terça-feira, setembro 18, 2007

Uma gota de água para os sem pingo de vergonha

Blog Timor Lorosae Nação - Sábado, 15 de Setembro de 2007
Uma gota de água para os sem pingo de vergonha
António Veríssimo

400 milhões não pagam uma ínfima parte do sândalo roubado!

Está a dar para perceber que a notícia aqui transcrita com proveniência na Lusa do Brasil mexeu com certos leitores que acharam 400 milhões de US dólares uma fortuna, na ajuda que Portugal está a dar a Timor-Leste.

É injustificado e descabido qualquer argumento que considere aqueles milhões mal empregues, por minha opinião.

Nem se trata de um dever moral ou histórico dos portugueses em contribuírem para que aquele país singre, venha a ser o mais possível independente, mas sim um prazer, uma demonstração da nossa permanente solidariedade com os nossos irmãos timorenses. É como dizer-lhes que, apesar de longe, estamos perto e temos muito deles e eles de nós.

Foram quase quinhentos anos de miscigenação e só quem não conheceu os timorenses é que não percebe quanto temos a ver com aquela pequena metade de ilha. Quanto a paisagem, os odores, a fauna, a flora, o mar, as pessoas nos ficam gravadas na mente e no coração.

Para quem não conhece Timor-Leste só lhe resta acreditar naquilo que aqui é afirmado. Aqui e em mais milhentos lugares da literatura séria portuguesa - coisa de que este blogue não faz parte.

Se fossemos fazer contas, como parecem querer fazer os que aqui deixaram palavras sem um pingo de vergonha nos comentários, estes 400 milhões de dólares - uma gota de água - não chegavam para pagar uma ínfima parte do sândalo que os portugueses de antanho roubaram aos timorenses, ao ponto de causar uma desflorestação impressionante de que Timor-Leste nunca recuperou...

Bem, mas disto já chega. Melhor será não irmos por esse caminho e descer ao nível de meia-dúzia de bouçais portuguezitos ignorantes, desprovidos de laços afectivos e humanidade. Portuguezitos que só vêem o cifrão e que exactamente por isso têm por pátria esse símbolo.
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Os timorenses podem actualmente falar muito pouco português mas a verdade é que nunca tiveram dificuldade em aprendê-lo, em connosco comunicar. Os portugueses só também não comunicavam em tetum se não quisessem. Era assim e poderá sempre continuar a ser assim.
Em termos de comunicação não haverá certamente entraves entre portugueses e timorenses, se assim quiserem.

Ser ou não o português a língua oficial? Claro que para os portugueses isso será agradável e sempre serão laços comuns que preservaremos. Também marcará a diferença na região e poderá de algum modo contribuir para que os próprios timorenses não percam a sua identidade. É um ponto de vista que a tempo saberemos se está certo ou errado.
Aquilo que se deve perguntar é: O que será melhor para os timorenses? Que querem os timorenses?

Só temos de desejar que saibam escolher o melhor para si e para a sua Pátria.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei quanto sândalo foi roubado ao longo da História, mas quanto aos autores, foi "tutti-frutti". Lembram-se de uns senhores timorenses que se encheram, vendendo sândalo de conluio com os seus sócios javaneses, durante a ocupação? eles ainda aí andam e, ao que sei, não passam propriamente fome.

Mas vamos ao essencial: não gosto de ver a ajuda (financeira ou não) que Portugal tem dado a Timor como um pagamento de qualquer tipo de dívida, mesmo que ela existisse.

Tal como dois verdadeiros amigos se ajudam quando é preciso, a ajuda entre os nossos dois países deverá ser sempre desinteressada, pois a amizade não tem preço. E toda a ajuda será sempre pouca.

Só assim farão sentido e terão tradução na prática aquelas bonitas palavras fraternas e amistosas que os nossos políticos trocam de vez em quando.

Se não for assim, não vale a pena ter amigos.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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