terça-feira, fevereiro 12, 2008

Timor-Leste: Com Ramos-Horta "estável", adensa-se mistério sobre circunstâncias do atentado (SÍNTESE)

Lisboa, 11 Fev (Lusa) - O estado de saúde do presidente de Timor-Leste, alvo de um atentado hoje de madrugada em Díli (hora local), é estável, mas as circunstâncias que rodeiam o ataque, que envolveu também Xanana Gusmão, adensam-se à medida que se sabem pormenores.

Diversas fontes contactadas pela Agência Lusa em Díli dão conta de que o major Alfredo Reinado, comandante do grupo que perpetrou os dois ataques, quase em simultâneo, terá sido morto a tiro quase uma hora antes de José Ramos-Horta ter sido baleado na sua residência.

Condenado por toda a comunidade internacional, o duplo atentado deixou ileso o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, que já viu aprovado, pelo Parlamento, a declaração do Estado de Sítio, com o correspondente recolher obrigatório, que vigorará entre as 20:00 e as 06:00 locais (entre as 13:00 e as 21:00 de Lisboa), mesmo tendo em conta que 10 deputados se abstiveram.

Os relatos dão conta de ferimentos graves, provocados por duas balas, uma das quais terá ficado alojada no estômago. Outros testemunhos dão conta de lesões num pulmão.

Ramos-Horta foi transferido para um hospital de Darwin, onde uma segunda intervenção cirúrgica deu seguimento a uma primeira efectuada num hospital de campanha australiano em Díli.

Segundo o chefe da diplomacia timorense, Zacarias da Costa, o presidente timorense perdeu cerca de oito litros de sangue, mas a operação a que foi submetido em Darwin permitiu estabilizá-lo e aparentemente mantê-lo fora de perigo.

No entanto, o seu estado de saúde é estável e nas próximas 24/48 horas ficará internado na unidade de cuidados intensivos do Royal Darwin Hospital sob vigilância médica.

Além das reservas em relação ao estado de saúde de Ramos-Horta, a grande questão passa também pelo esclarecimento das circunstâncias em que morreu o antigo comandante da Polícia Militar (PM) timorense e presumível líder do grupo atacante, major Alfredo Reinado, e porque razão as forças de segurança não intervieram mais prontamente.

Segundo uma investigação feita pela Lusa em Díli, com base na sequência das chamadas para a polícia e de um pedido de ajuda feito pelo próprio Presidente timorense, Reinado morreu quase uma hora antes de Ramos-Horta ter sido baleado.

Fontes policiais, oficiais da missão internacional e ainda da Presidência da República timorense indicaram à Lusa que Reinado foi morto poucos minutos depois das 06:15, a hora a que o seu grupo atacou a residência do chefe de Estado, na periferia leste de Díli.

De acordo com as mesmas fontes, Ramos-Horta foi atingido pelos atacantes mais tarde, cerca das 07:00, num segundo tiroteio.

Segundo as fontes ouvidas pela Lusa, o Presidente da República, que à hora do primeiro ataque se encontrava a fazer o seu habitual "jogging" matinal, não terá percebido que o tiroteio das 06:15 estava a acontecer na sua residência. Só um aviso da sua irmã, Rosa Carrascalão, às 06:50, o levou a apressar o passo a caminho de casa, acabando por ser baleado a 20 metros do portão.

Porém, nenhuma das fontes ouvidas pela Lusa adiantou qualquer explicação para o facto de a escolta presidencial não ter pedido socorro mais cedo e a tempo de evitar que Ramos-Horta fosse vítima do segundo tiroteio.

O Presidente timorense pediu ajuda por telefone, deitado no seu quarto, às 07:13 através da sua chefe de gabinete, Natália Carrascalão e foi socorrido pela GNR e pelo INEM.

A condenação interna, entre partidos e elementos da sociedade civil, e internacional, de Portugal à ONU, passando pelos Estados Unidos e pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), de que Timor-Leste faz parte, foi unânime, em sintonia com os apelos de regresso à normalidade e às rápidas melhoras de Ramos-Horta.

As Nações Unidas, através do secretário-geral Ban Ki-moon, mostrou-se "chocada" com o duplo atentado.

Timor-Leste, na impossibilidade de Ramos-Horta, é presidido interinamente por Vicente Guterres, vice-presidente do Parlamento timorense, uma vez que o presidente deste órgão de soberania está em Lisboa, tendo anulado a prevista visita oficial para regressar terça-feira a Díli.

JSD.
Lusa/Fim

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.