domingo, junho 24, 2007

Manuel Tilman considera imorais gastos da campanha de Xanana

Notícias Lusófonas
24.06.07

O presidente da Aliança Democrática (AD) timorense considerou hoje, em Díli, que os gastos de Xanana Gusmão na campanha eleitoral das legislativas de 30 deste mês são "imorais e escandalosos" face à pobreza que reina em Timor-Leste.

Por José Sousa Dias
da Agência Lusa

Numa entrevista à Agência Lusa, Manuel Tilman, líder da coligação que junta o Kota, força política de que é presidente, e o Partido Popular de Timor-Leste (PPT), afirmou desconhecer a forma como o candidato a chefe do governo do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) conseguiu obter "tanto dinheiro".

"Os gastos da campanha de Xanana Gusmão são exagerados, diria até imorais e escandalosos para um país tão pobre como Timor-Leste. Como é possível ter tanto dinheiro", afirmou o advogado e deputado timorense, que foi candidato às presidenciais de Maio deste ano, obtendo 4,9 por cento dos votos.

Tilman, 60 anos e licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, indicou que a sua coligação dispõe de "apenas cerca de 50 mil dólares" (37.300 euros) para gastar na campanha eleitoral, "significativamente menos" do que a do CNRT.

Por outro lado, o líder da AD mostrou-se confiante de que irá vencer as legislativas, defendendo que um "bom resultado" será obter a "maioria absoluta" e que "não aceitará" os resultados se não obtiver a votação que espera conseguir.

"Haverá então algo errado. E nós vamos protestar junto da CNE (Comissão Nacional de Eleições), do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral), aos tribunais, onde for necessário", avisou.

Por outro lado, se os resultados forem "credíveis" - "nas eleições pode haver fraudes antes, durante e depois" - cumprirá o "acordo de cavalheiros" que mantém com a Fretilin, quer saia vencedor ou não.

Tilman, que na segunda volta das presidenciais de Maio último foi o único dos seis candidatos derrotados a apoiar o da Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo", acrescentou que não acredita em governos de unidade nacional, uma vez que, "em geral, não resultam", dado que as divergências acabam por os "minar".

Sobre os projectos políticos de governação, Manuel Tilman defende que a base para o equilíbrio de Timor-Leste passa pela aprovação de uma Lei da Segurança Social, que integra cinco subsídios: nascimento, abono de família, casamento, terceira idade e óbito.

"A base de tudo é a segurança social. Haverá dinheiro a circular e diminuirá a má distribuição da riqueza", sustentou, adiantando que o Parlamento deverá aprovar, sequencialmente, outras quatro leis: a da criação de um Banco Central, a Básica do Ensino, a das Forças Armadas e a da Polícia.

Em relação à lei que prevê a criação de um Banco Central, Tilman defendeu que deverá abranger as competências da gestão do Fundo Petrolífero, actualmente na posse do governo, para que haja "transparência" na gestão.

Tilman, aliás, mostrou-se contra a utilização dos fundos daí provenientes, alegando que, além de hipotecar o futuro do país, os grandes projectos de desenvolvimento de Timor-Leste podem ser financiados através da cooperação com outras instituições internacionais.

Na Lei Básica do Ensino, entre outras questões, defende a oficialização, "de facto", das duas únicas línguas que se devem falar no país, Tétum e Português, passando o Inglês e o Bahasa (da Indonésia) a disciplinas curriculares.

Nas restantes duas leis, pretende que haja regulamentação quer nas Forças Armadas quer na Polícia Nacional, uma vez que não estão ainda definidos os critérios relativos ao recrutamento, carreiras, promoções e vencimentos.

Tal como nas presidenciais, Tilman defendeu um "tratado global de amizade" com a Indonésia que possibilite um espaço de livre circulação e negócio em toda a ilha de Timor, na parte Oriental e na parte indonésia.

A abertura da Austrália aos estudantes e aos trabalhadores timorenses é outra das prioridades referidas por Manuel Tilman, que insistiu hoje na adesão de Timor-Leste … Commonwealth, à semelhança de Moçambique.

Manuel Tilman, que viveu dez anos nos Açores, foi deputado ao Parlamento português de 1980 a 1984, passou por Macau e Hong-Kong no início dos anos 1990 e foi jurista do Conselho Nacional da Resistência Timorense.

Actualmente, é reitor de uma das universidades privadas timorenses, a Universidade D. Martinho Lopes/UNIMAR.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pergunta o Manuel Tilman – e muito bem! -:"Os gastos da campanha de Xanana Gusmão são exagerados, diria até imorais e escandalosos para um país tão pobre como Timor-Leste. Como é possível ter tanto dinheiro".

Pela boca do Xanana nunca viremos a saber pois na entrevista à Visão. ele ainda goza arrogante com esta questão. Vejamos como respondeu:

“Visão - Quem financia o seu partido?
Xanana - Amigos. Tenho-os em todo o lado do mundo, mas eles não querem aparecer.
Visão - Não seria mais transparente?
Xanana - Se eu quisesse ser transparente, ninguém ajudaria o partido.”

PS: Claro que os “amigos” de “todo o mundo” são os grandes interesses internacionais que querem deitar a mão ao petróleo do Mar de Timor e para isso precisam desesperadamente de correr com a Fretilin e o Mari, única maneira de levarem o petróleo!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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