sábado, julho 21, 2007

Timor: Carrascalão mantém recusa de «Governo de inclusão»

Diário Digital / Lusa
20-07-2007

Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social Democrata (PSD), afirmou hoje à agência Lusa que «as portas continuam fechadas» à participação do seu partido num Governo da Fretilin, vencedora das eleições legislativas sem maioria absoluta.
«O que estão a tentar fazer é colocar a oposição dentro do Governo, o que terá como consequência um Governo em conflito interno desde o início», declarou Mário Carrascalão à Lusa, explicando a sua ausência da reunião magna promovida ontem pelo Presidente da República.

«A minha posição não muda nesse ponto e já disse ao meu partido que, se for preciso, ponho o lugar de presidente à disposição«, afirmou.

José Ramos-Horta juntou, na quinta-feira, perto de Dare, nas montanhas a sul de Díli, todos os líderes partidários - com a única ausência de Mário Carrascalão - e titulares de órgãos de soberania, num esforço para ultrapassar a crise política e conseguir formar o IV Governo Constitucional timorense.

«Não alinho nisso e não tenho tempo a perder. Estão a tentar meter todos no mesmo tacho e a misturar tudo para depois sair um "guisado" que afinal não é bom», comentou o presidente do PSD à Lusa sobre a insistência do Presidente da República num «Governo de grande inclusão».

«O que se passou lá em cima (em Dare) é a continuação da discussão entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri sobre quem governou mal ou bem e eu não perco tempo com isso«, acrescentou Mário Carrascalão.

O ex-chefe de Estado e o ex-primeiro-ministro e secretário-geral da Fretilin foram dois dos principais intervenientes da reunião de quinta-feira em Dare.

«Andam a discutir afinal quem é que vai ser o primeiro-ministro, como se fosse essa a questão importante, quando para mim não é», explicou o presidente do PSD. «A questão é como fazer sair o país da crise e que soluções temos para o desenvolver.»

«Como é possível concordar com o programa de Governo da Fretilin, de que eles não abdicam, quando andámos a prometer ao eleitorado um programa irreconciliável com esse?«, interroga Mário Carrascalão.

«E como é possível estar num Governo que vai sempre ser dominado por Mari Alkatiri, mesmo que digam o contrário, como aconteceu a José Ramos-Horta enquanto foi primeiro-ministro?
Não o deixaram fazer nada!», acusou o líder do PSD.

Mário Carrascalão adiantou que a recusa em participar numa «inclusão» dominada pela Fretilin pode ter consequências na aliança, na coligação e no partido de que é fundador.

«Uma coisa são as minhas opções pessoais e outra são as decisões do partido, que eu sempre respeitarei«, adiantou Mário Carrascalão, à margem de uma reunião informal com Lúcia Lobato, Zacarias da Costa e Joy Gonçalves, três dos rostos principais do PSD.

Mário Carrascalão sublinhou também que a integração de um Governo alargado a toda a oposição pode significar a saída da coligação do PSD com a Associação Social-Democrática Timorense (ASDT) da recém-formada Aliança para Maioria Parlamentar (AMP).

A AMP junta a ASDT/PSD a outros dois partidos da oposição: o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, e o Partido Democrático (PD), de Fernando »La Sama« de Araújo.

«As negociações para a solução de grande inclusão estão já a provocar erosão na AMP e na nossa coligação com a ASDT», admitiu Mário Carrascalão.

«Eu confio inteiramente em Francisco Xavier do Amaral«, presidente da ASDT, declarou Mário Carrascalão.

«Vamos ver se outros, dentro do partido e dentro da AMP, não se deixam seduzir pelas cadeiras do poder».

Mário Carrascalão vai participar, na segunda-feira, em Díli, na reunião que continua o encontro de Dare.

3 comentários:

Anónimo disse...

MAIS OUTRO PALHACO QUE SE ACTUA AS COMUNICACOES SOCIAS COMO SE FOSSE DUM PARTIDO MAIORITARIO EM TIMOR LESTE. ESTA A FALAR COMO SE FOSSE DUM PARTIDO QUE GANHOU AS ELEICOES, MESMO QUE NA REALIDADE NAO PASSA DUMA CAMBADA DE ESTUPIDOS QUE QUER ENSINAR O POVO SOBRE A DEMOCRACIA, POREM NA REALIDADE SAO ELES QUEM DEVEM APRENDER MAIS COM O POVO MAUBERE SOBRE AS REGRAS DO JOGO NA DEMOCRACIA EM SI.

Anónimo disse...

A Fretilin tem tolerado muito, quando os golpistas xananistas fizeram golpe de estado e levou Estado timorense a beira de guerra civil, a Fretilin tolerou e nao respondeu para evitar que haja razao aos golpistas anti democracia sobre sua tese de guerra civil. Toleramos para que os timorenses nao se matam, toleramos para que a independencia nao seja uma maldicao, toleramos para que a democracia se cresca e floresca, toleramos para que a lei e ordem sejam reconstituidas, toleramos para que a liberdade seja uma realidade quotidiana, a cima de tudo toleramos estes bandos de golpistas pelo amor e fielidade que temos pelo nosso querido povo maubere e para evitar o seu sofrimento.

