sábado, outubro 20, 2007

Timor-Leste: Basílio do Nascimento: "Em Díli há medo de Baucau"

Lusa - 18 de Outubro de 2007, 09:15

Díli - O bispo D. Basílio do Nascimento admitiu que "em Díli há medo de Baucau" e criticou, em entrevista à agência Lusa, a ausência dos novos governantes timorenses na sua diocese depois da violência de Agosto.

"Estranho que nenhum membro do Governo nem o Presidente da República tenham vindo aqui, quanto mais não seja para visitar esta parte do país que é também parte de Timor-Leste", declarou o bispo de Baucau à Lusa.

"Hesito em dizê-lo mas é verdade que em Díli há medo de Baucau", afirmou D. Basílio do Nascimento.

O bispo de Baucau relaciona esse "medo" com a violência que acompanhou a indigitação de Xanana Gusmão para primeiro-ministro e a formação do IV Governo Constitucional, a 08 de Agosto.

A violência eclodiu nos distritos orientais do país, que correspondem à diocese de Baucau, tradicional base eleitoral do partido Fretilin, que venceu as legislativas de 30 de Junho.

"A Fretilin sentiu-se prejudicada no seu estatuto" ao não ser chamada a formar governo, insistindo que a Constituição oferecia apenas ao chefe de Estado a opção de convidar o partido mais votado.

"É uma interpretação sem razão e sem fundamento na Constituição, porque o artigo em causa tem uma dijuntiva: 'ou' e 'ou'", explicou o prelado.

"Os militantes de Baucau e Viqueque da Fretilin foram levados a crer que esta interpretação era a mais correcta", acrescentou D. Basílio do Nascimento.

A ausência do chefe de Estado e do primeiro-ministro "pode contribuir para uma imagem negativa que o Governo poderá apresentar para as gentes desta zona, em que os exagerados podem sentir-se ufanos em dizer que nós lhes metemos medo", declarou o bispo de Baucau.

D. Basílio do Nascimento nota também que "aqueles muitos que votaram noutros partidos que não a Fretilin têm estado sozinhos e mereciam outro carinho".

"A violência durou apenas dois dias e desde 08 de Agosto que as coisas estão calmas. Mas não sei quem nem porquê apresenta Baucau como sendo o inferno na terra ou o inferno em Timor", comentou o bispo.

"É em Viqueque e Uatulari que as coisas ainda não estão bem", referiu.

D. Basílio do Nascimento sublinha que "os incêndios (em Agosto) em Baucau atingiram instituições de solidariedade social, como organizações humanitárias, a Caritas, o CRS e o GTZ, o ministério do Trabalho e Reinserção Comunitária".

Para o bispo de Baucau, a escolha dos alvos mostra que atrás da violência houve também "uma certa raiva da população em relação à acção em prol dos refugiados".

"Toda a população vive em necessidade mas a assistência é dirigida aos refugiados", acrescentou.

"Os refugiados também exageraram na confiança das pessoas porque iam vender ao mercado o que lhes era oferecido", disse.

Em Agosto, "houve gente que tentou resolver esses problemas pela raiz", declarou o bispo de Baucau.

"Está-se à espera de saber quem mandou fazer o quê, mas o que está na prisão é arraia miúda, porque houve peixes graúdos que deram ordens aqui", acusou D. Basílio do Nascimento.

PRM-Lusa/Fim

2 comentários:

Anónimo disse...

Basílio do Nascimento sempre foi anti-FRETILIN. Como ele gostaria que Baucau fosse da mafia de Xanana ou de Horta.

Sente-se sózinho, senhor bispo?

Anónimo disse...

Meu Senhor/a, Dom Basilio do Nascimento não é anti-FRETILIM como tu pensas. Eu tambem FRETILIM, más FRETILIM com cabeça. Como um leigo e militante Fretilim, conheço muito bem que a Igreja tem uma Missão profetica que tu não percebas. Por isso, Dom Basilio do Nascimento, o nosso Bispo, não é anti-Fretilim más anti as coisas injustas que nós fizemos durante a nossa governação em Timor Leste. Ele tambem não é mafia de Xanana e Horta como tu pensas, mas Ele é mafia da justiça, paz e amor. Ok?

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Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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