terça-feira, maio 01, 2007

PM de Timor-Leste acusado de usar as tropas Australianas

(Tradução da Margarida)

Herald Sun
Maio 01, 2007 12:00am

JOSÉ Ramos Horta foi acusado pelo seu opositor nas presidenciais de Timor-Leste de manipular as tropas estrangeiras lideradas pelos Australianos para (obter) vantagens políticas.

Especificamente, Francisco Guterres disse hoje que Ramos Horta tinha pedido aos Australianos para cancelarem a sua busca ao desertor major Alfredo Reinado de modo a que ele pudesse obter o apoio crucial do Partido Democrata da oposição nas eleições presidenciais.

"Ramos Horta apelou publicamente à paragem da acção da ISF (Força Internacional de Estabilização) contra Reinado de modo a poder fazer um negócio eleitoral com os apoiantes de Reinado no Partido Democrata," disse Guterres numa declaração.

"Esta é uma descarada tentativa para manipular a ISF de modo a ganhar votos.

"Ramos Horta não tem nenhum poder sob a Constituição para agir unilateralmente nessas questões, nem como primeiro-ministro nem como presidente."

O Presidente do Parlamento Guterres e o Primeiro-Ministro Ramos Horta disputarão a segunda volta para o posto de topo depois de ambos terem falhado uma maioria absoluta nas eleições de 9 de Abril.

A eleição foi a primeira desde que a antiga colónia Portuguesa ganhou a independência em 2002 depois de 24 anos de ocupação Indonésia e um período de patrocínio pela ONU.

A Austrália tem liderado tropas estrangeiras que patrulham Timor-Leste há quase um ano para restaurar a ordem, depois de violência de gangs terem deixado 37 pessoas mortas e terem forçado 150,000 a fugirem das suas casas.

Tropas de elite Australianas tentaram capturar Reinado, culpado de alguma da violência do ano passado, e assaltaram um dos seus esconderijos no mês passado matando quatro apoiantes.

A busca desencadeou protestos, principalmente entre os jovens que apoiam o foragido.
O Partido Democrata, que acabou em terceiro lugar nas eleições de 9 de Abril, teve bons resultados entre os apoiantes de Reinado.

Ramos Horta, que se suspendeu do cargo de primeiro-ministro, não esteve disponível de momento para comentar.

Mas tem dito que se mexerá para ter a busca cancelada em favor de conversações de paz com o amotinado.

O governo Timorense deu luz verde aos Australianos para capturarem Reinado, que tem apelado a conversas face-a-face depois de se recusar render às tropas estrangeiras.

AFP

Xanana foi eleito presidente do CNRT

Jornal de Notícias, 01/05/07

O presidente cessante de Timor-Leste, Xanana Gusmão, foi ontem eleito para a liderança do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), numa votação em que recebeu a quase totalidade dos votos dos cerca de 800 delegados presentes.

No congresso do recém-criado partido político, que vai apresentar-se às eleições legislativas de 30 de Junho, Xanana Gusmão liderava as duas listas concorrentes, tendo recolhido 703 votos na "A" e 43 na "B", registando-se ainda um total de 16 votos nulos.

Xanana assumirá, contudo, a liderança efectiva do novo partido depois do próximo dia 20, altura em que abandonará, oficialmente, a Presidência de Timor-Leste, cargo que ocupa desde 20 de Maio de 2002, quando o país acedeu à independência. O novo líder aguarda pela segunda volta das eleições presidenciais, do dia 9, para liderar no terreno o novo partido.

No primeiro congresso da nova força política, Xanana Gusmão, que foi recebido em apoteose, encabeçava as duas listas à presidência do partido, que contará com quatro vice-presidentes e um secretário-geral.

Com a vitória da Lista A, a primeira vice-presidência vai ser ocupado pelo antigo comandante das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (Falintil) Mau Huno, que se apresentava, tal como Xanana, à frente das duas listas para exercer a função. Dionísio Babo (Lista A) foi escolhido para secretário-geral do CNRT.