MAS.....a tolerancia tera a sua limite quando a voz do povo expressa nas eleicoes, que legitima a sua confianca ao Partido Fretilin para exercer o poder de governar, sera violada mais uma vez pelos golpistas xananistas. Ai nao se pode tolerar quando os anti democraticos se afirmam para deitar a baixo o poder do povo expresso atraves dos votos livres com a constituicao do seu chamado AMP(Alianca dos Palhacos Populares;).A Fretilin se afirmara ao lado do povo para defender o povo maubere contra estes bandos estupidos e palhacos xananistas pelo bem de Timor Leste.

Anónimo disse...

Oposi�o, coliga�o ou converg�ncia nacional: Timor-Leste na procura de um sistema democr�tico

Por Antero Benedito da Silva, Centro da Paz, UNTL, 29 de Junho 2007

A Democracia na nossa �poca consiste num processo eleitoral, representativo e num sistema de governa�o constitucional. Mas esta pr�tica limita-se ao campo pol�tico. Precisamos de a expandir para outras dimens�es da democracia, incluindo, nomeadamente, a participa�o em �reas econ�micas e pol�ticas fora do �mbito meramente eleitoral. Tamb�m a interpreta�o inicialmente apresentada n�o corresponde ao conceito original de democracia praticado na Gr�cia Antiga, em Atenas, no per�odo da Polis, cidade-na�o. Pelo menos retoricamente, nesta altura democracia significa �do povo, com o povo, para o povo�. Dizemos retoricamente, porque as mulheres, os imigrantes e os escravos n�o tinham o direito de participa�o neste sistema. Segundo Michael Levin �A Democracia na Gr�cia era uma forma de governa�o pela maioria por parte da classe dos cidad�os, numa sociedade baseada num sistema de escravatura.� Vamos ent�o esclarecer melhor alguns pontos essenciais. Primeiro ponto, o povo � a base da democracia. Quando dizemos povo queremos referir todos os cidad�os da polis, incluindo mulheres e escravos. Significa, desde o tempo da Gr�cia Antiga, que a democracia n�o inclu�a todos os seus elementos na participa�o da vida pol�tica. Segundo ponto, a Polis, cidade-na�o, era, no entanto, um pequeno estado com um sistema de democracia directa.

O que � que se entende por povo no contexto actual de Timor-Leste? Timor-leste � um pa�s rural dependente maioritariamente de uma agricultura de subsist�ncia. Quando falamos de povo, referimo-nos, em primeiro lugar, � popula�o rural do povo maubere que vive nas comunidades locais. Em segundo lugar, �s mulheres, que constituem ainda um segmento da nossa sociedade que continua a lutar pelos seus direitos. Por exemplo, aquando da elei�o dos Chefes de Suco em 2005, poucas foram as mulheres candidatas e muito menos as eleitas. Por outro lado, as mulheres s�o especialmente vulner�veis numa regi�o que permite o mercado livre de circula�o de produtos e de pessoas enquanto objecto de explora�o por parte de companhias transnacionais em actividades il�citas (TNCs). Em terceiro lugar, referimo-nos a uma parte dos jovens veteranos das for�as armadas que viveu na clandestinidade e que se encontra hoje no meio de um processo de transforma�o, na sequ�ncia de um sistema democr�tico baseado no elitismo liberal. Acresce ainda o grupo dos estudantes, que constitui um segmento significativo da nossa popula�o. Em quarto lugar, incluimos igualmente um pequeno segmento de popula�o prolet�ria ao servi�o de empresas privadas nacionais, hot�is e lojas, assim como vendedores de rua, dependentes, em grande parte, de potenciais clientes ligados � elite nacional, a ONGs nacionais, bem como de in�meras pessoas ao servi�o de entidades estrangeiras diversas, entre elas as Embaixadas, a ONU e as ONGs internacionais.

A nossa outra quest�o � como envolver os grupos sociais acima mencionados, especialmente no que se rerere �s comunidades locais, no sistema democr�tico em geral. Vamos verificar qual o sistema democr�tico mais apropriado, em especial relacionado com este sistema de elei�o parlamentar para a forma�o do novo governo. O sistema implica que um partido obtenha uma maioria superior a 50% para poder formar governo. Acreditamos que o partido actualmente com maioria, a FRETILIN, devido aos seus antecedentes hist�ricos, � consist�ncia da milit�ncia da maioria dos seus membros, bem como � qualidade do seu programa de desenvolvimento e aos m�todos de campanha, tenha possibilidade de ganhar mais votos e, consequentemente, obtenha o direito de iniciar a forma�o de um novo governo. A FRETILIN, admite, contudo, que se confronta actualmente com membros antigos como Xanana Gusm�o, Xavier do Amaral, Ab�lio Ara�jo, Abelino Coelho, Fernando La Sama, Bilou-Mali, Mauhuno, Vitor da Costa, Corn�lio Gama, ali�s L7, e outros elementos dispersos por novos partidos pol�ticos. Tal significa que a FRETILIN, como partido da Resist�ncia, tenha pela frente novos desafios para obter os 51 % ou mais da vota�o necess�rios � forma�o de governo. Face ao exposto, a FRETILIN tem duas op�es em discuss�o: a coliga�o com outros partidos pol�ticos ou a um governo de converg�ncia nacional, com vista a possiblitar a sua participa�o na forma�o de um novo governo. Uma outra op�o ser� a FRETILIN enquanto partido de oposi�o, mas tal ser� analisado mais tarde.

