domingo, fevereiro 17, 2008

Uma hora, 14 homens e três viaturas para salvar família Gusmão - GNR

08h51 16/02/08

Uma hora, 14 homens e três viaturas foram o tempo, pessoal e meios utilizados segunda-feira pela GNR para colocar a salvo a família de Xanana Gusmão, depois do cerco à residência pelo grupo rebelde fiel a Alfredo Reinado.

Depois de terem recebido pelas 07:03 (hora local) um telefonema de aviso de que o presidente timorense estava a ser atacado, o primeiro grupo de militares da GNR saiu do quartel de Caicoli, em Díli, e percorreu os cerca de três quilómetros que separam o local da residência de José Ramos-Horta sob as ordens do capitão Martinho.

Já no final da operação de limpeza da zona, é "recebido um novo alerta", desta vez sobre a emboscada a Xanana Gusmão e o pedido para salvar a família do chefe do Governo que estaria cercada por um grupo que, na altura, não se sabia liderado pelo ex-tenente das forças armadas timorenses Gastão Salsinha.

Com 14 homens e três viaturas, duas das quais blindadas, João Martinho partiu em direcção à residência particular de Xanana Gusmão, em Balíbar, num percurso que em condições normais seria feito em 20 minutos mas que, desta vez, demorou mais devido ao "que foi encontrado no trajecto".

"A meio do caminho encontrámos um dos carros da comitiva do primeiro-ministro que apresentava pelo menos dois buracos de bala. Parámos, verificámos a zona e seguimos em frente já que não havia ninguém", explicou.

Com os populares a apontarem para a montanha e com algumas dificuldades na identificação do caminho, João Martinho decidiu socorrer-se de um popular para lhe indicar a casa do primeiro-ministro, mas só depois de desarmar e identificar um grupo de homens que desciam a encosta e que faziam parte do corpo de seguranças de Xanana Gusmão.

Entre um e dois quilómetros à frente, outra viatura da coluna do chefe do Governo foi encontrada, desta vez caída numa ravina.

"Mais uma paragem, mais uma operação de abordagem ao carro e mais uma vez não estava ninguém. Seguimos para a casa", contou.

"Quando chegámos à residência (cerca das 09:15 segundo o relato da mulher da Xanana Gusmão) havia muita tensão, os guardas estavam nervosos fora da casa, apontavam para as montanhas onde estariam os atacantes e é enviada uma patrulha bater o terreno mas ninguém é encontrado", explicou.

Com alguns momentos de tensão à mistura, a mulher e os filhos de Xanana Gusmão foram colocados nos blindados da GNR bem como algum pessoal da casa, mas os seguranças, que também pretendiam "boleia", acabaram por permanecer na residência.

Entre o alerta para irem à casa de Ramos-Horta e o regresso a Díli, o capitão João Martinho conta cerca de uma hora mas "não estava preocupado com o relógio, mas sim com a missão delicada" onde cada abordagem a uma viatura encontrada "implica sempre" a tomada de medidas de forte segurança para se efectuar a verificação do terreno.

Para agradecer o trabalho da GNR, Kirsty Sword-Gusmão, que classificou o dia de segunda-feira como o "mais perigoso" da sua vida, e os três filhos estiveram hoje em Caicoli, onde está aquartelado o subagrupamento Bravo.

NOTA DE RODAPÉ:

Os dois tiros num dos carro da comitiva foram no capot. Não viram mais furos de bala.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vi imagens desse agradecimento de Kirsty (sempre apelidada de "Kristy" pelos locutores portugueses) na TV e foi bonito, especialmente pelos "presentes" e "medalhas" que os filhos do PM distribuiram pelos GNR.

No entanto, o maior prémio destes bravos é o orgulho do cumprimento do dever e o sucesso de cada missão.

Espero que Kirsty saiba valorizar isso e perceba qual o verdadeiro papel dos portugueses em Timor-Leste e o lugar que ocupam no coração dos timorenses.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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