sexta-feira, junho 01, 2007

Australian hospitality, a trick or a treat?

The Jakarta Post - Thursday, May 31, 2007

Meidyatama Suryodiningrat

The year is 1830. Dutch Governor-General Markus de Kock invites Pangeran Diponegoro to meet in Magelang to negotiate a cessation of a five-year uprising in Java.

But it was all a trick. By the end of the meeting the Javanese prince had been taken captive and exiled in the most devious of deceptions.

It would be pure hyperbole to mention Sutiyoso's name in the same breath as the legendary Javanese prince, but Jakarta's 12th governor surely feels the same kind of rage and betrayal suffered by Diponegoro.

At least Diponegoro knew he was betrayed by the enemy.

Tuesday's incident in Sydney, in which Australian officials attempted to serve Sutiyoso with a subpoena in his hotel room, leaves much to be regretted and underscores why relations between the two nations are (still) burdened with a deep-seated mistrust.

Despite the treaties, embraces between dignitaries, charity and unending exchange of peoples, Australia remains a nice destination but never home for Indonesians.

A sociocultural anomaly on the fringes of Asia proper.

Don't believe the propaganda of "good relations". There is a large portion of Indonesians, not least officials, who are genuinely wary of that large island - excuse me continent – to the south. They just don't admit it in public.

Jakartans are not in love with their governor. In fact, if a popularity contest were to be held here today Australian Prime Minister John Howard would likely score as high, or low, as Sutiyoso. But the manner in which he was reportedly treated in Sydney was just plain rude.

According to Indonesian officials, two Australian officers snuck into the governor's hotel room without his permission, waving around a summons to appear before an inquest into a 32-year-old case which, by all accounts, Sutiyoso probably had nothing to do with.

Even if Sutiyoso was traveling as a private citizen this behavior would be uncouth. But he was there in his capacity as governor, an official guest of the New South Wales premier.

There are more appropriate means by which his testimony could have been sought, and if pursued many Indonesians may even have been supportive of the endeavor.

The zealousness with which the attempted subpoena was handled raises distressing questions for Indonesians heading to Australia. Many officials have a military background. Most served tours of duty in East Timor, including President Susilo Bambang Yudhoyono. Is this the kind of treatment they can expect?

Forget diplomatic immunity, what about courtesy?

Even hosts are expected to knock first when they have a guest staying in their extra bedroom.

Australia is a great nation in which many things can be admired. Its democratic traditions, the inherent sense of personal manifestation and its strong vein of egalitarianism.

But it is this unbridled sense of impartiality which leads to unnecessarily rude assaults on propriety.

Two years ago the speaker of India's lower house, Somnath Chatterjee, canceled a planned visit to meet with the executive committee of the Commonwealth Parliament Association after Australian authorities refused to grant a waiver which would have ensured he and his wife would not be frisked by airport security.

Earlier a diplomatic row erupted when Papua New Guinea Prime Minister Michael Somare was made to remove his shoes during a security check at Brisbane airport.

If Australia takes so much pride in the way it treats a neighboring head of state, the governor of Southeast Asia's biggest metropolis and the speaker of a parliament which represents the world's largest democracy, then Sutiyoso would do well to echo Chatterjee's remark: "If I am not trusted then I should not go there."

Perhaps the legal advances of the Australian inquest were done in view of transnational justice.

But Sutiyoso is hardly in the same league as Chile's Augusto Pinochet who was detained in London in 1998, or Chad's Hissein Habre who was arrested in Senegal two years later.

The Vienna Convention on Diplomatic Relations regulates the concept of immunity. Nevertheless its application depends on a quid pro quo that all countries honor our rights as scrupulously as we honor theirs.

Though Indonesians do not perceive their former colonial masters the Dutch with loathing, neither do they remember them with any fondness.

It is not that they were especially brutal - all colonial powers had bouts of butchery - instead it was probably their deceitful ways and means which left a spiteful aftertaste.

The Dutch eventually only became part of history, but never a memory.

More incidents like that which befell Sutiyoso will result in an equally apathetic association with Australia – acquaintances not friends, neighbors not allies.

Perhaps we in Indonesia are at fault for expecting too much from one who is merely an acquaintance and neighbor.

The worst part of it all is that the impetuousness of two Australian officers will elevate Sutiyoso to a martyr for the next few days.

That is something we could have done without; a tribute the governor does not deserve.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
Hospitalidade Australiana, um truque ou um convite?
The Jakarta Post – Quinta-feira, Maio 31, 2007

Meidyatama Suryodiningrat

O ano é 1830. o Governador-Geral Holandês Markus de Kock convida Pangeran Diponegoro a encontrar-se em Magelang para negociar a cessação do levantamento de cinco anos em Java.

Mas não passava de um truque. Pelo fim do encontro o príncipe Javanês tinha sido feito prisioneiro e exilado no engano mais ínvio.

Seria uma pura hipérbole mencionar o nome de Sutiyoso do mesmo modo que o legendário príncipe Javanês, mas o 12º governador de Jacarta de certeza que sente o mesmo tipo de raiva e de traição sofrida por Diponegoro.