NOTA DE RODAPÉ:

Engraçado esta de haver duas listas. Encabeçadas pelos mesmos, mas duas listas. Alguém deve ter aconselhado esta pluralidade...

Campanha eleitoral aquece em Timor

Público, 01.05.2007

A dez dias da segunda volta das presidenciais, que determinará quem sucede a Xanana Gusmão como chefe do Estado em Timor-Leste, o candidato da Fretilin, Francisco Guterres "Lu-Olo" e o primeiro-ministro interino, Estalislau da Silva, desferiram violentos ataques ao candidato José Ramos-Horta, a quem acusaram de exercer pressões sobre o procurador-geral e de desrespeitar a Constituição.

Horta apelou à suspensão das operações para a captura do major Alfredo Reinado e tem vindo a aceitar o apoio na campanha de um ex-sargento com problemas perante a justiça, acusaram. O apelo de Horta destina-se a satisfazer os seus interesses, após ter obtido o apoio do terceiro mais votado na primeira volta, Fernando Araújo "Lasama", criticou Lo-Olo.

Uma fracção importante do Partido Democrático (PD), de Lasama, apoia Reinado. A prisão deste, explicou Lu-Olo, prejudicaria Horta, pois alienaria os votos de Lasama na parte ocidental de Timor. A posição de Horta "é inaceitável". As operações militares "não podem ser activadas e desactivadas segundo os objectivos dos líderes políticos", concluiu o candidato.

Este acusou ainda o Nobel da Paz de manter como "membro proeminente" da campanha o ex-sargento Vicente da Conceição "Railós", o homem que acusou o antigo ministro da Administração Interna, Rogério Lobato, de lhe ter entregue armas para liquidar adversários da Fretilin. "Tenho de questionar o porquê de Railós não ser interrogado antes das eleições. Será que o procurador tem estado sob pressão do meu adversário?", interrogou-se Lu-Olo.

O apoio do PD a Ramos-Horta confere a este, teoricamente, um claro favoritismo. Lasama obteve 19 por cento dos votos e Horta cerca de 22 por cento, contra cerca de 28 por cento de Lu-Olo. Dos restantes cinco candidatos eliminados, apenas o do partido Kota (4 por cento) anunciou apoiar o candidato da Fretilin.

Xanana Gusmão comparou, entretanto, a actualidade timorense com o ambiente a seguir ao 25 de Abril de 1974. "As amizades que se formaram dentro da sociedade esvaíram-se para dar lugar à intolerância de compromissos políticos, de cada um, para com o seu partido", afirmou, salientando que o povo "ficou dividido e a sociedade partiu-se em bocados".

O Presidente timorense falava no encerramento do primeiro congresso do CNRT, partido de que será líder após abandonar a chefia do Estado.

President invites Pope to visit East Timor and “help establish peace”

EAST TIMOR – VATICAN

At a ceremony commissioning East Timor’s first ambassador to the Holy See, President Gusmao invites Benedict XVI and remembers John Paul II. Dili bishop adds his voice to invitation, saying the Holy Father can help “restore peace and unity in our country."


Dili (AsiaNews/UCAN) – Outgoing East Timor President Xanana Gusmao has invited Pope Benedict XVI to visit East Timor, just as Pope John Paul II did in 1989. The invitation was made April 12 at the presidential palace in Dili during a ceremony at which he officially commissioned Justino Maria Aparicio Guterres as East Timor's first ambassador to the Holy See.

President Gusmao told the Pope through the new ambassador that "[w]e would be honoured and are waiting for your visit to our country, to help establish peace in the hearts of Timorese people and thereby strengthen national reconciliation.”

During the ceremony, Mr Gusmao also said, appointing an ambassador was important to strengthen relations with the Vatican, which has been a pillar of support for East Timor during difficult times. He specifically recalled Pope John Paul's brief visit when East Timor was still under Indonesian occupation.

Bishop Alberto Ricardo da Silva of Dili added his voice, calling upon the faithful to support the new ambassador with their prayers.

