terça-feira, setembro 04, 2007

Reinado continua rebelde descontente, a colher apoios e bem armado

Blog Timor Lorosae Nação – Segunda-feira, 3 de Setembro de 2007
Alfredo Reinado: “Eles não olham para o Povo!”
Alfredo Ximenes

Viajar por Timor-Leste é sempre um regalo para os nossos olhos em termos paisagísticos mas o mesmo não se pode dizer sobre a desagradável sensação de que os timorenses estão a sobreviver cada vez com mais dificuldades e que a nível da capital, dos poderosos, pouco ou nada está a ser feito para colmatar esta evidente queda para o inferno da ultra pobreza em que a maioria dos timorenses sobrevive.

Ouvimos frequentemente o Presidente Ramos Horta afirmar que vão ser tomadas medidas contra a miséria crescente em Timor, mas nada é sentido ou visto que nos possa alimentar a esperança de que isso vai acontecer a curto prazo.

Se o PR promete mas não faz lá terá a suas razões. Na realidade não é a ele que compete tomar essas medidas imediatas mas sim ao governo inoperacional, até agora, de Xanana Gusmão.

Há fome e muita miséria, não duvidem. Basta viajar pelo país para verificar que assim acontece.

É espantoso como os correspondentes internacionais das agências noticiosas deixam esta realidade passar-lhes ao lado. Mais espantoso é o silêncio da Igreja, dos Bispos e padres que, anteriormente, por dá cá aquela palha contestavam a torto e a direito.

O descontentamento dos infernizados pela miséria, que alimenta as elites políticas em Díli, assim como o Clero, vai produzindo as sementes de revolta que estão a fecundar os apoios a Alfredo Reinado.

Ainda ontem Reinado perguntava a um grupo de timorenses que o apoia sem saber muito bem porquê: “Então mas somos independentes para estarmos a viver tão mal e com o país ocupado pelas tropas estrangeiras?”. E mais à frente: “A quem servem as tropas estrangeiras, a nós?”

Era evidente a sua desaprovação pela quantidade de militares, principalmente australianos, que ocupam o país, mas igualmente evidente foi a pergunta fácil que deu que pensar: “Agora não é a Fretilin que governa. Votámos e escolhemos quem pensámos estar do nosso lado, do lado do povo, mas já passou algum tempo e cada vez estamos piores, cada vez estamos mais entregues aos estrangeiros.”

“Nem Horta nem Xanana mostraram saber olhar para o povo. Desde que foram eleitos que não deram provas de olhar para vós. Eles não olham para o povo!” – rematou.

Prosaico, Reinado teve ali o seu mini-comício para quem o quis ouvir, na zona de Manufahi, bem armado, como compete aos heróis em permanente alerta e a respirar desconfiança pelos que lhe prometem mas não cumprem.

As suas palavras deram o que pensar e certamente que colheram sentimentos favoráveis, cativaram a plebe.

Assim, não admira que o comecem a elevar novamente à estatura de herói e que o apoiem muito mais.

Na realidade Reinado acaba por ter razão. O grande suporte deste Presidente e deste governo timorense são os militares australianos. Isso incomoda-nos. Sabermos que elegemos indivíduos para órgãos soberanos que não fazem outra coisa que não seja rodearem-se de estrangeiros que os mantenham nas suas cadeiras poderosas.

Cada vez mais eles cavam o fosso existente entre nós, plebe que daqui quase nunca saiu, e os que dominam os descontentes e martirizados que somos.

Certo, certo, é que o Presidente Ramos Horta tem-se encontrado com Alfredo Reinado e não tem levado a melhor.

Não consegue convencê-lo a "confiar nos que o traíram" – diz Reinado.

Os cambalachos que com Reinado foram feitos por Xanana e por Horta – o não cumprimento do prometido e o rumo tomado - terão certamente sido o motivo porque o evadido Alfredo continua reticente e quer “dar tempo ao tempo”, como diz, afirmando que está “cá e de saúde para ver, ouvir e agir”.

Que terão, Horta e Xanana, de provar a Alfredo Reinado? Porque temem Reinado?

6 comentários:

Anónimo disse...

ESTE ALFREDO XIMENES NÃO É O MESMO QUE EM TEMPOS FEZ EXCELENTES COMENTÁRIOS SOBRE UM ARTIGO PUBLICADO EM JORNAL AUSTRALIANO (AUSTRALIAN NEWS) RELACIONADO COM A CREDIBILIDADE DO PLANO FORÇA 2020, O MODELO DE FORÇAS ARMADAS PARA TIMOR-LESTE E OS INTERESSES ESTRATÉGICOS DA AUSTRÁLIA E EUA, QUE ESTIVERAM NA ORIGEM DA CRISE POLÍTICO-MILITAR QUE SE VIVE EM TIMOR-LESTE.
NÃO VALE A PENA BARALHAR OS BLOGISTAS. TALVEZ FOSSE CONVENIENTE E DESEJÁVEL ASSUMIR OUTRO PSEUDONIMO. ENFIM SÓ TEMOS CHICOS ESPERTOS EM TIMOR L....

