sábado, dezembro 29, 2007

LU$A REPRE$ENTA A CEGA LU$ITANEADADE

Blog TIMOR LOROSAE NAÇÃO
António Veríssimo
Sábado, 29 de Dezembro de 2007

OS MAUS-TRATOS DO PORTUGUÊS EM TIMOR-LESTE

A falta de notícias em português sobre a actualidade timorense é uma constante que nos remete para os tempos coloniais anteriores aos anos sessenta e grande parte desses.

Quase no final da década de sessenta começámos a ver recrudescer uma grande vontade de produzir noticiário semanal que nem sempre cumpria a pontualidade mas que acabava por ser redigido, impresso e distribuído, gratuitamente ou quase. Havia mesmo um semanário militar, editado pelo CTIT, que incluía textos em português com a respectiva tradução em tétum.
Esse era o mais pontual e gratuito, mas em formato A4 e de baixa qualidade.

Actualmente, pelo que os meus companheiros timorenses da Fábrica informam e amigos meus dizem, aquele que poderia ser um dos maiores e melhores veículos do português em Timor-Leste, o JN Semanário, vive a balões de soro por carolice de uns quantos do mister da comunicação e de um ou outro empresário, que importa aqui louvar.

A ser assim teremos de lamentar esta realidade e devemos confrontar as grandes empresas portuguesas de comunicação social por ficarem alheias à importância de fomentar a leitura de notícias em português, preferindo serem arcaicos merceeiros e tasqueiros, exploradores, que não vêem um palmo à frente do nariz – a não ser cifrões produzidos na hora, no momento ou quase. O lucro fácil.

Podemos perguntar o que é que a Lusa-Balsemão faz pelo português e pela cultura portuguesa em Timor-Leste – que é ao que aqui me refiro.

Que se saiba nada. Quando muito dá ares de controlar os jornalistas que estão por Timor – actualmente Pedro Rosa Mendes – para que produzam notícias cuidadosas e favoráveis aos seus intentos, interesses e simpatias…

Compreende-se que os profissionais não estão em condições de darem um murro na mesa e escreverem tudo como vêem mas sim autocensurando-se e despachando a “papinha” que os “patrões” – quais censores de lápis azul – consideram por bem, por conveniente.

Até percebo que existem profissionais que negam esta realidade. Assim como percebo que todos os meses têm as contas da família para pagar.

Pois claro que assim é, senhores censores encapotados – dos patrões aos chefes servis, muitos por não terem outro remédio, os chefes, outros por viroses do passado salazarista.

Voltando à vaca quente – preferia leitão frio – era bom que aparecessem algumas almas caridosas que protegessem o propósito de divulgar o português em Timor-Leste também em letra impressa e não só através da RTPi e sua congénere do som RDPi.

Até porque se bem repararem – tenham um pouco de paciência a vê-la e ouvi-las – parece que estão a fazer rádio e televisão com alinhamentos bolorentos que rebuscaram nos arquivos de há décadas. De interesse pouco têm para as actualidades dos novos países que Portugal “deu” ao mundo por anteriormente os ter abusivamente ocupado.

A letra impressa e a produção de um semanário, pelo menos, em português correcto podiam fazer muito pelo português-idioma em Timor-Leste. Ainda mais se fosse a baixo custo, muitíssimo baixo custo, acessível, quase gratuito.

É que se ainda não repararam – por causa da cegueira do lucro fácil – daqui por uns anos poderiam começar a recuperar o investimento pelo simples facto de existirem muitos mais timorenses a ler em português.

Não tenho conhecimento de que o Estado português, nas pessoas dos governantes, alguma vez dessem importância a este facto e o devido apoio. Repito: O DEVIDO APOIO.

Se já tivessem tomado a iniciativa, a sério, certamente que a situação actual era bem diferente e nem teria razão de ser esta prosa, que acaba por chamar macacos aos macacos e ursos aos ursos, comprovando o meu “mau feitio” perante realidades inadmissíveis.

Fiquemos à espera. Se em algo erro, esclareçam-me, por favor.