“We hope the pope will accept our invitation because it would have huge impact and help restore peace and unity in our country,” the bishop said.

In its brief history, the small nation—independent from Indonesia since 2001—has experienced bloody inter-ethnic violence and political repression.

In April 2006, communal violence broke out (with 37 dead and 150,000 refugees) after 600 army soldiers mutinied after being dismissed for protesting alleged ethnic discrimination.

Presidential elections took place on April 9 of this year in a peaceful atmosphere. Outgoing Prime Minister and Nobel Prize laureate José Ramos-Horta is set to square off against Fretilin leader Francisco Guterres in a run-off election on May 8.

NOTA DE RODAPÉ:

Presidente? Do CNRT... Mais um pouco de campanha eleitoral usando as funções de Presidente da República.

President invites Pope to visit East Timor and “help establish peace”

EAST TIMOR – VATICAN

At a ceremony commissioning East Timor’s first ambassador to the Holy See, President Gusmao invites Benedict XVI and remembers John Paul II. Dili bishop adds his voice to invitation, saying the Holy Father can help “restore peace and unity in our country."

Dili (AsiaNews/UCAN) – Outgoing East Timor President Xanana Gusmao has invited Pope Benedict XVI to visit East Timor, just as Pope John Paul II did in 1989. The invitation was made April 12 at the presidential palace in Dili during a ceremony at which he officially commissioned Justino Maria Aparicio Guterres as East Timor's first ambassador to the Holy See.

President Gusmao told the Pope through the new ambassador that "[w]e would be honoured and are waiting for your visit to our country, to help establish peace in the hearts of Timorese people and thereby strengthen national reconciliation.”

During the ceremony, Mr Gusmao also said, appointing an ambassador was important to strengthen relations with the Vatican, which has been a pillar of support for East Timor during difficult times. He specifically recalled Pope John Paul's brief visit when East Timor was still under Indonesian occupation.

Bishop Alberto Ricardo da Silva of Dili added his voice, calling upon the faithful to support the new ambassador with their prayers.

“We hope the pope will accept our invitation because it would have huge impact and help restore peace and unity in our country,” the bishop said.

In its brief history, the small nation—independent from Indonesia since 2001—has experienced bloody inter-ethnic violence and political repression.

In April 2006, communal violence broke out (with 37 dead and 150,000 refugees) after 600 army soldiers mutinied after being dismissed for protesting alleged ethnic discrimination.

Presidential elections took place on April 9 of this year in a peaceful atmosphere. Outgoing Prime Minister and Nobel Prize laureate José Ramos-Horta is set to square off against Fretilin leader Francisco Guterres in a run-off election on May 8.

NOTA DE RODAPÉ:

Presidente? Talvez como presidente do CNRT...

Ramos Horta 'manipulating' foreign troops

Last Update: Tuesday, May 1, 2007. 5:16pm (AEST)
ABC News Online

East Timor presidential candidate Jose Ramos Horta has been accused of manipulating Australian troops in the troubled nation for political advantage.

Parliament speaker Francisco Guterres, also known as Lu Olo, made the claims against Dr Ramos Horta, who is also the Prime Minister, as the campaign for president of the tiny nation intensified.

The men will contest a run-off vote for the top job next week after both failed to win a majority in the April 9 election.

The presidential poll was the first for the former Portuguese colony since it gained independence in 2002 after 24 years of Indonesian occupation and a period of United Nations (UN) stewardship.

Australia has led foreign peacekeepers patrolling East Timor for almost a year to restore order, after gang violence left 37 dead and forced 150,000 to flee their homes.

Mr Guterres says Dr Ramos Horta had asked the Australian troops to call off their hunt for renegade soldier Major Alfredo Reinado in return for securing the crucial political backing of the opposition Democrat Party.

"Ramos Horta publicly called for a halt to the ISF (International Stability Force) action against Reinado so he could make an electoral deal with Reinado's supporters in the Democrat Party," Mr Guterres said in a statement.

