terça-feira, dezembro 11, 2007

CRIMINOSOS À SOLTA? AI ANDAM, ANDAM!

Blog TIMOR LOROSAE NAÇÃO

Terça-feira, 11 de Dezembro de 2007
Ana Loro Metan

HÁ VÍCIOS QUE NÃO SE PERDEM!

Quase todos os timorenses têm por principio criticar os elementos da família Carrascalão por isto e aquilo mas também quase sempre fazem-no pelas coisas mais comezinhas, perdendo-se no supérfluo por uma possível cobardia em abordar o essencial. É provável que assim aconteça por temerem consequências existentes em sociedades autoritárias e repressivas o que não é o caso de Timor-Leste, por enquanto.

Estou convencido de que é um sentimento generalizado da maioria dos timorenses que a família Carrascalão é uma família dominante no país livre, como o era no país ocupado ou no país colonial.

Mas então, a ninguém faz espécie este estatuto? Pode-se dizer que é uma família timorense que está sempre bem com Deus e com o Diabo?

Claro que se pode dizer e podemos todos acreditar que assim é por exactamente isso ser aquilo que podemos constatar.

Não se trata de aqui fazer criticas por assim ter sempre acontecido e ainda acontecer, assim como termos a certeza de que sempre assim será se não aparecer uma ovelha ranhosa que enverede por outro percurso e que seja só peixe ou carne, em vez ser um híbrido que dá uma no cravo e outra na ferradura. Cada um é como cada qual.

Mas esta de dar uma no cravo e outra na ferradura, ou dançar conforme o estilo de música que tocam, se não é da nossa conta, já o será desde que tais comportamentos influenciem rumos não aconselháveis e desejáveis para o país Timor-Leste em formação.

Mesmo que queiramos que tudo fique para trás, o passado, poderemos a essa cultura aderir até à véspera da data da nossa independência e existência como país, não a partir daí e muito menos presentemente.

O problema é que certos “fidalgos” timorenses querem que esqueçamos as bodegas que fizeram e fazem no fim desse dia. Não pode ser. As pessoas têm de ser responsabilizadas pelos seus actos e é de cima que vem o exemplo.

Não podemos estar sempre a desculpar aqueles que nos traem e comem descontraída e agradavelmente à mesa do opressor. Que dizem que fulanos de tais são um bandidecos oportunistas, perigosos até, e no outro dia aliam-se a esses tais bandidecos. E nos dias seguintes defendem-nos se por bem acharem e lhes convier.

Este é o caso de Mário Carrascalão, pessoa com responsabilidades nos três regimes que Timor-Leste já conheceu, que disse cobras e lagartos dos constituintes do partido de Xanana Gusmão, CNRT, e posteriormente bajulou-o e bajula-o, esvaziando os objectivos perseguidos pelo PSD contrários a ilegalidades.

Mais grave ainda por ser o presidente do PSD que faz afirmações de aprovação de procedimentos contrários às leis, à legalidade instituída em Timor e pelas quais todos nos devemos reger, timorenses ou estrangeiros.

Portanto, independentemente de Mário Carrascalão ser português, indonésio e timorense - é aquilo que dizem – tem de saber ser exemplo no cumprimento das leis que vigoram em Timor e instigar todos a isso, não o contrário.

A propósito de Alfredo Reinado disse Mário Carrascalão: “Ele é um soldado e também os peticionários o são. Na nossa constituição, diz-se claramente que os casos militares devem ser resolvidos num tribunal militar”, disse o Sr. Carrascalão. (TP)

Então mas este alto responsável partidário, dirigente de um partido que está no Governo, não sabe que os livros das leis – a que me refiro em prosa anterior - ditam exactamente o contrário daquilo que preconiza e quer influenciar, na linha de Horta e Xanana?

Por comodismo, apesar de saber que lera nos livros que assim era, não referi o que afinal é importante. Não estive para me dar a esse trabalho por saber ter a consciência tranquila quanto à verdade das minhas afirmações…

Como não o fiz, fê-lo alguém por mim. Aqui no TLN trabalha-se em equipa e vem um anónimo e indica onde está escrito que Reinado não tem nada de ser julgado em tribunal militar mas sim como os seus camaradas de há dias.