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com esta análise correctíssima da (in)existência de uma comunicação social decente em língua portuguesa, em Timor-Leste.

É lamentável a ausência de noticiário timorense na televisão portuguesa. E quando há uma excepção, esta nunca toca nos assuntos quentes. A maioria dos portugueses desconhece a existência da célebre "guia de marcha", do telefonema entre Longuinhos, Agio e Leandro Isaac, ou a troca de palavras entre Ivo Rosa, Ramos Horta e Hutcheson, só para dar alguns exemplos.

Na imprensa escrita a situação não é muito melhor, pois os jornais recebem normalmente as notícias da Lusa.

Este artigo de A. Veríssimo enumera os dois aspectos fundamentais para a difusão não só do Português em TL, como também para o desenvolvimento do Tétum e das capacidades comunicativas dos timorenses em geral.

O primeiro aspecto é a RTPi, que lamentavelmente orienta a sua programação para as "comunidades portuguesas" e que se deveria chamar RTS - "Rádio e Televisão da Saudade".

Incompreensivelmente, não há preocupação em posicionar este canal de TV para os povos não portugueses que têm algum tipo de relação afectiva ou histórica com Portugal, nem com os estrangeiros em geral, cuja única motivação seja a curiosidade em conhecer melhor o mundo português e dos restantes países lusófonos.

Alguns programas não têm qualquer interesse para os timorenses. Em contrapartida, é habitual que os populares jogos de futebol não se possam ver.

Não há noticiário local, nem a mínima adaptação à realidade timorense. Não há nenhum programa em Tétum, seja oralmente, seja por legendas.

A RTP África, por contraste, é o exemplo do que poderia ser a RTPi, com noticiários locais e outros programas localizados. Só que está limitada ao público-alvo africano.

Uma alternativa poderia ser a TVTL, desde que devidamente apoiada para poder ter produção própria. Falta, porém, a cobertura do sinal televisivo em todo o país.

O segundo aspecto é a imprensa, artesanal, amadora, sem meios nem dinheiro. É um autêntico milagre que um jornal consiga persistir nestas condições.

Não quero acreditar que não haja pelo menos uma empresa ou uma dessas tantas fundações que possa dispor de meia-dúzia de tostões para sustentar a imprensa timorense enquanto esta não tiver meios de subsistência. Os timorenses conseguem farão o resto, como habitualmente conseguem fazer tudo.

Anónimo disse...

A comunicação social portuguesa em Timor-Leste teve como pioneira a RDP através do canal Antena1 e do canal Internacional. Inicialmente, para quem desconhece a história de 1999 a Janeiro de 2006, a RDP distribuiu cinco mil rádios portáteis na totalidade dos distritos do país - uma entrega realizada pelos militares do Contingente português, coordenada pelo colaborador da Radiodifusão, José Filipe.Este foi um primeiro passo. Mas antes deste gesto, resultado do desafio aos portugueses em campanha da RDP e do seu então presidente do Conselho de Administração, José Manuel Nunes, já a RDP, na pessoa do seu à época presidente do CA, havia ofertado ao Povo de Timor-Leste, na pessoa do recém-libertado prisioneiro Xanana Gusmão, na embaixada britânica, a Rádio Nacional de Timor-Leste.

Seguiram para Díli estúdios, emissores, antenas e demais equipamentos para dar corpo à Rádio Nacional. Neste pacote foi também oferecido a Timor-Leste imensa música de expressão portuguesa - milhares de temas em centenas de autores.

Nessa época, a ONU, subjugada aos interesses anglosaxónicos (Austrália e USA) e conduzida por Sérgio Vieira de Mello (mais tarde assassinado no Iraque, dominava os jovens timorenses que entravam na rádio promovida pela ONU (UNTAET)e os mesmo recusavam-se a "passar" temas portugueses. Há inclusivamente registo de destruição dos cd's contra a parede por serem de expressão portuguesa, por parte de quem trabalhava na rádio - ali só se falava bahasa indonésio e inglês. O português era algo de muito estranho e meramente tinha registo de um noticiário curto e mal produzido em língua portuguesa. Contudo, apesar dos apertos a Sérgo Vieira de Mello e seus pares, a língua portuguesa continuava a ser registo morto. Assim continuou e pouco se alterou. Mais tarde, ja depois da era Sergio Vieira de Mello, veio a era "Restauração", mas quem dominava a rádio era uma ONG patrocinada pelos amigos australianos e americanos de agência bem conhecida. Mais uma vez o português era registo morto e inerte. Surgiu um programa em língua portuguesa pelos professores da cooperação mas em horário absurdo e nocturno.