"This is a blatant attempt to manipulate the ISF in order to win votes.

"Ramos Horta has no power under the Constitution to act on such matters unilaterally, not as Prime Minister and not as president."

Elite Australian troops have attempted to capture Major Reinado, blamed for some of last year's violence, and stormed one of his hide-outs last month, killing four supporters.

The hunt has triggered protests, mostly among young people who support the fugitive leader.

The Democrat Party, which finished third in the April 9 election, polled well among Reinado supporters.

Dr Ramos Horta, who will step down as premier, was not immediately available for comment, but he has said he will move to have the hunt called off in favour of peace talks with the rebel.

The East Timorese Government gave the Australians the green light to capture Major Reinado, who has been calling for face-to-face talks after refusing to surrender to foreign troops.

-AFP

Timor PM accused of using Diggers

Herald Sun
May 01, 2007 12:00am

JOSE Ramos Horta has been accused by his East Timor presidential opponent of manipulating Australian-led foreign troops for political advantage.

Specifically, Francisco Guterres said today that Ramos Horta had asked the Australians to call off their hunt for renegade Major Alfredo Reinado so he could get the crucial backing of the opposition Democrat Party in last month's presidential elections.

"Ramos Horta publicly called for a halt to the ISF (International Stability Force) action against Reinado so he could make an electoral deal with Reinado's supporters in the Democrat Party," said Guterres in a statement.

"This is a blatant attempt to manipulate the ISF in order to win votes.

"Ramos Horta has no power under the constitution to act on such matters unilaterally, not as prime minister and not as president."


Parliament Speaker Guterres and Prime Minister Ramos Horta will contest a runoff vote for the top job next week after both failed to win a majority in the April 9 election.

The poll was the first for the former Portuguese colony since it gained independence in 2002 after 24 years of Indonesian occupation and a period of UN stewardship.

Australia has led foreign peacekeepers patrolling East Timor for almost a year to restore order, after gang violence left 37 dead and forced 150,000 to flee their homes.

Elite Australian troops have attempted to capture Reinado, blamed for some of last year's violence, and stormed one of his hideouts last month killing four supporters.

The hunt has triggered protests, mostly among young people who support the fugitive leader.
The Democrat Party, which finished third in the April 9 election, polled well among Reinado supporters.

Ramos Horta, who will step down as prime minister, was not immediately available for comment.

But he has said he will move to have the hunt called off in favour of peace talks with the rebel.

The Timorese government gave the Australians the green light to capture Reinado, who has been calling for face-to-face talks after refusing to surrender to foreign troops.

AFP

Dos Leitores

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "Xanana Gusmão compara situação no país ao pós 25 A...":

Um homem que aproveitou o cargo para destruir a PNTL, acantonar as F-FDTL depois de ter provocado um motim, chamar tropas estrangeiras para lhe guardar as costas e aparar o golpe contra o seu Estado, que pelas suas acções e dos seus correligionários tem na consciência a fuga de quase 180.000 residentes de Dili, milhares de casas, negócios e edifícios do próprio Estado queimado, pilhagens, 37 mortos, dezenas de feridos e a resignação do seu legítimo PM e atreve-se a vir falar em normas de tolerância e em processo democrático?

Ele que se prepare bem para as parlamentares pois parece-me que vai ter a luta da sua vida.

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Xanana Gusmão compara situação no país ao pós 25 A...":

IMPORTA-SE DE REPETIR?

"Xanana Gusmão recordou que antes do 24 de Abril de 1974 os timorenses eram todos amigos e saudavam-se na rua".

Isso é verdade. Mas o que quer Xanana dizer com isto? Que o Salazar é que tinha razão quando era contra os partidos? Que Timor devia voltar a ser português? Que esta coisa dos partidos "é muito moderno para Timor-Leste"?

Então e diz isto no Congresso de um novo partido fundado por ele?

Não percebi...

