sábado, março 01, 2008

Ramos-Horta disse a Alkatiri que "conhece quem disparou" sobre ele

Díli, 01 Mar (Lusa) - José Ramos-Horta "conhece o homem que disparou sobre ele, um elemento do grupo de Alfredo Reinado, embora não saiba o nome", contou hoje Mari Alkatiri à Lusa depois de visitar o presidente de Timor-Leste, hospitalizado na Austrália.

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, visitou hoje o chefe de Estado timorense no Hospital Real de Darwin, onde José Ramos-Horta continua a recuperar do ataque de que foi alvo em Díli a 11 de Fevereiro.

"O presidente viu quem atirou sobre ele", afirmou Mari Alkatiri, contactado por telefone em Darwin pela Lusa.

"É um elemento do grupo de Alfredo Reinado de quem ele não sabe o nome, mas de quem ele conhece a cara, dos encontros que teve com Reinado", acrescentou Mari Alkatiri, repetindo o que lhe contou hoje José Ramos-Horta.

O presidente da República liderou, desde a sua eleição em Maio de 2007, o processo negocial que visava a resolução do problema de Alfredo Reinado, principal rosto da crise política e militar de 2006, acusado de crimes de homicídio, rebelião contra o Estado e posse ilegal de material de guerra.

O major fugitivo Alfredo Reinado liderou o ataque à residência de José Ramos-Horta em Díli, no qual viria a morrer com outro elemento do seu grupo, e no qual o presidente da República foi ferido com gravidade.

A referência ao autor dos disparos de que foi alvo José Ramos-Horta "foi a única vez que o nome de Alfredo Reinado foi pronunciado durante a conversa de hoje", explicou Mari Alkatiri à Lusa.

De resto, "não tocámos no nome de Alfredo" durante os 45 minutos que durou a visita no hospital, sublinhou o dirigente da Fretilin, ex-primeiro-ministro e agora líder da oposição.

"Foi uma visita de amigos. Eu disse ao presidente que não estava em Darwin para discutir assuntos políticos. Isso fica para depois do seu regresso às funções", explicou Mari Alkatiri à Lusa.

Segundo o dirigente da Fretilin, José Ramos-Horta "está bem disposto, fisicamente muito magro, mas intelectualmente muito lúcido".

Alkatiri e Ramos-Horta trocaram piadas na visita de hoje, segundo o dirigente da Fretilin.

"Eu disse-lhe que ele já ressuscitou. Ele, que acredita na ressurreição", contou Mari Alkatiri à Lusa.

"Além disso, falámos da situação timorense, mas só da parte positiva. Falámos da operação militar e policial" de captura dos responsáveis pelo duplo ataque de 11 de Fevereiro.

"Comentámos que é uma operação na qual ainda nenhum tiro foi disparado para ferir ou matar alguém e falámos da resposta positiva dos peticionários ao processo de acantonamento", adiantou Mari Alkatiri.

"O presidente Ramos-Horta quer acompanhar cada vez mais o que se passa em Timor-Leste e está completamente consciente do que se passa em Díli. No entanto, as informações sobre a situação actual foram prestadas antes pelo presidente interino", Fernando 'La Sama" de Araújo.

O Presidente interino viajou também hoje para Darwin, no mesmo avião em que seguiram Mari Alkatiri e o chefe da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT), Atul Khare.

Sobre os ataques de 11 de Fevereiro, José Ramos-Horta manifestou a Mari Alkatiri "a vontade de uma investigação profunda".

"Mas ele continua a acreditar na busca do consenso e à Fretilin pediu que colaborasse nos esforços de diálogo", afirmou o secretário-geral da Fretilin, partido vencedor das eleições de Junho de 2007.

A hipótese de eleições antecipadas não foi falada na visita de hoje, mas Mari Alkatiri afirmou à Lusa que, "se acontecerem, terão que ser em 2009".

Mari Alkatiri foi portador de uma mensagem do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que enviou "um abraço" ao chefe de Estado em convalescença.

PRM.
Lusa/fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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