Pelo menos Diponegoro soube que estava a ser atraiçoado pelo inimigo.

O incidente de Terça-feira em Sydney, no qual funcionários Australianos tentarem entregar a Sutiyoso uma intimação no seu quarto de hotel, deixa muito a desejar e mostra porque é que as relações entre as duas nações estão (ainda) sobrecarregadas com uma desconfiança profundamente enraizada.

Apesar dos tratados, dos abraços entre dignitários, da caridade e das sem fins trocas de pessoas, a Austrália permanece um destino simpático mas nunca o lar para os Indonésios.

Uma anomalia sócio-cultural nas margens da própria Ásia.

Não acreditem na propaganda das "boas relações". Há uma grande porção de Indonésios, não menos de entidades oficiais, que estão genuinamente fartos daquela grande ilha – desculpem, continente – a sul. Apenas não o admitem em público.

Os habitantes de Jacarta não adoram o seu governador. De facto, se se fizesse hoje um teste de popularidade o Primeiro-Ministro Australiano John Howard provavelmente teria um resultado tão alto, ou baixo, quanto Sutiyoso. Mas a maneira como alegadamente foi tratado em Sydney foi simples má-criação.

De acordo com entidades oficiais Indonésias, dois oficiais Australianos irromperam pelo quarto de hotel do governado sem autorização sua, agitando uma convocatória para aparecer frente a um inquérito judicial de um caso com 32 com que, conforme todos os relatos, Sutiyoso provavelmente nada teve a ver.

Mesmo se Sutiyoso estivesse a viajar como cidadão privado este comportamento teria sido rude. Mas ele estava lá na sua capacidade de governador, convidado oficial do primeiro-ministro de New South Wales.

Há meios mais adequados pelos quais podiam ter procurado obter o seu testemunho, e se o procurassem muitos Indonésios podiam mesmo apoiar o esforço.

O zelo com que tentaram entregar a intimação levanta questões perturbadoras a Indonésios que vão à Austrália. Muitas entidades oficiais têm um passado militar. A maioria cumpriu turnos de serviço militar em Timor-Leste, incluindo o Presidente Susilo Bambang Yudhoyono. É este o tipo de tratamento que podem esperar?

Esqueçam a imunidade diplomática, e então a cortesia?

Mesmo dos hospedeiros é esperado que batam à porta quando têm um hóspede a ficar no seu quarto extra.

A Austrália é uma grande nação onde se podem admirar muitas coisas. A sua tradição democrática, o sentido nato de expressão pessoal e a sua forte veia de igualitarismo.

Mas é o seu sentido de imparcialidade sem rédeas que leva a assaltos desnecessariamente rudes contra a decência.

Há dois anos atrás o Presidente do Parlamento da Índia, Somnath Chatterjee, cancelou uma visita planeada para se encontrar com o comité executivo da associação do Parlamento da Commonwealth depois de autoridades Australianas recusarem dar uma autorização que garantiria que nem ele nem a sua mulher seriam revistados pela segurança no aeroporto.

Antes rebentara uma briga diplomática quando o Primeiro-Ministro da Papua New Guinea, Michael Somare, foi obrigado a descalçar-se durante um teste de segurança no aeroporto de Brisbane.

Se a Austrália tem tanto orgulho da maneira como trata um chefe de Estado vizinho, o governador da maior metrópole do Sudeste Asiático e o Presidente do Parlamento que representa a maior democracia do mundo, então Sutiyoso fará bem em ecoar o comentário de Chatterjee: "Se não confiam em mim então não deve ir lá."

Talvez os avanços legais do inquérito judicial Australiano foram feitos com vista a justiça transnacional

Mas Sutiyoso dificilmente está na mesma liga de Augusto Pinochet do Chile que foi detido em Londres em 1998, ou de Hissein Habre do Chade que foi preso no Senegal dois anos mais tarde.

A Convenção de Relações Diplomáticas de Viena regula o conceito de imunidade. Contudo a sua aplicação depende de um quid pro quo em que todos os países honram os nossos direitos tão escrupulosamente como nós honramos os deles.

Apesar de os Indonésios não verem os seus antigos governantes coloniais Holandeses com desprezo também não os lembram com carinho.

Não é que eles fossem especialmente brutais – todos os poderes coloniais tiveram explosões de barbárie – em vez disso provavelmente foram as maneiras enganosas e mesquinhas que deixou um gosto amargo que se cospe depois.

Os Holandeses eventualmente tornar-se-ão parte da história, mas nunca uma memória.

Mais incidentes como o que caiu em cima de Sutiyoso resultarão numa igualmente apática associação com a Austrália – conhecidos não amigos, vizinhos não aliados.

Talvez na Indonésia estamos em falta por esperarmos demasiado de quem é meramente um conhecido e vizinho.

A pior parte disto tudo é que a impetuosidade de dois oficiais Australianos fará de Sutiyoso um mártir pelo menos nos próximos dias.

Era algo que dispensávamos bem; um tributo que o governador não merece.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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