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Timor-Leste: CNRT defende participação activa e co...":

Gostava de saudar o aparecimento deste novo partido, embora ache o nome infeliz, partindo do princípio de que a sua escolha foi apenas fruto de falta de imaginação e não teve o intuito de induzir o povo em erro na hora da votação.

Sempre disse que Xanana devia fundar um partido, se queria envolver-se mais na política em geral e na governação em particular. Um Presidente não governa, nem por decreto nem com golpes mais ou menos palacianos e Xanana demorou tempo demais a aperceber-se disso - e quando se apercebeu já era tarde demais para desfazer certos erros graves que cometeu, cujas consequências continuam a repercutir-se diariamente no País.

A fundação de um novo partido permitirá também a Xanana demonstrar e aplicar na prática todos os preceitos, princípios, conselhos e lições de moral que tem pregado em relação à Fretilin, em relação à qual tem um antigo e persistente recalcamento. Felizmente, também neste aspecto Xanana chegou finalmente à conclusão de que não tem o direito nem a autoridade de obrigar outros partidos a pensarem e agirem como ele quer, só porque ele quer.

Vejo também com agrado que os muitos - demasiados - partidos timorenses chegam à conclusão de que têm todo o interesse em formarem coligações, alianças, etc, para alargarem a sua representatividade, em vez de cada um reivindivar o pretenso estatuto de verdadeiro representante do povo, ainda que em muitos casos representem pouco mais do que a família e alguns amigos.

No entanto, estas alterações - positivas - que enumerei não chegam. Defender a "participação activa das populações", "libertar o povo", defender a "unidade nacional em torno de objectivos supremos", "ouvir todos os timorenses", "combater a frustração", "o descontentamento" e o "desrespeito", "incutir uma cultura democrática", "de Justiça", "de transparência" e "de justiça social", "proporcionar ao povo um futuro melhor", para citar Eduardo Barreto, são apenas desejos muito vagos e que poderiam ser subscritos por todos os partidos do mundo - incluindo os comunistas de Fidel ou de Kim Jong Il.

Ficamos à espera de saber com que fórmula concreta é que o "CNRT" pensa atingir esses ambiciosos objectivos.

Ah! E já agora, registámos a ausência de Fernando Lasama, Mário Carrascalão e Xavier do Amaral...

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Apelo para investigar papel de um suspeito de assa...":

Rogério Lobato e Mari Alkatiri já enfrentaram a Justiça. Porque Rai Los e Reinado estão acima da Lei? Como é que um candidato a Presidente decide se, quando e como é que esses indivíduos cumprem os seus deveres como suspeitos que são? Como é que o Procurador-Geral se deixa telecomandar por esse candidato?

O que é que Xanana, que ainda é o Presidente de Timor-Leste, tem a dizer sobre isto? Acabaram-se os discursos? Já não há tinta para escrever artigos no jornal?

ONU reconhece falhas na organização das presidenciais

Diário Digital / Lusa
30-04-2007 20:33:00

A Missão da ONU em Timor-Leste (UNMIT) reconheceu hoje que, face aos critérios internacionais, a primeira volta das eleições presidenciais, realizada no passado dia 9, «não foi perfeita», mas destaca que a vontade dos eleitores foi cumprida.

A posição da missão, expressa em comunicado colocado no site da missão, vai ao encontro das críticas formuladas pela equipa de peritos eleitorais, nomeada pelo anterior secretário-geral da ONU, Kofi Annan, divulgada também hoje pela UNMIT, e que considera que de entre 52 critérios internacionais, 20 não foram cumpridos.

A equipa de peritos, formada pelo zimbabueano Reginald Austin, a portuguesa Lucinda Almeida e o australiano Michael Maley, considera que dos 52 critérios, 13 foram integralmente cumpridos, outros 13 foram parcialmente respeitados, 20 não foram executados e sobre os restantes seis não é possível avaliar se foram ou não realizados.

A primeira volta das eleições presidenciais, que ditou a passagem à segunda volta, a realizar a 9 de Maio, de Francisco Guterres «Lu-Olo» e de José Ramos-Horta, foi marcada por diversas alegações de manipulação e intimidações.

