terça-feira, julho 03, 2007

Fretilin em queda com metade dos votos contados

Público, 03.07.2007
Jorge Heitor

Contados cerca de metade dos boletins nas legislativas timorenses de sábado, verifica-se que a Fretilin está à frente, com perto de 30,5 por cento dos votos expressos, mas perde muito terreno em relação aos 53,37 por cento que alcançara em 2001, nas eleições para a Assembleia Constituinte.

A segunda lista é a do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), com a qual o antigo Presidente Xanana Gusmão se situa nos 22,3 por cento (quase tanto quanto a Fretilin perdeu). Segue-se a coligação Associação Social Democrata Timorense-Partido Social Democrata (ASDT-PSD), que chega aos 16,8. E na quarta posição aparece o Partido Democrático (PD), de Fernando "Lasama" Araújo, com 11,4.

Uma vez que ao longo da campanha CNRT, ASDT-PSD e PD coincidiram nas críticas à forma como a Fretilin exerceu a governação, ao longo dos quatro anos de independência, é de crer, aos olhos dos observadores, que se entendam agora para formar um novo tipo de Executivo. E entre si poderiam muito bem combinar quem é que ficaria com a presidência do Parlamento, de 65 lugares, e quem é que iria ser o primeiro-ministro: aparentemente, Xanana ou o líder do PSD, Mário Viegas Carrascalão, um engenheiro silvicultor de 70 anos que já governou Timor-Leste em nome da Indonésia.

De acordo com as projecções feitas ontem pelo Blog Timor Online sobre o número provável de deputados, com base nos votos até então apurados, a Fretilin não deverá conseguir mais de 25, o CNRT 17, o conjunto ASDT/PSD 12 e o PD 8

1 comentário:

Anónimo disse...

Se a Fretilin, que "está à frente, com perto de 30,5 por cento""perde muito terreno em relação aos 53,37 por cento que alcançara em 2001", então o Xanana, que está atrás e passou de 82% para 22%, deve ter subido...

Confirma-se o que eu vaticinava: o "CNRT" é uma espécie de PRD timorense. De génese conjuntural, terá um futuro efémero, visto que ficou completamente ofuscado pelo resultado da Fretilin, partido mais votado, e da ASDT/PSD, que consegue um brilhante 3º lugar, muito próximo do "CNRT".

Xanana é cada vez mais um mito. É uma humilhação ser apoiado por apenas 22% dos eleitores, para alguém que sempre esteve convencido (e nos tentou convencer a todos) que representava a vontade "do povo", como quando resolveu obrigar Alkatiri a demitir-se. É também uma humilhação ficar atrás da Fretilin. Entre Xanana e Mari, o responsável da crise e o bode expiatório, o povo fez inequivocamente a sua escolha.

A extraordinária máquina de propaganda que Xanana tem tido atrás de si, com componentes de vários países, não conseguiu convencer o povo.

O excesso de confiança pode ser fatal. O "plano" de XG e RH foi quase perfeito. Quase... não fosse o excelente resultado da ASDT/PSD. É esta coligação, e não o PD, que vai ditar as regras do futuro Governo, pois Mário Carrascalão não tem nada a perder. Ele não precisa de nenhum tacho, por isso pode impor condições a Xanana. Más notícias para os "mudansas".

Por isso eu sempre realcei a diferença entre as presidenciais e as legislativas. Nestas não há segunda volta para camuflar os maus resultados da primeira e quaisquer acordos pós-eleitorais serão decididos pelos líderes, consoante os interesses partidários, e não pelo povo. Quando chegar a hora de aprovar um Governo no Parlamento, quem é que se vai lembrar da "frente unida" contra a Fretilin? Essa "frente", se é que chegou alguma vez a existir, dissolveu-se logo após a eleição.

Por último, o outro grande derrotado desta eleição, para além de Xanana, é Lasama. Afundou-se completamente e mostrou que a "nova geração" afinal não se identifica com ele. E aqueles que se identificam têm mais vozes do que nozes, especialmente nos blogs e grupos de discussão. Mas só isso.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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