sexta-feira, junho 01, 2007

Assassinato de jornalistas no Timor-Leste em 1975 pode ser crime de guerra

EFE - 30 Maio 2007 - 09:30

Sydney - O tribunal que investiga a morte de Brian Peters, um dos cinco jornalistas assassinados em Balibo (Timor-Leste) em 1975, concluiu hoje que existem provas suficientes para um julgamento por crimes de guerra.

O advogado Mark Tedeschi, conselheiro da juíza, Dorelle Pinch, que investiga os fatos, concluiu durante a audiência em um tribunal de Sydney que os indícios apresentados na investigação, aberta em fevereiro, demonstram que os cinco jornalistas foram assassinados pelo Exército indonésio. Tedeschi afirmou que o caso pode constituir um crime de guerra sob as convenções de Genebra e que os possíveis responsáveis poderiam ser julgados na Austrália.

O processo prosseguirá na sexta-feira e a juíza Pinch, quando tiver as próprias conclusões sobre os crimes, deverá apontar os responsáveis pelos assassinatos.

Os britânicos Brian Peters e Malcolm Rennie, os australianos Greg Shackleton e Tony Stewart e o neozelandês Gary Cunningham foram os únicos jornalistas estrangeiros a permanecer no Timor-Leste quando a Indonésia se preparava para invadir o território.

A versão oficial da Indonésia diz que os repórteres ficaram entre o fogo do Exército indonésio e da resistência timorense em Balibo, onde em 16 de outubro de 1975 começou a invasão. Tedeschi disse que a explicação foi completamente desmentida pelas declarações dadas por testemunhas indonésias, timorenses e australianas durante a investigação judicial.

"O Governo e os chefes militares da Indonésia sabiam, em outubro de 1975, que qualquer informação que aparecesse nos meios de comunicação sobre a participação de soldados indonésios nos ataques na fronteira com o Timor-Leste levaria a Austrália a protestar formalmente contra tais ações", afirmou.

Tedeschi acrescentou que o protesto australiano induziria "muito provavelmente" outros Governos a tomarem a mesma posição, também dentro da ONU.

"Parece que os líderes indonésios entraram em um magistral jogo de poderes, utilizando autoridades australianas como peões", segundo Tedeschi.

As testemunhas, assim como as famílias dos jornalistas mortos e o presidente do Timor-Leste, José Ramos Horta, asseguraram que os cinco homens, que morreram desarmados, foram assassinados por militares indonésios.

Tedeschi expôs em sua conclusão que os jornalistas se entregaram às tropas indonésias comandadas pelo capitão Yunus Yosfiah, na praça do povo de Balibo. No entanto, Yosfiah ordenou seus homens a abrir fogo e depois se uniu a eles e disparou contra os repórteres.
O advogado considerou pouco provável que o capitão indonésio tomasse a decisão de assassinar os jornalistas sem receber ordens superiores.

Tedeschi afirmou que a investigação prova que o oficial indonésio Christoforus da Silva ameaçou lançar uma granada contra um banheiro no qual se escondia um dos jornalistas e, quando este saiu, foi apunhalado pelas costas e morto.

A Indonésia anexou unilateralmente a antiga colônia portuguesa do Timor-Leste em 1976, embora a ONU nunca tenha reconhecido o ato.

O Timor-Leste conseguiu a independência em 20 de maio de 2002, após uma sangrenta transição.

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Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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