No seu comunicado, a UNMIT reconhece que, «embora a primeira volta das eleições não tenha sido perfeita, é consensualmente aceite que as eleições foram livres e justas, reflectindo a vontade dos eleitores».

Mais à frente, a UNMIT realça o facto de ter sido a primeira vez que eleições nacionais foram integralmente conduzidas pelas autoridades timorenses.

Referindo-se ao relatório elaborado pela equipa de peritos, resultante da estada daqueles especialistas em Timor-Leste entre 4 e 23 deste mês, a UNMIT salienta que se trata de um documento «preliminar», que cobre unicamente a primeira volta.

Os três peritos internacionais foram nomeados por Kofi Annan para verificarem cada fase do processo eleitoral, validando-o, de molde a que as eleições, presidenciais e legislativas, sejam consideradas livres, justas e transparentes, seguindo os padrões internacionais.

As primeiras eleições legislativas de Timor-Leste realizam-se no próximo dia 30 de Junho.

Xanana Gusmão compara situação no país ao pós 25 Abril de 1974

(Serviço áudio também disponível em www.lusa.pt) Díli, 30 Abr (Lusa) - O presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, comparou hoje a actual situação política do país ao período pós 25 de Abril de 1974 em que as "rivalidades políticas começaram a comandar" o espírito dos timorenses.

Ao intervir como Chefe de Estado (1) no encerramento do primeiro congresso do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), o partido que vai liderar depois de abandonar a presidência, Xanana Gusmão recordou que antes do 24 de Abril de 1974 os timorenses eram todos amigos e saudavam-se na rua, atitude que mudou com o surgimento dos partidos políticos e se prolongou até 1977.

"As amizades que anteriormente se formaram dentro da sociedade, esvaíram-se para dar lugar à intolerância de compromissos políticos, de cada um, para com o seu partido", afirmou, salientando que o povo "ficou divido e a sociedade partiu-se em bocados".

"A violência foi já a arma para impor as ideias e para responder à violência. Perdeu-se o sentido da vida, porque a vida só já tinha valor se se defendesse o partido e morrer pelo partido, significava glória e matar em defesa do partido, significava heroísmo", disse.

Num discurso político pedagógico, Xanana Gusmão sublinhou que hoje Timor-Leste "atravessa esse tipo de fanatismo" e que "ao invés de se educar o povo, está-se a aproveitar da sua ignorância para o fazer sofrer".

Para o Xanana, a "defesa dos princípios universais deve ser o fio-de-prumo no pensamento e nas acções dos cidadãos de Timor-Leste" e mais do que os cidadãos os "partidos políticos têm esse dever, essa obrigação de se comprometer com os valores que hoje regem as sociedades".

Sublinhando que aos partidos cabe traçar os caminhos do desenvolvimento do país e da dignificação do povo, Xanana Gusmão disse que a "ambição deturpar sempre os princípios que todos sabem repetir à boca cheia e a ambição ao poder torna os políticos arrogantes e mentirosos".

"O poder cega, quando é conseguido sem um compromisso honesto aos princípios que facilmente são manipulados para a perpetuação do poder e os membros deste novo partido (CNRT) devem constantemente ter isso em mente para não denegrirem os vossos ideais", afirmou.

Falando sempre no plural quando se referia a forças políticas, o presidente timorense alertou ainda que Timor-Leste é um "país subdesenvolvido em todos os aspectos, incluindo no processo de democratização das ideias, dos comportamento e atitudes".

"Há que pedir a todos os partidos e seus membros, há que lembrar a todos os cidadãos, que temos que cuidar do processo democrático em Timor-Leste", alertou para sublinhar que os partidos "devem comprometer-se a parar com a violência que os seus membros praticam, ensinando-os a não hostilizar os compatriotas que escolheram outros partidos para acomodar os seus ideais e sonhos".