Enquanto isso a RDP tentava a todo o custo entrar na Rádio nacional e prestar formação em técnicas de redacção e de edição de notícias, assim como na área da produção e realização de programas - sem efeito.

Perante as evidências tornou-se claro que a RDP teria de dedicar a Timor-Leste a difusão de programas a partir de estúdio independente bem no coração da cidade. Nesse estúdio de emissão com transmissão para 30 por cento do território, foram realizadas manhãs sem parar de língua portuguesa a todos os níveis com a participação de timorenses de todos os extractos sociais, funções e responsabilidades nacionais e internacionais; portugueses; professores. Porém, já a administração da RDP havia sido mudada pelo governo PSD e a rádio nacional portuguesa atirada para o limbo daquilo que é hoje a RTP em geral (misto de rádio sem expressão e de televisão de continuada ambição). O desinvestimento foi total naquilo que mais se esperava: fortalecimento da estratégia de penetração e recuperação da língua portuguesa no país, não de forma saudosa, mas sim participativa daquilo que a própria Constituição timorense refere como línguas oficiais e, em especial, o português como "Língua da Identidade" - Xanana e Ramos Horta bastas vezes o disseram para justificar o português como opção. Uma opção combatida de forma vil pelos anglosaxónicos e por alguns portugueses em serviço nas próprias Nações Unidas. Lamentável, mas em absoluto uma realidade.

Muito pode ser dito sobre esta matéria, mas coube à rádio portuguesa, a RDP, a Renascença e a TSF que ensaiaram emissões directas para Timor-Leste, mas nunca por parte do estado português houve sinal de apostar nesses veículos - pedidos pelos próprios timorenses a diversos níveis. A embaixada portuguesa esteve sempre de costas voltadas para a verdade da "luta" já não silenciosa pela afirmação da Constituição timorense. Portugal parecia,a nível formal e informal, estar a jogar no tabuleiro amglosaxónico.
A prestação dos diversos representantes diplomáticos portugueses (de agendas políticas anti governo timorense bem definidas) foi sempre de fuga às responsabilidades de Portugal no domínio da Língua.

Acharam que com o envio de professores se tapava a fome. Nunca apostaram na formação de base a partir da escolas primárias.

Eis então que três pessoas lançam o primeiro grande jornal em Língua portuguesa, projecto de seriedade e de indesmentível bem fazer para com o país. Em doze meses mereceu por parte do então presidente da República Kay Rala Xanana Gusmão, do Presidente do parlamento Nacional e do então 1º Governo Constitucional, a distinção de órgão de Interesse Nacional. Foi no hotel Timor em cerimónia pública. A partir daí o Jornal Semanário passou a chamar-se Jornal Nacional Semanário - integralmente em Língua portuguesa. Mais tarde surgiu o segundo título do grupo o Jornal Nacional Diário em Língua Tétum e em Língua Portuguesa.

