sábado, dezembro 01, 2007

Timor: Reinado e Salsinha escrevem a secretário-geral da ONU

Diário Digital / Lusa
30-11-2007 7:43:00

O major fugitivo Alfredo Reinado e o líder dos peticionários das Forças Armadas timorenses, tenente Gastão Salsinha, escreveram ao secretário-geral das Nações Unidas pedindo a Ban Ki-moon «mediação no conflito armado», documento a que a Lusa teve acesso.

«Por favor, aceite o nosso desejo de um acantonamento militar, como prova da nossa boa-vontade e esforços pela paz», pedem Alfredo Reinado e Gastão Salsinha numa carta dirigida a Ban Ki-Moon.

«Antes de fazer qualquer julgamento, tem de ouvir ambas as partes neste Conflito Militar (sic) timorense«, declaram os dois militares ao secretário-geral da ONU.

Uma cópia da carta, assinada por Alfredo Reinado e Gastão Salsinha e dentro de um envelope com os dois militares no remetente, foi entregue hoje de manhã (madrugada de sexta-feira em Lisboa), por uma jovem timorense que não se identificou, na delegação da Agência Lusa em Díli.

«Nós queremos uma paz sustentável para o nosso país», afirmam Alfredo Reinado e Gastão Salsinha na carta, escrita em inglês correcto e que, ao longo de 9 páginas, tem apenas dois erros: o nome de «Ban Kin Moon» no cabeçalho e o de «Timor-Lest» (sic) na assinatura final.

«O acantonamento é uma forma pacífica de atingir isto, sem o uso da força nem violência e em especial sem derramar uma gota de sangue», acrescenta a carta endereçada ao secretário-geral da ONU e datada de «Gleno, Ermera, 27 de Novembro de 2007».

A carta, que traz no cabeçalho o «tema» «Apelo de Direitos Humanos: "A Súplica de Um País"», pretende explicar «alguns factos» a Ban Ki-moon e apresentar ao secretário-geral da ONU «a versão da história» dos signatários.

«Escrevemos-lhe hoje em nome dos nossos homens (710 subordinados), que nos pediram para apresentar o seu apelo e o apelo da sua nação», diz a abertura da carta.

«Os soldados sob o nosso comando representam também as suas famílias, que multiplicam o seu número de 710 homens para milhares de pessoas, e centenas de lares, dispersos por todo o país», acrescenta o documento dirigido a Ban Ki-moon.

«Estamos certos que Vossa Excelência foi informado pelos diferentes canais oficiais que um grupo de miliitares das F-FDTL (Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste) sob o nosso comando estão a perturbar a segurança do país e a comprometer a paz e a segurança dos cidadãos timorenses», explica a carta.

«Estamos certos de que essas fontes estão a criar monstros imaginários e imagens distorcidas de nós como criminosos, rebeldes e foras-da-lei», acusam.

A carta explica a posição do major Alfredo Reinado e dos peticionários das F-FDTL, organizando os argumentos em artigos: «Todos somos livres e iguais», «Não à discriminação», «O direito à vida», «Somos todos protegidos pela lei», «Tratamento justo por tribunais justos», «Detenção ilegal», «O direito ao julgamento» e «As nossas responsabilidades».

Na longa carta a Ban Ki-moon, Alfredo Reinado e Gastão Salsinha insistem que «existem de facto em Timor-Leste dois tipos ou grupos de cidadãos timorenses dentro das actuais F-FDTL: Lorosae, da pparte oriental do país, e Loromonu, da parte ocidental desta meia-ilha».

A carta alega existir «discriminação regional».

«A liderança política tem de entender que a população em geral e os 710 militares das F-FDTL deslocados internamente (sic) jamais deixarão que o major Reinado seja preso», diz ainda a carta.

«Nós representamos o descontentamento público«, resume a carta, assinada por Alfredo Reinado como «comandante interino da Polícia Militar e comandante da Força Naval».

O major Alfredo Reinado é acusado dos crimes de homicídio, rebelião e porte ilegal de material de guerra e o início do julgamento está marcado para 03 de Dezembro.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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