Ao mesmo tempo, a "sociedade deve continuar a fazer campanha sobre as normas da tolerância e de mútuo respeito para que a população não esteja dividida porque uns pertencem a um partido e alguns a outro", sublinhou.

Xanana Gusmão afirmou também que os partidos "são adversários políticos na defesa dos seus pontos de vista quando o que está em questão é o superior interesse do povo, mas os partidos devem pautar- se pelo princípio de relações sadias entre eles".

O discurso do presidente surge numa altura em que, disse, a SPátria está a viver um clima político difícil onde a tolerância deu lugar à corrosão social, onde a harmonia se rendeu à violência, onde a paz do espírito cedeu às tentativas de corrupção de mentalidades, onde a dignidade humana ficou sujeita a manipulações políticas, a intimidações e ameaças".

"O processo democrático em Timor-Leste está no seu estádio de crescimento e, portanto, ainda muito frágil. A democracia num país, não se mede pela quantidade de partidos existentes nem pela capacidade de um partido de possuir centenas de milhares de membros ou simpatizantes", disse para explicar que o grau de democracia "mede-se pelo desenvolvimento do próprio processo no qual todos se devem comprometer em criar um ambiente saudável de relações".

Xanana Gusmão comparou ainda o desenvolvimento do processo democrático de Timor-Leste à árvore "gondoeiro", muito forte e resistente, que pode durar centenas de anos mas que apenas é forte a partir dos 20 e que até essa idade fica "exposto a todas as provações da natureza e aos maus tratos dos animais, incluindo o homem".

"Neste exemplo quero continuar a lembrar o que eu dizia à população: que o gondoeiro mal tinha sido plantado em 1999. Hoje, o processo democrático em Timor-Leste é ainda uma pequena planta com uns raminhos e poucas folhinhas".

Fortemente aplaudido, o discurso de Xanana Gusmão encerrou a primeira grande reunião do CNRT, o novo partido criado à imagem do líder da resistência e dos ideais de libertação: libertada a pátria, há que libertar o povo.

JCS-Lusa/Fim

NOTA DE RODAPÉ:

(1) Como chefe de Estado no encerramento do Congresso do partido onde acabou de ser eleito presidente??? E o jornalista acha normal? Vale tudo...

De notar que este discurso de Xanana pouco tem a ver com ele. É escrito por terceiros num tom "politicamente correcto" muito diferente do seu estilo.

Quanto às acusações que faz, lembram bastante a sua atitude durante o último ano...

Timor-Leste: Horta está a desprezar a Constituição diz o Primeiro-Ministro Interino

(Tradução da Margarida)

AKI - 30 Abril 2007 - 12:32

Dili – O Primeiro-Ministro Interino de Timor-Leste Estanislau da Silva acusou o primeiro-ministro e candidato presidencial José Ramos Horta de ter mostrado desprezo pela Constituição do país quando unilateralmente pediu o cancelamento da busca do desertor Alfredo Reinado.

Numa entrevista com Adnkronos International (AKI), Da Silva disse que Timor-Leste não precisa de um presidente que não respeita a Constituição. Ele está mandato para dirigir o país até ser empossado um novo governo.

"A segurança é uma responsabilidade conjunta de todos os três órgãos de soberania. Horta devia aprender a mostrar mais respeito pelos canais institucionais antes de fazer comentários e compromissos públicos,”" disse Da Silva ao AKI na Segunda-feira.

“Não houve qualquer mudança oficial na posição do Estado de Timor-Leste e não foi recebida nenhuma recomendação do encontro recente da Comissão de Coordenação de Alto-Nível,” acrescentou Da Silva, em relação à busca de – um foragido há cerca de oito meses.

A Comissão de Coordenação de Alto-Nível inclui membros das três instituições do Estado responsáveis pela segurança, o presidente, o presidente do Parlamento e o primeiro-ministro, mais o vice-primeiro-ministro e o Representante Especial da ONU. Os comandantes das Forças Armadas nacional e da Força Internacional de Estabilização (ISF) são ainda convidados para esses encontros.

