segunda-feira, setembro 03, 2007

O preço do golpe de estado já foi pago em vidas mas agora falta pagar em géneros

In Blog Timor Lorosae Nação – Sábado, 1 de Setembro de 2007
Líderes históricos dividem para "fantochar"
Malae Belu

O dia 30 de Agosto devia ter sido um dia grande para Timor-Leste, um dia de comemoração absolutamente alegre, sem sombras de tristezas, mas, em vez disso, mais que isso, foi um dia que nos recordou, uma vez mais, a força e determinação de um povo que há oito anos estava unido por um objectivo de interesse nacional e comum mas que presentemente está divido por objectivos politico-partidários e pessoais.

Quem nos divide são os líderes que há pouco mais de um ano assaltaram o Poder em nome da democracia, da liberdade, do desenvolvimento, do progresso e contra a alegada ditadura de um partido que estava no Poder com toda a legitimidade democrática.

Evidentemente que esses líderes oponentes ao Governo de então, da Fretilin, poderiam ter escolhido a via da contestação e oposição democráticas em vez de partirem para o golpe de estado.

Preferiram não optarem por essa acção porque não colheria os frutos desejados devido à maioria da população considerar que a unidade nacional era o que importava, que o governo da Fretilin devia cumprir o seu mandato e que nas eleições logo se pronunciariam.

Intuitivamente, os timorenses sabiam que deveriam agir assim.

Provavelmente a Fretilin voltaria a ter um bom resultado por votos expressos e tradutores da vontade eleitoral...

Era exactamente isso que importava evitar. Mas também é provável que não acontecesse e então a oposição, se fosse realmente democrática, teria a sua oportunidade.

Para a Igreja, Xanana Gusmão, Ramos Horta, Austrália e para os detentores do controle energético-financeiro, essa alternativa era inconveniente por lhes retirar a margem de manobra que lhes permite controlar o país e, principalmente, os seus bens energéticos no Mar de Timor e em terra.

Com um governo Fretilin eles sabiam que a defesa dos interesses timorenses seriam defendidos o mais possível, como sempre aconteceu.

A Igreja sabia que a Constituição ia acabar por se fazer cumprir e que perderia os cem por cento de privilégios de que beneficia.

Sabia que a separação entre Estado e Igreja, exigida constitucionalmente iria sendo progressivamente cumprida - como deve ser num país que ruma para a democracia.

Xanana Gusmão teria um lugar de reservista da Nação timorense se não voltasse a recandidatar-se à Presidência da República advinhando-se que teria muitas probabilidades de perder as eleições - basta olhar para a magra votação que colheu nas recentes eleições legislativas.

Ramos Horta não concorreria à Presidência da República como o fez para não obstaculizar Xanana e restar-lhe-ia continuar num governo Fretilin ou então fazer a travessia do deserto, formar um partido ou aderir a algum já formado - o que não seria provável.

Ramos Horta teria mesmo de esperar ou ser ministro Fretilin.

No caso de Xanana não ser reeleito - o que seria provável - restava-lhe formar algo parecido com o CNRT ou aceitar ser a "reserva heróico-histórica da Pátria".

Então sim, as coisas seriam claras e democráticas.

O tempo seria o bom conselheiro e obreiro dos que queriam realmente construir um país livre e aberto ao desenvolvimento progressista.

Nem Horta nem Xanana quiseram correr o risco de marcar passo. Não quiseram ver-se na contingência de ter de aguardar quatro anos e trabalhar para conquistarem o direito transparente e legítimo de governarem. Formarem um partido, com tempo, e submeterem-se ao eleitorado.

O que queriam era apoderar-se do Poder e distribui-lo entre eles se possível aniquilando a Fretilin ou qualquer outro partido que se lhes atravessasse no caminho.

O golpe de estado não aconteceu por acaso e a situação que para muitos parecia "embrulhada", confusa, tinha por objectivo possibilitar que a situação seguisse os trâmites que seguiu e apressar a tomada do Poder por uma via aparentemente democrática mas que foi estudada, planificada e executada de acordo com o planeado.

Evidentemente que os procedimentos que conduziram ao sucesso da operação "golpe de estado democrático" não foram da autoria de timorense nenhum porque esses foram simplesmente o executantes.

Este foi um golpe de mestre, do género de tantos outros por esse mundo fora, que resultou e terá elevado preço. Tão elevado que os seus mentores já demonstraram não confiar nos seus executantes timorenses querendo vigiá-los de perto, governando nos bastidores enquanto timorenses se prestam a fazer que governam.

Soube-se que Steve Bracks vai passar a ser o "consultor" de Xanana Gusmão mas outras figuras australianas serão impostas - aparentemente contratadas pelo governo timorense - e manipularão os cordelinhos que possibilitará uma governação australiana com um fantoche timorense julgando-se primeiro-ministro.

Se os timorenses aquiescerem a esta situação terão a sua desejada paz, mas será uma paz podre.

Obviamente que serão registadas algumas melhorias na vida dos timorenses a curto e a médio prazo... mas independente e governado por timorense é que Timor-Leste não será e isso só daqui por uns bons anos será constatado ou até talvez denunciado por algum dos fantoches de agora que se veja preterido pelos novos colonizadores.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sabes que o futuro de Timor será assim? vamos lá ver, se isso será acontecer? você tem grande visão, mas as vezes pode surgir ao contrário na prática...abraço

Anónimo disse...

sabes que o futuro de Timor será assim? vamos lá ver!!

Anónimo disse...

Sabe que o futuro de Timoe será assim? vamos lá ver!!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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