quarta-feira, julho 11, 2007

Carta aos Amigos Timorenses – II

BLOG ENTRE CAIS

09 JUILLET 2007

Liège, 10 de Julho de 2007


Viva Caros Amigos,

Enquanto se aguarda a designação do novo primeiro-ministro timorense, vou meter-me mais uma vez no que não me diz respeito mas, como continuo a sentir-me muito próximo do povo timorense e como a situação me inquieta e muito, aqui vão algumas reflexões (e isto enquanto não escrevo os meus apontamentos de viagem de trabalho que efectuei a Timor em Maio de 2000).

Alkatiri tem toda a razão em reclamar formar um governo, mesmo se pouco viável, é o que se passaria na Bélgica, onde vivo e onde viveu um alto dirigente e deputado eleito por um dos partidos da oposição à Fretilin que formou, depois das eleições, uma coligação de maioria parlamentar para governar Timor.

Se a Fretilin não conseguir formar um governo, só ou em coligação, ou se não conseguir aprovar o programa no Parlamento, isso sim, as coligações dos partidos minoritários poderão avançar. O dirigente e deputado da oposição de que falei, sabe muito bem que é assim.

Muitos dirão que é um luxo de países ricos, talvez até seja mas, a paz política numa democracia em construção, também é muito importante.

A coligação de partidos minoritários poderá não durar muito tempo, como lembrou hoje o Bispo de Baucau. O tal dirigente e deputado da oposição à Fretilin e agora coligado com a nova CNRT, em 2000 não morria lá muito de amores por Xanana Gusmão e hoje? Será um casamento sério ou só oportunismo político?

Timor precisa de um governo sólido, falam que Alkatiri vive longe dos problemas do povo mas, será que os dirigentes da oposição vivem melhor os problemas do povo? O que ressenti, quando estive em Timor em 2000 é o divórcio total que existe entre a classe dirigente, oriunda na grande maioria das famílias abastadas e remediadas e a grande maioria povo que vive na extrema miséria, o equilibrio só se mantendo com o grande respeito que ainda existe pela hierarquia mas, quando se rompe, como no ano passado, dá no que se está ainda a ver

Ramos-Horta bem quer designar como chefe de governo Xanana Gusmão mas, será este capaz de formar e dirigir um governo estável, composto das mais variadas tendências políticas, desde os antigos revolucionários, aos colaboradores com a Indonésia passando pelos antigos estudantes contestatários à ocupação indonésia? Uma missão muito difícil, talvez mesmo impossível.

Os timorenses merecem tudo o que há de melhor e para tal, precisam de estabilidade e de um governo que governe!

Talvez só tenha dito disparates mas é o que me parece ser, visto cá de longe e com paixão. O que mais desejo é que haja reacções mas, parece que Timor já não interessa a ninguém, talvez só aos indonésios e aos australianos...

Um abraço amigo

Fernando Cabrita Moreira/EntreCais

P.S. Voltarei em breve!

3 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente o caro amigo erra por querer dar uma opiniao legal nao qualificada e erra mais uma vez na substancia da sua opiniao 'legal'.

Anónimo disse...

Pode nao ser uma opiniao legal qualificada ou seja la como for, mas é assim que entendemos tambem. Respeitarmo-nos uns aos outros como democratas, quem ficou a frente que avance e os que estao a seguir na bicha estarao la para mostrar que valem mais e mais podem. Cada coisa no seu lugar seguindo a ordem que esta ja escrito na constituicao. E, em relacao a alguns a morrerrem hoje de amores por Xanana quando ainda ha bem pouco tempo se expressavam ao contrario, podemos ainda lembrar que alguns dirigentes hoje na coligacao com Xanana e, qd viviam an Belgica eram representantes da Resistencia Timorense mas nao reconheciam Xanana como lider dessa reistencia, mas por la ficaram pendurados ate que em 1998, em Peniche e em grupo la apareceram num espectaculo dramatizado gritando o reconhecimento de Xanana como lider da Resistencia.
Enfim, incongrencias sobre incongruencias, mas eh assim que se vai exigindo que a coligacao dos partidos nao-vencedores governe.
TF

Anónimo disse...

Não vejo nada de opinião legal no artigo. Apenas o apontar de uma situação idêntica à timorense, noutro país, mas resolvida de forma diferente, a confirmar-se o Governo de Xanana & sócios.

Aliás, exemplos de casos idênticos noutros países é o que mais abunda. Em países democráticos e evoluidos é normal que o partido mais votado seja convidado a formar Governo. Cabe-lhe, evidentemente, escolher um elenco e conceber um programa que seja aceito pelo Parlamento, quando for caso disso.

Eu confesso que estou muito céptico quanto à apregoada "estabilidade" desta "aliança", pois como lembrou o colega TF, há gente a fazer autênticas piruetas e a engolir muitos sapos para manter de pé esta súbita "aliança", tão súbita que ainda há pouco tempo essa mesma gente dizia cobras e lagartos daqueles de quem agora parecem ser aliados e muito amigos.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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