O brigadeiro Australiano Mal Rerden, chefe da ISF, confirmou que não houve nenhuma mudança oficial da ordem em relação ao estatuto de procurado de Reinado. "Não recebemos nenhuma carta formal do governo. Se o governo pensa que essa é a melhor solução, então o governo e a ISF devem discuti-la," disse ao AKI.

Os comentários de Da Silva e de Rerden seguem-se às acusações do Presidente do Parlamento de Timor-Leste e candidato presidencial Francisco "Lu-Olo" Guterres de que Horta está a usar Reinado e a ISF para a sua própria vantagem eleitoral.

Guterres acusou Horta de ter cancelado a busca de Reinado como parte de um negócio para assegurar os votos do Partido Democrático para a segunda volta das presidenciais em 9 de Maio.

"Morreram cinco Timorenses na recente acção para levar Reinado à justiça. Soldados Australianos puseram em risco as suas vidas, e aldeões Timorenses nas áreas onde Reinado se escondia estiveram sob condições muito duras,” disse Guterres aos media durante o fim-de-semana.

“Mas agora Horta tentou cancelar a acção, porque a captura de Reinado prejudicará as suas possibilidades de ser eleito presidente. Into é totalmente inaceitável. Horta não tem qualquer poder constitucional para actuar nestas matérias unilateralmente, seja como primeiro-ministro ou como presidente,” acrescentou.

Guterres recebeu 28 por cento dos votos na primeira volta das eleições presidenciais comparados com os 22 de Ramos. Votos do candidate que ficou em terceiro lugar Fernando Araujo Lasama do Partido Democrático que teve 19 por cento, são tidos como cruciais na segunda volta na próxima semana.
A eleição de um novo presidente para substituir o herói da independência Xanana Gusmão é visto como um teste importante para a jovem nação depois do levantamento violento do ano passado ter deixado muitos mortos e ter forçado mais de 150,000 pessoas das suas casas.

Lasama recolheu mais votos nos distritos do oeste, onde Reinado goza de mais apoio. De acordo com fontes locais, Lasama fez do fim da operação contra Reinado uma condição do seu acordo para apoiar Horta. Horta fez um apelo público em 23 de Abril para acabar a busca de Reinado em 23 de Abril, quatro dias antes dele e de Lasama terem assinado um acordo.

Reinado tem estado em fuga desde que escapou da prisão na capital de Timor-Leste Dili em Agosto juntamente com outros 50 presos. O Presidente Xanana Gusmão ordenou a sua prisão depois dele ter sido acusado de ter assaltado um posto de polícia e de ter roubado 25 armas automáticas no mês passado.

O líder amotinado tinha sido preso pelo seu papel na violência que irrompeu em Timor-Leste em Abril passado depois do despedimento de cerca de 600 soldados, que se queixavam de discriminações étnicas sobre promoções. Reinado abandonou as forças armadas e juntou-se a eles em 4 de Maio de 2006.

Os confrontos em Timor-Leste deixaram 37 pessoas mortas, forçaram155,000 a fugirem das suas casas, deitaram abaixo o governo do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri, e resultaram no destacamento de tropas lideradas pelos Australianos na pequena nação do Sudeste Asiático.

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Cúmplices":


"Essa coisa da separação de poderes é muito moderno para Timor-Leste".

Frases como esta, ou como a "ordem" para parar a captura de Reinado, são uma pequena amostra daquilo que espera Timor-Leste se RH e Xanana ganharem as eleições.

Depois dizem que Alkatiri é que era arrogante, ditador, etc.

Dos Leitores

Manuela deixou um novo comentário na sua mensagem "Quatro dos seis portugueses já tiveram alta - médi...":

Sendo mãe de uma das pessoas vítimas deste acidente, quero agradecer o apoio que lhes foi dado, desde os timorense que primeiro chegaram ao local do acidente, até ao Embaixador de Portugal, incluindo todos os profissionais envolvidos no seu transporte e tratamento e representantes da FUP.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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