma inversão de papéis: procuraria que o primeiro-ministro fosse o seu sucessor no Palácio das Cinzas, do qual se afirmava “farto”, enquanto ele próprio criava um partido para concorrer às legislativas do fim de Junho e tentar retirar à Fretilin o controlo do Parlamento.

O surgimento de tal força, o Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), com Dionísio Babo como secretário-geral, dominou todo este período de um mês entre a primeira e a segunda volta das presidenciais. Sempre com Xanana e Ramos-Horta a deixarem bem claro, nas suas diversas intervenções, que o objectivo comum é acabar com a preponderância da Fretilin na sociedade, acusando-a de em cinco anos não ter sido capaz de retirar a população da miséria em que quase toda ela vive.

As promessas de Ramos-Horta

O primeiro-ministro procurou ontem dar garantias de que ninguém terá nada a temer da sua eventual passagem à suprema magistratura: "Recordo aos militantes da Fretilin que também eu fui um dos fundadores desse partido. Se ganhar, tomarei conta de todos".

Outro vértice da nova pirâmide do poder que se está a estruturar em Timor-Leste é o líder do Partido Democrático, Fernando "Lasama" de Araújo, que ficou em terceiro lugar na primeira volta das presidenciais e ontem disse à AFP que Ramos-Horta “unirá os timorenses e promoverá os direitos humanos, defendendo a democracia".

Os analistas do que se está a passar naquela antiga colónia portuguesa têm vindo a admitir um lugar de destaque para Araújo num eventual Governo que o CNRT viesse a formar depois das legislativas, se acaso conseguisse congregar mais votos do que a Fretilin, cujo secretário-geral, Mari Alkatiri, foi o ano passado obrigado por Xanana a demitir-se de primeiro-ministro.

O chefe dos representantes das Nações Unidas que estão a acompanhar a segunda volta das presidenciais, Steven Wagenseil, considerou ontem, segundo a Reuters, que alguns resultados preliminares desta nova ida às urnas deverão ser conhecidos na sexta-feira à noite, 48 horas depois do fecho das assembleias de voto. E a diplomata timorense Pascoela Barreto, consultada pelo jornal português "Público", em Lisboa, onde há pouco cessou funções de embaixadora, manifestou a opinião de que, sendo agora só duas listas, não deverá ter de se esperar tantos dias como da primeira volta para se concluir o escrutínio.

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Traduções

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Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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