Em primeiro lugar, a FRETILIN tem identificados alguns partidos com semelhan�as em termos program�ticos e vis�o pol�tica, designadamente o Partido Rep�blica Democr�tica de Timor (PDRT de Maulequi), o Partido Nacionalista Timor, a Alian�a Democr�tica (de Manuel Tilman cs), o Partido Unidade Nacional e, eventualmente, o Partido Democr�tico de Fernando La Sama. Isto poder� concretizar-se numa op�o de coliga�o entre partidos pol�ticos. Tal significa que a FRETILIN tem todas as possibilidades de formar uma coliga�o, caso n�o obtenha os referidos 51 %. Outra modalidade de coliga�o � a da coliga�o entre partidos e indiv�duos. O CNRT tem mais possibilidades de concretizar este modelo de coliga�o. Uma lista j� em circula�o pela cidade confirma essa eventualidade. Ent�o CNRT, UNDERTIM, Coliga�o ASDT-PSD e PR talvez venham a coligar-se dessa forma com vista � forma�o de um novo governo. Mas essa possibilidade � um pouco marginal, dado que o CNRT n�o tem militantes de base. Este partido tem apenas �floating mass,� n�o havendo garantia se as pessoas ir�o ou n�o votar no mesmo. Por outro lado, o CNRT � um partido novo, sem experi�ncia executiva governamental. No entanto, o que dizemos � que, se a coliga�o for uma op�o pol�tica, tal significa que a democracia, numa l�gica de oposi�o, vai ser a nossa linha e cultura de pol�tica nacionais. Consequentemente, necessitamos de debater melhor sobre a cultura de democracia social, ap�s este per�odo eleitoral.

A outra op�o ser� a apresentada por Ab�lio Araujo, ou seja, aquilo a que o mesmo chama de �Governo de Converg�ncia Nacional.� A Converg�ncia Nacional foi j� uma estrategia pol�tica da FRETILIN, desde 1983, para alcan�ar o objectivo da luta de liberta�o nacional. A UDT foi um partido que apoiou passivamente esta pol�tica que resultou, mais tarde, na forma�o do CNRM e, finalmente, do CNRT. A FRETILIN implementou a governa�o inclusiva em 2001, um conceito de democracia na �rea da ci�ncia da governa�o moderna. A logica da governa�o inclusiva consiste num esfor�o de complementar defici�ncias na democracia representativa com vista a envolver mais homens e mulheres, especialmente das comunidades locais, na governa�o do estado. O Dr. Jos� Ramos Horta, enquanto Ministro dos Neg�cios Estrangeiros, e o Dr. Rui Maria Ara�jo, equanto Ministro da Sa�de, foram o resultado deste modelo de Governo Inclusivo aquando da forma�o do governo. Claro que eram igualmente diplomatas e activistaa da Resist�ncia Nacional.

Se a proposta de Converg�ncia Nacional apresentada por Ab�lio Ara�jo corresponder a um verdadeiro compromisso pol�tico e n�o simplesmente a uma propaganda de campanha pol�tica para ganhar a aten�o do p�blico, � necess�rio popularizar este conceito, bem como o pr�prio conceito de coliga�o. Precisamos de uma s�rie de debates a todos os n�veis em termos de ideologia politica e de programa�o pol�tica, assim como de um consenso nacional sobre plataformas pol�ticas e uma visao colectiva sobre o futuro da sociedade de Timor-Leste. Mas as elites politicas necessitam fundamentalmente de uma consist�ncia, de um entendimento profundo e colectivo sobre um tipo de democracia que considere o povo como centro da decis�o pol�tica, envolvendo activamente os segmentos da sociedade inicialmente identificados neste artigo: os camponeses, o proletariado, a juventude da resist�ncia e os estudantes, os movimentos sociais, as mulheres e, em especial, as comunidades locais de �reas mais isoladas (por exemplo, Orsanako, entre outras). Se tal n�o acontecer, o imaginado governo de converg�ncia nacional limitar-se-� a uma colec�o de elites pol�ticas, de tecnocratas e, possivelmente, de empres�rios nacionais, que formaram partidos pol�ticos. Por outro lado, o Governo de Converg�ncia Nacional n�o ser� uma alternativa � coliga�o pol�tica que tradicionalmente corresponde a uma pr�tica de democracia liberal representativa, a qual possibilita a todos os cidad�os o direito de votarem, mas nem sempre o direito de poderem ser escolhidos. James Mill afirmou uma vez �que o assunto da governa�o � convenientemente, um assunto dos ricos, e, como tal, estes sempre prevalecer�o, sejam os meios maus ou bons�. E os povos Maubere continuar�o a ser manipulados pela pol�tica.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.