Se o anónimo indicou onde estava o que materializa a verdade e legalidade, aparece a Margarida e “aqui está”!

Pela parte que me diz respeito só posso agradecer a estes dois amigos do TLN completarem e esclarecerem o que vagamente afirmei.

Dizia então eu na prosa CENAS EVENTUALMENTE CHOCANTES: ”Carrascalão dá cobertura a Reinado sabendo que não existem regulamentos militares, nem tribunais, nem coisa alguma, e que é dos livros legais que seja julgado como o foram os anteriores militares há alguns dias..."

Disse o leitor Anónimo em comentários: “quero alertar para o facto de que existe um regulamento, ainda em vigor, Regulamento da UNTAET 2001/1 - 31 de Janeiro de 2001 - sobre as Forças Armadas de TL. O Mário Carrascalão não sabe o que diz. Vejam o Artg. 6 deste regulamento.”

Disse a Margarida, leitora que não se faz rogada em pesquisar:

“Diz pois o Regulamento Sobre UNTAET 2001/1 de 31 de Janeiro de 2001 (SOBRE A CRIAÇÃO DAS FORÇAS DE DEFESA DE TIMOR-LESTE) - oportunamente lembrado - no seu Artigo 6: ”Responsabilidade Criminal e Disciplina das Forças de Defesa":

"6.1 Os membros das Forças de Defesa estão sujeitos ao direito penal civil em vigor em Timor-Leste e a qualquer Código de Disciplina Militar que doravante venha a ser estipulado por Regulamentos da UNTAET.

6.2 Além de outras causas de responsabilidade criminal à luz do direito penal civil em vigor em Timor-Leste, incluindo o Regulamento 2000/15 da UNTAET sobre a Criação de Colectivos com Jurisdição Exclusiva sobre Crimes Graves, o facto de que qualquer um dos actos mencionados nos Artigos 4 a 7 do Regulamento 2000/15 da UNTAET foi cometido por um subordinado não livra o seu superior de responsabilidade criminal se o superior tinha conhecimento ou devia ter conhecimento de que o subordinado estava para cometer tais actos ou o havia feito e o superior deixou de tomar as medidas necessárias e razoáveis para prevenir tais actos ou para punir os seus responsáveis.

6.3 O facto de que um membro das Forças de Defesa agiu por ordem de um superior não o livra de responsabilidade criminal.”

Podem ler todo o documento aqui: http://www.unotil.org/legal/UNTAET-Law/index-p.htm

Melhor que isto não é possível.

O pior é que voltamos a verificar que temos mais um elemento dirigente e da classe elitista timorense favorável a ilegalidades, em alinhamento com Ramos Horta na qualidade de PR ou de Xanana Gusmão na qualidade de PM ou dos próprios chefes da UNMIT e da ONU.

Mário Carrascalão não é uma pessoa qualquer na sociedade timorense. Faz parte de uma família que devia ser muito mais responsável, menos misteriosa e dual, contrariando frases da sabedoria popular como “não se pode ter tudo” ou “não se pode estar bem com Deus e com o Diabo”. Não chegarão essas benesses?

Porque insistem as elites em viver conspicuamente com a ilegalidade e procuram enganar os timorenses para benefício de criminosos? Voltamos ao tempo da Pide que não prestava "mas os meus amigos Pides são meus amigos, bons homens e não fazem mal a ninguém"?

Há vícios que não se perdem!

Por essas e por outras é que os criminosos andam à solta. Aí andam, andam!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mário Carrascalão é uma pessoa que admiro e respeito.

É sério, honesto e inteligente. Por isso mesmo não percebi porque emitiu esse comentário sobre Reinado. Este já tem advogados de defesa que cheguem, por isso não precisa de mais um.

Ainda por cima, não tem pés nem cabeça esse argumento de que Reinado não pode ser julgado no Tribunal de Dili. Bastou ele (Reinado) arrotar essa frase, para imediatamente um coro de emboots repetir a mesma, que nem papagaios.

Haverá algo mais por trás de Reinado? O que o torna tão importante e precioso, para andar tanta gente importante com medo dele?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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