sábado, setembro 01, 2007

Quem vai exercer as funções de primeiro-ministro?

Timor Lorosae Nação – Quarta-feira, 29 de Agosto de 2007
Timor e a Lusofonia estão a ser deglutidos pela Austrália
Alfredo Ximenes

A visita de um representante do governo português já estava prevista há algum tempo e dependia das disponibilidades de agenda, sabendo-se especificamente que os assuntos a tratar estavam relacionados com a cooperação que Portugal nos tem dispensado, fazendo todo o sentido que quem nos visita seja o Secretário de Estado dessa área, da cooperação, João Gomes Cravinho.

É sabido que Portugal é o maior doador à causa Timorense, que são e sempre foram os portugueses, povo como nós, que mais se insurgiram e mobilizaram perante as chacinas provocadas pela Indonésia. Que ainda hoje continuam com a preocupação de enviar manuais escolares para os alunos timorenses, que escrevem nos comentários deste blogue e de outros manifestando as suas preocupações e revoltas pelas injustiças que estão a recair sobre os timorenses.

Os próprios militares e policias portugueses que têm integrado as missões da ONU em Timor-Leste são pessoas cordatas, amigas e completamente diferentes do porte bárbaro de outros, de outros nacionalidades. Isto para não falar dos professores e professoras que estão cá e nos ajudam realmente, a par dos brasileiros.

Em contrapartida, aquilo que acontece com os australianos estacionados em Timor-Leste, civis ou militares, soa sempre a interesse... "Está bem, eu ajudo-te... mas o que é que recebo em troca?" - e quando nos apercebemos já eles nos levaram tudo.

Para a Austrália, para os australianos que aqui vêm - que me perdoem as excepções - Timor-Leste é a mina de produto e produção fácil em que não precisam de esgravatar, trabalhar, para irem embora com os alforges cheios!

Ao referir isto, não estou a propor nenhuma cruzada contra a Austrália ou contra os australianos mas sim a constatar um facto e a considerar que é tempo de reduzir a presença australiana em Timor-Leste, civil e militarmente.

Considerando que este país optou pelo português como língua oficial, de parceria com o tetum, os poderes decisórios timorenses têm a obrigação de nos proporcionar a defesa de sermos originais e diferentes nesta parte do globo, assumindo a lusofonia enquanto um bem que superará as distâncias terrenas para Portugal, Brasil ou África. Principalmente Portugal e o Brasil têm sido incansáveis sempre que lhes solicitamos o que quer que seja. Isso significa que devemos apostar mais na lusofonia e fazermos perceber à Austrália que temos uma identidade própria que até se completa num mundo lusófono que detém a terceira língua mais falada no planeta.

Em vez disso, apercebemo-nos de que cada vez mais ficamos na dependência e nova colonização da Austrália. Sistematicamente os ministros australianos se exibem como nossos donos, nos invadem de surpresa como se Timor territórios deles se trate.

Que saibamos, obtivemos a independência com muito sacrifício, com muitos mártires, para entregarmos agora o ouro ao bandido. E o bandido é a Austrália, os seus governantes!

Alexander Downer chega amanhã, não se sabe bem porquê, nem estava programada tal visita, como é costume nas relações entre Estados.

Mas como se isso não bastasse fomos surpreendidos pelo anúncio do primeiro-ministro, Alexandre Gusmão, com vaidade a brilhar nas letras do comunicado do gabinete ministerial, sobre a aceitação de um convite que ele formulou a Hon Steve Bracks para que esse ex-governador do estado de Vitória ascendesse a seu consultor...

Claro está que o convite foi aceite, não se sabendo até que ponto Gusmão está nas mãos dos australianos.

Não se sabendo quem é que na realidade vai exercer as funções intelectuais e decisórias de primeiro-ministro. Será Gusmão ou os australianos que o estão a rodear?

Fica a pergunta, para uma resposta que será encontrada com o tempo.

1 comentário:

Anónimo disse...

ESTE ALFREDO XIMENES NÃO É O MESMO QUE EM TEMPOS FEZ EXCELENTES COMENTÁRIOS SOBRE UM ARTIGO PUBLICADO EM JORNAL AUSTRALIANO (AUSTRALIAN NEWS) RELACIONADO COM A CREDIBILIDADE DO PLANO FORÇA 2020, O MODELO DE FORÇAS ARMADAS PARA TIMOR-LESTE E OS INTERESSES ESTRATÉGICOS DA AUSTRÁLIA E EUA, QUE ESTIVERAM NA ORIGEM DA CRISE POLÍTICO-MILITAR QUE SE VIVE EM TIMOR-LESTE.
NÃO VALE A PENA BARALHAR OS BLOGISTAS. TALVEZ FOSSE CONVENIENTE E DESEJÁVEL ASSUMIR OUTRO PSEUDONIMO. ENFIM SÓ TEMOS XICOS ESPERTOS EM TIMOR L....

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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