quarta-feira, maio 07, 2008

Dos leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "East Timor coalition loses majority":

Em 21-2-2007, escrevi no blog Timor Online, a propósito da criação do "CNRT":

"Xanana vai apanhar uma grande desilusão.

Esta história parece a repetição do caso Eanes. O ex-Presidente português, agastado por não poder intervir mais na política, criou um novo partido, o PRD, assim que terminou o mandato presidencial. Depois de um pequeno apoio inicial, o partido eclipsou-se e desapareceu, ao ponto de hoje em dia serem raras as pessoas que se lembram dele.

Espero que o mesmo não suceda a Xanana."

Recordo que pouco tempo depois Xanana criava a sua "AMP" para assim poder dominar o parlamento e convencer RH de que era ele quem devia formar Governo.

Porém, tal como aconteceu a Eanes, após um curto entusiasmo inicial os partidos constituintes da "AMP" foram saindo um por um. Primeiro, houve as primeiras deserções logo no início, quando Mário Carrascalão se demarcou de Xanana. Agora a "AMP" sofreu novo golpe, porventura o mais forte, com a saída da ASDT. Esta saída é importante porque foi o partido inteiro que saiu, assinando um acordo com a Fretilin, e porque assim a "AMP" perde a maioria no PN.

Em 3-7-2007, escrevi premonitoriamente no blog Timor Online:

“ASDT/PSD. É esta coligação, e não o PD, que vai ditar as regras do futuro Governo, pois Mário Carrascalão não tem nada a perder.”

"AMP" significa "Aliança da Maioria Parlamentar" e, como o nome indica, foi constituida exclusivamente com o objectivo de impedir a Fretilin de formar Governo, criando uma maioria parlamentar.

Porém, nada mais unia os partidos que a constituiram, para além desse objectivo. Para além disso, esse conjunto de partidos teve que se submeter à vontade autocrática de Xanana.
Resumindo e concluindo, Xanana precisava desses partidos e dos seus deputados só para fazer número. A "AMP" nunca foi verdadeiramente uma coligação, mas apenas a soma aritmética dos deputados dos seus partidos.

Esta sempre foi a base da crítica feita a RH, quando este optou por conceder a Xanana o privilégio de formar Governo.

O pior é que a "AMP" se esfrangalhou e, para todos os efeitos, a "maioria" desapareceu. O Governo fica assim numa posição muito frágil, sem apoio parlamentar e ainda por cima debaixo de suspeitas de "corrupção e nepotismo", segundo a própria ASDT.

Parece que afinal Xanana sempre seguiu as pisadas de Eanes e o seu sonho de um partido que o projectasse para PM, já seriamente abalado pelo magro resultado eleitoral, se transformou numa miragem cada vez mais distante.

Parece que afinal os rumores de que toda a gente desejava eleições antecipadas menos Xanana, eram verdadeiros. Aqui está a prova.

No entanto, penso que Xanana foi o coveiro da sua própria coligação, quando desde o início revelou uma intransigência total com os outros parceiros de coligação e vontade de concentrar todas as decisões na sua pessoa.

Essa intransigência teve o seu cúmulo quando recusou terminantemente que Mário Carrascalão fosse PM, quando até a própria Fretilin concordava com essa opção para um Governo que tivesse o apoio geral de todas as forças políticas.

Como era de prever, uma "coligação" assim, baseada apenas na vontade de uma única personalidade, estava votada ao fracasso. Era apenas uma questão de tempo, como veio a acontecer.

Para agravar ainda mais a situação, lembro a actuação desastrada e completamente inepta de certos ministros e o gravíssimo facto de este Governo nem sequer ter apresentado um plano económico como base do Orçamento.

Xanana foi vítima da sua própria falta de capacidade em governar e liderar uma coligação.

Também da sua obcecação em ajustar contas com a Fretilin.

Em 21-2-2007, no blog Timor Online, escrevi:

"O povo sabe que aquele em quem votou e confiou não esteve à altura das suas responsabilidades. O povo sabe, mesmo aqueles que gostaram de Xanana como Presidente, que Xanana nunca seria um bom 1º Ministro. O povo está farto de ser vítima de guerrilhas pessoais e institucionais e quer apenas um governante que governe.

Xanana será vítima do seu último grande erro: uma candidatura anti-Fretilin e não pró-Timor; uma candidatura pela negativa e não pela positiva; uma candidatura cujo objectivo não é ganhar, mas impedir que a Fretilin ganhe."

Sempre entendi que este Governo, tal como o de Alkatiri, deveria cumprir o seu mandato até o fim. Infelizmente, parece que Xanana nem vai conseguir chegar aos dois anos de Governo, pois a sua “coligação” deixou de existir.

Veremos agora o que o futuro nos reserva.

1 comentário:

Anónimo disse...

O maior problema do Xanana e o de ser um homen arrogante que julga ser dono de Timor so porque os seus amigos o fizeram heroi e ele esta mesmo convencido que e um heroi. Herois dao vida pelos outros. Ora no caso do Xanana,o povo e que perdeu a vida pelas incompetencias de Xanana que nao passou de um mulherengo. Agora esta rodeado de seus amigos e familiares. Ja viram isso? Ele e incorrigivel.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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