Anónimo disse...

Giro! Se o Reinado tivesse dito (alias disse muito disso) no tempo da Fretilin diriam imediatamente que ele era um idiota e nao sabia o que dizia.

Mas agora porque o governo ja nao e' da Fretilin o que ele diz ate ja da pra pensar? Agora ele ate ja fala as verdades?

Entao senhores! Onde esta a consistencia?

Se o pais vive na miseria certamente que tem tudo a ver com a maneira como o pais foi governado durante os ultimos 5 anos e nao com as ultimas 5 semanas.

Por favor, enxerguem-se!

Anónimo disse...

Também acho patetice dar hoje tanta importancia ao Alfredo Reinado neste espaco. Ele continua o mesmo bandido e evadido da prisao. Conversaremos quando ele estiver livre. Hoje ele nao esta livre, nao pode falar como um homem livre.

Anónimo disse...

Reinado continua a ser o que sempre foi. No entanto, ele colhe os frutos do descontentamento popular e pode vir a beneficiar com isso, mesmo sem fazer nada para o merecer.

O pior é que quem fornece a "munição" para esse descontentamento é quem está agora no poder, graças a promessas irrealizáveis.

A desculpa da Fretilin já não pega. Note-se que quem mandou parar a captura de Reinado, desrespeitando o tribunal, foi Ramos Horta...

Anónimo disse...

Conselheiro português de Ramos-Horta morre em Díli
Público, 04.09.2007
Adelino Gomes

Chris Santos (nome "australiano" do português Cristóvão Santos), de 59 anos, conselheiro especial do presidente timorense, José Ramos-Horta, morreu esta sexta-feira em Díli, de doença súbita.

A sua ligação estreita a Timor, onde cumpriu serviço militar, remonta ao período do pós-25 de Abril, durante o qual exerceu funções no Departamento de Informação da Fretilin, liderado pelo futuro Prémio Nobel da Paz. Nessa qualidade, acompanhou repórteres que faziam a cobertura da guerra civil, que eclodiu em Agosto de 1975 e provocou a morte de cerca de três mil pessoas.

Logrou abandonar o território, então ainda sob administração portuguesa, pouco antes da invasão indonésia de 7 de Dezembro desse ano, quando forças do MAC (Movimento Anti-Comunista, constituído pelos partidos UDT, Apodeti, Kota e Trabalhista), enquadradas pelo Exército indonésio, ocupavam já há semanas a zona mais a oeste, numa linha que se estendia de Atabai e Maliana até à fronteira com Timor Ocidental.

Na Austrália, onde se fixou após a fuga de Timor, chegou a ocupar posições de responsabilidade no diário The Sun, de Melbourne, cidade na qual a família reside, ainda, e se anunciou que seria enterrado hoje.

Depois da independência de Timor-Leste, em 2002, Cristóvão Santos assessorou José Ramos-Horta nos diferentes cargos governamentais por este exercidos, pondo termo a um período de afastamento público da luta de resistência anti-indonésia. A.G.

Anónimo disse...

De repente, aparecem uns enjoados com o espaço que o Reinado está a ter nomeadamente neste e noutros blogs. Isto é de repente dava muito jeito a quem tanto o promoveu, silenciá-lo. E até chegam ao cúmulo de lhe chamar “bandido” e simultaneamente o desejarem em liberdade. Seria mais uma verdadeira originalidade ver-se ao mesmo tempo o Reinado “bandido” e “homem livre”.

E são estes que tendo perdido as eleições e no entanto ocuparam todos os órgãos de poder que agora querem que seja a Fretilin a tirar-lhes as castanhas do lume! Aqui estão eles já a choramingar e não tarda já a berrarem que nem podem deitar a mão ao Alfredo por causa da Fretilin. Ganhem mas é juízo e vejam lá se crescem. Se não têm capacidade para pôr foragidos na justiça, desistam, estão no poleiro porque usurparam o cargo que é da competência da Fretilin, vocês é que o quiseram, ninguém os obrigou. Não conseguem manter o Estado de direito a funcionar, emigrem todos, de preferência para a Austrália, por cá dispensa-se bem a vossa presença e as vossas lamúrias.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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