O Jornal Nacional Semanário nunca mereceu o apoio da Embaixada de Portugal. Surgiu meramente um apoio de uma ex secretária de estado portuguesa para a formação de site e de um técnico em informática para o jornal. Apoio em computadores apenas da Câmara Municipal de Lisboa.
Durante este período as agencias australianas e americanas passaram a vida a subsidiar e a promover o surgimento de jornais em Língua inglesa e bahasa indonésio - todos ligados a interesses políticos, nomeadamente aos do PD de Lasama. Eram doses de cinquenta mil dolares por capas que falíam em menos de 5 edições. De Portugal Zero, nada de apoio. Apenas criticas e desabonos. Apenas política anti-governo timorense, anti-FRETILIN. Há muito por dizer nesta matéria, inclusivamente, a prestação abusiva do ultimo adido de imprensa da embaixada de Portugal, estrategicamente colocado e mantido em Timor-Leste ao lado da então oposição ao 1º Governo Constitucional.
No entanto, as acções não se ficaram por aqui. Antes, entre 1999 e finais de 2003, a LUSA tinha uma prestação empenhada do seu delegado na promoção da língua junto dos principais jornais não publicados em língua portuguesa. António Sampaio foi mais longe e conseguiu inserções de páginas de notícias em Língua portuguesa em dois títulos "Timor Post" e "Suhara Loro Sa'e". Depois veio Eduardo Lobão, substituir Sampaio e tudo acabou e tudo começou. Este ultimo ingeriu o mais que conseguiu na vida política interna timorense - há mais para explicar nesta área e muito mais para dizer e demonstrar, a história de Timor e da participação portuguesa irá um dia escrever-se. Basta recordar neste blog as notícias falsas da LUSA em promoção dos revoltosos e amotinados da crise de 2005/2006. Assim, como também um dia a história falará dos celebres telegramas da embaixada portuguesa, induzidos por falsas informações do seu próprio adido de imprensa - que na manifestação da igreja católica dizia para quem o podia ouvir que o governo iria cair ali! - falhou no momento, mas acertou pela persistência. A viatura da LUSA usava inclusivamente autocolantes de apoio à manifestaçao da Igreja Católica - descaramento e falta de ética.

E assim se foi perdendo a cada dia a possibilidade de dar ao timorenses aquilo que mais pretendiam: a língua portuguesa. Assim se perdeu a forma e se afirmou nao estarmos contra os interesses anglosaxonicos. Basta ver em 2006 como Freitas do Amaral teve de ser intervencionado como desculpa a mais uma afronta sua aos USA por força dos problemas de Timor-Leste. Portugal está alinhado, sempre esteve e Durão Barroso e o seu PSD da época levaram Portugal para o calendário da ocupação selvática do Iraque- As Lajes são prova documental dos sabujos portugueses.

Portugal gaba-se de envolver um esforço de milhões em Timor-Leste mas nunca teve estratégia, ou melhore teve a estratégia daqueles que sempre pretenderam apagar a presença histórica e umbilical dos dois povos irmanados por séculos de vida comum.

Portugal nunca investiu nem vai investir na língua em Timor-Leste e o silêncio dos media portugueses representados em Díli são meramente o cumprimento da participação no golpe de estado de 2006. Portugal sempre apoio os actuais pseuso líderes timorenses sabendo das suas estratégias e compromissos para com os anglosaxónicos. Portugal sempre soube dos discursos de conveniência de Xanana Gusmão e de Ramos Horta conforme as necessidades perante os interlocutores presentes.
Portugal nunca quis, nao quer e nunca irá querer uma comunicação social timorense em língua portuguesa. Jamais apoiará com coragem pois não a têm! Não faz parte da sua agenda!
Portugal teme os anglosaxónicos e deles se usa para projecção de cargos de relevo internacional, assim tem acontecido e assim continuará.

Portugal, em Timor-Leste, teve sempre representações diplomáticas medíocres e com altos representantes de sombra, sem história caracterizados por não questionarem as ordens que traziam de Lisboa. Portugal foi sempre em Timor-Leste o bobos da corte e uma decepção brutal para os timorenses.

De tal forma Portugal é ambiguo e inerte que Ramos Horta se dá ao luxo de visitar o país e ridicularizar portugueses de nível muito superior ao seu.

Portanto, lamento, mas a não língua portuguesa e o silêncio do que se passa em Timor são consequência da ineficácia propositada dos governantes portugueses afirmação da língua de Camões junto de quem um dia em Peniche a escolheu.

Termino, dizendo, que ninguém chore o que se passa em Timor-Leste, mas sim o que se passa em Portugal, país de hipócrisia reinante.
País de governantes que não governam e que apenas têm agendas próprias. O sofrimento de Timor-Leste tem um pai e uma mãe: Portugal (papá) e as mamãs Austrália e USA!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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